sábado, 22 de outubro de 2011

14º E 15 º DIAS – CAXIAS – PORTO ALEGRE – CAXIAS

Ainda estou por aqui e está sendo muito prazeroso permanecer em Caxias.
Não havia programado essa parada e muito menos tão longa, mas as circunstâncias me obrigaram.

Ainda estou hospedado na casa do casal da cidade e estou sendo muito bem tratado. Desisti de ir para o hotel por insistência deles.

Eles foram para Santa Cruz visitar o pai dele, me convidaram, mas assuntos pendentes não permitiram. Como vêem estou só apenas com seu casal de calopsitas.


A hospitalidade dos gaúchos é impressionante.

Apesar de vários contatos eu não estava sendo bem sucedido na resolução dos problemas da minha companheira de viagem; a falta de filtro de ar, de pastilhas de freio e agora da peça de fixação do espelho retrovisor.

O atendente da concessionária de Porto Alegre era gente boa, mas não resolvia. Havia prometido as peças até 5ª feira o que não aconteceu. Estava preocupado de não chegarem a tempo e ter de ficar até 3ª feira preso por causa disso.

18:00 h de 5ª feira e nada das peças. Informaram que havia mais um malote para chegar até às 18:30 h. Confirmaram várias vezes que retornariam independente da chegada ou não, mesmo sendo ligação para um celular de outra cidade.

Ligaram para vocês? Para mim, não!

Decidi desconsiderar Porto Alegre, na 2ª feira iria para Floripa e depois para Curitiba, onde tem outra concessionária e tentaria resolver tudo lá.

Como escrevi no post anterior, fui a um bar de blues e foi fantástico

Acordei meio que desnorteado pela noite e pelo problema. Não conseguia concatenar as coisas e a idéia de seguir viagem não me perecia correta.

Com a ajuda de meu anfitrião, Marcelo, resolvi ligar novamente para Porto Alegre.

“Senhor, suas peças não chegaram, mas pedi um aéreo e as pastilhas chegarão até meio dia. Não consegui o filtro de ar e o problema do espelho nós damos um jeito aqui. Pode chegar aqui às 12:00 h”

Eram 11:10 h

“Mauro, se chegar aí ao meio dia você estará no almoço. Vou chegar mais tarde.”

“Não, pode vir que vamos te atender.”

Desconfiado, troquei de roupa, o espelho, os documentos e chave da moto e parti para POA.

Foi tranqüilo, não havia muito trânsito e eu já tinha noção da estrada. O espelho fazia falta e os freios ainda eram economizados mas com menos parcimônia.

Cheguei às 12:23 h e como havia previsto a oficina estava fechada para o almoço. Só abriria às 14:00 h. Segurei a onda, me mantive o mais educado possível e fiquei conversando com alguns funcionários.

Consegui relaxar e às 13:30 h a moto entrava para os reparos.

Liguei para meu amigo do casal que havia ficado em POA para combinar um chope depois que saísse da concessionária.

“Eu vou até aí e batemos um papo.”

Ele já havia almoçado, mas me acompanhou até um restaurante que não servia mais almoço. Pedi uma torrada completa:

Pão quadrado – gigante, queijo, presunto, ovo frito, frango desfiado e tinha mais coisa, mas não lembro O que. Bebemos uma Polar (excelente cerveja gaucha) geladíssima.

O sanduba estava mágico e não sobrou migalha. Esqueci da foto.

O papo correu tranqüilo e divertido. Marcos é um grande cara.

Voltamos para a concessionária e logo depois chegou a moto.

Pastilhas novas, com o filtro velho e sem espelho.

“Senhor, não consegui resolver o espelho, a peça que quebrou não aceita solda e não temos outra.”

Foi aí que vi que o sistema é diferente do tradicional de outras motos. E a peça que pensava ter quebrado estava inteira e a que quebrou era outra que para meu alívio bem mais barata.

Lembrei que Marcelo (o anfitrião) havia falado de um “fazedor” de peças personalizadas para enfeitar motos, mas era em Caxias, precisava correr.

Me despedi de Marcos, pois não haveria chance de bebermos outra cerveja como previsto.

Quando estava saindo, Mauro (da concessionária) sugeriu ir a um torneiro mecânico para um conserto paliativo que permitisse chegar ao Rio. Era perto, três quarteirões de distância.

“Gostaria de fazer uma peça.”

“Senhor, estão todos fora. Faleceu o pai de um dos funcionários e eles estão todos no enterro.”

Que falta de sorte!. Perguntei se havia outro:

“Na esquina, senhor.”

Seu Giovanni é um italiano dos bons. Seus sessenta anos como torneiro mecânico foram decisivos na solução do problema. Em vez de fazer uma peça nova, desbastou a existente, fez rosca, colocou um pedaço de haste rosqueada que rosqueou na base do espelho. Ficou melhor do que o original, não será necessário substituir.

O serviço foi feito em meia hora de papo e custou 20 “reaus” ou 20 pilas como falam aqui.

Torneraria Di Blasi – Giovanni Di Blasi – Av. Ceará. 911 – São João Porto Alegre – 51-3337-36-89

Voltei para Caxias feliz pela solução dos problemas. Estava mais calmo, isso me fez relaxar e acabei errando o caminho (pela primeira vez nessa viagem e não estou utilizando o GPS). Estava na estrada que peguei para chegar em Caxias na primeira vez. Cheia de curvas, subidas, descidas, sol forte, vegetação densa, asfalto ótimo, ou seja, tudo que eu estava precisando naquela hora.

Havia passado dias me segurando por conta da falta dos freios, era hora de ir a forra, só restava largar a mão no acelerador, deitar nas curvas e curtir os momentos de êxtase.

Cheguei na casa de Marcelo cansado, mas bem feliz.

Um banho, roupas limpas e saí para beber uma cerveja gelada no bar onde assisti aos jogos do Mais Querido. Um lanche, papo tranqüilo com o dono do estabelecimento e duas cervejas geladas. Quando saí, resolvi ver se haveria nova banda no Mississipi, o bar de blues.

Ia rolar Pink Floyd e rolou.

A banda é ótima e as músicas tocadas não foram as batidas de sempre. Lógico que rolaram umas duas ou três batidas (Time, Wish You Were Here, não tocaram Another Brick in The Wall I), mas tocaram outras maravilhosas raramente ouvidas nesses shows de bandas “covers”.

Não preciso dizer que foi fantástico. Foram mais de duas horas de recordações antigas e recentes ainda mais quando tocaram “Us and Them”, "Pigs On The Wing", “Mother“ e “Confortably Numb”)

Até o próximo

6 comentários:

  1. Fico feliz que a viagem esteja indo bem. Os perrengues, fazem parte, afinal uma trip longa como esta não há moto que aguente. A moto é importada? Se for, este é o problema: nunca se encontra peças e a manutenção é bem mais cara. Mas deve haver vantagens ou ninguém comprava.Vc não ficou sozinho, mas muito bem acompanhado de duas calopsitas. Se encontrar outros bichos, não deixe de postar as experiências. Bjs e ótima viagem!

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  2. Sim, os problemas fazem parte, fazem parte do aprendizado, mas gostaria que não fizessem. Hehehe!!!
    A moto é ótima, uma das melhores do mundo. É falta de organização da concessionária.
    Perdi tempo, mas está tudo resolvido.
    Beijo

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  3. Esse Mauro da BMW de Porto Alegre é um "poca voia" ( sem vontade ) como se diz aqui na Gringolândia. Só fez reforçar a minha teoria de que as autorizadas cada vez mais oferecem serviços de pior qualidade !
    Já pensaste em comprar um pé de coelho ?
    Pra compensar, o Marcos e o Marcelo são ótimos companheiros, e não é a toa que são parceiros de motociclismo !!!
    20 pila ?! Já tá virando gaúcho ?
    Abraço.

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  4. Sim, é verdade, mas no meu caso eu não tenho muitas opções.
    Forte abraço.

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  5. “Mother“ e “Confortably Numb” são as minhas preferidas.. sempre as ouço com o Roger Waters e.. ah bom te ler.

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  6. Excelente gosto.
    Obrigado, então leia sempre.

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