Londrina
é uma cidade pequena e bastante interessante. O povo é simpático e educado,
fato raro hoje em dia. Os serviços são prestados com esmero. O trânsito é tranquilo,
em quase 24 horas não ouvi uma única buzina.
O
quadriculado proveniente da disposição das ruas confunde nos primeiros
momentos, mas depois de um tempo o visitante se acostuma. As rotatórias nos
cruzamentos mais movimentados ajudam e muito o trânsito fluir.
Nota-se
que houve planejamento no projeto urbanístico da cidade, coisa rara em muitas outras
terras tupiniquins, mais propícias a falcatruas e afins.
À
noite, depois de merecido descanso, saí em busca de algo para comer e gente
para ver.
2ª
feira não é um dia tradicionalmente movimentado, muito menos em Londrina, mesmo
esta sendo uma cidade povoada basicamente por estudantes.
Após
consulta fui parar em um pub irlandês. O Flamigan’s Irish Bar que fica na
Ayrton Senna, 850, tem decoração típica com a predominância de madeira escuras
mescladas com claras. O mobiliário também de madeira tem boa ergonomia, dando
conforto ao estabelecimento.
Estava
vazio.
Sentei-me
junto ao balcão principal próximo da dupla que levava um som de muito boa
qualidade tanto no que diz respeito as vozes quanto ao repertório escolhido.
Gostaria
de ter bebido uma cerveja gelada, eu merecia, mas não posso correr risco de ser
pego pela Lei Seca, mesmo que esta não seja frequente na cidade.
Como
sempre, os inocentes sofrem pela irresponsabilidade de meia dúzia de boçais e a
Lei Seca é mais uma consequência desta regra.
Não
sou contra, apenas acho-a muito rígida, mas não há como ser diferente no país
do povinho esperto DAPORRA!
O
cardápio é conciso mesmo assim foi difícil escolher. Jantei um super hambúrguer
de 200 gramas de carne bovina, queijo, cebolas semifrias em pequenos pedaços,
duas opções de molho da casa acompanhado de fritas chips.
UMA
DILÍCIA!
Após
mais algumas boas músicas, voltei ao hotel, precisava de uma boa noite de sono.
Mais
uma vez o trecho à cumprir no dia seguinte seria pequeno, apenas 98
quilômetros, dormi um pouco mais.
Acordei
tranquilo, peguei o planejamento e o mapa para estudar durante o café da manhã.
Havia dois policiais rodoviários federais com quem tirei algumas dúvidas da
estrada e seus acessos. Ao saber que a concessionária da BMW estava no caminho,
resolvi parar para ver se resolvia minha falta de confiança no computador no
que se refere a informação da quantidade de quilômetros à percorrer com a
gasolina que se tem no tanque.
Em
um pouco mais de uma hora foi feita revisão e atualização do software e
modificação de uma informação de quantos litros por 100 quilômetros para
quilômetros por litro.
Peguei
a estrada por volta das 11 horas
De
boa qualidade e algumas curvas suaves que, depois da enorme e enfastiante reta
de ontem, deu muito prazer a pilotagem. Me diverti bastante apesar do número de
caminhões. Mas durou pouco.
Cheguei
a Maringá um pouco depois das 12 horas, o previsto seria conhecer a cidade e
voltar para Londrina, mas uma olhada mais detalhada no mapa me fez ver que não
voltar seria o correto, pois Maringá fica mais perto de Ponta Grossa, o destino
de amanhã.
Como
programado as coordenadas fizeram a GPS me deixar na praça junto a Catedral
que, pelo tamanho da cidade deveria ser o ponto de referência.
Estava
certo. Erguida em concreto, com a forma de um imenso cone ela chama atenção
pelos detalhes na sua base. Não vou dizer que é bonita, mas marca pela sua
diferença. Pode ser vista de alguns pontos da cidade o que a torna referência
no caso de se perder. Aconteceu comigo.
Como
Londrina, Maringá tem as ruas dispostas em quadrados e os cruzamentos mais
movimentados têm suas rotatórias.
Também
não se ouve buzinas e as motos são muito utilizadas. Chamou atenção o bom
número de mulheres que as utilizam.
Perguntei
por um Hotel Ibis e tinha. Check-in feito, malas no quarto e desci para
preencher o vazio de meu estômago. A sugestão do atendente do hotel foi um
minerim no quarteirão vizinho. Podia ter ido à pé, mas queria dar um rolê na cidade,
esse era o objetivo de ter ido parar lá.
Ao
chegar no restaurante, perguntei onde poderia parar e o rapaz da empresa
localizada no imóvel ao lado ofereceu uma vaga, dizendo:
“Não
se deve parar uma moto dessas em qualquer lugar.”
Impressionante
a educação e civilidade das pessoas do sul do pais, nem parecem brasileiros.
Agradeci
e segui para o minerim.
Um
bufê sem balança com custo ótimo e sabor idem. Relaxei e comi além do esperado.
Mas valeu a pena. Viver de barras de proteína não deve ser nada saudável.
Outra volta pela cidade, uma parada em um supermercado e retornei ao Hotel para o merecido
descanso.
À
noite de uma terça feira em uma grande cidade não é lá essas coisas, imagine uma
fria noite em Maringá.
A
Cachaçaria Água Doce (http://www.aguadoce.com.br) Não estava cheia. Além
das várias cachaças, serve bons pratos que pelo tamanho me fizeram escolher
apenas um caldinho de feijão, acompanhado de pão de alho e uma cerveja
geladíssima.
Havia chovido um pouco e a previsão para o dia
seguinte não era nada animadora. A cidade assim como o bar, estava vazia, não
me preocupei com a lei seca.
Bebemos, conversamos e nos despedimos. Talvez não
nos veremos mais. Hehehe!! Faz parte.
Acordei cedo, o sol escondia-se sob as expeças nuvens
cinza escuro, trazendo recordações nada bem vindas da viagem de dois anos
atrás.
O
café da manhã estava razoável e o papo com os demais viajantes, estes à
negócios, foi animado. Fechei a conta, bauletos na moto e saí em direção à
Ponta Grossa. As ruas ainda molhadas tomavam minha atenção quase que total. Ela
me indicava uma direção estranha aquela informada pelo atendente do hotel e
confirmada em um posto de gasolina. Tive de reprogramá-la com as coordenadas do
dia.
Deu
certo!
O
céu era intimidador e a estrada que insistia em permanecer molhada não ajudava
muito. Ela se apresentou sinuosa e lisa, pronta para um longo baile, mas sabia
que suas intenções eram outras. Era traiçoeira.
Não
havia opção a não ser enfrenta-la. Foram alguns quilômetros de tensão. A
temperatura baixava. Dos 30 graus de antes aos 25 e caindo. Chegou aos 21, pelo
menos é o que marcava o painel da moto.
A
estrada secava com dificuldade e a velocidade subia proporcionalmente. Mais
alguns quilômetros e as nuvens iniciaram um processo de escurecimento que me
assustava. Antevendo o pior resolvi parar para me preparar para a chuva que
parecia inevitável. A temperatura caia.
Procurei
um local seguro, pois seria uma tarefa demorada. Encontrei em um ponto de
ônibus vazio.
Calcei
as meias à prova d’água (valeu Fernando), vesti a roupa de chuva, coloquei a
pescoceira, substituí as luvas de tempo quente para as de frio, fechei o top
side, recoloquei o capacete e segui como planejado.
Foi
o dia das paradas não planejadas. A GPS não dizia uma só palavra, provavelmente
com medo do cenário que se apresentava. Eu estava só. Não seria a primeira vez.
Avistei
um posto Petrobras e aqui por essas bandas um posto BR ou Ipiranga são artigos de
luxo e não devem ser desperdiçados. Vinha sentindo a baixa qualidade da gasolina
ao acelerar para as ultrapassagens. É impressionante como isso é comum no
interior deste imenso Brasil mostrando que não há como sermos um país (povo) sério,
mesmo com todas as nossas riquezas.
Abasteci,
um café, a barra de proteína e 600 ml de água mineral. O papo com o dono do
posto e uns camioneiros me fez rever o trajeto. Iria primeiro ao Canyon
Guartelá e só depois à Ponta grossa.
Havia planejado o inverso.
Mais
uma partida e em poucos minutos ela apareceu. Tímida, mas preocupante foi bem
repelida pelas substituições feitas quilômetros antes. A presença da chuva
trouxe timidez à velocidade. A serra em descendente, desenhada em formas quase
perfeitas me atraía, mas não me atrevi a enfrenta-la como igual.
Evitei
a entrada para o Canyon, com tantas nuvens e chuva, provavelmente não ia ver
nada Não ia arriscar andar 60 quilômetros nessas condições, para nada.
Continuei
em direção à Ponta Grossa. A chuva diminuiu mas a pista não secava e o que
poderia ter sido um excelente baile nada mais foi do que uma péssima regressão
à dois anos atrás.
Então
ela se fez presente indicando o último ponto de coordenadas.
Check-in
feito, parei em um posto a fim de lavar os bauletos para não fazer lambança
desnecessária no hotel e fui almoçar.
O
melhor restaurante da cidade, eu merecia isso, servia um excelente bufê e
poucos, mas suculentos cortes de carne.
Fiz
um prato com 5 tipos de comidas frias, uma enorme fatia de um delicioso pão
italiano, banhados em azeite extra virgem e algumas rodelas de cebola
empanadas.
Beringelas,
pimentão vermelho, pequenos pedaços de cebola e azeitonas verdes era a primeira
delas. Anéis de cebola com ervas, a segunda, tabule indiano a terceira, maionese
de batatas a quarta e um delicado salpicão de frango a derradeira.
As
carnes, palheta suína no molho de abacaxi, mignon ao molho de pimentas verdes, a tradicional
picanha com sal grosso, pequenas e saborosas linguiças de porco e alcatra no alho.
Repeti
exageradamente, com duas grandes taças de chope. Inesquecível.
A
mistura de tensão, cansaço, muita comida e chope só poderia me levar à um lugar;
a cama, depois de um relaxante banho quente.
Boa
Noite!
cade a foto do hamburgao?
ResponderExcluirque continue uma boa viagem e o tempo ai melhore!
Não deu para tirar, na realidade, a fome era grande, nem pendei em foto.
ExcluirObrigado, o tempo já está melhorando.
Até...
Vc não aprovou meu comentário anterior?
ResponderExcluirA viagem tem sido muito saborosa. Sugiro menos carne, tente! Estamos no dia 20. Por que parou o diário de viagem?
bj
Ivana,
ExcluirÉ muita coisa para fazer, eu só li e publiquei agora. Quanto as publicações, sei que estou atrasado, mas não há como ser diferente.
Como vou fazer para deixar de comer carne no estado (RS) e país (Uruguai) das carnes.
Beijo