quinta-feira, 27 de outubro de 2011

19º E 20º DIAS – FLORIPA – SC – CAMBORIÚ – SC – SÃO PAULO






Fui dormir com uma má notícia. Sei que não é legal, mas não tinha como resolver na hora. Tinha que esperar amanhecer e foi o que fiz. Mesmo chateado consegui relaxar e acabei dormindo bem.


Após o café da manhã entrei em contato com o 0800 e em 45 minutos minha companheira de viagem estava sobre um reboque. Diagnóstico:

“Pneu traseiro furado.”







Chegamos à concessionária de Floripa às 10:00 h. Fomos muito bem atendidos:

“Como pode se usei a vacina contra furos, paguei uma grana nessa merda para nada?”

“Pois é, fazer o que?”

“Ok! Leva pra dentro.”

E em APENAS 06 horas estávamos saindo. Um absurdo! Concordo, mas foi como aconteceu. Quando chegar no Rio resolvo o que fazer com relação a esse problema e o ocorrido em Porto Alegre.

Mas na realidade, foi bom isso ter acontecido. É aquela coisa que muitos dizem e eu já estou começando a acreditar:

“Tem males que vêm para o bem”

Foi assim com a não ida as Cataratas do Iguaçu, a não ida ao Uruguay, com a moto em Porto Alegre e Floripa e outras coisitas mais que não contei. Só não sei qual foi o bem que veio com o roubo de meu celular.

O objeto causador do problema foi um enorme parafuso que até agora, devido ao tamanho e ao fato de não ficar em pé, não sei como “entrou” no pneu. Para mim foi colocado de propósito.


Durante a conversa inicial com o chefe da oficina ele me mostrou o quão gasto estava o pneu traseiro. Eu já sabia, mas pensava que daria para chegar ao Rio. Ele me mostrou que não daria nem para chegar a Curitiba, quanto mais ao Rio. E ele tinha razão, em alguns pontos já estavam aparecendo os fiapos da lona.

INFORMAÇÃO TÉCNICA – O pneu de moto não tem a banda de rolagem igual a do pneu de carro. Esta é paralela ao chão e se bem calibrado, balanceado e alinhado tem o desgaste homogêneo. A banda de rolagem do pneu de moto é uma meia cana, portanto tem o desgaste maior na parte de maior contato com o solo ficando as laterais da meia cana menos desgastadas, induzindo ao leigo uma análise errada da situação do pneu. Era o que eu estava fazendo.

Resultado, autorizei a troca do pneu e com isso minha companheira de viagem, como mulher que é, ficou muito feliz com o sapato novo.

Após a maratona e manhã perdida, o que me fizeram perder o tempo que iria gastar conhecendo as demais praias da ilha, não me restou alternativa a não ser comer alguma coisa. Eu já havia almoçado. Sem muitas opções, um filé de frango a milanesa com um arroz maluco, meio safado.

Já estava com fome novamente.

Resolvi extrapolar. Eu merecia. Fui até a Lagoa da Conceição, escolhi um bom restaurante e pedi uma porção de camarões e outra de lulas; ambas estavam maravilhosas assim como a cerveja, geladíssima.


Voltei ao hotel para um bom banho e iniciar a arrumação das coisas para a partida de amanhã.

Deixei quase tudo pronto. O que não ficou pronto, pois seria usado na manhã seguinte, ficou engatilhado. Liguei a televisão para fazer hora.

Acordei às 05:45 h e me dei conta que perdi a noite de Floripa. Paciência, outras virão.

Café da manhã, óleo na corrente e tudo pronto. Chuva fina, resolvi arriscar e não pus a roupa de chuva. Ela aumentou, diminuiu, aumentou novamente e foi embora para não mais voltar. Em seu lugar veio o sol. Tímido, mas dando a certeza que não nos deixaria mais.

Passando pela entrada de Camboriú lembrei que algumas pessoas falaram muito bem de lá. O que eu via da estrada era desanimador. Prédios enormes, alguns com mais de 20 andares e por segundos questionei se deveria ver. Resolvi entrar para uma olhadinha.


Horrível! Desculpem-me os Catarinas, mas parece uma Cabo Frio piorada. Dei meia volta e segui rumo a Curitiba.




A estrada estava ótima, duplicada com poucos pontos em manutenção. Fiz as paradas necessárias para o café e as barras de cereais. No meio uma pequena serra com curvas de raio longo, muito agradáveis, mas nada de especial.

De vez em quando eu fazia um zigue-zague a fim de “gastar” as laterais do pneu.

Faltando uns 60 Km para chegar em Curitiba resolvi comer um queijo quente. A atendente abriu um pão Francês, passou manteiga e colocou as bandas viradas pára a chapa quente. Ao lado colocou três fatias de queijo Prato para derreter. Pedi para deixar até torrar tanto o pão quanto os queijos. Matei a saudade do meu queijo quente preferido. Estava ótimo.

Eram 10:50 h, era cedo. Resolvi não parar em Curitiba. Já vinha pensando nisso desde o roubo do celular.

Parece que as entidades estavam aguardando ansiosas essa decisão. Assim que tomada o sol resolveu se soltar. E o fez como uma franga há muito trancafiada a oito (sete é conta de mentiroso) chaves em um armário de mogno encerado. Nesses tempos “apológicos” onde em tudo que é lugar aparece uma, o sol não iria se fazer de rogado.

Veio forte e serelepe e nos acompanhou até o final do trajeto.

A decisão se confirmou ao passar rápido e rasteiro pelo acesso a Curitiba para então adentrar a mal fadada e mal falada Regis Bitencourt.

Foi uma grata surpresa verificar que, pelo menos no início da tarde a Regis não é mais a Rodovia da Morte. Com exceção após a serra, próximo a São Paulo (aproximadamente 70 Km) onde tem tanto movimento que não dá para correr muito o que diminui os riscos, no resto ela é toda duplicada com asfalto de boa qualidade e em alguns momentos tem até três pistas para cada lado.

A serra sinuosa e agradável nos trouxe recordações de bons momentos recentes, mas por ser curta durou pouco.

Antes da última parada, faltando uns 60 km tudo estava parado. Nada se movia. Espiava a pista de volta repleta de enormes caminhões, olhava para o lado do acostamento estava entupido como uma segunda fila. Eram poucos os carros tanto os parados na minha fila como os que vinham em direção contrária. Isso me assustava. Estaria preso?

Nos intervalos dos que vinham eu conseguia ultrapassar os que estavam parados. Em alguns momentos conseguia passar entre aqueles da minha pista.

Consegui evoluir. Não marquei, mas foram bem mais de uns 03 quilômetros. Tudo parado e eu aos poucos entre aqueles monstros enormes consegui chegar na frente. Um caminhão havia tombado deixando sua carga (centenas de chapas de madeira compensada) espalhada pela pista.

A pista a nossa frente estava, em fim, livre e minha companheira, como se sedenta por emoção, respondeu de imediato meu comando liberando seus quase 90 cavalos a galopar pela pista. Agora a que vinha é que estava parada.

Mais 40 minutos eu estava em São Paulo. Não sabia ao certo o endereço, estava no meu I-Phone roubado. Sabia o Bairro, após me informar segui em sua direção. Lembrei da rua, mas não do número. Mas sabia que era o primeiro prédio a direita no sentido do trânsito.

Mais uma vez, desta vez com um motoboy, me informei. Segui-o como um deles pelas ruas repletas da cidade. Minha companheira é maior, mas não ia perdê-lo de vista tão facilmente. Ela entendeu e se encolhia entre ops retrovisores. Chegamos sãos e salvos.

Estou no quarto, ar refrigerado ligado, de banho tomado e após ter degustado um Beirute dos deuses me despedindo neste texto.

“Até o próximo, que pode ser o último desta viagem.”

2 comentários:

  1. Não da p/ acreditar que vc esteve aqui no sul, espero que tenhas gostado e volte sempre. bjs da gaucha.

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  2. A aventura está sendo maravilhosa, apesar dos perrengues. Floripa, mesmo tendo crescido mais do que merecia, como o nosso Rio, continua linda! Até quando, não sei. Camboriú já era, se é que já foi algum dia. Proezas que só o ser humano é capaz. Tens comido muito bem. Espero que estejas se inspirando para os almoços de domingo com o família. Beijos e bom retorno.

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