Acordei,
os procedimentos de praxe e parti
Passei
na concessionária para pegar o documento que não havia chegado à tempo e segui
meu destino.
Queria
andar, testar tudo, controle de tração, piloto automático e demais novidades
que faziam parte do conjunto adquirido.
A
lâmpada, apesar de não poder usar a mesma que vinha utilizando, já não era mais
problema.
Da
estrada só conhecia a parte da BR 101 que desta vez parecia que estava toda
asfaltada e sem os perigosos canteiros de obras mal sinalizados de há dois
anos.
O
tempo estava nublado, mas firme. Não havia previsão de chuva. À frente tudo
parado. Pensei:
“Ok!
Deve ser o trânsito da manhã, com certeza vai melhorar.”
Segui
no meio das duas faixas de carros, ônibus e caminhões completamente paradas.
Alguns poucos, mas tensos quilômetros e um desvio. Segui, desta vez pelo
acostamento, em baixa velocidade até que passei pelo acidente. A foto fala por
si.
Nem
imagino como o motorista conseguiu fazer isso. Só pode ter dormido.
Continuei
meu caminho desta vez a estrada quase vazia, já que os veículos estavam retidos
no acidente. Acelerei, mas não teve graça, era uma reta só e assim permaneceu.
Resolvi prestar atenção na paisagem à direita.
Passei
por Balneário Camboriú e peguei o acesso à Blumenau à esquerda.
Outra
reta, desta vez em mão dupla e muito trânsito; não só de carros, mas também de
caminhões. Estava perigoso, mas nada que um pouco mais de atenção e
responsabilidade não resolvessem. Era difícil, mas me segurei.
Adiante
o cenário começou a mudar. A vegetação aumentava de volume, a estrada começava
a esvaziar, o piso melhorar e a sinuosidade aumentar. Estava ficando bom. A
moto, mais leve e potente começava a ficar nervosa. Acelerei para o início de
mais um baile. Desta vez tipo matinê.
Tudo
era novo. Peso, resposta, dirigibilidade e a desconfiança de uma nova relação.
Estávamos indo bem. Respeitávamo-nos mutuamente como dois bons e educados
recém-conhecidos.
Podia
ter escolhido o melhor caminho, mas como sabem, prefiro as curvas, então,
resolvi arriscar as estradas secundárias desconhecidas.
E
não me arrependi.
A
temperatura agradavelmente estável, a redução de fluxo, a boa qualidade da
estrada e a vontade de brincar formaram um quarteto bastante acolhedor para os
primeiros passos dessa nova relação. Não havia dificuldade no consumo das
curvas o que aumentava o nível de segurança. Estava tudo indo bem. A relação
precisava dessa etapa morna para as primeiras adaptações.
E
foi assim nessas preliminares que adentramos Blumenau.
A
GPS me levou à porta do Ibis, fiz o check-in, malas no quarto e desci para uma
passada na concessionária. Estava com uma dúvida e queria resolver logo.
Jean,
o gerente me atendeu com educação e presteza. Explicou tim-tim por tim-tim cada
item perguntado em uma revisão de aprendizado bastante esclarecedora. Depois um
papo sobre a cidade e o que fazer. A época de provas de fim de período, esvaziavam
a cidade à noite.
Mesmo
com a chuva fina molhando as ruas, fui dar uma grande volta pela bela, mas
movimentada cidade. O trânsito é intenso e as vezes para tudo. Cortada pelo
caudaloso Rio Itajaí-Açu é uma simpática e acolhedora cidade. Beirando o rio
chega-se à Universidade e outros pontos interessantes.
À
noite, o bar sugerido junto ao hotel estava lotado e com fila. Decidi procurar
a segunda opção, perto da Universidade. Não estava cheio. Sentei à mesa
e pedi uma Batata Recheada com Picanha e uma cerveja. Não tirei foto, mas
estava tudo ótimo.
Na
mesa ao lado um grupo de motociclistas com quem tirei algumas dúvidas do
percurso que iria seguir no dia seguinte. Um deles é da Polícia Rodoviária
Federal, deu todas as informações e deixou o adesivo do Moto Clube a que
pertence – www.amigosdosul.com.br.
Nada de especial no café da manhã. Check-out, malas
na moto e estrada.
Continuei pelas secundárias e mais paisagens
diferentes foram passando. O destino era Joinville à pouco mais de 110
quilômetros de Blumenau.
O clima permanecia agradável e a estrada idem. Estávamos evoluindo no relacionamento e avançando nas preliminares. Parei na Polícia Rodoviária Federal para deixar nosso adesivo para o pessoal do “Amigos do Sul” e continuei em frente. À direita acessei a Rodovia do Arroz, estrada que corta a região produtora deste grão.
A estrada é cercada pelas plantações que seguem rumo ao infinito até chegar às montanhas que limitam a região. É muito arroz.
Depois uma pequena e sinuosa serra bastante
interessante. Com poucos quilômetros á percorrer, não havia preocupação com
hora. Me diverti muito. Os 119 quilômetros passaram ligeiro.
O plano era uma passada rápida, comer uma coisinha, abastecer e seguir mais 132 quilômetros em direção à Curitiba.
A cidade é muito limpa e arrumada. O trânsito flui
bem e o povo muito educado, pelo menos no posto e quando pedi informação para
voltar à estrada. Muitas construções, mesmo as novas, ainda remetem ao passado na época da
colonização alemã.
Acho isso fantástico, pois significa o respeito que
têm por seus ancestrais. Não obstante lembrar das tradicionais festas típicas
da cidade, não só em Santa Catarina como de toda a região sul.
Gostaria de ter ficado ao menos uma noite, mas o
tempo ruim e a noite fria me convenceram a seguir para Curitiba.
E assim o fiz, pela segunda vez nos braços da
BR-101 rodamos seguros entre conhecidas e belas paisagens.
A estrada com asfalto digno de uma rodovia
importante atendia ao principal objetivo da viagem, andar de moto e como já estávamos
praticamente integrados cumprimos o trajeto de forma brilhante tamanho êxtase.
Cheguei cedo, abasteci a moto e saí em busca do
hotel. Tramites cumpridos, sai à pé em busca de almoço. Era tarde e uma
padaria, a segunda sugestão da recepcionista, já que a primeira havia fechado,
foi a escolha. Um sanduba de queijo, salame e graxa (manteiga), no delicioso e
crocante pão de sal (Francês para nós e Cacetinho para os gaúchos) foi a
pedida. Delicioso!
O objetivo desta parada era apenas pernoitar e, após
um breve passeio pelas redondezas, assim foi feito.
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