terça-feira, 28 de janeiro de 2014

MAIS QUE UM BATE E VOLTA, QUASE UMA VIAGEM


Semana quente bagarai, perspectiva de permanecer nesta situação. Claro, como tudo a moto tem seus senões. Acordar cedo, vestir a indumentária protetora, pesada e quente, com direito a luvas, botas e capacete. Tudo o necessário para você desistir só em ouvir alguém perguntar:

“Vamos?”

Nada que nos fizesse pensar em pegar a estrada em duas rodas.

“Tu tá maluco? Nesse calor de rachar?”

Mas claro que isso fica pra trás quando imaginamos o roteiro proposto:

Diferente da maioria que só conhece uma ou duas estradas meus companheiros são mais criativos então fica difícil repetir. Como distância e tempo não são problemas, sempre tem novidade.

Nesses últimos meses temos passado por estradas inacreditáveis. Quem imagina que no miolo do triângulo Rio, São Paulo e Minas as estradas são ruins, têm gratas surpresas.

Dessa vez seria:

Rio, Cachambú, Lima Duarte, Itaipava, Rio.

Detalhando:

116 – Dutra - Até um pouco depois de Resende;
354 – Até a divisa de São Lourenço com Caxambu;
267 – Até o cruzamento com a 040;
040 – Até Itaipava;
040 – Até o Rio

Quase 700 quilômetros de prazer.

Novas estradas se misturando as já conhecidas, as possibilidades dos visuais, das curvas, do cair da temperatura a cada quilômetro percorrido nas serras da região. O sempre excelente papo recheado de brincadeiras, o cafezinho acompanhado do delicioso queijo de Minas ...

Tudo que nos faz pensar em pegar a estrada em duas rodas.

E como quase sempre, escolhemos ir. Está no sangue e com isso não se brinca.

“7:00 horas no posto para sairmos às 7:30.”

Tudo pronto, devido a ansiedade, chegamos antes do previsto. Um café, água e rodas na estrada.

Da Dutra, nada a comentar. Apenas a saudade do mesmo trecho percorrido em minha última grande viagem. Com exceção das curvas da serra, em uma pista deliciosamente asfaltada onde brinquei como criança, só o visual de pouco antes do cansativo retão de Resende. Um imenso e lindo lago com a ferrovia ao fundo e só.

Sempre que passo por lá penso em parar para tirar fotos, mas como sei serem as últimas curvas antes da maçante reta, escolho aproveitá-las ao máximo. Mas fiz essa mais ou menos aí embaixo.


Parada obrigatória próximo à Resende para abastecimento, esticar as pernas, tirar a água do joelho e um lanche comum. Sanduiche de contrafilé com queijo Minas, para uns e só queijo prato sem carne, para mim. Refrigerante, café ou água.

Normal.

Seguimos e poucos quilômetros após o 2º pedágio, depois entramos à direita pela 354, subindo. As lembranças da grande viagem ficaram mais claras. As curvas menos suaves, o asfalto estreito e liso, as sombras da vegetação, o cair da temperatura; só prazer e nada mais.

O desejo de seguir na rota arduamente planejada em maio e junho de 2013 e percorrida em julho, era enorme. Largar a porratoda pra trás e só seguir em frente sem nem olhar para trás...

Paramos no mesmo restaurante, tudo se repetia como um dejavu, mas desta vez bem real.


Café, pedaços de queijo tipo parmeson e um bom papo com outros motociclistas vindo em direção contrária.

A estrada nos convidava a continuar e foi o que fizemos.


Mais uns prazerosos 60 quilômetros e chegamos à Caxambu. Não me lembrava de nada da época em que estive lá com meus pais. Era muito pequeno. Só lembro que tinha muita gente, ao contrário de hoje.

Filé de lombo de porco à mineira, foi a pedida. Não podíamos ir à minas e comer coisa diferente. Não estava ruim, mas foi decepcionante. Esperávamos bem mais daquilo que comemos.


Estávamos em Minas uai!

Antes de partir, sorvete para um, café para outro e um açaí para mim.

Logo pegamos a 267. Já conhecia em sentido contrário nas idas à Ibitipoca, mas o trecho até Lima Duarte era novidade.

E estava como o trecho conhecido. Asfalto liso, boas curvas, vegetação mais aberta e bela paisagem.

Acelerei um pouco mais que os outros e segui me deliciando. Mini retas entre as maravilhosas curvas das bem asfaltadas estradas de Minas. Fato sempre comentado por nosso mestre em GPS e demais tecnologias Mr Jeff.


Não havia o que fazer a não ser selecionar o “modo” “Dynamic”, rosquear a mão direita e curtir acelerando a cada trecho de reta para reduzir duas antes de esterçar o guidom na direção oposta e colocar toda a responsabilidade da gravidade e a potência do boxer 1200, no ESA, no controle de tração e nos pneus.

É brincadeira de gente grande, não é para qualquer um. O medo vira companheiro e é ele quem realmente segura a porratoda.

A vista me fez parar e fazer essa foto.


E segui em frente para ousar em mais prazer.


E assim foi em pouco mais de 190 quilômetros para só então chegarmos na, para mim, Rainha das Estradas.

Posso dizer que conheço quase todas as curvas e retas, no trecho entre o Rio e Juiz de Fora. E exatamente por isso afirmo que tenho o medo como meu maior e melhor companheiro sempre que estou nela.

Duas para ir e duas para voltar. Asfalto em quase perfeito estado, curvas longas, curtas, em aclive, em declive, de todos os jeitos e maneiras, bela paisagem, clima ameno. Não há como parar e fazer fotos, não há como descrever; só aproveitar cada metro consumido.

E estava em transe, seguindo meu caminho quando no retrovisor esquerdo aparece uma mancha branca se aproximando. Abri passagem quando a Mercedes se mostrou no espelho, nos dois espelhos, elegante.

Ela permaneceu alguns metros atrás sem fazer menção de querer ultrapassar.

Rosqueei o direito voltando à pista da esquerda retomando o ritmo. Ela me seguiu, sempre respeitando distância e assim fomos por quilômetros. Sem ameaças, sem forçações de barra, tudo no maior respeito. Quando ela se distanciava devido a falta de espaço ao ultrapassarmos outro, eu reduzia até ela atingir a distância “combinada”.

Reduzi mais uma vez com a proximidade do pedágio, precisava esperar meus companheiros de viagem. Nos cumprimentamos e ela então seguiu. Era uma bela Kompressor como essa aí embaixo.


Chegamos em Itaipava, um café e excelente papo com Serginho, dono de uma rvenda de motos no posto Shell em frente ao Alemão. Belas motos e acessórios, excelentes preços.

Saí antes para tentar chegar ao Rio à tempo de ver o jogo do Maior de Todos, Mengão, e consegui.

Bela viagem, bons companheiros, excelentes momentos.

Até a próxima.