terça-feira, 16 de julho de 2013

O GIGANTE NÃO ACORDOU


Prezados,

Houve o tempo em que se ouvia aos quatro ventos:

“É desde pequeno que se torce o pepino!”

Não sei o que uma coisa tem a ver com a outra, mas significa que é desde criança que se educa o indivíduo.

É nessa época que o ser humano começa a aprender e esse aprendizado é facilitado pelo fato de o cérebro ainda estar literalmente vazio.

Lembro-me de meus pais e alguns outros pais nos ensinando a ser gente. A dividir os brinquedos com nossos amiguinhos e ceder quando os deles eram mais atrativos e vice-versa.

Ou quando nos mostravam que os mais velhos assim como as autoridades mereciam respeito.

Da mesma forma que os brinquedos de nossos amiguinhos de pracinha, os bens de nossos semelhantes também deveriam ser respeitados.

Não eram poucas as vezes em que gritavam quando não atendíamos (entendíamos?) seus conceitos e não se furtavam a usar da “violência” para ter nossa atenção e consequente compreensão.

Para essa árdua tarefa nossos pais recebiam o APOIO das escolas na pessoa sempre enérgica ou carinhosa de nossas professoras. Autoridades que chamávamos de Tias.

Estudávamos em escolas públicas, instituições sérias e muito bem administradas pelos Governos e seus funcionários, que com isso cumpriam seu dever de dar ensino de qualidade àqueles cujos pais labutavam produzindo frutos, parte dos quais eram direcionados ao sustento desta engrenagem na forma de impostos em um moto contínuo satisfatório.

E foi nesse cenário que eu e muitos de meus contemporâneos crescemos.

Procuramos fazer o mesmo com nossos filhos. Mesmo separados lhes demos estrutura sócio econômica e principalmente familiar mostrando à eles as opções de caminhos a seguir e corrigindo-os quando necessário. A escola pública já não tão eficiente nos fez optar pela particular e depois de terminado o ciclo da menor idade verificamos que a escolha fora acertada.

Hoje eles estão iniciando sua vida profissional ainda como estudantes de universidades particulares.

Eu estava viajando e em 17 de junho havia chegado na fronteira com o Uruguai. À noite, no jantar, vi um dos canais de TV aberta acompanhando ao vivo e a cores as manifestações que aconteciam em várias capitais do país. No Rio, era a primeira. O pau comia solto em frente a Câmara dos Vereadores. Alguns vândalos, que depois vieram chamar de infiltrados, quebravam o que viam pela frente amontoando os destroços, ateando fogo.


E a polícia, corretamente, baixava a porrada sem dó nem piedade.

Os demais manifestantes, curiosos que são, mantinham-se em volta da bagunça estupefatos.

Preocupado eu me perguntava onde poderiam estar meus filhos, já imaginando a resposta. Após várias tentativas consegui a confirmação. A contragosto sabia que não haveria outro lugar para eles estarem naquele momento e que só me restava pedir para que nada de ruim acontecesse.

Ao mesmo tempo, via crescer um sentimento de patriotismo nunca visto em meus mais de 35 anos de vida. O povo, pequena parte dele, deixava o conforto de seus lares para estar nas ruas defendendo seus direitos há muito deflorados pelo extrativismo, ganância, arrogância, estupidez e egoísmo de uma corja instalada no poder desde 1500. O Pavilhão Nacional tremulava ao sabor dos ventos do Movimento.


Foram semanas, de preocupação, mas também de satisfação, pois via cair por terra uma a uma cada uma das palavras proferidas por mim inúmeras vezes na frase:

“Nós somos um povinho de merda!”

Como eu havia esperado por isso. Como eu desejara essa demonstração de comprometimento na luta pelos nossos direitos assim como a demonstração de que conhecemos nossos deveres ao ver a maioria se afastando e/ou delatando aqueles cujos rostos cobertos pela vergonha haviam sido comprados para provocar desordem e com isso desestabilizar o Movimento.

Em uma valoração nunca vista e nunca obtida pelos vis investidores, reles vinte centavos adquiriram valores estratosféricos transformados em luta contra a corrupção, melhorias no sistema de segurança e no transporte público; investimentos na saúde e na educação; melhores condições de trabalho para diversas classes; melhorias na infraestrutura do país e demais inerentes.


O povo se multiplicava nas ruas não só das capitais como em diversas outras cidades e estradas do país.

Estimados em pouco mais de dois milhões de “combatentes” apartidários mostraram a cara e sua insatisfação por um período próximo dos sessenta dias.

A estes somavam-se os que postados nas janelas ou em frente as TVs, admiravam e incentivavam o Movimento.

Número maior de manifestantes era “visto” nas redes sociais.

Brancos, negros, católicos ou não, homossexuais, ricos (nem todos, claro), pobres, amarelos, heterossexuais, estudantes, trabalhadores, Flamengos, arco-iristas, etc. uniram-se como:

“Nunca na História Deste País!”

Neste período a força desse conjunto de vozes fez tremer os alicerces de cada prédio público, construído, principalmente aqueles onde estão instalados os membros da corja governante; seja ela municipal, estadual ou federal e seus asseclas.


Aparentemente acuados reuniram-se e desse conluio quatro pseudo importantes decisões foram tomadas:

- Os 20 centavos acrescidos às passagens foram retirados;

- A PEC 37 que em poucas palavras impediria o Ministério Público de conduzir investigações criminais, foi rejeitada em plenário;

- A corrupção foi considerada Crime Hediondo

- Será realizado um Plebiscito a fim de verificar a opinião dos brasileiros com relação a assuntos de seu interesse.

Nesse mesmo período, como em uma terra de contos de fadas, a Copa das Confederações acontecia.


Pão e Circo.

Utilizaram estádios construídos ou reformados a custos estratosféricos com o dinheiro surrupiado do povo por um Ali Babá e seus mais de 40 ladrões. Estádios, que como castelos, poucos deixarão de se tornar grandes e brancos elefantes por falta de um Hobin Wood ou outro herói qualquer. Estádios que tal qual a carruagem virarão abóboras a serem devoradas pelos ratos que sob a alcunha de Concessionárias os administrarão, com certeza deixando em 2º plano aquilo para o qual foram construídos, o futebol.

Estádios que podem cair como as casas dos Porquinhos sob o sopro do imenso Lobo Mau.

E foi como os porquinhos, que derrotaram o lobo mau que conquistamos o torneio.

Não demorou muito e as ruas se esvaziaram, restando apenas as palavras compartilhadas nas frágeis trincheiras eletrônicas das redes sociais ou pequenas manifestações promovidas por partidos, sindicatos ou outros reles iguais se aproveitando do momento. Como sempre. Tudo isso em troca de uns “reaus” e um sanduba safado e frio.

VERGONHA!

Muito pouco para quem pretendia acordar o Gigante.

Das quatro decisões oriundas do conluio as quatro nada mais são, como as Bolsas Assistencialistas, medidas paliativas com o único e sórdido objetivo de calar e amansar os que se insurgem.

Ou não? Vejamos:

- Os 20 centavos é um item lógico que auto se explica;

- A PEC 37 impedia o Ministério Público de investigar crimes? O que importa? O importante é que os crimes sejam investigados e de maneira séria, na forma da lei; o que não ocorre neste país desde 1500 e quando o são, ninguém é preso. Joaquim Barbosa que o diga.

- Crime Hediondo? É como a lei da ficha limpa, não é necessária. Necessário é identificar o criminoso e colocar na cadeia. Simples assim. O que tem que acontecer é acabar com as artimanhas jurídicas que mantém os corruptos nas ruas e nisso, é claro que a Corja governante não se interessa. Enquanto isso, ladrões de galinha são amontoados nas cadeias do país.

- Plebiscito? Vocês estão de sacanagem. Esse já adiaram para o ano que vem e ano que vem, é ano de Copa do Mundo então, até lá, vocês povinho sem memória, já terão esquecido e estarão nas arquibancadas ou nas ruas ao som do Olodum cantando:

“EU, SOU BRASILEIRO, COM MUITO ORGULHO, COM MUITO AMOR...”

Ridículos.

Nossa pobre história está repleta dessas tramoias e a postura de nosso povo não muda, mesmo a dos poucos que à leem em condições de discernir. Todos agem como ovelhas de um rebanho sem personalidade.

Diante disto, eu gostaria de fazer umas perguntinhas e para que esse Papo de Cozinha continue produtivo, é necessário que sejam sinceros e concisos nas respostas.

1 - Vocês realmente pensavam que iam conseguir algo além dessas migalhas?

2 – Vocês acham que só porque meia dúzia de gatos pingados foi para as ruas a Corja ia ter uma sincope e sucumbir à consciência de que estão no poder pelo povo, em nome do povo e para o povo?

Foram aproximadamente 2 milhões nas ruas, um pouco mais de 2 % dos 180 milhões de espertos que compõem nossa população, portanto, número irrisório que não decide “porranenhuma”. Menos que os 6% que conseguem discernir.

3 –Em que mundo vocês vivem, onde estavam os outros 98%??

Como disse, somos o país dos espertos, posso afirmar sem medo de errar que uma grande porcentagem de nosso povo é egoísta e desprovido de civilidade. São vários os exemplos e a reportagem de capa da Vejinha desta semana é a mais nova e clara imagem desta nossa pobre história.

E como poderia ser diferente se até vocês que têm condições de discernir não abrem mão de sua zona de conforto para um bem maior e melhor.

4 - Senão, quantos de vocês, por exemplo, deixariam o conforto de seu lar para sair às ruas em passeata?

5 – Quantos deixariam sua SUV em casa ou ao menos a dividiriam oferecendo carona a seus semelhantes?

7 - Quantos de vocês passariam a ir de moto, bicicleta ou taxi, já que utilizar metro e/ou ônibus é impraticável, para comparecer a seus compromissos.

8 - Quantos de vocês em vez de “chamar” mais de um elevador, se daria ao trabalho de olhar o marcador, “chamaria” o mais próximo e esperaria pacientemente por sua chegada?

8 – Quantos de vocês gastariam ao menos alguns poucos minutos diários pensando em uma forma EFETIVA de fazer com que as coisas aconteçam realmente.

É ruim heim!

9 - Ora meus caros, se nós não abrimos mão de algo como querer que a Corja imunda abra mão de suas benesses?

Ah! Vocês vão falar da justiça, leis e demais ferramentas criadas para manter a Ordem.

Tolinhos!

É público e notório que a corrupção corroeu e ainda corrói todos os seguimentos de nossa pobre sociedade, ou vocês se esqueceram:

- De quem faz os CDs piratas;

- Dos restaurantes que em vez de cobrarem os 10% de praxe passaram a cobrar 13% ou 15%;

- Dos que furam filas;

- Do mal atendimento dos SACs da vida;

- Dos que ultrapassam pelo acostamento;

- Dos médicos e/ou enfermeiros que roubam itens dos hospitais públicos sob a desculpa de salario indireto devido aos baixos vencimentos que foram de seu conhecimento quando da sua contratação

- Dos que estacionam sobre as calçadas ou em vagas de deficientes e não o são;

- Dos arquitetos que especificam materiais de empresas que pagam 10% por conta disso;

- Dos engenheiros que utilizam material de segunda em suas obras ou compram materiais com notas superfaturadas nas obras por administração;

- Dos jornalistas que se vendem em reportagens caluniosas e sem fundamento;

- Dos advogados que se valem de sua condição para obter vantagens;

- Dos motoriatas que não respeitam as leis de trânsito e fecham os cruzamentos;

- Dos que vão ao banheiro e não lavam as mãos;

- Dos administradores de ONGs fantasmas;

- Dos que pedem para não ter a Carteira Profissional assinada para se valerem das diversas bolsas assistencialistas ou seguro desemprego;

- Etc., etc., etc.

10 – Quem desses aí em cima tem hombridade para julgar e prender alguém, se até nosso valoroso Joaquim Barbosa ainda (espero) não conseguiu?


E tem gente animadinha que vai votar nele para presidente achando que só isso vai resolver “aporratoda”.

BOBINHOS!

Meus caros desculpem tanta incredulidade, mas não consigo ver os acontecimentos com os mesmos olhos que vocês. A criação que relatei no início deste texto é a verdadeira responsável por isso.

Sinceramente eu gostaria de estar errado nas palavras acima e com isso não poder afirmar que o Gigante ainda adormece em berço esplêndido e ao som do mar e a luz do SONO profundo.



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