quinta-feira, 17 de maio de 2012

UM DIA DE CÃO

Outro dia recebi um vídeo bastante interessante que mostra momentos de relacionamento de um cão da raça Labrador e uma típica simpática criança, personagem de filmes destinados a fazer aflorar nossos mais singelos sentimentos, com aproximadamente dois anos.

Basicamente, em quase todo o filme a criança age de acordo com sua natural curiosidade e inocência, sem ter a menor consciência de que na realidade está mesmo é enchendo o saco do quadrúpede.

O cenário repleto de plantas mostra que estão em um grande quintal ou parque.

No início o close da cara sapeca do menino mostra bem suas intenções. Em seguida a serenidade do cão, provavelmente olhando para o primeiro como se o cuidasse.
Depois, o moleque parte em relativa disparada no que é prontamente seguido pelo seu “segurança particular”.

A partir daí, o moleque inicia um lento processo de relativa tortura enquanto o cão, pacientemente aceita cada pseudo sacanagem sem esboçar nenhuma reação a não ser submeter-se aos anseios da criança.
O menino começa colocando balas sobre a cabeça do cão e as come após algum tempo ou as oferece ao mesmo que, sem opção, as come resignado.

Passado um tempo eles caminham mais um pouco e após estar deitado, o cão suporta o que seriam carícias do menino.

São sentimentos traduzidos no subir e descer de várias formas no corpo peludo e por isso fofo do animal, quase inerte.

Os abraços são tocantes.

Não satisfeito, o menino tenta colocar na boca do animal diferentes tipos e tamanhos de gravetos e depois volta a subir e descer sobre ele para então, no final, juntos seguirem em nova caminhada.

O vídeo termina com a seguinte frase:

“Muitos pais não têm essa paciência. Temos que aprender a respeitar os animais.”



São pouco mais de três minutos que me fizeram voltar a pensar no que pode representar um cão na vida de uma pessoa.
Muitos os relevam, outros os odeiam sem conhecer a sua essência, sua capacidade de amar incondicionalmente seu “dono” e sua família.

Há aqueles que os julgam pela aparência, tamanho ou cor.

Como sabem, costumava passear diariamente, por duas vezes, com @Boris Staford. Costumava porque São Paulo se meteu na minha vida, sem ser chamado e a mudou radicalmente. Agora só faço esses passeios nos fins de semana, quando não chove. Meu filho se encarrega dos demais dias.
Muitas são as opções: as ruas tranquilas e ladeiras do bairro, as próximas a minha casa e em torno da Lagoa. Isso quando não o levo ao ParCão, localizado próximo ao Corte de Cantagalo.
 
Desde que foi para minha casa tenho tido a preocupação de cria-lo da melhor forma possível. Entenda-se como melhor forma possível que o resultado dessa criação seja um cão educado, obediente, dócil e simpático. E consegui, não foi difícil. Pelo menos quem o conhece não cansa de fazer elogios.

Ele faz as coisas básicas: sentar, ficar, dar a pata (as duas, uma de cada vez), bater 5 (five), dançar nas duas patas traseiras e pegar um brinquedo jogado longe. Nesse caso, raras vezes ele se distrai no meio do caminho e eu tenho que ir buscar, mas sempre que isso acontece chamo-o para ir junto, na esperança de ele entender que não pode deixar de pegar o brinquedo. Não tem adiantado.

Não queria nem quero um cão de circo, mas ele faz essas coisas porque é necessário ensinar algo para que ele entenda suas “obrigações” e as faça automaticamente, depois de dada a ordem.
Ele não rola, não deita, não finge de morto, não abre a porta, não atende telefone e muito menos anota recados ou paga as contas. É um cão normal e educado.

Só briga com outros cães se estes o incomodam em demasia ou se tentam “roubar” seu brinquedo, mesmo que não seja dele, pois na sua cabeça de vento, se está com ele é dele.
Não consegui ensinar tudo.
Devido a sua razoável educação, anda sem guia (solto) pelas ruas do bairro e até já é um pouco conhecido.
Ele anda a uns dois a três metros na minha frente, A não ser quando dou a ordem “JUNTO!”. Ele para, e me espera chegar e assim reiniciar sua caminhada ao meu lado direito. O “JUNTO!” eu tenho que repetir três vezes, mas ele obedece.
Faço isso quando vejo que no caminho inverso vem uma criança, idoso, ou outra pessoa que julgo poder ficar incomodada com sua presença. Ou ainda quando precinto uma situação perigosa para ele.
Se vier em nossa direção outro cão, eu verifico a reação do dono e se for de repulsa ou medo eu: “JUNTO!”.

Não foram poucas as vezes que deixei-o cheirar (é assim que eles se conhecem) um cão menor e este desandar a latir nervosinho que nem um louco.
Como Boris anda à minha frente, chega antes ao meio fio. Ele para aguardando minha chegada e ordem para atravessar; “VEM!”. Ele aprendeu a esperar ao meu lado direito, junto ao meio fio. As vezes ele está lá, parado me aguardando e eu chego, ando mais para a sua direita e paro junto ao meio fio. Ele vem, passa por trás de mim a fim de se posicionar à minha direita e recebe um afago por isso.
Mesmo com todas essas preocupações, algumas pessoas ao vê-lo solto desviam do caminho ou mantém-se estáticos até ele passar. E ele passa, com seu ar blasé, nem aí para a hora do Brasil.
Boris literalmente caga e anda para quem ou o que está ao seu redor, a não ser que mexam com ele de forma amistosa. Aí ele se abre todo. Parece uma criança sacudindo o enorme rabo como se fosse um bambu no meio de um vendaval e sapateando as patas da frente de tanta ansiedade.
Sim, ele é muito alegre, feliz e simpático. Quem o conhece sabe, muitos sentem sua falta e estão sempre perguntando por ele.
Há os que o conhecem desde quando ainda era filhote. Sapeca, roía alguns pés de mesa, mijava onde não devia, rasgava alguns tapetes e TODOS os jornais estendidos para fazer suas necessidades; tudo muito bem documentado pelas fotos abaixo.
 
 

Era a fase de descobertas e o mundo sempre lhe oferecia motivos para uma bela travessura. E ele estava sempre preparado para fazê-las. Era uma folha seca ou galho se arrastando no chão devido ao vento, um inseto abusado, ou outro cachorro qualquer. Gatos? O primeiro que viu deu-lhe uma unhada no focinho que tenho certeza não ter esquecido.

Também fazia algumas porcarias.
  
Certa vez estávamos sentados em um dos decks de madeira na Lagoa (Rodrigo de Freitas), de costas para ela, encostado em um dos montantes e ele, ainda filhote, caminhou por trás de mim. Como não havia espaço, caiu dentro d’água e começou a se debater. Puxei-o pela guia e voltei para casa a fim de dar-lhe um banho. Foi o primeiro prejuízo, fora as coisas roídas. Antes de sair havia colocado o Frontiline, remédio contra pulgas e carrapatos. Um líquido que se coloca sobre a pele no sentido da espinha para que ele não possa tirar com as patas. Custava a bagatela de R$ 50,00.
Devido a essa natural curiosidade e determinação em testar os limites de tudo e todos ele as vezes se enroscava com outros cães menos pacientes com a sua juventude. As vezes o pau comia solto e muitas gotas de sangue já se perderam pelas areias do ParCão. Dele, de seu oponente e não muito raro, minhas; perdidas na tentativa de separá-los.


Daqueles que viam, poucos não entendiam e ficavam aterrorizados. Concordo que é difícil entender que os cães, como todos os animais, são seres sinceros, sem a natural dissimulação que nós, ditos civilizados, temos. Diferente de nós, se ele não gosta de alguém ou algo ele naturalmente demonstra, sem medo de ser feliz.
Não há nos cães nenhum interesse ou obrigatoriedade a não ser amar incondicionalmente a seus donos. Independente de raça, cor, nível social, etc. É comum vermos mendigos acompanhados por seus cães pulguentos, porém felizes e serelepes pelas ruas das cidades.

Mas é necessário que os donos de cães saibam que cães são cachorros e não crianças, bonecas ou afins; mesmo que se seu caráter seja superior, não são parentes e sim grandes amigos. Talvez os melhores e mais fiéis que terão na vida.

Portanto vesti-los com roupinhas, enfeitá-los com brincos, argolas, pompons, sininhos, flores, bonés, chapéus, ou outras papagaiadas, não os agrada. Muitos se irritam e chegam a agredir os próprios donos.

Já vi muitas coisas ridículas que fazem com os pobres coitados, geralmente os menores, chamados de cachorros de madame. Mas a pior de todas foi ver uma senhora com a família, empurrando um carrinho de bebê com quatro cãezinhos branquinhos e enfeitados com lacinhos e roupinhas, dentro.

Festas de aniversário não foram poucas. Com convidados, cães é lógico, bolo, docinhos e salgadinhos. Algumas eram temáticas.

PODE? Neguinho é mesmo sem noção.

Cães são cães e como tais devem ser tratados. A vasta literatura sobre o assunto ensina que eles gostam de limites, gostam de ser treinados e fazem de tudo para agradar seu dono. E esse tudo significa obedecer aos comandos que são treinados, pelos quais são recompensados com carinho e/ou petiscos.

Mas há outros pontos a serem tratados. Existem os que acham que conhecem tudo sobre a vida em quatro patas e devido a seu vasto conhecimento na área deveriam mesmo andar sobres suas quatro patas e ostentar orgulhosos suas compridas orelhas cinzas. Para urrar falta pouco.

Em meus passeios com @Boris Stafford deparo com todo tipo de pessoas. Muitos são experts. Alguns passam fazendo jogguing e deixam seu urro:

“Cadê a focinheira?”

Ou:

“Esse cachorro deveria estar preso!”

Ou ainda:

“Isso não é hora dessa raça estar na rua!”

A pessoa nem conhece o cão, nem conhece o dono e não perguntou nada tipo:

“Ele morde?”

Ou

“É manso?”

E já constroem a imagem do animal como a fera do parque, o Jack Estripador de quatro patas.

Eu até entendo o receio. Talvez por ser preto (ou seria afro descendente?) e parecido com um Pit Bull se justifique, mas será que há no mundo alguém idiota o suficiente para andar com um cão feroz pelas ruas da cidade sem uma focinheira ou no mínimo sem a guia (corda que liga a coleira a mão do dono) curta?

Conheço alguns garotões idiotas tipo bad-boys que têm seus Pits e os adestram para serem violentos, mas por mais idiotas que sejam andam com eles presos e seguros. Alguns só à noite.

Outro dia estava andando em volta da Lagoa e sentado em uma mureta estava um casal. Ela com o filho no colo. Boris se aproximou de uma árvore que estava a uns dois metros do casal para fazer o número 1. Aumentei minha atenção. E o marido iniciou agressivo:

“Esse cachorro deveria estar de focinheira!”

Com calma perguntei:

“Por que?”
“Porque essa raça é perigosa!”
 
“Que raça você pensa que é essa?”

“Pit Bull!”

“Esse não é um Pit Bull, é um Staffor...”

“É Pit Bull sim, eu conheço muito bem!”
“Meu amigo, você está eng...”

“É Pit Bulkl mesmo! Tenho certeza!”

“Ora meu caro, vai se informar, vá na internet, vai ler um livro, não passe vergonha falando besteiras na frente de sua família. O cachorro nem olhou pra você e você está aí com essa agressividade toda. Quem deveria usar a focinheira?”

Virei as costas e segui meu caminho, puto. Tentei mostrar que ele estava enganado e o idiota nem aí. É tanta agressividade que o deixou surdo. Um verdadeiro animal.

Até entendo que as pessoas possam ter receio ou medo de cães, mas antes de tomar uma atitude intempestiva poderiam pensar um pouquinho e levar em consideração que como não tenho nenhum aspecto de bad-boy, não sou nenhum garotão e se o cão está solto; são motivos para ele não oferecer perigo.
Aos pseudos entendidos, acrescentaria que o fato de ele ser um cão baixo não poderia ser um Pit Bull e sim um simpático Stafordshire Bull Terrier. Originário da Inglaterra, comporta-se como um Lord, como outros que conheço da mesma raça.
A coisa beira ao absurdo como quando uma vizinha literalmente fecha a cara e foge ao vê-lo. E olha que ela já foi uma grande amiga da adolescência. Não perguntem o motivo, mas ela nunca perguntou se o cachorro é bravo ou coisa parecida. Deixou de falar comigo por conta disso.

Enquanto que em uma reunião, seu marido partiu pra cima de um condômino, mais baixo e fraco por conta de uma besteira que estava sendo discutida.

Quem deveria usar focinheira? Boris?

Já outra vizinha, que tem pavor de cães devido a um trauma de infância, não deixou de ser simpática por conta de Boris. Ela continua pedindo para segurá-lo com firmeza, mas continua educada.

E as crianças? Aí é outro departamento. Boris as conquista em segundos algumas o agarram, se jogam no chão, ele pula em cima, mordisca suas mãos, é contagiante.

Por falar em mordiscar, todo cão o faz e há um bom motivo para isso. Animais, com raras exceções, não têm mãos, portanto, a boca faz as vezes desta.

@Boris Stafford raramente late. Emite sons que imito na troca de ideias.
É verdade!
Ele fica olhando para mim intercalando sons com o silêncio aguardando minha resposta. Quando respondo, tentando imitar seu som, ele gira a cabeçorra em torno de um eixo horizontal imaginário como se não entendesse a resposta.

Carente ao extremo, é raro ficar longe. Não pode ver minha mão desocupada que tenta alcança-la, ou com a pata ou com o focinho, em busca de carinho.

Sua vida sexual não foi intensa. Rolaram duas tentativas com Jujú, uma linda Staff, mas como ela era baixa não houve encaixe. Conheceu Cacau, outra linda (ele só arruma princesa) Staff no cio, mas só rolou efetivamente no cio seguinte, depois de seis meses.

@Boris Stafford não pode mais ficar de sacanagem por aí. Agora é um cão que precisa tomar algumas decisões importantes, pois dessa relação nasceram três filhotes, dois machos e uma fêmea, o quarto, infelizmente não vingou. São muitas bocas para sustentar e eu não vou ajudar em nada.

Quem mandou não usar camisinha?



terça-feira, 1 de maio de 2012

OS COADJUVANTES


São Paulo, certa manhã, café da mesma.

Éramos três, chegados em momentos distintos. Papo rolando meio lento devido ao cedo da hora.

Frutas doces da estação: mamão, melão e uma banana.

Em substituição aos ovos mexidos com pães de queijo de outros dias; dois mini e simpáticos franceses, recheados com manteiga e queijo prato, amarelo meio escuro, derretido pelo calor da chapa.

Acompanhava suco de laranja industrial safado.

O movimento no salão de refeições do hotel começava a ficar intenso. A maioria se alimentando para enfrentar a manhã de trabalho.

Lá fora o sol se fazia presente. Ainda sonolento e tímido deixava-nos em dúvida de qual seria seu comportamento durante o dia.

Mas com certeza a temperatura seria amena, o inverno se aproximava.

Colegas de trabalho formamos um trio, as vezes quarteto outras quinteto, dependendo da agenda do Projeto e do lazer. Com relativas afinidades dentro de nossas diferenças.

Somos pais de família, que trabalham em uma cidade distante de onde se encontram nossas famílias e vidas. Bem humorados, oriundos de estados diferentes, conservamos o que a globalização permite de nossas culturas e histórias.

Cada qual a sua maneira enfrenta as dificuldades dessa empreitada de maneira distinta. Não é raro estarmos rindo de alguma dificuldade ou história vivida neste ou em outro Projeto anterior.

O garçom se aproximou trazendo em um prato de sobremesa uma lindíssima manga descascada a pedido de um de meus colegas.

Recusei a primeira oferta, mas não a segunda e com seu sabor não resisti as lembranças da infância e sobre ela reiniciamos a conversa.

Lembramos de como nossas cidades há muito urbanizadas pelas diversas avenidas, prédios e pelas amendoeiras sem graça ou pelas ruas esburacadas e sujas; eram repletas de árvores frutíferas.

Na minha, mangueiras eram encontradas em quase todos os lugares. Ruas, jardins e quintais. Quintais que não existem mais, foram substituídos por prédios enormes em condomínios ou não cercados de grades de relativa proteção.

Levantamos e seguimos para o taxi rumo a mais um dia de labuta, mas minhas memórias continuaram a me acompanhar.

Quintais que invadíamos acompanhados da inocência da infância a fim de furtar poucas, tenras e suculentas mangas, que comíamos sem cerimônia, sentados no meio fio da rua sem saída, onde morávamos.

Esse era nosso mundo. Uma rua sem saída, localizada no bairro de Botafogo no Rio de janeiro. Cercada por cinco prédios, dois com oito andares e três com quatro que proviam a rua de crianças e jovens.

Éramos muitos, os pequenos (até os 10 anos), os médios (17) e os grandes (acima). Eu fazia parte do primeiro grupo e de nosso mundo muito raramente saíamos. Ele nos bastava.


Andar de bicicleta e jogar futebol eram as brincadeiras preferidas, mas muitas outras também faziam parte do cardápio: jogar bola de gude, rodar peão, fincar vareta, fazer e soltar pipa. Pular carniça e jogar garrafão. Piques diversos: bandeira, pega, cola e esconde.

Para cada uma delas havia um detalhe específico. O futebol era jogado na rua e nas calçadas. Os gols eram de sandálias Havaianas (sim já existiam. Certa época eram usadas com a sola virada para cima) e não nos importava o desnível do meio fio. Muitas foram as cabeças de dedões de pé e unhas do mesmo dedo que se perderam nesse “campo”!

Os carros eram poucos na época e respeitando a uma negociação que nunca houve não eram estacionados no “campo de jogo”. Aos domingos os jogos eram no campo do Quartel da PM, vizinho.

As bicicletas percorriam um circuito formado apenas pelas calçadas.


Para as pipas subirem corríamos ao longo da rua até que elas alcançassem o vento e atingissem os céus com ele.

As três búlicas (buracos) do jogo de bolas de gude eram feitas em um terreiro sob a vasta copa de uma árvore que subíamos de vez em quando. No mesmo lugar eram fincadas as varetas ou rodados os peões.


Carniça não necessitava nada de especial, mas o garrafão, como a amarelinha das meninas, precisava ser desenhado na calçada com cacos de tijolo ou gesso.

Nos espalhávamos por toda rua e calçadas quando brincávamos de pique. Para as bandeiras eram utilizadas Espadas de São Jorge retiradas dos jardins escondido dos porteiros que ficavam possessos quando nos viam em ação.

A Rua, era assim que a chamávamos, “A Rua”, tinha em suas laterais, logo na entrada, jardins periféricos. Eram como selva para nós onde, tal qual desbravadores, caçávamos grilos, gafanhotos, centopeias e outros insetos para fins diversos.


As vezes ratos e para isso usávamos atiradeiras (estilingues, bodoque, etc.).


Para nossas “guerras” usávamos zarabatanas de tubo de antena de TV cuja munição era feita, a cada tiro, de finos cones de papel. Doía muito.

Ali, duas áreas de estacionamento, utilizadas por carros e dois caminhões de mudanças.

Antigos com carroceria de madeira cobertas com lona, traziam em seu interior grandes latões de papelão cheios de panos velhos sob os quais nos escondíamos quando brincávamos de pique esconde. Mais panos velhos eram pendurados na estrutura de cobertura das caçambas. Esse era o motivo de os chamarmos “Caminhão da Múmia”, mesmo sendo dois.

Portarias, escadas, jardins e outros esconderijos eram utilizados nesta brincadeira.

Acordávamos cedo, íamos para a escola, à pé (ainda era seguro), na volta almoço e dever de casa. Só após às 15 horas tínhamos autorização para descer e usufruir de nosso pequeno, mas suficiente mundo.

Em poucas brincadeiras a noite chegava.

Subíamos, um banho, jantar com a família reunida em torno da mesa para só então dormirmos felizes sonhando com o eclético dia passado.

Nos fins de semana praia ou mais um dia de brincadeiras.

Poderia ficar aqui horas, quem sabe dias relembrando jogos, brincadeiras e travessuras, mas vou deixar vocês imaginarem ou recordarem cada qual da sua infância.

Não havia computadores, academias de ginástica, vídeo games, celulares entre outras coisas “necessárias” hoje em dia. Algumas delas que usufruo com satisfação, mas com as quais a juventude de hoje se vicia fazendo de seus corpos meros coadjuvantes.

Éramos felizes e tínhamos saúde.