quinta-feira, 8 de abril de 2010

E A FICÇÃO CONTINUA.


Gostaria de estar escrevendo sobre um assunto menos traumático, mas fica difícil.

O Rio de Janeiro, a Cidade Maravilhosa, exala tristeza e eu não sou indiferente. Ouço as informações e vejo as imagens inimagináveis.

Nas conversas das pessoas distantes da realidade invocam a responsabilidade das “otoridades” como principal causa das tragédias que vem assolando nossas cidades.

Sim, com certeza essa corja de irresponsáveis têm sua parcela de culpa e não é pequena.

Isso vem de muitos anos, desde que verbas de investimentos para as regiões menos favorecidas do país (leia-se SUDENEs, SUDANs e afins) eram desviadas pelos Coronéis deixando o povo a Deus dará.

Esse povo que, sabe Deus como, tinha o conhecimento do desenvolvimento de outras regiões, se aboletavam nos Paus de Araras da vida e vinham apear por aqui. Sem estrutura, sem conhecimento da realidade, acabavam nas encostas dos morros em barracos de madeira e/ou palafitas, em condições subumanas.

As favelas cresciam em progressão aritmética.

Alguns raros governadores conseguiam impor alguma ordem retirando esses coitados das áreas de risco instalando-os nos famosos Conjuntos Habitacionais. Mas esqueciam de fornecer o mais importante, civilidade. Conhecimento para conviver e usufruir da infra-estrutura fornecida. Não eram poucos aqueles que plantavam flores nos vasos sanitários.

O lixo já era jogado nas ruas e encostas transformando condições mínimas em esgoto a céu aberto.

As chuvas periódicas já formavam enchentes e as tragédias já eram conhecidas. Vejam a foto, é a Praça da Bandeira na década de 40.

E cá estamos, em pleno século XXI, quando o homem cansou de ir à Lua, os computadores e celulares são como bunda (todo mundo tem) mas as pessoas ainda morrem como gado escorrendo pelas encostas junto com o lixo largado por elas mesmas.

As favelas crescem em progressão geométrica.

Alguns alegam que elas não têm instrução para saber que o lixo jogado nas encostas aliado as construções mal feitas e sem planejamento técnico é o prenúncio dessa desgraça.

Mas esquecem que essas mesmas pessoas têm conhecimento para fazer gatos de energia elétrica, água e televisão à cabo.

Os barracos estão equilibrados em Contratos fictícios feitos com a lei da gravidade (síntese das palavras de um engenheiro calculista após visita a um a dessas hoje chamadas “Cumunidades”).

E quando as catástrofes acontecem as “otoridades” ainda surgem do nada, como anjos, colocando a culpa nas administrações anteriores e vomitando palavras de consolo, apresentando idéias, citando aportes para a solução do problema.

Aportes que a história sabe muito bem o destino.

E quando o sol torna a aparecer esquecemos como se ficção fosse.

Retomamos nossas vidas, as eleições vão se repetindo sem novidades como dados viciados.

Seguimos nossas vidas a mercê dos PACs que em vez de resolver o problema, o camuflam com urbanizações de superfície e distribuição de Títulos de Posse. Essa propriedade é doada sem custo legalizando o ilegal proveniente de invasões e desmatamentos; o real motivo de se tornarem áreas de risco.

Vamos levando enquanto vamos jogando o lixo nas encostas esperando que a próxima tragédia nos traga para fora das “realidades” dos Carnavais.

Como diz a frase que ouvi hoje:

“É MAIS FÁCIL TIRAR O POVO DA FAVELA DO QUE A FAVELA DO POVO.”

2 comentários:

  1. concordo,
    os governantes tem sua culpa, mas construir uma casa em cima de um lixão abandonado, vê-la desabar e ficar reclamando deles não dá!
    E esse negócio ai de Favela-Bairro, fazer com que as comunidades fiquem "habitáveis" só leva mais gente a construir ilegalmente, e favorece o crescimento desordenado e em progressão geométrica das favelas.


    beijos

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  2. Mariah Helena09 abril, 2010

    É e a realidade tá ai. Nua e crua, ou crua e nua? Sei lá! Nua? Nua!!!
    Despida de toda e qualquer camuflagem politica, social..que com o sol do Rio, como num passe de mágica, quer dizer , de santo..somos absolutamente cegados pela sua intensa luz de egoismo, egocentrismo sei lá, mais uma vez..
    É.. só p lembrar. "Minha casa, minha vida". Alguém já ouviu falar? Nossa é uma "realidade" para a conquista da casa própria, que foi feito por alguém 100 noção da realidade, ou melhor tem, sem, cem .tem?
    Não sei de muitos,de todos os detalhes, nem quis ouvir mais quando me contaram, mas algo assim: agora o cara pode ter a sua casa própria por R$ 60.000,00 sendo 20.000,00 subsidiados pelo governo. QUARENTA MIL! Uau! Ficção, realidade, ficção.. sei lá!!Como é que o cara vai pagar 40.000,00 se nem estabilidade de emprego o cara tem?
    O pior, ou melhor ..sei lá.. tem jeito. É só querer mudar o olhar.. Como é que a gente pode pensar em comer caviar verde e amarelo em 2014? Meu Brasil, brasileiro. Apesar disso,ainda amo você, mas não sei mais como te ajudar.

    Também amo você.

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