quinta-feira, 28 de abril de 2011

ÁRVORE OH! ÁRVORE



Uma quarta feira próxima, passada, mas não tão próxima assim, em um dos jantares que faço com meus filhos, ela mostrou interesse em ir ao show de uma banda. Pensei:

“Já fui a três shows com meu filho, Erick Clepton, Deep Purple e Green Day e ainda não fui a nenhum com ela.”

Pensei no gosto duvidoso que essa juventude tem e minha filha, com 15 para 16 não seria diferente. Por mais que tentasse apresentar algo útil e descente para eles, ela nunca se interessou nem pelas bandas menos heavy tais como America, Fletwood Mac, Chicago, etc.

Com ele tive sucesso. Ele gosta de muitas bandas que eu gosto tanto do passado como do presente, mas não é perfeito e também gosta de umas boas porcarias. Fazer o quê?

SACANAGEM! ACABEI DE QUEIMAR APIZZA!

Sim, enquanto escrevo estava fazendo uma pizza de frigideira. Sempre começo com o fogo baixo para derreter a muzzarela e depois aumento para deixar a massa crocante. Fica uma delícia! Bem melhor do que as de massa tradicional. Fica até melhor que muitas pizzarias por aí.

Quem comeu que se manifeste e desminta se não for verdade.

Dessa vez acendi o fogo e não baixei como deveria.

Continuando ...

Pedi para ouvir uma música da banda para ver se gostava. Foram alguns segundos e vi que poderia ser legal. Ainda mais pela companhia de minha princesa.

Concordei em ir e não me arrependi nos minutos seguintes. Meu filho disse que eu não iria gostar. Aceitei o desafio.

Não gosto de fazer certas compras pela net sendo assim, passaram-se uns dias e quinta feira passada, início do feriadão, fui ao local do show comprar os ingressos. Seriam três, pois uma amiga dela, a quem eu gosto muito, também iria.

O show seria no domingo à noite (08:00 h) e o Circo Voador estava vazio. Descobri que se no dia do show levasse um quilo de alimento não perecível poderia comprar meia para mim também. Seriam R$ 100,00 a menos. O programa não estava saindo tão caro como imaginava que seria.

Ao chegar em casa caiu a ficha.

Domingo, às 4:00 h da tarde seria o jogo do Mais Querido pelas semifinais da Taça Rio (2º Turno do Campeonato Carioca) contra o FLORminense.

Cara, mesmo queimada a pizza ficou uma delícia. Na próxima vou fazer a mesma coisa. Hehehe!!!

Fiquei chateado, afinal procuro assistir a todos os jogos e esse prometia, pois os Flores estavam todos alegrinhos com uma vitória obtida na Argentina e estavam animadinhos contando com outra sobre o Mengão.

Ledo engano, mesmo eles fazendo um gol ilegal e o Flamengo com desfalques significativos as meninas alegres foram para casa cabisbaixas, mais uma vez.

Após o jogo, fui buscá-la. Sua amiga estava voltando de Búzios com os pais e iria nos encontrar lá.

Estava em dúvida se ia de carro ou de taxi. Não sabia se ia encontrar vaga com facilidade. Escolhi o carro.

Com a chuva, o fim do feriado e por ser domingo achei que não ia ter problema. E deu certo. Vaga fácil e bem perto do Circo.

Pequena fila já estava formada quando nos encontramos com sua amiga. Quase duas horas de espera sob chuva. As meninas, todas que estavam ali, não se continham de felicidade na expectativa pelo show.

Chovia uma chuva leve, mas incômoda, sob o protesto das aborrecentes, comprei um guarda chuva.

Na nossa frente duas meninas, ao serem informadas que não poderiam entrar sem um responsável (tinham 15 anos e o limite era 16), me pediram para fazer esse papel. Eu e mais um éramos os únicos pais na fila. Concordei e com isso evitei seus pais de terem que se deslocar de casa só para isso.

As quatro, que não se conheciam, têm amigos em comum e logo estavam no maior bate papo.

Da barraca ao lado comi um queijo qualho assado na chapa. O cara botou óleo, não estava bom, mas a fome era negra. O refrigerante ajudou a descer.

A fila começou a diminuir. Sim, diminuir mesmo. Quem diz que a fila anda está errado. Não estava muito cheio e apesar do lugar ser pequeno não houve tumulto.

Eram duas opções uma na platéia, tradicional gargarejo, ao pé do palco onde as pessoas costumam se espremer como laranjas para ficar mais perto de seus ídolos, ou no jirau onde se tem uma visão geral do palco. Nesse caso a situação melhora sensivelmente pela proximidade entre os dois.

Deixei as meninas onde queriam e subi. Lá do jirau eu pude ver o show sem confusão ao mesmo tempo que ficava de olho na meninas lá embaixo. Tudo estava indo muito bem. Eu estava tranqüilo.

De tempos em tempos a platéia iniciava um coro chamando os rapazes da banda.

A cada entrada de técnico para os ajustes finais dos instrumentos as meninas soltavam berros e mais berros. Era uma gritaria engraçada. Sei que sempre foi assim, mas nunca compreendi o fascínio que essas garotas tem por simples seres.

De repente, começa o show. São Dois vocalistas (um deles toca teclado e guitarra de vez em quando), um baterista, um tecladista (outro) e um guitarrista.

Dos cinco, três são esquisitos. Um dos vocalista é um magrão que as vezes cospe no palco, o tecladista parece um retardado e o guitarrista é um maluco muito doido e estranho.

O som é razoável. Aquela batidinha meio punk meio rap que, se você não conhece as músicas não entende exatamente porra nenhuma do que estão cantando. Se é que estão cantando.

Mas a galera estava adorando. A turba pulava, dançava e cantava aos berros em um delírio conjunto contagiante.

Estavam todos naturalmente felizes. Não foi necessário (pelo menos eu não vi) artifícios para tamanho êxtase.

Cartazes eram jogados no palco com convites de jantares, encontros entre outros. Dois sutiens também foram arremessados. Em troca os integrantes da banda jogavam as toalhas que usavam para limpar seu suor. A galera delirava. Uma coisa super higiênica.

Mas o som era interessante, não tem a qualidade das bandas de outrora, mas tem seu valor.

Entre as músicas eles falavam algumas pérolas do tipo:

“É nossa primeira vez no Rio e estamos adorando!”

“No Rio é o público mais louco que já vimos!”

E o tradicional:

“Amamos vocês!”

As meninas berravam como nunca a cada frase de defeito que eles proferiam.

Eles riam.

Estava me divertindo quando eles terminaram uma música, agradeceram e saíram do palco.

Os adolescentes não gritaram nem pediram bis.

Pensei:

“Estava legal, mas que bom que acabou, tenho que acordar cedo amanhã.”

Trouxa. Eles voltaram. Cantaram mais umas músicas e em um dado momento o magrão se jogou na platéia. Carregaram o cara por uns três metros depois o deixaram cair no chão. As meninas pularam em cima sem perdão. O cara simplesmente sumiu no meio da multidão.

O resto da banda continuou cantando e tocando.

Imaginei aquele filé de borboleta sendo massacrado pelas meninas eufóricas e descontroladas. Ele não ia sobreviver.

Espero que não tenha sido pela minha presença, mas minha filha e sua amiga se mantiveram distantes da confusão.

Fiquei preocupado quando um dos técnicos pulou no meio da bagunça para resgatar o magrão; ou o que restasse.

Rolaram mais algumas músicas e, com exceção dos excessos citados a garotada estava se comportando muito bem. Não houve confusão e também não tinham aqueles babacas, sem camisa, com muito músculo e pouco cérebro, que ficam pulando, se empurrando, se batendo, abrindo um clarão no meio da platéia e espremendo os que estão em volta na paz curtindo o show.

O show acabou em seguida. Saímos, fomos para o carro e, como sempre, o flanelinha não estava mais lá.

Fizemos uma parada em uma dessas lanchonetes fast-foods ridículas de gostosas antes de irmos para casa dormir.

Foi uma noite excelente pelo prazer proporcionado a minha filha e sua amiga.

A bandinha, “3 OH! 3” até que é boazinha.

Meus ouvidos zuniam e não esqueci o guarda chuva.

3 comentários:

  1. pizza de frigideira FODA! hahah

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  2. Ô Anônimo, obrigado pelo comentário.

    Só resta uma dúvida, isso é elogio ou crítica?

    Saudações.

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  3. Adoro contos.. e tu foi muito cômico. Visualizei a cena. hahah

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