sábado, 6 de julho de 2013

20º e 21º DIAS - GARIBALDI - LAGES - FLOIRIANÓPOLIS


Mais bolo, ainda delicioso, as coisas na moto e fomos beber um café na cidade. O derradeiro papo e rodas na estrada. Ao parar em um dos poucos sinais da cidade reparei, no reflexo do carro à frente, que meu farol estava queimado. Tenho uma sobressalente, mas a preguiça em desfazer a bagagem e pegar no fundo da mala me fez aguardar chegar em Floripa.


O céu cinza deixava cair as já tradicionais e inócuas gotículas de chuva. O chove molha, não chove, mas não seca retornou com força e a estrada, apesar de convidar ao prazer estava molhada e insegura.


Foram poucos quilômetros, nem a metade do previsto. A chuva forte abreviou o planejamento. Procurei um hotel e o que indicaram era muito ruim. Mais um! Preciso rever meus conceitos sobre como e onde me hospedar. Não sou nem um pouco exigente, mas minhas últimas escolhas tem sido horríveis.

Chovia muito e um banho quente, mesmo em um quarto vagabundo parecia ser mais atrativo do que “rearrumar” as coisas na moto para sair, debaixo de chuva, em busca de algo melhor.

Deixei as coisas no quarto e saí para o supermercado ao lado a fim de comprar algo para substituir o jantar que já havia decidido não degustar.

Acordei cedo e após o café da manhã, fechei a conta, coisas na moto e estrada. Quanto antes saísse daquele inferno melhor.

Continuava chuviscando o que já não era mais um problema. Isso me fez desistir de descer a Serra do Rio do Rastro, não havia sentido para isso. Peguei a rota mais simples iniciando por uma enorme reta depois da qual se sucederam curvas convidativas, mas ainda molhadas.

Apesar da chuva a paisagem mudava agradavelmente.


Mudava...


Mudava...



Parei para me esquentar e comer algo além da barra de proteínas. Foi em um beira de estrada que pedi um queijo quente bem torrado e um refrigerante. Lá fora permanecia frio e a chuva caia sem cerimonia. Sem mais nem menos um motorista de caminhão puxou assunto. Estranhei o modo como me encarava até que entendi. Segundo ele eu era muito parecido com um grande amigo que não via há tempos. Vendo que eu não era, conversamos um pouco sobre a viagem e pedi informações da estrada à frente. Ele foi muito prestativo.

Peguei as luvas que estavam secando embaixo do balcão quente do bufe de comidas, paguei a conta, comi a barra de proteínas, uns goles de água e fui embora.

Os quilômetros foram passando, a chuva diminuindo, a temperatura subindo, o céu clareando e a pista secando. As curvas surgiam em maior quantidade iniciando seu flerte. A mão direita ainda deixava se controlar pela razão e permanecia mantendo o acelerador em velocidade morna.


A situação permaneceu nesse processo crescente. A estrada em uma sinuosidade inesperada continuava secando aos primeiros raios do sol e juntos me convidavam a uma nova dança.

Na esperança de bons momentos, deixei de lado o planejado e decidi dar ao sol mais tempo e parei em um pequeno, mas aconchegante bar de estrada. Pedi um queijo quente no pão da casa e enquanto aguardava pedi um pastel de forno de frango; depois me arrependi. Não pela qualidade e sim quantidade.

Fiquei ali proseando dando tempo ao tempo de clarear e aquecer o dia e assim secar a pista. Previa emoções.

Um casal fumava lá fora, mas toda a fumaça invadia o ambiente. As pessoas realmente não se tocam.

O último gole de refrigerante, conta paga, joelho vazio e rodas na estrada.

Como descrever esses últimos mais de 50 quilômetros?

Seguimos os quatro, sol, estrada, moto e eu, como se nos conhecêssemos há anos. Fazia alguns dias que não me sentia tão bem sobre a moto e isso foi fantástico. Precisava disso. Os dias nas estradas entre cidades não têm sido nada agradáveis.

O pequeno número de veículos circulando aumentavam a segurança.

Não foi necessário muito tempo para me readaptar e a parte da viagem em estradas voltava a ser prazerosa. Curvas e mais curvas se sucediam. Subidas, descidas ou em nível. A vegetação que as emoldurava tinha um tom verde musgo devido as recentes chuvas e sorriam diante dos mornos raios de sol.

E permanecemos assim, nesse grande baile à luz do dia até poucos quilômetros antes do encontro com a BR 101.

Ela estava cheia devido a proximidade com a capital de Santa Catarina e cada vez mais a medida que nos aproximávamos do litoral. Atravessamos a ponte, entrei à direita para em alguns metros chegar à concessionária. Trocar a lâmpada era o objetivo.


Simples. Sim, mas nem tanto. Há muito havia trocado as lâmpadas por mais fortes e o calor emanado por esse tipo de lâmpada é maior que o das normais. Resultado, derreteu o soquete. Ia precisar de mais tempo para a troca.

“Gostaria de fazer o test drive da moto nova. É possível?”

“A moto não está aí, mas está chegando. Foram encher o tanque. Se desejar esperar...”

“Espero!”

E ela chegou. Linda, branco e cinza claro eram as cores predominantes.

“Vou aproveitar e fazer o check-in no hotel, pois não fiz reserva e isso pode  demorar um pouco.”

“Sem problemas. Vai tranquilo.”

O som do motor era conhecido do dia de lançamento ainda no Rio de Janeiro. O peso da moto era menor, o peso do acelerador também.  Eu sorri. Os poucos que estavam no pátio de acesso à concessionária estavam atentos.

Primeira e em segundos estava no topo da rampa de acesso à rua. Estava vazia. Agora éramos apenas nós dois.

Eu sabia a direção do hotel. Seria o mesmo de dois anos atrás. Estava enganado, mas me perder não foi tão ruim. Peguei a beira mar e acelerei. Depois peguei o miolo do centro e acabei caindo em uma alameda com algumas curvas. A moto respondia sem reclamar. Os 15 cavalos à mais mostravam a que vieram. Após consulta cheguei ao destino. Tinha vaga, Fiz o check-in e voltei à concessionária.

Os alemães conseguiram melhorar e muito o que já era bom. O conjunto de inovações mecânicas implementadas na 1200 GS 2013 transformaram a velha senhora em uma linda donzela.

Não, eu não esqueci que houve modificações tecnológicas, mas no test-drive não houve como conhece-las. E isso só podia significar uma coisa, o ótimo poderia ser ainda melhor.

De brincadeira fiz a seguinte pergunta:

“Quanto vocês voltam na minha em troca de uma nova?”

Voltei à noite para o lançamento nacional do novo Mini. As manifestações políticas esvaziaram o evento, mas foi legal. O carro é bonito.

Retornei ao hotel e, como há dois anos, no dia seguinte não foi possível conhecer o sul da ilha.

Desta vez foi por um bom motivo. Enquanto aguardava os trâmites voltei ao centro para tentar consertar o óculos que havia afrouxado as fixações devido a uma queda. Esse sistema de fixação é relativamente novo. São como rebites segurando as lentes em vez de parafusos e não são todas as óticas que tem equipamento para conserto. A primeira ótica indicou a segunda que pediu ao menos 1 hora.

“Ok, então, vou almoçar.”

Não estava enxergando direito, precisava comer algo que não necessitasse enxergar direito. Burguer King, Mac Donald’s ou Bob’s eram as opções. Na falta do primeiro, escolhi o segundo que era mais perto eu estava sem óculos e andar também não ia ser confortável.

Tudo resolvido, voltei para o hotel, arrumei as coisas e fui dormir.


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