sexta-feira, 20 de abril de 2012

FUGINDO DA VIDA


SENHORAS E SENHORES, PEÇO DESCULPAS PELA BAGUNÇA, MAS O PESSOAL DO BLOGSPOT MUDOU A PORRA TODA. AGORA TENHO QUE REAPRENDER A POSTAR COM A FORMATAÇÃO QUE DESEJO. ESPERO APRENDER ANTES DE MUDAREM NOVAMENTE. DEU UM TRABALHO DO CACETE. ESSES CARAS INVENTAM DE MUDAR TUDO E NEM PENSAM NOS PROBLEMAS PARA QUEM USA ESSA PORCARIA. UMA VERGONHA. ESSA GERAÇÃO "Y" É COMPOSTA POR ENERGÚMENOS EGOÍSTAS!

“Dias 14 e 15 de abril vai haver um encontro de motos em São Lourenço já reservei hotel para seis quem quiser ir avise. As informações das reservas estão aí embaixo.”

Assim estava escrito no e-mail de convocação.

A vontade era grande, mas compromissos assumidos anteriormente me obrigaram pensar por uns três dias. Decidi embarcar nessa. Tive que renegociar as datas até então comprometidas. Não foi difícil.

O maior problema era que, por estar quase que a semana inteira em sampa, resta apenas os fins de semanas para ver meus filhos e cachorro.

Os filhos já estão grandinhos, sabem da importância dessas viagens para mim e não há estresse por causa disso. Mas @Boris Stafford, que não entende nada, fica amuado quando pouco me vê.

É impressionante como eles sentem. ainda os chamam de irracionais. Só rindo dos verdadeiros animais. Hehehe!

“Sairemos às 08:00 h do posto “X” na entrada do Túnel Rebouças.”

Foi o texto do segundo e-mail, enviado dois dias antes da partida. Já havia confirmado minha presença, portanto, peguei uma das seis reservas feitas pelo Presidente dos “Flechas de Prata”.

Desde pequeno sempre achei legal aqueles motociclistas com suas motos pretas, vestindo couro na mesma cor e com o desenho de sua gangue nas costas. Águias, caveiras, índios, punhos fechados, facas, entre outros. Todos com forte conotação machista rebelde. Normal para a época.


Tudo muito bem embalado pelo Rock e viagens como “Easy Rider” clássico com Dennis Hopper e Peter Fonda. Filme indicado para o Oscar e o Globo de Ouro ambos de Ator Coadjuvante para Jack Nicholson e ganhador do Cannes de Melhor Filme e de Diretor Estreante, Dennis Hopper.


Conheci essa turma por acaso quando fui abastecer e só muito tempo depois soube que se tratava de um Moto Clube. Eles não usam coletes ou casacos de couro como uniforme. Têm um símbolo, mas não está à mostra sobre as costas de seus casacos e não há obrigatoriedade de andar de “uniforme”, ou de se colocar em determinada posição em relação aos demais membros, respeitando determinada hierarquia quando estão nas ruas e estradas. Não há necessidade de seguir o líder, essas coisas.

“Não temos regras! O dia que quiserem colocar regras eu saio!”

Resumiu um deles.

Estava ansioso, vocês sabem o quanto gosto de estar de moto nas estradas da vida, fugindo dela.

Nesse meio tempo fiz alguns bate e volta por terras já muito conhecidas, Itaipava, Juiz de Fora, Friburgo, Teresópolis, etc. Nessas pequenas viagens tive a oportunidade de degustar belos e saborosos pratos, tais como:


Fettuccini com ervas finas e alho frito em fatias;


Prato precedido por focaccias banhadas no azeite e alho frito;


Coelho, com arroz de amêndoas e legumes;

O famoso sanduiche de linguiça do Alemão, uma feijoada em Teresópolis, fantástica cujas fotos perdi no celular, etc.

Sexta feira 13, não é um bom dia, dizem, mas eu não estava nem aí para essas coisas. Arrumei uma mala e meia. A possibilidade de chegar tarde e cansado no domingo me fez arrumar a parte possível da de São Paulo também.

A véspera, noite agradável, como tem sido quase todas que tenho passado em casa. Com um jantar simples, dessa vez, regado a poucas, mas geladíssimas cervejas.

Acordei às 06:30 h. Café da manhã, os últimos preparativos foram cumpridos a risca para então, após vestir a roupa de viagem, descer rumo ao prazer.

Sol à pino, lembrando o recém terminado verão, sobre a roupa e capacete pretos. Eu suava muito, mas estava feliz. As imagens e sensações da viagem feita em outubro do ano passado estavam claras e cristalinas, num “déjà vi” embriagante.

Conversamos sobre os últimos acertos para a viagem enquanto aguardávamos o derradeiro que faltava.

Pneus calibrados, tanques cheios, pé na estrada.

Éramos cinco, duas BMW 1200 GS, uma BMW 650 GS, uma KTM 990 e uma Yamaha FZ1 1000.

O castigo do sol era subjugado pelo prazer, mesmo ainda estando na Linha Vermelha e depois na rodovia Presidente Dutra (Rio São Paulo). E por muito tempo assim permaneceu, com exceção das curvas da serra das Araras sempre dóceis e receptivas como as de uma bela donzela; ou não.

Após aproximadamente duas horas paramos para renovar o combustível, tanto para as motos como para nós. Foi aí que percebi que havia esquecido as minhas companheiras de viagens longas. As famosas, mas não tão saborosas barras de proteínas. Fiquei no café simples e uma garrafa de água. Não estava a fim de incentivar o sono que me espreitava aguardando um vacilo.

Um papo com alguns curiosos e pretensos aventureiros. Eles estão em todos os lugares menos sobre as motos nas estradas como dizem que vão estar um dia.

Como muitos, os dessa vez pretendem fazer a famosa rota 66 que cruza os Estados Unidos de costa à costa.

Não sei porque a fixação que têm por essa estrada. Eu não fiz e nem pretendo fazer. É quase que uma reta só, monótona pra cacete. Tá bom, conheço muitos filmes e músicas que falam dessa “aventura”, mas é coisa de americano que pilota Haley Davidsons, meu antigo sonho de leigo.


Não, não quero desmerecer a marca, muito menos esquecer a história que a acompanha, nem tão pouco desrespeitar os que as amam. São motos, belas motos e merecem todo respeito.

As Harley são a verdadeira representação de um estilo de vida.



Multi funcionais, pois tanto serviram (em alguns países ainda servem) às forças armadas como também a Gangues diversas cuja mais conhecida são os Hell Angels; originários da Califórnia que se espalharam pelo mundo.


Mas para quem conhece um pouco do riscado sabe que tecnologicamente estão um pouco defasadas. Talvez pela sua proposta de ser uma estradeira para curtir o vento no rosto, o prazer de pilotar em velocidade constante e em estradas americanas (muita reta e sem buracos). Para esse tipo de pilotagem não é necessário grandes avanços.


A grande distância entre eixos e o formato dos peneus as desfavorece nas curvas. A suspenção tem curso pequeno o que as torna desconfortáveis com o passar do tempo pilotando. São 60 mm contra o dobro ou mais das japonesas, francesas, alemãs, italianas, etc. A vibração do motor faz com que algumas peças se soltem e dependendo de qual seja, a moto pode até “apagar”.

Após algumas horas na estrada, essa mesma vibração aliada ao pequeno curso da suspensão faz com que o piloto pense que está com Parkison. Não podemos esquecer da posição de pilotagem que faz com que toda absorção de impacto seja na lombar e isso dói muito.

Houve uma tentativa, muito bem sucedida por sinal, de um dos engenheiros da Harley em projetar uma máquina mais atual. O resultado do Projeto veio com muitas inovações como podemos ver na foto. Mas os tradicionalistas da marca não quiseram associá-la a um produto tão distinto daquele que vinha fazendo história.


Por um tempo as Buell deixaram de ser fabricadas, site www.buell.com:

“A Jornada Termina Aqui. Em 30 de outubro de 2009, Buell Motorcycle Company fechou suas portas, pondo fim a uma operação de 26 anos. Agradecemos os nossos clientes, concessionários e empregados por essa trajetória inesquecível.”


Em 2011 Erik Buell retorna com uma 1190 RS e nova logomarca. O conceito é o mesmo com os discos de freio dianteiros presos a roda e não ao cubo, balança traseira curta e o tanque de combustível localizado no quadro.


Há no mundo um cem número de amantes desta raridade. Maiores detalhes com os experts ou na net.

Após esse momento “Hora do Brasil”, as trocas de informações e despedidas, voltamos à estrada.

Foram poucos quilômetros até próximo à divisa entre Rio e São Paulo quando dobramos à direita acessando o que viria a ser a melhor parte da viagem. A 354 que liga a Dutra à São Lourenço é uma mão dupla de respeito. Asfalto novíssimo, pret... Ops! Afro descendente (olha a dúvida aí novamente, ela sempre me persegue), sinuosa como se desenhada pelos Deuses das duas rodas, cercada de árvores cujas copas se unem como túneis ao longo de seu destino protegendo do sol e calor seus inebriados transeuntes.


O sol se esmerava para aparecer entre as folhas verdes da primavera enquanto seu poder de derreter nossos cérebros perdia força a cada metro conquistado.

O vento que entrava pela fenda de minha viseira e entre as mangas do casaco e as luvas, ia se tornando mais prazeroso com a queda da temperatura.

Eu seguia os demais observando o resultado do trabalho feito pelo criador e sua criatura. Um belo conjunto de obras que iam sendo desvendadas a cada curva feita.

E a cada uma delas o que se via era uma superposição de imagens como se um caleidoscópio de formas e cores.

O som do silêncio era quebrado pelo ronronar macio dos motores tal qual música de fundo para as belas imagens.


Paramos em um restaurante de beira de estrada, típico “minerim sô”. Simples, simpático, aconchegante que serve como opções: feijoada, linguiça frita, peixe idem, entre outras iguarias. Tudo muito bem acompanhado de uma saladinha, arroz, feijão, farofa, batatas fritas e outras delícias.


Rachei a linguiça frita com um de meus parceiros de viagem. Por motivos óbvios bebemos refrigerantes ou sucos.


Calma pessoal! Sei que foi uma escolha indevida pelo “peso” da comida. Pensei nisso, fiz as contas, faltavam menos de 50 quilômetros para chegarmos, vi que dava e, com um tradicional cafezinho “minero” não haveria problema. E não houve “mesm”.


Voltamos à estrada e a exposição de belas imagens continuou sem cerimônias.

Eu estava feliz.

Chegamos ao hotel, malas nos quartos, uma piscininha acompanhada de cervejas bem geladas e um bom papo para relaxar.

Banho e um passeio pela cidade, a pé, até o local da exposição.

A cidade é simpática, mas não é bonita. Talvez o mais interessante, além das águas minerais seja uma não muito larga rua de pedestres bastante arborizada, com algumas lojas restaurantes e cafés. Havia um palco, por certo montado para o encontro, onde pequenas bandas de vários estilos se revezavam em “Pockets Shows”.


Após um café e um lanche rápido em uma das cafeterias chegamos ao local da exposição.

Não era o que eu esperava. Pelo movimento (a cidade estava cheia) e divulgação, imaginava mais. Não havia nada de novo. Nem tirei fotos. As mesmas motos, os mesmos acessórios, as mesmas modelos aborrecidas com os mesmos chatos que parecem nunca ter visto uma mulher bonita e ficam querendo tirar fotos abraçadinhos a fim de tirar uma casquinha. E olha que não eram tão bonitas assim. Mas estava legal.

A noite, a cidade parecia um formigueiro. Jantamos, nada que mereça registro. Um rolê pela cidade e fui dormir. Estava cansado.




No dia seguinte, o tradicional café da manhã de hotel de cidade do interior, malas prontas, roupa e equipamentos de viagem vestidos e pé na estrada.

Percorremos o sentido inverso da exposição de imagens com atenção redobrada devido ao grande número de motos, carros e caminhões nos dois sentido.

Quase ao final da descida vimos um motociclista caído devido a um desnível entre as pistas. Não havia placa indicando a falha, uma vergonha. Paramos e pareceu estar tudo bem. Já havia muitos socorrendo então seguimos nosso caminho.

Mais embaixo, encontramos uma viatura da PM, relatamos o acidente e os palhaços nem deram bola. Como não esperávamos por isso não deu tempo de registrar números e/ou placa da viatura.

Seguimos em frente, o objetivo era almoçar em Penedo em um restaurante conhecido pelos demais. Estava fechado. Fomos a um tradicional especializado em trutas. Uma delícia!


Truta grelhada ao molho de azeite e alho acompanhada de arroz branco e batatas souté, foi a minha pedida. A foto não é a original, mas está aí para esclarecer aos leigos.


Após, um sorvete finlandês. Sem comentários de tão bom.

O sol açoitava nossos corpos tal qual um feitor, mas o prazer de estar no comando de uma máquina poderosa em ambiente tão agradável me fez esquecer.

Motos abastecidas retomamos nosso caminho para casa já combinados da derradeira parada no postinho da Lagoa para as despedidas e vários goles de água gelada.

Não chegamos lá.

No quilômetro 235 da Dutra a KTM 990 apagou. No rádio, Fernando, seu dono, pronunciou palavras picotadas. Tentei chama-lo, sem resposta. Jeff e Luiz estavam longe à frente, fora do alcance da frequência e Renato, a minha, frente parou a alguns metros de mim. Sem sucesso nas tentativas de contato, decidi voltar enquanto Renato aguardava notícias pelo rádio. Percorri os poucos quilômetros tenso.

Avistei-o na, agora, pista contrária. Estava bem. Peguei o primeiro retorno e ao chegar ele explicou o apagão inesperado, ao bom estilo Harley Davidson.

Voltei para perto de Renato o suficiente para ele “entrar” na frequência. Comuniquei o ocorrido e ele se juntou a nós.


Em uma pane o primeiro a ser verificado é a parte elétrica. Fusível queimado detectado e trocado. Moto ligada, primeira engatada ela “morre”.

Foram algumas tentativas.

Especulamos ser uma falha no sistema que desliga a moto quando se tenta engrenar uma marcha e ela está com o descanso aberto.

Chamamos o reboque do seguro, fizemos contato via celular com os outros dois e, após alguns minutos eu estava de volta à estrada enquanto eles aguardavam socorro.

Preferia ter ficado com eles. A necessidade de chegar em casa desfazer a mala, lavar e guardar as roupas e acessórios de viagem, terminar de arrumar a mala para São Paulo e pegar um ônibus para esta cidade me deixou desanimado.

De bom apenas o banho, rever meus filhos, com quem jantei Lulas e camarões empanados com arroz e brócolis em uma excelente cantina em Copacabana e os escassos minutos que brinquei com @Boris Stafford.

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