quinta-feira, 27 de junho de 2013

12º E 13º DIAS - COLÔNIA - MONTEVIDÉU - PUNTA DEL ESTE - PELOTAS



O café da manhã não foi dos melhores. Sem frutas, ovos, apenas 3 tipos de pães e o mesmo número de frios. Suco de laranja, leite, café, iogurte e água, os líquidos. Conta paga e rua, melhor, estrada!

O sol brilhava em quase todo seu esplendor, mas seus raios eram fracos, não traziam conforto, seu calor era insuficiente e facilmente subjugado pelo frio da manhã. Eram pouco mais de 9 graus célsius e caindo.

Ele passou quase todo o dia à minha esquerda, mesmo próximo do meio dia, gargalhava de meu sofrimento. Uma parada não programada foi a solução para amenizar o frio. O café como em todo Uruguai não é o que esperava, morno e fraco, não ajudou muito. Demorei mais do que devia tentando recuperar a temperatura do corpo, mãos principalmente.

O frio era tanto que chegava a renguiar cusco. As crianças encasacadas se encolhiam pelos cantos tentando fugir do “infugivel”.

A estrada, ainda a Ruta 1, não apresentava novidades, as retas se multiplicavam em meio a poucas curvas e a educação dos poucos passantes permanecia. O volume do trânsito aumentava a cada quilômetro rodado, a proximidade com a capital do país era o motivo.


E foi próximo a ela que resolvi saciar minha fome. O esteio oriundo do fraco café há muito havia perdido sua força. O frio auxiliara na decisão. Era o “Parador El Caiman” (Parada o Jacaré), um modesto restaurante administrado pela sogra, sua nora e provavelmente sua filha mais nova. Fui muito bem recebido e antes de mais nada, acrescentar mais uma camada de proteção contra o frio foi minha primeira providência. O banheiro limpo permitiu instalar o forro da calça de viagem. Isso feito, ainda sem o casaco, luvas e capacete, permitido pelo forte aquecimento do lugar, fiz minha escolha.

Carboidrato era a necessidade e a massa feita no local a solução. Havia duas grandes peças de queijo da região à mostra e em quanto esperava o prato principal, pedi uma prova. Serviram um prato com os queijos em cubos e uma cesta de pães e Galleta Marina; uma espécie de bolacha de água e sal os acompanhava. O líquido pedido foi uma jarra de vinho da casa. Tudo ótimo.


Veio a massa, levíssima e o molho bem temperado completaram e muito bem o fraco desjejum da manhã.


Gostos facilmente distinguidos mesmo com a rusticidade dos ingredientes.

Agora, vocês sabem o motivo da foto abaixo postada no Facebook.


Montevidéu é uma grande Copacabana, porém menos movimentada, bem mais limpa e de arquitetura mais bonita.


Mais adiante, os prédios dão lugar a belas e espaçosas casas.


Claro que me perdi no Centro e as informações foram precisas. Contornei o litoral onde vi preciosidades arquitetônicas:


Segui para a estrada com destino à Punta Del Este. O cenário mudou um pouco e para melhor.

E foi indo para Punta que descobri que o Uruguai com toda a sua civilidade, com quase nada produzido não é tão diferente do Brasil. Aqui também tem isso aí...


Ou isso...


A primeira vista Punta não difere muito de Montevidéu. É uma cidade moderna, com seus prédios de arquitetura contemporânea enfileirados pela orla.


Mas é menor e tem um lado mais estilo cidade balneária de classe alta. Não vou discutir gosto, mas tanto os prédios quanto as casas e construções comerciais são luxuosas. A cidade é limpa e o comércio variado atende a todas as necessidades. Entretanto, como todo balneário possui construções que remetem ao passado.


As casas são de uma suntuosidade única e traduzem perfeitamente o nível das pessoas que ali passam férias e/ou feriados. Conversando com alguns, descobri que, em números redondos, 40% dos proprietários são brasileiros; o restante é de argentinos e alguns uruguaios, claro.


Foi rodando pela praia que enfim conheci a famosa “Mão que Segura as Américas”. Na realidade são duas, uma em Punta outra no Chile, não faço a menor ideia de onde. Procurei no Google e não achei o nome, autor, nem a localização da segunda mão. Deve ser um problema entre a cadeira e o notebook, com certeza.


Para tirar essa foto tive de passar pelo lugar várias vezes. Havia muitos turistas sentados nos dedos, alguns com problemas de próstata e gostando pois não largavam o osso, melhor dedo.

São duas mãos que, conforme me disseram, estão estrategicamente instaladas com o intuito de segurar as Américas. Considerando-se a atual situação do Brasil, países adjacentes e outros da América Central; um par de mãos apenas não é o suficiente.

No check-in, conversando com o recepcionista do Hotel ele havia dito que a noite começava tarde, novidade, resolvi comer alguma coisa. Rodei a parte comercial da cidade e com poucas opções, o frio intenso e o pouco movimento não justificava mais. Acabei indo no tradicional. Carboidrato era necessário e rolou essa pizza aí embaixo. Trata-se de uma “Marguerita”, mas eles colocam tudo embaixo da mozzarella. Estava ótima, porém, gordurosa.


Depois, baseado na informação do recepcionista, fui descansar para dar uma volta no cassino e quem sabe recuperar um pouco da grana gasta na viagem. Ledo engano, deitei para descansar e acordei lá pelas 3 horas da madruga com frio. O aquecedor havia pifado. Fiquei rolando até a hora de levantar.

Café, etc., etc., etc. e rodas na estrada. Continuava frio, mas nem tanto.

Podia ir por dentro, mas obedeci ao planejado e segui pelo litoral. Diferente de nossas belíssimas praias a vegetação que cresce nas areias é abundante, espessa e não tão bonita. Com a ajuda das dunas, forma uma barreira quase intransponível tanto física quanto visual não me permitiu ver a cor do mar nesse trecho. Sem problemas.


Continuando à uma velocidade condizente com o local, cheio de quebra-molas,  segui em frente, passei por La Barra e o cenário realmente só foi mudar quando passei por uma ponte cuja pista em forma de ondas, passa sobre o Arroyo Maldonado. Não havia como tirar uma foto melhor, mas a ponte está bem ao fundo desta.


Segui passando por Laguna Blanca, El Chorro até chegar à José Inácio. Após a tradicional consulta de localização, entrei à esquerda em uma estradinha secundária, muito simpática.


O Camino Sainz Martinez é cercado por uma vegetação um pouco diferente do que havia visto até então.  São aproximadamente 10 quilômetros de tranquilidade e belas paisagens até chegar a Ruta 9, direção norte para o Chuí e assim voltar a pisar território Tupiniquim. Não estava ansioso e sim apreensivo. Havia me despido de quase toda natural defesa a nossa civilização, portanto, tinha de relembrar padrões possivelmente esquecidos. Paciência.

Precisava “descambiar” os Pesos Uruguayos, como não houve muitas opções de gasto, sobraram mais pesos que o que gostaria. Não precisava ter gasto tantos dólares como gastei em combustível e hospedagem. Sim, eu pagava a nafta e hotéis com dólares preservando os pesos para pequenas despesas. Por motivos óbvios, não queria fazer despesas no cartão a não ser o estritamente necessário.


Não estava previsto pernoitar no Chuí e destrocar essa moeda seria um prejuízo desnecessário. Eu tinha aproximadamente 800 pesos para torrar. Não era nada demais, mas precisava resolver esse problema.

Parei no que parecia ser o último posto Del Uruguay enchi o tanque e comi umas porcarias com refrigerante.

Mais alguns quilômetros e chego no Brasil.

Na aduana, passei direto. Minha primeira viagem internacional de moto havia sido um sucesso. Zero de stress e problemas a não ser o frio e chuva que pela época “escolhida” para essa pequena jornada já era esperado.

Parei e entrei na “Duty-Free”, escolhi uma garrafa de Jack, para beber com a turma boa de Caxias do Sul e Garibaldi e mais outras “cositas mas” perfazendo 10 “reaus” à mais. Problema resolvido. Rumo a Pelotas onde resolvi pernoitar já que havia combinado com os de Caxias do Sul e Garibaldi nos encontrar em Santa Cruz do Sul para o fim de semana.

Passando na Polícia Federal me enrolei com os cones e o caminho a seguir. Indo devagar, fiquei olhando se pediam para parar. Ficaram olhando, mas sem sinal. Resolvi parar.

“O senhor comprou alguma coisa no Uruguai?”

“Só uma garrafa de whisky para combater o frio e mais nada de significativo.”

Ela era uma gata e respondeu:

“Ok! Pode seguir.”

“Obrigado.”

Entrava na famigerada reta do Taim. Uma reserva florestal sem curvas, sem bares, sem naf, ops! Gasolina.

UMA MERDA!


Relaxei, meditei e parei no último posto antes da reserva. Isso é importante, pois muitos desavisados param com pane seca no Taim; tanto na ida quanto na volta.

O cara da Harley que ultrapassei nesse intervalo parou em seguida e batemos um bom papo. Ele também vinha do Uruguai. Ele partiu antes e ao contrário do que pensei, não o vi mais. Pensava que iria ultrapassá-lo com facilidade, mas algo me fez rodar tranquilo admirando a paisagem.


Não sei que paisagem, mas estava relax.

O céu foi ficando cinza e a temperatura caiu um pouco. Até pelotas não há muito o que dizer, então cheguei fiz check-in e antes de subir, passei no posto para lavar os bauletos por fora para não sujar o hotel com o barro acumulado.

Ia apenas pernoitar, quarto executivo standard a pedida. Espaçoso com 3 camas de solteiro.

UMA MERDA!!!!

Mofado, tudo velho, o banheiro antigo precisando de reforma, etc. Estava cansado, não ia reclamar, descer com os 3 bauletos, a mala do tanque e o capacete para outro quarto. Liguei o foda-se e a televisão simultaneamente e após o banho, uns goles de whisky e alguns bons minutos escrevendo saí para jantar.

Procurando, perguntei e verifiquei que estava quase tudo fechado nas redondezas devido a passeata em favor de um Brasil melhor e mais honesto. Fiz meu dever cívico e acompanhei os milhares até a principal praça da cidade.


Aguardei o desenrolar das atividades e como nada mais ia rolar fui correr atrás de onde saciar minha fome.

Vale um registro. HOMOFOBIAS DEIXADAS DE LADO, vi uns viadinhos sim, mas muito pouco para a fama que a cidade carrega. Tinha muita mulher bonita isso sim.

Sem opções, voltei ao hotel a fim de comer um sanduba. Para minha surpresa havia uma espécie de pub e uma taberna tipo italiana no térreo e ambos com certo movimento. Pedi um Filé à Brasileira, a possibilidade de comer ovo frito misturado com arroz foi o motivo. Arroz misturado com ovo trás excelentes recordações.

Subi para o merecido descanso. A previsão para o dia seguinte era de chuva.


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