quinta-feira, 23 de abril de 2015

3ª VIAGEM – 20/04/15 – 3º DIA – CURITIBA - LAGES


Novo café da manhã, honesto como os demais e farto em comparação como nosso dia a dia.

Bagagem instalada, Cláudio foi para uma rua tradicional de lojas de moto e eu para a concessionária verificar as pastilhas traseiras que saíram do Rio com meia vida. Estava tudo bem, segundo o expert, vou conseguir chegar ao Rio sem sustos. Enquanto esperava um longo papo com um motociclista local que havia ido trocar a roupa da moto. Em vez de comprar uma nova trocou umas peças da carenagem e mudou de cinza chumbo, igual a minha, para preto (?).

Cláudio demorou, mas chegou, passamos na transportadora do irmão e seguimos para mais um trecho da viagem. Desta vez seriam 483 km, segundo o Google Maps e o destino seria Lages passando por Joinville e São Bento do Sul, para subirmos a Serra da Dona Francisca.

Olhando no mapa verão que não é o caminho mais rápido, mas com certeza o melhor. Para os que não me conhecem, esse é o mote de minhas viagens, rodar pelos MELHORES caminhos.

A estrada, PR 376, em bom estado de conservação aliada ao pouco calor tornaram a viagem agradável. Com média de 110 km/h com picos de 160 km. Passamos por uma pequena e já conhecida serra que na primeira passagem deixou saudades.

Foi ao final dela que, a dois anos, de moto nova e subindo na direção contrária, resolvi pegar o retorno para repetir com maior intensidade. Bons momentos.

Passamos direto por Joinville e chegamos com tranquilidade e segurança no pé da serra. Dona Francisca não estava lá, mas deixou um bolinho de carne e outro de galinha sensacionais. Só não repeti por conta da responsabilidade em manter a uniformidade física-corporal. Motos reabastecidas, seguimos em frente.


Algumas minúsculas gotas haviam caído minutos antes de nossa chegada e a prudência limitou nossa subida. Isso permitiu dar maior atenção a abundante vegetação.

“Ô país bunito sô!”

Somos felizes pelo que temos e tristes pelo que somos.

Mais curvas, algumas com piso de concreto que com a humidade tornam-se traiçoeiras. Cautela era a ordem do momento. Sorte que o momento foi curto e algumas curvas depois, com a melhora do tempo, já estávamos em velocidade de cruzeiro, mais uma vez em êxtase, gastando borracha ...


Foram momentos em que tudo conspirava para a tranquilidade. Boas curvas, belo visual e clima ameno. Não havia exageros, nem na angulação das curvas, nem na velocidade com a qual as consumíamos.

Mas ela era curta e quando pensei em parar para tirar uma foto ela já havia acabado.

Dona Francisca nos tratou muito bem e com certeza voltarei a visita-la, afinal, preciso tirar aquela foto.

Pouco antes de Mafra pegamos a BR 116. Sua pouca, mas agradável sinuosidade tirou a monotonia desse trecho até as primeiras gotas de chuva aparecerem. Foi aí que me toquei. Já estávamos em território de Santa Catarina e consegui passar pelo Paraná sem uma única gota de Chuva. Isso era inédito para mim.

“Mas tem a volta”

Disse Cláudio.

“É verdade.”

E as gotas começaram a cair. Olhando para o horizonte vi que vieram para ficar. Paramos em um posto para vestir a roupa de chuva e ela desabou. A tarde quase virou noite e o barulho que vinha da cobertura metálica era quase ensurdecedor. Mas estávamos tranquilos. Não seria a primeira vez.

Mais alguns minutos e a chegada de notícias do tempo mais a frente, chegou com um grupo de motociclistas recém chegados.


“... não vá! Está chovendo pedra!”

Decidimos aguardar a chuva amansar. Não demorou muito e de roupa de proteção contra chuva retomamos nosso caminho. Passaram poucos minutos e a chuva voltou forte e decidida. Pelo jeitão logo vi que ficaria conosco durante muito tempo e isso não seria nada bom.

Nessas horas que vemos que a educação de nosso povo está cada vez pior. Meus pais eram viajantes por natureza e uma vez por ano viajávamos para diversos lugares desse imenso e rico país. Lembro a cortesia que havia entre os motoristas nas estradas, caminhoneiros sinalizavam quando era seguro ultrapassá-los, muitos saiam para o acostamento a fim de dar passagem, etc. Hoje, são uns animais. Não só eles como os demais motoristas, te “empurram” para fora da pista, ninguém sai da esquerda para dar passagem a um mais veloz. Depois se queixam dos desmandos, da corrupção, etc.

A visibilidade piorava a cada minuto passado, a tarde parecia noite e por duas vezes fui jogado fora de minha trajetória em duas ultrapassagens a caminhões. Em outras duas, eles sinalizaram para eu ultrapassá-los e quando fui voltar na frente deles havia aqueles tachões no meu caminho. Tive que passar por cima em uma manobra arriscada.

E a chuva nos castigava sem piedade. A pista molhada tornava-se cada vez mais traiçoeira, mas eu me mantinha em segurança. Com medo? Claro! Mas nada de complicado aconteceu.

Aqui vale um abre aspas.

Essa viagem está mostrando que investir em equipamento é muito importante. E a moto é o principal a ser avaliado. Não se compra uma apenas pela beleza, nome, ou por não gostar da marca tal, etc. Se você pretende tirar o máximo de você, mesmo que esse máximo seja pouco em comparação a outros, compra-se uma moto pela segurança que ela vai te oferecer. Você precisa testar algumas motos e escolher aquela que te “vestir” melhor. Definir o objetivo é essencial e, se possível, ter uma para cada um deles.

Não se compra uma moto grande, cheia de cilindradas e cavalos para andar no trânsito no dia a dia. Dependendo do seu porte, uma boa 150 ou 250/300 cc são o ideal. Leves e ágeis, os atributos que facilitam manobras, estacionar e passar pelos corredores.  Uma usada em bom estado tem baixo custo e não vai te deixar com dor de corno a cada risco ganho nos “estacionamentos”.

Motos grandes são para grandes feitos, passeios; médias e longas viagens onde o conforto e tecnologia são necessários para a sua segurança.

E eu estou muito bem “vestido” cada centavo gasto na aquisição da minha está dando retorno, principalmente no quesito segurança. O controle de tração corrige meus erros que mesmo com muitos quilômetros já percorridos nesses últimos anos, são muitos. Andar na chuva não é problema, pois posso selecionar o modo “Rain” que controla a potência que o maravilhoso motor boxer despeja no “cardã” e roda a cada retomada me deixando em pé sem sustos. Frear, em qualquer situação não é tarefa difícil devido ao ABS e descer as marchas em situações extremas é feito com rapidez sem surpresas, pois as engrenagens se encaixam perfeitamente ao meu comando, mesmo sem apertar a embreagem.

E a chuva caía...

A tensão era grande e deixava meu pescoço doendo. De bom apenas o fato de não estar trabalhando e isso era suficiente.

No hotel, as tarefas de sempre. Jantamos uma comida bem honesta em um dos restaurantes da cidade e cama.

O dia seguinte prometia.

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