sábado, 18 de junho de 2011

SÃO MUITAS EMOÇÕES

Vocês fazem idéia de quem são esses simpáticos velhinhos aí em cima?

Não? Por enquanto só posso dizer que são senhores que fizeram muito em um passado não tão distante, mas como somos um povo sem memória talvez você não os esteja reconhecendo então continue lendo que você não vai se arrepender em conhecê-los; ou melhor, reconhecê-los.

Não há problema em escrever que nasci na década de 60.

Início da Ditadura Militar época de autoritarismo, revolta, prisões, seqüestros e outros abusos.

Época do Milagre Econômico com a criação de Furnas, Petrobras, Nuclebras, etc. As grandes obras eram vistas em boa parte do território nacional, a recém inaugurada Brasília, a ponte Rio Niterói, hidrelétricas diversas, etc.

As pessoas andavam em segurança pelas ruas; bastava não falar mal dos militares ou seu regime de governo.

Hoje podemos falar o que quisermos, mas a segurança deixa a desejar.

Mas não é sobre isso que quero falar com você. Esse início serve apenas para situá-lo(a) no tempo.

O ano era 1961. Homens destemidos, providos de técnica e arte, como há muito não se vê. Uma tropa de elite que participou e venceu batalhas épicas para atingir um objetivo.


Ari, Joubert, Hilton, Bolero, Jordan, Jadir, Carlinhos, Hugo, Joel, Gerson, Henrique, Dida, Norival, Germano, e Oton participaram dessas batalhas comandados por Fleitas Solich.


Esses foram os heróis que conquistaram um dos mais difíceis torneios de futebol da época, o Torneio Rio São Paulo.

A campanha foi magistral. Foram oito vitórias em doze jogos. Os destaques foram uma derrota para o Santos de Pelé no Maracanã quando levamos sete gols e a revanche no Pacaembu quando fizemos cinco.

Flamengo 2 x 1 São Paulo – Pacaembu
Flamengo 3 x 2 Palmeiras – Pacaembu
Flamengo 1 x 7 Santos - Maracanã

Flamengo 0 x 2 Fluminense - Maracanã
Flamengo 0 x 3 Botafogo - Maracanã
Flamengo 2 x 0 Portuguesa-SP - Maracanã
Flamengo 2 x 1 América-RJ - Maracanã
Flamengo 2 x 1 Vasco - Maracanã
Flamengo 0 x 3 Corinthians – Pacaembu
Flamengo 3 x 1 Palmeiras - Maracanã

Flamengo 5 x 1 Santos – Pacaembu
Flamengo 2 x 0 Corinthians - Maracanã


E levamos mais um caneco para nossa cada vez mais repleta sala de troféus na Gávea.

Ontem, 16 de junho de 2011, fui convidado para um dos eventos que a Diretoria do Flamengo promove periodicamente em homenagem aos jogadores que conquistaram algum título vestindo o Manto Sagrado. Levei meu filho.

Dessa vez, a homenagem foi para os três, ainda vivos (foi o que entendi), pertencentes ao magnífico time que conquistou o Rio São Paulo de 1961.

Carlinhos, Jordan e Joubert.





Eu nunca os vi jogar. Sabia do título, mas nenhum detalhe.

Foi um evento simples, sem muitas frescuras e até um pouco desorganizado o que deu um tom de almoço de família aos domingos.

As imagens dos jogos produzidas pelo Canal 100 desfilavam nas LCDs e a presença de alguns outros importantes craques de várias épocas e títulos conquistados: Adílio, Julio Cesar (Uri Gueller), Silva Batuta, Fernandinho, Evaristo de Macedo; eram os ilustres a venerar. Havia outras figuras, mas não tão importantes.

Ao adentrarmos ao ambiente onde se daria o evento nos deparamos com nossas mais importantes taças e ao tirarmos fotos não resisti em fazê-lo tocando uma delas. Foi um gesto que milhões gostariam de fazer, mas nunca conseguirão. Imaginem como me senti.




Cenas inesquecíveis foram revividas em um curto espaço de tempo. Gols, vitórias, lances violentos, empates e escassas derrotas passaram na minha frente como se o tempo não tivesse passado.

Eu tenho um Manto Sagrado que levo a esses eventos para colher autógrafos dos craques presentes. Zico, Junior, Sávio, Julio Cesar (Uri Gueller) e Romário já haviam assinado e ontem consegui mais sete.

A cada abordagem eu era recebido cordialmente por eles. Largos e sinceros sorrisos me eram oferecidos. Na sua simplicidade agradeciam como se assinar aquela camisa fosse um de seus maiores prazeres. Eles não tinham noção de que eu é que estava sendo presenteado não só pelas assinaturas como o prazer e honra que estavam me proporcionando.

A sensação era de euforia misturada com emoção. Eu conversava com cada um deles como se nos conhecêssemos há anos. Ouvi histórias daqueles tempos assim como dos anos setenta e oitenta ainda nítidos na minha memória.

A cada um deles eu agradeci o que fizeram pelo Flamengo, pois a soma de suas conquistas e títulos, mesmo os que não vi, é que nos tornam humildemente superiores aos demais times do Brasil. E é baseados neles que curtimos com a cara de cada um dos membros da Arco-Íris invejosa e mal vestida.

A felicidade daqueles senhores era contagiante e eu não queria mais sair daquele lugar. Queria ser o último. Maldita prova que meu filho iria fazer no dia seguinte.

Ainda muito emocionado com a maneira como aqueles velhinhos recebiam as justas homenagens vi ser formada uma banca de pesquisadores e juristas.

O motivo era para explicar o porquê de o Flamengo estar pleiteando o título do mesmo torneio, porém do ano de 1940.

Em breves palavras, a história é que esse não terminou porque ao final do primeiro turno os times de São Paulo não quiseram disputar o segundo. E exatamente por isso a então CBD (hoje CBF, sempre ela) resolveu não considerar o torneio como inacabado, portanto sem campeão.

A história mostra que a maioria das edições deste torneio foram realizadas em turno único. Uma das quais terminou com quatro campeões. Sendo assim, não há porque não se reconhecer o de 1940. Nesse ano o Flamengo, junto com outro, eram os primeiros colocados, mas pelos critérios de desempate utilizados hoje nós seríamos os primeiros. Como esses critérios não eram utilizados na época, estamos pleiteando o título para os dois.

Após as explanações abriram para perguntas e poucas foram feitas.

O papo correu solto até que resolvemos ir embora.

Ao sair eu desejava me despedir de todos eles um a um, mas meu filho estava com pressa.

No caminho do estacionamento encontramos com a Presidente Patrícia Amorim que deve ter me reconhecido por ter feito uma das poucas perguntas e iniciou um papo.

Era visível sua exaustão, mesmo assim foi muito simpática e atenciosa. Durante a conversa percebi o quanto estava empolgada.

Falamos sobre o Brasileiro de 1987, as possíveis contratações e vendas, patrocínio, centro de treinamentos, tijolinhos etc. Eram muitos assuntos, portanto vários ficaram sem tempo, uma pena.

Importante foi a sensação de que pelo menos a Patrícia está fazendo um belo trabalho, pois ao resgatar nosso passado através dessas homenagens aliado a construção do Centro de Treinamentos, nos dá a certeza de que um grande futuro nos aguarda.



Mas com certeza o mais importante mesmo é que nunca esquecerei a alegria e carinho do convívio com aqueles fantásticos craques.

Obrigado.
Saudações.

2 comentários:

  1. Bom ver vc feliz! É isso! Belo texto. Sabe aquilo que conversamos? Não pode ser invenção!! Agora, da próxima vez v se me convida também viu? Com certeza, enquanto vc curtia a paixão rubro-negra eu poderia estar fortalecendo meu network vermelho e preto. rsrsr 1 beijo!!MHA

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  2. Postou uma foto tua... e não choveu? Milagre. Beijo

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