terça-feira, 20 de janeiro de 2015

JE SUIS LE MONDE...



Antes de qualquer coisa é preciso dizer aos idiotas de plantão que não sou a favor nem contra qualquer religião, raça, etc. Tenho a minha e respeito as demais sem restrições.

Entendo que a terra é grande e rica o suficiente para caber todos em harmonia e que qualquer atitude violenta nada mais é do que a incapacidade dos fracos em se comunicar e ceder para um bem maior.

Sei que isso beira a utopia, porém mais pela incapacidade acima do que pelo conceito em si.

É preciso entender um velho ditado que diz:

“A liberdade de um termina quando começa a do outro.”

Ou seja, respeito é bom e todo mundo gosta. Até você! Certo?

Mas e você? Respeita os outros? Tem certeza? Pense bem...

No trânsito, no trabalho, no futebol, nas filas, nas cartas, na vida pessoal...

Com certeza não!

Desde pequeno aprendi a duras penas que não devo mexer com quem de alguma maneira pode me prejudicar. Ainda mais se essa pessoa é mais forte e possui conceitos e um passado de ações não muito coerentes em relação as minhas ideias. Esse princípio foi um dos que nortearam minhas escolhas pelos caminhos que segui. Não que tenha baixado a cabeça aos valentões, chefes e autoridades em geral, mas nunca os enfrentei atiçando o que era mais forte neles, a ignorância ou violência. Minhas armas sempre foram a conversa na tentativa de mostrar caminhos menos belicosos e mais producentes.

Claro que não tive sucesso em todas as empreitadas, mas ainda estou aqui.

Esse é um assunto bastante polêmico sendo assim é oportuno deixar claro que neste texto, que parece vai ser longo, não pretendo achar culpados ou defender causas. Não desejo ofender nem defender ninguém, muito menos aqueles que se julgam donos da verdade e imunes as regras nos atos em sua defesa.

Se entre Cristãos, Judeus, Mulçumanos, Espiritas, ou outra religião há os que se julgam prejudicados lembro que a história tem no mínimo três versões, uma de cada lado e a verdadeira, e a que prevalece é a escrita pelo vencedor da contenda.

Isso posto e estando bem claro, passo a tecer mal traçadas linhas sobre o tema principal.

Só um idiota não vê que o mundo está em crise, ecológica, social, de caráter, econômica, energética e religiosa. A humanidade se multiplica como ratos e faltam cada vez mais recursos para a sua subsistência. Para piorar cresce a belicosidade entre povos que exigem respeito a seus conceitos, mas não respeitam os dos demais. A necessidade em manter reservas e território faz dos que os obtém a força, inimigos poderosos a serem combatidos a qualquer custo. Aos belicamente fracos resta lutar como podem utilizando artimanhas consideradas nada nobres; o terror.

Diante deles os poderosos sofrem perdas enormes e tentam retalhar em ações de grande estardalhaço, mas pouca eficácia.

Criou-se um Moto Contínuo alimentado única e exclusivamente por vidas, onde a busca pelo poder alimenta e enriquece a indústria de armas, o comércio legal ou não que as vendem sem distinção e os agentes funerários.

Esse Moto Contínuo roda faz séculos e mesmo o constante surgimento de seres elevados, os chamados profetas e seus iguais, não consegue fazer com que se enxergue o óbvio e ululante.

A cegueira nos faz esquecer que a Terra é redonda e que por isso, independente de credo, cor ou time de futebol, somos interdependentes de ações cujos resultados determinarão nosso futuro. E ela reclama como pode de nossas atitudes através de tragédias que se multiplicam ao seu redor. Mas continuamos cegos pelo poder e para obtê-lo nos tornamos cada vez mais imbecis ao esgotarmos nossos recursos diminuindo em muito a possibilidade de sobrevivência das gerações futuras; a humanidade!

Periodicamente esse Moto Contínuo produz atos considerados absurdos e desproporcionais. O último ocorreu na França e ainda está vivo em nossas lembranças, mesmo nós brasileiros tradicionalmente de pouca memória.

Grande parte do mundo se solidarizou com a dor da perda de alguns cartunistas que sob a bandeira da liberdade de expressão resolveram brincar com a imagem do maior símbolo dos Mulçumanos. Ultrapassaram os limites do bom senso naquilo que se tornou uma das maiores ofensas àquela religião, e quando o fizeram, muitos riram junto.

Passeatas se espalharam pelo mundo e muitos aqui em terras tupiniquins aderiram as homenagens exibindo orgulhosos um cartaz preto com letras brancas:

“Je Suis Charlie!”

Até inocentes recém chegados, sem a menor noção de como o mundo, fora do Face book, em que acabam de aportar é injusto e cruel, foram envolvidos.


Os ditos civilizados esqueceram-se de que mesmo protegidos pela liberdade de expressão há que se ter respeito pelo próximo, mesmo que este não esteja tão próximo em seus conceitos. Esqueceram-se que mesmo protegidos pela distância e pelo poderio bélico dos aliados há entre os Mulçumanos os capazes de tudo para defender seus dogmas, portanto, não estariam a salvo de uma retaliação.

A história está repleta de exemplos de que ultrapassar limites tênues sem motivo não é coragem e sim burrice.

Aqui, comprovando nossa curta memória, esqueceram-se do pastor evangélico que chutou uma imagem de Nossa Senhora em um de seus cultos. Na época a comunidade católica e membros de outras religiões se mostraram horrorizados.

A falta de noção que impera e cada vez mais se torna inerente a nós “brasileiros” a berrar o Hino nas arenas, faz achar graça em sacanear Maomé, mas chutar a Santa não pode.

Mas os franceses do jornal e seus pares não estavam satisfeitos. Tinham que aumentar a cagada e na edição seguinte do Jornal o que apresentaram na primeira página?

Nova charge ao Profeta.


Não poderiam apenas fazer circular o jornal? Não bastou perderem vidas diretamente? Têm que colocar todo o resto da França e seus aliados em risco por conta de algo nada edificante ou efetivo?

Não meus caros, nem tudo é perdoado!

E como o mundo é redondo, o outro lado que já estava irritado com a primeira saiu às ruas em defesa de seu Profeta. Também têm direito certo? Ou o direito a liberdade de expressão é só nosso?

Sabemos que muitos são passionais capazes de atos extremos e queimar bandeiras das nações ditas civilizadas foi pouco.


Aí o mundo dito civilizado reclamou! Hehehe! Só rindo.

Quer dizer que sacanear o Profeta pode, mas queimar a bandeira da França, da Inglaterra ou dos Estados Unidos é desrespeito.

Sabemos o que pode vir por aí. Só idiotas não veem que este não é o caminho.

Quantas charges incitando o ódio de extremistas ainda serão necessárias para enfim começarmos a agir de maneira inteligente?

Estamos no terceiro milênio de contendas onde nenhum lado saiu realmente vitorioso. As incontáveis perdas humanas são a certeza de que só há derrotados.

Não é possível que sejamos tão ignorantes que não vemos o que está claríssimo a nossa frente;

“Como estamos fazendo não está dando certo PORRA!”

Será que somos tão ignorantes que não conseguimos achar outra maneira mais eficaz e menos contundente para resolver nossos problemas?

Hoje temos mais uma oportunidade, os Cristãos têm um novo Papa, um líder de união que junto com outros tão inteligentes quanto, podem nos guiar para tempos melhores.

É preciso respeitar os conceitos e ceder não importa a origem dos problemas, muitos vêm de mais de dois mil anos. Não podemos esquecer que vivemos no mesmo planeta de espaço e recursos finitos e que os estamos gastando com idiotices.

JE SUIS LE MOUNDE EM PAIX!