sexta-feira, 14 de junho de 2013

5º AO 7º DIAS - PONTA GROSSA - SÃO MATEUS - CAXIAS DO SUL



Hoje, 14/06/13, acordei com muita dor de cabeça. Havia muito tempo que não acordava assim. Café da manhã, verificar os equipamentos, limpar o necessário, arrumar a bagunça que ontem deixei aqui e, com a dor já meio que domesticada iniciar este texto; ouvindo Viagem ao Centro da Terra e o que mais vier durante...

Estava em Ponta Grossa e após finalizar e postar o texto anterior continuava cansado. A garoa da noite fria da feia cidade me fez desistir de sair para o jantar. Um pouco de “The Big Bang Theory”, uma barra de proteína para enganar a fome e como já estava na cama, dormi.

Ainda estava escuro quando acordei. O aquecedor mantinha o frio do lado de fora da janela e porta. Arrumei as coisas, fechei os bauletos e subi para o café. Normal como os demais até agora. Estava bom.

Da janela do salão dava para ver a paisagem que mais cedo me fez vestir a calça de chuva, prevendo o pior.


Desci, fechei a conta, subi na moto e parti para Vila Velha.

Foram uns 26 KM, sim, aqui eles falam assim, KM (ca eme) sob o sereno da fria manhã.

Cheguei e fui muito bem recebido pelo porteiro que informou onde era o estacionamento. O local foi uma pista de kart, estava vazio.


Na recepção recebi as primeiras informações e coloquei minhas coisas em um armário para esse destino. Já havia um grupo grande de alunos de uma escola local e foi com eles que assisti o “briefing” com as informações básicas.

Desconhecia que são três opções de passeio: Um para ver só os as esculturas em arenito, outro para ver a floresta, que pode ser continuação do primeiro e o terceiro para ver as duas furnas que são imensas lagoas dentro de duas cavernas subterrâneas.

Muito organizado e limpo bem diferente do que era, segundo me contou o guia. Os alunos seguiram para as Furnas e enquanto aguardava o ônibus continuamos conversando.

São 3.300 hectares que antes de 2.000 era aberto sem controle. As pessoas usavam não só a pista de kart como também todo o local para piqueniques e demais farofadas similares. Havia um bar que servia entre outras coisas, bebida alcoólica. Os frequentadores não respeitavam nada e além de deixar o local imundo, escalavam os arenitos ou deixavam as marcas de suas patas com diversas inscrições do tipo “estive aqui’, etc. Há inscrições datadas de 1947 ainda bem nítidas. Amplie a foto abaixo e veja.


Basicamente, o arenito é uma mistura de minerais de pouca rigidez. Não é homogêneo por isso há partes menos resistentes que as outras e é exatamente isso que faz com que a ação da natureza, mares, rios, ventos ou chuvas, esculpa formas tão diferenciadas e bonitas.


Em 2.000 iniciou-se a reforma do parque quando faram construídas as instalações administrativas, estudos, um bar e uma loja. No parque foram criadas alamedas em pedras evitando que os visitantes pisem onde não devam.

Reabriu em 2.004.

Com capacidade de atender á 800 pessoas por dia, mas infelizmente só alcança os 600 visitantes em alguns fins de semana ou feriados.

Iniciamos o passeio que seria apenas a 1ª opção, após a qual, dependendo da hora decidiria o que fazer.

Estava frio o que ajudou na caminhada. Passamos pelo Camelo enquanto o guia explicava a vegetação e fauna da região.


Como havia dito que não havia patrocínio ou afins de empresas privadas, quando mostrou a garrafa, sugeri que procurassem a Coca Cola como uma das possíveis investidoras.


Continuamos pala alameda enquanto ele citava os porcos selvagens oriundos dos javalis que trouxeram de fora. Alguns desses animais chegam a pesar 200 quilos com esse peso e tamanho, tornaram-se o topo da cadeia alimentar, pois o único animal que poderia ser seu predador, a Onça Pintada, está extinta na região.

Vimos o anjo que como outras formas sobreviveu ao vandalismo por pura sorte já que antes da reforma havia escadas e pontes interligando os arenitos dando acesso aos “visitantes”.


Passamos por diversos arenitos cada qual com uma forma mais bonita que a outra se desejarem ver mais, deem um pulo no Parque, vale a pena.

O narrador do “briefing” contou uma história de que havia um índio apaixonado por uma índia que havia sido mandada para mata-lo. Ela conseguiu seu intento e podemos ver nos arenitos os dois, um olhando para o outro e um pouco mais distante, a taça com a qual ela o envenenou.


Terminado o passeio dos arenitos, decidi continuar para o segundo, já que era sequência. Deixaria as Furnas para outra oportunidade.

A alameda adentra a floresta que não é tão densa. O guia então iniciou suas explicações.


Entre as curiosidades, pode-se ver como se fossem manchas de tinta vermelha tanto nos arenitos e pedras quanto nos galhos ou caules das plantas. Assim como a Barba de Velho, que se hospeda em algumas árvores, isso significa que o ar é puro com grande concentração de oxigênio.


Outra curiosidade é essa espécie de cactos na foto abaixo.


E o emaranhado de cipós.


O passeio é ótimo, a região é muito bonita e bem tratada. Se desejar mais informações, digite:

 “parque estadual de vila velha” na internet.

Comi uma empada de frango, um refrigerante e parti para a estrada. Quando me despedi na recepção, revi o roteiro a fim de ver o que fazer. Estava previsto voltar para Ponta Grossa e pernoitar por lá mas eu não estava a fim de voltar. Eram quase 12 horas e dava para andar uns bons quilômetros, mesmo com a perspectiva da chuva.

O próximo destino era Caçador. Seriam quase 300 quilômetros. Decidi ir para São Mateus do Sul, aproximadamente 200 Km e assim rever uma cidade que havia conhecido em algumas de minhas viagens profissionais, na época que ainda voava.

A estrada era tranquila, sinuosa de mão dupla. Alguns caminhões, mas nada que trouxesse problemas. A chuva insistia em se fazer presente. Era fina, porém chata. Após alguns quilômetros decidi parar para colocar a parte de cima da roupa de chuva. Segui pelas curvas devagar e sempre. O céu escuro endossava minha decisão de rodar pouco. Ia escurecer cedo e ir além de São Mateus seria arriscado.

Faltando poucos quilômetros a chuva se foi e uma nesga de raios de sol apareceu por entre as nuvens. Acelerei a fim de aproveitar as últimas curvas.

A cidade estava como em dia de casamento de espanhol, havia chovido, mas quando cheguei fazia sol. Escolhi o hotel, um banho e saí para comer algo.

Um rolé à pé e nada de especial para contar a não ser o frio que começou a fazer. Era muito frio o que me fez pedir para o jantar, uma pizza de cebolas na manteiga, rúcula e lascas de alho. Muito bom!

Acordei e depois do café fui até o mirante do hotel para tentar ver como seria o dia, ou pelo menos o início dele. Eu iria para esta direção...



E fui. Não havia como não ir. Há dois anos estava bem pior. Sabia que ia sobreviver. O problema era o frio então, já saí com a roupa de chuva e a pescoceira.  As vezes olhava para o painel a fim de ver a temperatura. Chegou à 14,5 graus, mas eu não sentia nada, estava bem agasalhado e não tinha sido necessário vestir muita coisa para me sentir bem. Foram 88 quilômetros para então reabastecer e beber um café. Não comi a barra de proteína.

Segui em frente e em poucos quilômetros o sol veio com força. Parei, olhei o mapa e estava em Santa Cataria. Como há dois anos que parou de chover quando saí do Paraná, então, mais um motivo para tirar a roupa de chuva e a foto abaixo.


Segui em frente e a estrada melhorava fazendo aumentar a velocidade. O céu espantava as nuvens para o Paraná e se mostrava em pleno azul. O calor dos aquecedores dos punhos já não era mais necessário e a temperatura subia agradavelmente.

A pista seca e de boa qualidade espantou de vez meus receios e a mão direita rosqueou para baixo despejando potência nos dois enormes cilindros do robusto e confiável motor BMW, hoje com 90 anos. A suspenção absorvia cada imperfeição deixando a pilotagem lisa como seda. As curvas se sucediam ainda em longos raios; o que era muito bom, pois eu precisava praticar.

Os quase 90 quilômetros até caçador foram consumidos rapidamente e pouco antes das 12 eu estava na recepção do primeiro hotel da viagem anterior a se repetir.

Pensei um pouco, vi que para Caxias do Sul faltavam apenas 411 quilômetros, lembrei-me de há dois anos e a vontade de rever as maravilhosas curvas das serras gaúchas determinaram que eu prosseguisse.

Rodas na estrada e ela como um colo de uma amante me levava em êxtase ao meu destino. A sucessão de curvas ainda em raios longos me recordava experiência. A confiança nos Anakee recém adquiridos era total.


As retas eram percorridas em velocidade bem acima do permitida e a GPS, talvez animada com tanta emoção, antecipava cada radar ou lombada. Éramos três em perfeita harmonia com a estrada.


Penúltima parada, Vacaria, um posto acanhado. Bexiga vazia, tanque cheio, café, a barra de proteína, água e o SMS para avisar que estava 24 horas adiantado e chegando.

Seriam os previstos melhores 113 quilômetros da viagem. Estaria nas serras gaúchas, com o sangue quente, a moto na mão como nunca esteve, o clima ameno, sol à direita e muita saudade.

1ª esticando, 2ª, 3ª e as marchas subindo na última reta já em ascendente. Apenas desenrosquei o acelerador para reduzir e entrar na primeira curva a 90 e daí em diante não vi mais nada...

O asfalto está novo e liso como bunda de neném. Pretinho, com as faixas bem definidas. As pequenas taxas dispostas equidistantes, com seus olhos de gato, antecedendo os tachões igualmente iluminados pelo meu farol na escuridão das sombras das inúmeras arvores, era meu cenário. Melhor não poderia ser.

As curvas se sucediam e as poucas retas ou terceiras pistas ajudavam a me livrar dos poucos carros e caminhões. Não sei a que velocidade e inclinação consumia cada curva muito menos quantas foram só sei que foram poucas e poucos os minutos.

A regra, como se fosse necessário uma, era desenroscar, cutucar a manete da direita, iniciar o processo de inclinar a moto para então, no meio de cada curva, em máxima inclinação, baixar uma marcha e acelerar diminuindo o raio para entrar na tangente da próxima reiniciando o ciclo que vicia.

Não se muda a velocidade no meio de uma curva, é fato, mas nesse caso, o conjunto máquina, pneus e estrada permitia essa minha ousadia.

Chegamos à Caxias, a GPS me deixou um quarteirão depois. Fui muito bem recebido, um papo inicial que precisou ser interrompido para o merecido banho.

Sentamos à mesa e em um excelente Papo de Cozinha abrimos e quase acabamos uma garrafa de Jack.


Quando a conversa chegou em música liguei o computador para ouvir algumas. Faz tempo que não faço isso e a conversa seguiu até que com a chegada da dona da casa, fomos para a sala, pedimos uma pizza e ficamos vendo alguns shows primeiro do Pink Floyd depois Yes. A noite não poderia terminar melhor.


2 comentários:

  1. Tudo para você é feio,não sei porque faz esses roteiros? Bonito são as favelas do Rio de Janeiro, não é? Faça um tour por elas!

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    1. Sr(a?) Anônimo(a?)

      Acho que você não leu o texto todo.

      Achei a cidade feia e é mesmo, mas o resto do texto é só elogios. A não ser no que se refere aos arenitos mal tratados devido às administrações anteriores que não cuidavam do Parque. As inúmeras marcas deixadas pelos vândalos corroboram as palavras do guia nesta narrativa.

      Por favor, leia o texto todo, sem preconceito.

      Quanto as favelas do Rio, são feias mesmo e aqui há outras coisas horrorosas, mas a cidade é uma das mais bonitas do mundo e isso compensa.

      Abraço.

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