domingo, 1 de julho de 2012

PRAZER


Cá estamos, mais uma vez.

Hoje vou falar sobre uma das poucas coisas que têm me dado prazer nesses últimos meses.

Claro que estar com meus filhos e cachorro não conta nessa história. Afinal juntar filhos com cachorro e dizer ser felicidade é redundância.

Ainda ando por São Paulo e a cada dia que passa vou me acostumando com isso. Mas não se preocupem, não há a menor possibilidade de deixar nosso querido Rio de Janeiro.

Mesmo com todas as suas mazelas, tristes mazelas, mesmo com seus governantes safados e povinho sem vergonha, mal educado e metido a esperto; o Rio de Janeiro é e sempre será, assim espero, a Cidade maravilhosa.

Mas convenhamos, não podemos tapar o sol com a peneira; o Rio de Janeiro está largado às traças.

Traças não! Aos Aedes Egypts.


Sim meus escassos leitores, elas (são mosquitas) estão de volta, mais uma vez. E cada vez mais fortes e contundentes. Aderiram ao feminismo reinante desde a década de 80 e graças a ignorância da maioria dos que se dizem Cariocas, estão, tal qual moçoilas recém-saídas dos MBAs da vida ou mulheres da mesma, pintando e bordando pela cidade.

Mas vamos falar de coisa séria, se esse assunto é tratado como brincadeira pelos palhaços de nossos governantes, que desfilam nos picadeiros das Zonas Eleitorais cercado pelos espectadores, o povinho ignorante da porra que aplaude de pé a cada eleição; não sou eu que vou levar a sério.

O negócio é utilizar os repelentes oferecidos pelo mercado e torcer.

Não! Não é esse assunto que me dá prazer. Claro que meter o pau nessa corja de safados tem lá seu lado agradável. Funciona como um desabafo ou mesmo descarrego, mas com certeza preferia estar enumerando resultados positivos de administrações públicas bem sucedidas.

Estamos em época “new fratern” quando inimigos quase mortais se desculpam e fazem as pazes como outro dia o fizeram nosso “querido” ex-presidente Lula e o eterno “rouba, mas faz” Paulo Maluf; sob o olhar complacente de milhões de otários que não têm vergonha na cara.

Época em que a Gabriela de Jorge Amado além de cravo e canela, também tem silicone. 

Pois é nessa época que toda semana deixo o lado feio da Dutra no “buzunga” leito das 00:05 horas de sexta feira para chegar ao Rio no máximo 5 horas e trinta minutos depois. Salvo se no trajeto a coisa enrola.

Chego em casa, num veículo de um membro da máfia eternamente impune dos taxis, para um banho e roupas limpas.

Adentro o “metrônibus” ou “metrolha” (aquela porcaria que chamam de metrô de superfície) e após quase 45 minutos sacudindo ou preso em um engarrafamento formado pelos inúmeros e solitários egoístas em suas enormes SUVs, chego ao trabalho.

É sexta feira, não se esqueçam, é dia anterior ao sempre desejado fim de semana. Sexta feira, dia em que muitos, eu diria a maioria, está mais preocupada com as 48 horas seguintes do que outra coisa. É o dia em que, além de trabalhar, tento resolver os assuntos particulares que os 400 quilômetros da Via Dutra não permitem.

Vocês não imaginam como é complicado. Se você não tem secretária e precisa agendar uma consulta médica, uma visita de um técnico, a vistoria anual de seu veículo, ou similares, você está ferrado. As pessoas que te atendem, já naturalmente desprovidas de vida inteligente no interior de suas cabeças tornam-se mais danosas a sua saúde do que entre as terças e quintas feiras do ano. Não estou considerando a proximidade com feriados.

Mas enfim chegam as 18:00 horas e as tarefas planejadas estão parcialmente cumpridas.

Tudo bem! É sexta para mim também e eu vou para casa, tomar um belo e quente banho, jantar uma comidinha especial e dormir o sono dos justos.

Ou não.

Sábado de manhã, sem chuva. Se com sol ou não é irrelevante. Prefiro sem, fica mais fresco.

Levo @Boris Stafford para seu longo e divertido passeio matinal. Na volta, alimento-o e a mim também.


Um banho rápido, separo as coisas, visto a roupa específica, me despeço de quem está acordado e lá pelas 08:30 horas estou em cima da moto em busca de uma estrada qualquer.

O destino? Pouco importa. Pode ser Itaipava, Friburgo, São Paulo, Juiz de Fora, Angra, Curitiba, Búzios ou mais longe.

A simples menção de um bate e volta ou o rebuscado planejamento para uma longa viagem já são itens a serem vividos intensamente.

Muitas vezes só, outras poucas acompanhado.

São pessoas de várias idades, religiões, estado civil, essas coisas. Mas com o mesmo sentimento quando o assunto é moto.

O prazer de sair por aí meio que sem destino, com ele ou inteiramente sem.

Nas estradas de mão única ou dupla, com uma ou mais faixas, lisas como cetim ou ásperas como a casca de um abacaxi.

Degustando cada curva e até mesmo as retas. As subidas e decidas. Entre montanhas, morros ou morrotes. Nas planícies, planaltos ou planos inclinados. Sob sol ou sob chuva. Mais uma vez, melhor sem ela.

As paradas de encontro antes de iniciar o passeio ou aquelas intermediárias para um café, suco ou apenas água; sempre acompanhadas de um bom papo com os parceiros do passeio ou outros que encontramos pelo caminho.


Você que viaja só ou com familiares, de carro, enfurnado em seu mundinho climatizado não sabe o prazer que é conhecer pessoas diversas pelo simples fato de estarem de moto.

São pessoas simples, algumas esnobes (sim elas também andam de moto, têm direito), a maioria solidária, de bem com a vida, pelo menos naquele momento sobre as duas rodas.

Experiências são trocadas assim como informações e histórias. As vezes contatos. Certamente você não as verá novamente, mas a simpatia de cada um desses encontros e desencontros deixa sua marca e isso ajuda a alimentar sua vontade de estar de moto.


Os raros distantes amigos que ficam, como os que fiz em Caxias do Sul quando fui até o Chuí.

Os lugares que vi e principalmente vivi e com certeza não seriam os mesmos se não estivesse de moto.

As paisagens sem as limitações das tradicionais molduras e escudos pseudo transparentes das janelas sobre quatro ou mais rodas.

O ritual de escolher as coisas certas e a eterna luta de fazê-las caber nos pequenos compartimentos antes de cada partida.

A ansiedade que antecede cada passeio ou viagem.

A vontade de nunca mais voltar para a vidinha mais ou menos vivida entre o acordar e dormir de cada dia útil.

Útil?

Apreciar pratos tradicionais ou não, simples ou rebuscados, a cada almoço ou jantar. O camarão com pedaços de manga e queijo Brie, em Itaipava;


Ou o sanduiche de linguiça à caminho de Ubá;


Ou ainda a comidinha caseira na estrada para São Lourenço.


Prazeres impares, discriminados em nome de uma insegurança que na realidade não é tão insegura assim. E que poderia ser menos ainda se aqueles que discriminam as motos fossem inteligentes ao ponto de trata-las com respeito e como conseqüência teríamos mais motos e menos carros nas ruas.


Prazeres que com certeza fazem muito bem a saúde e dependendo da intensidade talvez transformem se em segundos, quem sabe minutos ou horas complacentemente acrescidos a sua vida pelo Senhor de tudo e todos.

Uns dirão que viagens ao exterior como Paris, Praga, Londres, Barcelona, Roma ... são mais interessantes, outros citam viagens aos pontos eco-turisticos tais como Fernando de Noronha, Chapada, Lençóis ...

Pode até ser, mas não me fazem falta. O simples fato de pensar em entrar em um avião já reduz em quase cem por cento o tesão por uma dessas aventuras.

Uma pena.

O prazer agora é maior, pois tenho ao lado meu filho iniciando sua história sobre duas rodas.


Sim meus caros e escassos leitores, andar de moto tem sido a mais prazerosa atividade nos últimos meses. Vocês deveriam experimentar. Duvido que a experiência não vá mexer de alguma forma com vocês.



2 comentários:

  1. Geraldo,

    Cara, Sou novato em duas rodad, 5 anos, mas concordo em tudo o que escreveste. Hoje, a maior curtição que tenho hoje, como fuga deste pandemônio que é nosso país, do estresse do trabalho, e tudo mais. Andar de moto é meu plano de viagens, de viver.

    Abraços!

    Marcos

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    1. Pois é Marcos, já ando sobre duas rodas faz tempo. Desde os tempos de faculdade e em várias modalidades (Trilhas, motocross, cidade e agora estradas) sempre com muito prazer.

      O que posso dizer mais do que está no texto é:

      "Nunca deixe de andar de moto e divulgue ao máximo os prazeres e a necessidade de respaito."

      Forte abraço e apareça sempre.

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