Eram
6 horas. Acordei cedo, como planejei. Vesti-me com a roupa da viagem. Lá fora
estava escuro e frio. Meia hora depois Marcelo já estava acordado fazendo o
café da manhã.
Quando
iniciei, não chovia, por isso guardei a roupa de chuva no top-side. Eu estava
quase pronto quando ele disse que a previsão era que a fina chuva que agora caia
permanecesse até o fim do dia. Tive de pegar e vestir quase tudo que tinha
direito: 2ª pele, pele, meias à prova d’água e calça para chuva. Com isso,
atrasei tudo inclusive ele que como todo trabalhador tinha hora. O casaco para chuva e a pescoceira deixei à
mão no top-side. Fiz o mesmo com a GPS, as luvas, celular e demais itens necessários
para a viagem. Terminei de arrumar as coisas engoli como pude o café da manhã e
saímos correndo.
Na
garagem, pendurei os bauletos, o top-side e a bolsa de tanque na moto, me
despedi e fui para um posto acabar de me arrumar.
Aqui
cabe um agradecimento ao casal Marcelo pela hospedagem e ao casal Marcos pelo
almoço. Não há palavras para descrever tanta amabilidade.
Até
Santa Cruz, na volta do Uruguai.
No
posto terminei de colocar o casaco de chuva e as luvas. O celular e os
documentos nos respectivos bolsos, a GPS na base e iniciei o processo de
colocar as coordenadas do dia. Já fiz isso no dia anterior e deu zebra; agora
só faço no dia.
O
posto não podia vender o café, pois o sistema havia caído; ainda bem que o
tanque estava cheio desde o dia anterior. Liguei a moto e saí fora.
Ela
me guiava corretamente, mas havia tensão no ar. As ruas molhadas e a moto
pesada eram o motivo, não podia vacilar.
Sempre
que paro por algum motivo, sinal, esquina, posto, etc. se há alguém por perto
que julgo confiável peço informação para verificar se está tudo certo. Há
inúmeras histórias que o GPS levou as pessoas para roubadas e eu não estou a
fim de me aborrecer. Estava tudo bem.
Segui
como pude em uma velocidade bem inferior ao “normal”. Aquilo era estranho para
mim e ao adentrar a primeira rodovia vi que estava vazia então liguei o som
pela primeira vez. Não gostei, o som não é nítido mas permaneci a fim de
acalmar estava acelerado devido a confusão da manhã. As curvas passavam
lentamente sob os pneus, eu desejando usufruir delas e a chuva não permitindo.
Frustrante!
Segui
em frente ao não tão doce som das músicas as vezes interrompidas pelas
instruções precisas de minha companheira. A temperatura girava em torno dos 17
graus, mas a sensação térmica era bem menor. Já havia enfrentado 14 graus sem
maiores problemas.
A estrada era conhecida, passei por Garibaldi, como Marcelo havia dito. Estava tranquilo e confiando na minha companheira. Resolvi parar para abastecer e ao me informar, verifiquei que havia errado. A GPS me mandou para o caminho mais curto porém de menos qualidade. Consertei a rota passando por Montenegro e continuei.
A estrada era conhecida, passei por Garibaldi, como Marcelo havia dito. Estava tranquilo e confiando na minha companheira. Resolvi parar para abastecer e ao me informar, verifiquei que havia errado. A GPS me mandou para o caminho mais curto porém de menos qualidade. Consertei a rota passando por Montenegro e continuei.
O
“novo” caminho era enrolado e constantemente parava para perguntar. No final, deu
tudo certo e consegui chegar na baixada. O bonito cenário dos pampas gaúchos
informava que a etapa das grandes e monótonas retas havia chegado.
O
tempo estava firme, ou seja, céu cinza e frio bagarai.
Não
havia opção a não ser voltar e isso, eu não ia fazer. Relaxei na espera das
famigeradas retas. E elas vieram, mas para minha surpresa havia algumas boas
curvas entre elas o que fez essa temida parte da viagem bem melhor do que
aquela de 2 anos atrás, no Taim, entre Porto Alegre e o Chuí.
Imaginava
que além das retas teria pela frente pastos e mais pastos e nada mais que
pastos para ver. Entretanto, a natureza nessa parte do país traz muitas
surpresas e com isso a viagem ficou bem menos monótona.
Não
estava no planejamento inicial, mas foi incluído, pois ainda precisava adquirir
a Carta Verde, documento necessário para entrar em alguns países da América do
Sul. Com o papo rolando e os passeios, o documento ficou esquecido até a noite
anterior a minha saída de Caxias do Sul e uma busca na internet encontramos
duas seguradoras, mas precisava chegar antes das 16 horas quando os bancos
fecham. Escolhi Rosário do Sul por estar mais perto do que Santana do Livramento, a
outra opção, onde corria o risco de não chegar há tempo.
O
Sr. Ávila – 55-9928-21-42 – é uma pessoa muito simpática. Ele não só
providenciou o documento, como contou algumas histórias e deu algumas dicas
sobre seguros. Outra facilidade é que não precisei ir ao banco para pagar a
taxa. Ao lado de seu escritório fica uma espécie de banca de revistas que
também recebe contas a serem pagas. Documento no bolso, junto ao passaporte,
segui viagem com o último problema resolvido.
Tanque
cheio, a barra de proteínas após o café, um pouco de água e rodas na estrada.
O
cenário não mudou muito, apenas o frio me acompanhava e chegar em Santana do
Livramento não foi difícil.
Check-in
feito, banho tomado e o início deste texto. À noite, antes das 19 horas, quando
as lojas fecham, saí para o jantar.
Livramento
é uma feia cidade de fronteira. O cheiro de lenha queimada vindo dos
restaurantes é muito forte, assim como o de óleo queimado proveniente dos
carros mal regulados. Brasileiros e uruguaios transitam pelos dois lados da
fronteira sem problemas e junto com o movimento de turistas e sacoleiros transforma
a cidade em um grande formigueiro, mesmo no inverno.
Desci
por uma das ruas principais até cruzar a fronteira e chegar a Rivera, uma
repetição de Livramento só que com as lojas de importados. Segui a sugestão de
Marcelo e comprei uma garrafa de whisky. Ia para o Uruguai no dia seguinte e
como lá não tem Lei Seca, o álcool bem administrado ia ajudar a conter o frio.
Segui
em frente em busca da praça onde estariam as barracas de “Panchos” e “Chivitos”.
Achei a indicada por Marcos e Marcelo; sentei-me à mesa e fiz meu pedido. Um
Pancho contendo: alface, tomate, ervilha, milho, maionese, ketchup, mostarda e
queijo. Seria este o Podrão del Uruguai? Com a palavra os experts. Estava
ótimo!
Isto
não saciou minha fome e em minutos já tinha feito o segundo pedido. O “chivito”
demorou a chegar, mas estava delicioso. Um hamburgão com bife de filé cujos
acompanhamentos eram: alface, tomate, ovo cozido, presunto, mozzarella e maionese.
Maravilhoso.
Após
esse banquete a volta ao hotel sob frio intenso e um sono bem sonhado; tinha
mais de 500 quilômetros a fazer no dia seguinte, precisava estar bem e não sei
se estaria depois desse excesso.
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