sexta-feira, 21 de outubro de 2011

10º, 11º, 12º E 13 º DIAS – CAXIAS – PORTO ALEGRE – CHUÍ – SÃO LOURENÇO – RS - CAXIAS



Tudo como nos outros dias, a única diferença foi a presença do sol desde cedo. Acordei antes do despertador, tomei café e montei o quebra cabeças o mais rápido que pude, pois tinha hora marcada em Porto Alegre.

Seriam apenas uns 150 quilômetros, nada demais, mas tinha agendado a revisão de minha companheira de viagem e precisava chegar cedo, se possível com a concessionária abrindo a fim de dar tempo de recebê-la de volta ainda no mesmo dia. Sem muito esforço e sem correr riscos, consegui chegar às 08:05 h. Teria chegado mais cedo se não fosse o trânsito absurdo quando entrei na cidade. Coisas de Brasil.

Fui muito bem atendido e apesar de ter esquecido de confirmar a data exata, havia “vaga”. Intercalamos os acertos e termos de serviços necessários, com papos sobre a viagem, incluindo informações de como seguir até o Chuí e conseguir um hotel. Feitas as ligações necessárias consegui um quarto bem localizado.

Com a ajuda do atendente consegui a “Carta Verde”. Nesse documento gastei apenas R$ 95,00 aproximadamente e apenas 30 minutos, ambos bem menos do que haviam previsto quando perguntei ainda no Rio.

Poucos sabem para que serve esse documento, eu não vou dizer agora, mas podem acreditar que é importante. Em breve vocês saberão.

Recebi o “vaucher“ como previsto e fui de taxi gratiz para o hotel.

Ar condicionado funcionando, após um excelente banho fui almoçar.

Mas antes resolvi tentar o caixa eletrônico. Havia chegado em POA (Porto Alegre) com aproximadamente R$ 150,00, com o paguamento da Carta Verde mais o taxi de volta à concessionária, teria de pedir esmola na praça a fim de pagar ao menos os pedágios.

Eram 11:30 h quando cheguei ao caixa eletrônico

“SENHA BLOQUEADA ! “

Confesso que, devido a possibilidade de ficar sem grana, já cheguei de mau humor.

Eu sabia que esse bloqueio era armação do Banco, pois eu não podia ter errado três vezes seguidas a senha que utilizo pelo menos uma vez por semana.

Sei que as pessoas tem o direito e dever de correr atras de seus direitos e/ou melhorias quaisquer que sejam, mas desde que não prejudiquem quem não tem nada a ver com o problema. Em uma visão simplificada, no caso dessa greve, os bancos ficam com o dinhero em seus cofres que é aplicado como de praxe, os clientes poderosos têm suas aplicações feitas devido as trocas de favores entre seus pares e os não poderosos, que somos nós, ficamos com os problemas.

E eu tinha os meus e não eram poucos.


Ao sair, vi que havia uns grevistas na porta. Perguntei se a greve havia acabado.

“Ao meio dia tiraremos as faixas e a agência vai abrir.“

Aguardei até a agência abrir às 12:10 h.

Fui ao caixa e após as providências necessárias :

“Senhor, não consigo resolver seu problema aqui, o senhor vai ter de ir a uma agência Personalité.“

Havia uma logo ao lado, menos mal.

Após mais uma discussão resolvi o problema e saquei uma grana. Não foi simples assim, podem ter certeza, mas não vou entrar em detalhes.

Não estava a fim de procurar muito, fui direto para a praça de alimentação de um shopping próximo. Dentre muitos escolhi um italiano. Nos moldes do Mamma Gema de Bento Gonçalves inclusive com alguns pratos similares.

"Mass bah! Acho que é moda aqui no Rio Grande! Tchê!"

Saladinha, franguinho e quatro tipos de massa. Comida honesta, ambiente agradável, funcionários educados a um bom preço.

Dessa vez foram as duas taças de Malbec chileno que ajudaram a apreciar as simples mas saborosas iguarias.

Uma volta na cidade para depois retornar ao hotel e descansar enquanto aguardava a moto ficar pronta.

03:00 h o atendente liga informando que não havia filtro de ar nem pastilhas de freios e que só iria receber essas peças em três dias. Eu não podia esperar, tinha hotéis e objetivos com datas comprometidas.

Eles tinham algumas motos iguais a minha na loja, então perguntei se não poderiam tirar as peças de uma dessas motos substituindo-as pelas que chegassem, afinal seriam dois dias e com certeza não iriam vender todas as motos nesse tempo.

“Não é procedimento da empresa.”

“Meu amigo, quando comprei a moto me informaram que por ser muito utilizada em viagens as concessionárias “dão” prioridade de atendimento aos viajantes para que estes não percam tempo e/ou compromissos assumidos. Vocês não têm as peças em estoque e têm que atender a essa premissa, só vejo esta solução. Vocês acham que não devem fazer isso, mas estão me pedindo para abrir mão de meus compromissos. Acho que está havendo uma inversão de valores.”

Diante da persistência do atendente:

“Ok, eu não posso parar, você mande montar a moto que eu vou seguir viagem. Na volta, que será em quatro ou cinco dias eu passo por aqui e complementamos o serviço. Se acontecer algo em decorrência dessas peças a responsabilidade será da BMW. Vou ligar para meu advogado e ele tomará as providências necessárias. A que horas pego a moto?”

“As 15:30 h.”

“Obrigado.”

Liguei para a BMW, que ficou de ligar para a concessionária e retornar. Não resolveu. Repeti a história do advogado e encerramos o assunto. Desci peguei um taxi para pegar a moto.

Mauro estava diferente. Não era mais o cara simpático e atencioso da manhã.

“Mauro, não é pessoal, é uma questão de prioridades. Não estou pedindo para consertar um motor quebrado ou problemas conseqüentes de uma queda e sim substituir peças de fácil reposição. Posso estar enganado, mas a pastilha de freio não deve ser desenho exclusivo para a minha moto. Outras motos devem utilizar o mesmo produto se assim for, o mercado deve vender essas pastilhas. Quanto ao filtro de ar, mais uns 1000 rodando com ele assim não deve ser problema grave vai aumentar um pouco o consumo, paciência. Mas você pode tirar de outra moto. Resumindo, vocês não estão fazendo nenhum esforço para solucionar o problema de um cliente da BMW. Estão preferindo correr o risco de ligar o nome da empresa a um possível acidente do que fazer uma simples troca que não vai prejudicar ninguém. Espero que não aconteça e vou fazer a minha parte para que não aconteça, mas a possibilidade existe e se acontecer, a BMW pode até vencer no final, mas os alemães não vão querer estar envolvidos nessa coisa toda.”

Resumo, não adiantou nada. Peguei a moto e fui dar uma volta na cidade. O fiz evitando utilizar o freio traseiro. Não foi difícil.

O resto do dia e noite fiz o que estava programado. Foi ótimo.

Acordei cedo como sempre. As tarefas de início de viagem concluídas e parti com destino ao Chuí pensando em não parar para pernoite em Pelotas como havia programado.

Foi a parte mais chata da viagem. Uma reta com mais de 500 quilômetros. A paisagem é bonita, mas por não ter montanhas ou vegetação densa, cansa. Eu estava no famoso Pampa Gaúcho. Ao contrário do esperado não havia muitos bois e/ou vacas; havia alguns carneiros e ovelhas. O sol a pino era a única diferença dos dias anteriores e mesmo não tendo sombras a temperatura era agradável. O computador da moto mostrava 20graus.


Estava dando sono. A boa notícia é que por não ter curvas as ultrapassagens eram feitas com mais facilidade e quase não precisava usar os freios.

“Só resta testar limites para evitar o sono e o único a testar em uma reta é velocidade.”

Mentalizei para que minha companheira ouvisse e ela respondeu aceitando sem reclamar os meus comandos.

Estava em sexta marcha e queria resposta rápida, fechando duas vezes o alicate da esquerda lá se foram duas marchas para baixo. Mão firme rosqueei o acelerador e a frente levantou uns centímetros do asfalto:

110, 120, 130; 5ª marcha.

A velocidade ia subindo muito rápido enquanto o vento batia em meu peito com força.

140, 160; 6ª e última marcha.

Mantive em 160 a fim de me acostumar. Não havia curvas, então para que pressa?

Iniciei um Gerenciamento de Riscos.

Os caminhões na pista contrária deslocavam a massa de ar de tal forma que sacudíamos lateralmente. O primeiro foi um susto.

“Tenho de resolver isso.”

Tentei traçar uma leve diagonal na direção do caminhão enquanto a distância entre nós e ele diminuía. Deu certo, nenhum abalo em nosso equilíbrio. Risco mitigado.

Havia o vento lateral que ora vinha de um lado ora do outro e exatamente por causa disso, não havia o que fazer. Risco absorvido.

Os demais faziam parte do pacote sendo assim, nada mais havia a fazer com relação a esse gerenciamento.

Após esta breve análise já havia me acostumado aos 160.

Aguardei a pista limpa e:

180 e 190. Mantive. O vento frontal era muito forte, abaixei o tronco e contei até 20 para reiniciar.

Cheguei aos 200 e havia mais acelerador para rosquear. Não sabia quanto.

1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10.

Desrosqueei o acelerador devagar. A velocidade foi caindo até os confortáveis 140.

Mais alguns minutos de reanálise e após a pista estar limpa, nova investida.

Chegamos aos 200. E havia mais acelerador para rosquear. Não sabia quanto.

1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10.

Desrosqueei o acelerador devagar. A velocidade foi caindo até os confortáveis 140 novamente.

Mais alguns minutos a terceira investida.

200. E havia mais acelerador para rosquear. Não sabia quanto.

1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10.

Na quarta investida rosqueei o acelerador até o final, mas minha companheira não passou dos 200 mostrando que esse era o seu limite. Não era o meu.

Seguimos nessas investidas por um bom tempo. Estava tranqüilo e senhor da situação. Pelo menos me sentia assim.

Mas a responsabilidade falou mais alto e resolvi diminuir o pico de 200 para 180 e aumentar os intervalos entre as investidas

Me diverti.

Isso tudo aconteceu no meio da Reserva de Taim. A única coisa ruim era o cheiro de carniça que estava no ar durante quase todo o trajeto. Vinha de animais atropelados que conseguiam passar pela grade de proteção para atravessar a estrada. Não eram poucos. Uma pena.

Com isso consegui economizar uma pernoite em Pelotas e às 12:10 h estava na aduana brasileira da cidade de Chuí.

Me informei como chegar ao Arroio Chuí, nosso ponto mais ao sul, e como entrar no Uruguai. Só a carteira de identidade ou passaporte bastam. Estava com a de motorista (identidade no Brasil) e o passaporte (estava vencido, mas trouxe por desencargo de consciência).

A cidade está mal tratada assim como nosso ponto extremo.

Não entendo o motivo desse desleixo. São pontos estratégicos e históricos que deveriam ser tratados com mais respeito. Deveriam ter elementos específicos e não apenas uma placa de ferro que vai se deteriorar com o tempo. Um absurdo.

No Arroio parei um casal de uruguaios em sua sccoter e tirei essa bela foto.


Mais um objetivo cumprido.

Segui em frente atravessando a ponte sobre o rio limítrofe entre o Brasil e o Uruguai. Em seguida uma casinhola (devia ter tirado uma foto) aos pedaços com uma placa de “PARE”. Foi o que fiz e de dentro do casebre saiu um senhor educado que perguntou em espanhol:

“Boa tarde! O Senhor já solicitou autorização de acesso?”

“Sim, já tenho a Carta Verde e estou indo para Punta (Dell Este)”

Essa era a surpresa. Havia decidido que se chegasse bem e descansado no Chuí iria dar uma esticada até Punta e ficar duas noites por lá. Seriam apenas mais uns 200 quilômetros até lá.

“Pode passar.”

“Gracias.”

Andei uns dez metros e resolvi voltar para me informar de direção e caminho a tomar.

“O Senhor tem certeza que já solicitou autorização de acesso lá na aduana?”

“Não sabia que precisava achei que precisaria apenas da Carta Verde”

Carta Verde é obrigatória para quem vai “entrar” de carro ou moto. O nosso seguro só cobre acidentes em nosso território e esse documento é o seguro para os demais países da América do Sul.

Voltei a Aduana uruguaia para solicitar a autorização.

“Senhor, onde posso parar a moto?”

“Alí!” Em espanhol e apontando um espaço.

“Senhor, o que faço agora?”

“Depende, o que deseja”

“Comprar pão” Pensei com meus botões e respondi:

“Entrar em seu país.”

“Ah! Então tens de entrar naquela porta.”

“Gracias.”

“Bom dia!”

Ela era bonita, nem tirou os olhos do computador e com grosseria pediu:

“Identidade ou passaporte.”

Mostrei a Carteira de Habilitação.

“Isso aqui não serve.”

Entreguei o passaporte, vencido.

“Está vencido.”

Antes de sair, em um dos últimos dias de trabalho, um colega que mora no Paraná e faz essas viagens constantemente havia me incentivado a ir até Punta e Montevidéu e diante da minha dúvida em função de ainda não ter a Carta Verde ele disse:

“Ora, lá não é diferente, qualquer “vintão” resolve o problema. Já fiz isso várias vezes.”


Respondendo para a Uruguaia:

“Eu sei, mas trouxe mesmo assim. Eu não tenho mais documentos. Como podemos resolver? Vou apenas passar duas noites em Punta.”

“Não posso fazer nada.”

Ela estava com a razão, mas poderia ter sido mais simpática ou ao menos educada. Isso me irritou.

Desisti. Peguei a moto e comecei a replanejar a volta. Mas aquilo estava me incomodando.

“Como ando quase 3000 quilômetros e desisto logo na primeira dificuldade?”

Voltei a Aduana brasileira onde foram solícitos, mas não poderiam fazer nada. Sugeriram o Consulado brasileiro.

Cheguei e também fui muito bem atendido e em duas horas estaria com o passaporte novo com validade para 05 anos como todo mundo. O fato de estar com o vencido ajudou bastante. Seria mais rápido, mas o responsável ia almoçar. Enquanto isso, fui fazer o câmbio, precisava de 1900 pesos

Não entendi porque o Consulado brasileiro não aceita Reais, não quis arrumar mais um problema, fiquei calado, mas mais puto.

Estava cansado e bobeei ao estacionar a moto, ela tombou para o lado direito quebrando o espelho direito.

“PORRA!! COMO VOU ENTRAR AGORA SE ESSES CARAS SÃO TÃO RÍGIDOS NÃO VOU PODER TRAFEGAR SEM ESPELHO POR LÁ.!

Pensei comigo mesmo. Claro que não ia dar esse show em território uruguaio, mas estava queimando por dentro.

Resignado, porém muito puto, voltei ao Consulado e em minutos estava assinando o passaporte novo e o recibo de recebimento do mesmo.

Subi na moto iniciei a volta. Seriam quase 300 quilômetros até Pelotas e eu não estava nada paciente. Imaginava como seria pegar aquela reta toda, mal humorado, ia dar merda. Precisava me acalmar, mas não poda parar para fazê-lo, ia perder tempo e assim chegar de noite.

Fui abastecer.

“Estamos sem gasolina, Senhor.”

“PUTA QUE PARIU!”

Abasteci no seguinte e reiniciei a volta. Estava tenso.

Não rodei mais do que 10 quilômetros, estava conseguindo controlar a velocidade, e ao passar por um posto à minha esquerda vi um grupo de motociclistas.

Não sei explicar o motivo, mas resolvi parar e bater um papo, sei lá!

O papo rolou numa boa. Eram três simpáticos casais que voltavam de uma viagem em torno do Uruguai. Foram uns 10 dias e falaram maravilhas de Punta.

Enquanto almoçava a minha barra de cereais, relatei por alto o ocorrido. Eles disseram que lá, como aqui, ninguém iria reparar a ausência do espelho e que quase ninguém usa capacete entre outras coisas.

Não quis voltar. Até poderia, a distância seria menor, mas estava muito chateado. Não era para ser.

“Posso ir com vocês?”

“Mas claro tchê! Vamos juntos.”

“Valeu”

Em minutos estávamos na estrada.

O ritmo deles é bem diferente do meu. Eles rodam a 90, 100 com picos de 120 quilômetros por hora, mas estava sendo bom, para mim. Eu conseguia ver com mais detalhes a fauna e flora da região. Pássaros diversos, jacarés (eu não vi, eles viram), capivaras, etc. Muito bonito. Isso me acalmava.

Estávamos novamente na Reserva do Taim e eu estava vendo outro risco que não considerei na análise feita na ida. Poderia ter atropelado uma Capivara e com certeza não estaria aqui escrevendo esse longo texto.

A viagem transcorreu tranqüila e nas paradas fomos nos conhecendo. Chegamos em Pelotas. Feitas algumas ligações verificou-se não haver vaga nos hotéis. Após algumas considerações resolveram seguir até São Lourenço do Sul, mais uns 50 quilômetros.

“Você vem conosco?”

“Se não houver problema sim, vamos nessa.”

Totalizando mais de 850 quilômetros (para mim), chegamos a cidade.

Já havia escurecido e o frio dava o ar de sua graça, mas conseguia ver como era simpática. Casas de fachadas e volumes interessantes, ruas largas, sem prédios e boa infraestrutura.


São Lourenço fica a margem da Lagoa dos Patos e é bastante freqüentada no verão. As margens formam praias que ficam repletas de veranistas. Fiquei com vontade de voltar em um verão desses.


A pousada é simples, mas muito agradável. Poucos amplos e agradáveis quartos com banheiro. O casal proprietário muito atencioso e simpático. Já se conheciam.

Reparei certa deferência para comigo, considerei hospitalidade.

Um maravilhoso banho quente até que acabou a luz. Estava no fim e consegui tirar o resto de espuma sem sofrer muito. Pensei:

“O disjuntor não agüentou os quatro chuveiros “trabalhando” juntos.”

Aproveitei os momentos que tinha e mandei a seguinte mensagem ao hotel de Punta onde havia solicitado reserva:

“Senhores,

Lembro que uns trinta dias antes de sair do Rio de Janeiro mandei uma mensagem para seu Consulado para saber o que seria necessário para ingressar em seu país.

Estou aguardando a resposta até agora.

Ontem, fui muito mal tratado pelo pessoal de sua Aduana e não pude ingressar porque não estava com minha carteira de identidade ou passaporte. Pensava que a de motorista e a Carta Vede seriam suficientes.

Poderia ter ido ao nosso Consulado tentar resolver, mas devido ao péssimo tratamento a que fui submetido, desisti. Não estou acostumado a esse tipo de coisa. Ainda mais com turistas dispostos a gastar dinheiro em outro país.

Espero sinceramente que esse tratamento não seja uma regra, pois pretendo voltar. Mas não será uma prioridade.

Soube depois que, como o meu país, o Uruguai permite ingresso de pessoas sem os documentos necessários, é tudo uma questão de "jeitinho". Eu fui tentar fazer da forma correta, não consegui.

Sendo assim, infelizmente não vai ser possível eu gastar meu dinheiro em seu país.

Saudações”

Roupa nova e limpa, saímos para jantar. Rodamos pela cidade até a orla onde estava o restaurante.

O papo seguia agradável com algumas piadas de praxe, pedimos as cervejas geladíssimas e a comida. A maioria Peixe a Parmegiana. Nunca havia ouvido falar que se comia peixe, porco (presunto) e vaca (queijo) juntos.


A aparência estava ótima e o gosto, MARAVILHOSO!

A turma é excelente e trocamos histórias interessantes. Muito bom conhecê-los.

Voltamos para a pousada mortos (eu pelo menos) e combinamos o café para às 08:00 h.

Acordei às 06:00 h, um banho, quebra cabeças semi montado, uma olhada rápida nos e-mails e já vestido com parte da roupa de estrada desci com a mala de tanque e alguns equipamentos deixando apenas a mala maior onde guardaria a escova de dentes que usaria após o café.

Resolvi dar uma olhada nos e-mails e vi que havia recebido o retorno do hotel de Punta;


“Estimado Sr. Sperandio

Lamentamos lo que le ha sucedido y es injusto que por culpa de una persona quede mal nuestro pais, no es la idiosincracia de nuestro pueblo y eso lo avala los comentarios de sus compatriotas y también el publico de otros países que destacan la atención de la gente de Uruguay, es una verdadera lástima que se de una mala imagen y justo cuando usted esta por ingresar al país que es cuando se lleva la primera impresión.
En lo que respecta a nosotros sepa que sera siempre bienvenido a nuestro hotel y trataremos de que tanto usted como sus acompañantes pasen una muy agradable estadía en Punta del este.

Quedamos a las órdenes y entendemos perfectamente su enojo.

Saludos cordiales

Orlando”

Respondi:

“Gracias.”

Os demais foram chegando, eram mesas para quatro e nos espalhamos.

As opções eram muitas, pães (entre eles o cacetinho, como chamam nosso pão de sal), frutas, suco de laranja, água, leite, geléia, manteiga e muita conversa.

Na hora de pagar, o dono mostrou uma foto da cidade tirada em março desse ano. Foi a época das grandes chuvas e enchentes na região. A água subiu muito deixando de fora apenas o letreiro e o segundo andar da casa. Isso me deixou mais admirado com o estado e limpeza da cidade. As casas todas pintadas, os jardins todos bem cuidados e as ruas limpas. Bem diferente dos morros e estradas do Rio de Janeiro que também sofreram com as chuvas da época.

Despedimo-nos e partimos.

Almoçamos em um restaurante de beira de estrada e chegamos às portas de Porto Alegre onde ficou o primeiro casal. Vou encontrá-los amanhã quando voltar a concessionária com a moto.

Às portas de Bento Gonçalves ficou outro casal. Devo encontrá-los no fim de semana caso permaneça na região.

Eu e o último casal seguimos para Caxias. Na cidade o maior evento da região, a MERCOPAR deixava os hotéis e motéis da cidade e redondezas entupidos.

Aceitei o convite de ficar em sua casa, mas com a promessa de caso forem ao Rio ficarão na minha. Estou sendo muito bem tratado. Mas sexta feira estarei no hotel.

São exatamente 02:12 h estou de volta após estar em um bar onde só rola blues. E rolou uma banda muito boa. O interessante é que no meio do show eles começaram a chamar outros músicos que estavam no bar, provavelmente conhecidos. Me impressionou uma mulher com seus no máximo 30 anos tocando gaita. Depois fui saber que fazia parte de outra banda, mas ela tocava muito bem. Foram vários, todos bons, até que entrou um guitarrista muito excelente. Vi que não era brasileiro e após me informar soube que era um tal de Guy King que veio à Caxias para um show e resolveu dar uma canja no bar.

Eu gosto muito de rock e blues e estar presente nessa noite foi indescritível. O bar estava cheio, as pessoas interessantes e ainda rolou uma carona com umas arquitetas até a casa onde estou hospedado.

Não podia encerrar melhor.
Até o próximo.

5 comentários:

  1. Muito bom o seu blog !
    Foi um prazer conhecê-lo e rodarmos alguns quilômetros juntos.
    Mais cuidado na próxima vez que passar pelo Taim. Alerte seus amigos cariocas que farão o mesmo trajeto ! 60 km/h é realmente o máximo que se deve anda lá.
    Aquele quebra costela.
    César e Liliane.

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  2. Grande Geraldo!!! Muito legal a tua companhia!! Te aguardamos em Bento! Lili e César

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  3. Foi ótimo estar com voês também. Vanmos repetir, no Rio ou No Sul, não importa.

    Abraços.

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  4. Apesar de sério, eu ri muito com as "inesperalidades". Teu senso de humor estava ótimo.

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  5. Não me restou outra coisa a não ser rir dos fatos. Hehehe!!!

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