Senhoras e Senhores, escassos
leitores.
Cá estou!
Novamente, após algum tempo só
urubuservando os acontecimentos desde a última postagem.
Foram dias movimentados com o
andamento claudicante da Lava jato e suas investigações coirmãs além do natural
jogo de empurra na (in)definição do impedimento de nossa, agora Ex Sra.
Presidenta (ops!) da República, o aparente tranquilo início de mandato do
governo chamado de Golpista e o circo há muito armado para fazer-nos esquecer
da realidade de nossas eternas mazelas.
Não posso esquecer o, para ainda
surpresa de poucos, possível envolvimento de nosso ex-operário, ex-presidente e
ainda cachaceiro (dizem), nas falcatruas dos últimos 13 anos; ou mais.
Entre os alfarrábios gerados
pelas últimas e contundentes delações premiadas surgiram entre as figurinhas
carimbadas de sempre, nomes nunca dantes imaginados envolvidos. Temos entre os citados,
pasmem, até um Ministro do STF. Aquele que, se não me engano mandou soltar meia
dúzia de safados, na época recém condenados.
As peças do imenso e trabalhoso quebra-cabeça
vão se encaixando e a imagem que vai se formando é indescritivelmente podre e
fedorenta.
Ainda mais depois da forma como
se deu o resultado do referido impedimento. Destituíram a Presidente, mas a
deixaram se candidatar novamente. Assim ela permanece com foro privilegiado e
abre brecha para que Eduardo Cunha se beneficie da mesma forma. Tudo isso,
segundo os entendidos, contrariando a Constituição Federal e sob as vistas do
Sr. Presidente do STF que presidia este “julgamento”.
Se assim for, foram mais de 8
meses gastos em vão, nessa palhaçada.
Que vergonha!
Pobre e rico país que sofre desde
1500 na mão de gerações e mais gerações de safados, sem vergonhas impunes em um
extrativismo nunca visto.
E, há sete anos recebemos o que
deveria ser um presente. O direito de sediar as Olimpíadas de 2016.
Lembro que a maioria dos
brasileiros sentiu-se orgulhosa pela oportunidade enquanto a minoria entendia
que não seria oportuno.
Eu tinha a convicção de que
apesar da oportunidade impar não estávamos preparados para o feito. Até porque
havia coisas mais importantes em que se gastar o tempo e dinheiro previstos,
que seriam em muito superfaturados, mesmo com o suprimento de alguns itens como
o que seria o 1º aquário de animais marinhos do país.
Itens vergonhosamente esquecidos
pelos de pouca memória e grande capacidade de sambar, cantar e encher a cara...
As luxuosas preliminares trazidas
na realização dos Jogos Pan-americanos de 2007 e da Copa de 2014 mostraram que eu
não poderia pensar diferente. Foram dois exemplos de gastança, roubo,
superfaturamento que, deixaram de legado enormes elefantes brancos a pastar
grande parte de nossas riquezas.
Sem falar que esportivamente, os
reais objetivos de cada evento (que estão longe de ser: “O importante é
competir”), respectivamente, a conquista de medalhas e da taça, deixarem
vergonhosamente de ser cumpridos por nossos atletas.
Na realidade nós montamos e
mantivemos o play para os outros brincarem, se divertirem e saírem rindo de
nossa cara levando todos os prêmios.
Começavam a vir à tona as
primeiras denúncias no âmbito esportivo. Figurões da área foram presos, entre
eles o Então Presidente da CBF. Isso fez com que o vice, borrado nas calças,
deixasse de sair do país para cumprir agenda com medo de ser preso também.
Maior confissão de crime não há e o safado permanece solto
E mais uma vez, voltamos a nossa
vidinha de gado marcado e “feliz”; comendo pão velho, aguardando o próximo
circo.
O tempo foi passando... e gol da
Alemanha!
Boa parte das obras na Cidade
Maravilhosa aliadas as inúmeras inconvenientes SUVs, tumultuava a vida dos
cariocas divididos e dessa vez cabreiros com o que estava por vir.
Eu e outros estranhávamos que
entre o sumiço de inúmeras e imensas vigas metálicas do viaduto da Perimetral e
os inúmeros e imensos canteiros de obras espalhados pela cidade, apesar da
conhecida e já bolorenta cupidez de nossos políticos e empreiteiros e os até
então passos bem sucedidos dos Exmos. Srs. Drs. Joaquim Barbosa e Sérgio Moro;
nada se falava. Parecia que no caso específico dessas obras, estávamos em outro
país.
O tempo foi passando... e gol da
Alemanha!
O mundo mostrava-se mais violento
na ação de terroristas intangíveis amedrontando aqueles que acreditavam que a
neutralidade do Brasil tinha um limite e que o cenário que estava sendo armado
para 2016 seria ideal para a comprovação.
Não estava só neste sentimento e
por ele estava triste. Tínhamos certeza de que seria mais uma oportunidade de
evolução perdida na mão dos mesmos; normal, mas a possibilidade de uma tragédia
era muito. Mesmo para quem já estava acostumado com as constantes chibatadas
que a história socioeconômica vinha esculpindo nosso lombo, desde as
travessuras de nosso John Walker, Pero Vaz de Caminha, com a índia Potira, a
bisavó de Tainá.
O tempo foi passando... e gol da
Alemanha!
O país mostrava ao mundo mais de
nossas mazelas, que mesmo há muito escaldado pela nossa esperteza, ficou
estarrecido ao conhecer o tamanho de nossa incapacidade de gerir.
Conseguimos quebrar a maior de
nossas empresas e com ela outras não menos conhecidas ainda caminham ao mesmo
destino.
O tempo foi passando... e gol da
Alemanha!
A maior potência do mundo
continuava sua guerra contra todos na busca de petróleo, enquanto iniciava sua
principal campanha eleitoral.
A Chanceler ou seria Chancelera?)
da Alemanha colocava a Grécia de castigo e elevava seu país à líder inconteste
do continente.
E por falar nisso... gol da
Alemanha!
Enfim, faltavam 100 dias para o
início de mais um circo. Os tolos se animavam cada vez mais. Pareciam cães ao
ver se aproximarem cadelas no cio. A mídia começava a esquecer do mundo, literalmente,
e intensificava o processo de venda de seus produtos à havida matilha,
aumentando o número de canais.
Tal lavagem fazia dos tolos cada
vez mais tolos ao esquecerem a origem, destino e paradeiro de cada centavo
fruto única e exclusivamente de sua labuta.
Estavam como macaquinhos, cegos
surdos e mudos, para o mais velho e bem sucedido plano de roubo impune já (des)conhecido
na milenar e amoral história da humanidade.
Simples...
O tolo trabalha e paga impostos,
parte dos quais, destinados às obras de um evento em que ele vai pagar para
assistir.
O cara paga duas vezes pela mesma
coisa e ainda sai rindo, cantando e sambando. Isso quando não se aborrece pelo
resultado ou qualidade do evento.
E os que ficam com a melhor parte
dessa bitributação permanecem impunes desde Cabral, o português.
E todos ficam felizes para
sempre...
Não existe golpe mais
inteligente. Concorda?
A cada atentado que acontecia na
Europa aumentava a preocupação de alguns, eu inclusive. Por conhecer nossa
natural incapacidade de gerir qualquer coisa, incluindo segurança, eu sucumbi
ao medo e decidi passar ao largo de qualquer competição.
Com acessos novos, reluzentes e
exclusivos à Família Olímpica, o evento teve início.
As estreias de nossos times
feminino e masculino de futebol foram antagônicas.
A cerimônia de abertura foi uma
agradável surpresa, apesar da interpretação do Hino Nacional que deveria ser
mais pomposa e retumbante. Tocado ao violão, mesmo que por Paulinho da Viola, é
um desmerecimento a uma música tão bonita.
A pira olímpica emoldurada pela belíssima
escultura móvel de Anthony Howe não deixou de ser o ápice da festa, mas teve
severa concorrência em diversos momentos.
Os jogos seguiam e eu via pela
televisão, com uma ponta de frustração, o que o tempo permitia.
Uma oportunidade impar me deixou
percorrer o trajeto entre a Tijuca e o Centro Olímpico, na Barra da Tijuca
confortavelmente, sem percalços e em pouco mais de uma hora. Em Ipanema fiz a
transferência para a bela e novíssima Linha 4 do Metrô e no início da Barra
outra para o BRT. Eram muitas pessoas, mas tudo fluía tranquilamente.
No Centro Olímpico, as bonitas
arenas estavam cheias e o imenso espaço entre elas, destinado ao lazer e praça
de alimentação, só pecava pela ausência de árvores; o que para um país tropical
e dono (?) da maior reserva florestal do mundo, é um furo enorme! Sorte que
estava nublado.
Não pude conhecer todas as arenas
e entendo que poderia haver uma maneira de isso acontecer, mesmo que para os
sem ingresso. Algo como fazem com a Estátua da Liberdade em Nova York onde você
entra, sobe, desce e sai; sem parar. Não sei se seria viável, mas seria
interessante. Com certeza ia ter um espertinho a tentar burlar a segurança para
assistir ao jogo... normal Faz parte do DNA.
Já sem o receio inicial, visitei
as areias de Copacabana e poucas casas típicas e achei tudo ótimo! A atmosfera
de alegria era contagiante; parecia que estávamos em outro país. Tudo limpo,
bem cuidado, as pessoas educadas e solícitas, não jogavam lixo no chão; quase
um paraíso.
Vi muitos jogos pela televisão e
a empolgação da torcida, mesmo quando cantavam aquela musiquinha piegas que diz
que o cara é brasileiro com muito orgulho e amor, era contagiante.
Fico imaginando se isso realmente
fosse verdade...
Seríamos outro povo e
consequentemente outro país e bem melhor, com certeza.
E quando cantavam o Hino
Nacional? Em pé, peito estufado, mão no coração... Eu ria por dentro de tanta
falsidade. No esporte são patriotas, no dia a dia da vida um bando de espertos,
sem educação, sem civilidade ou censo de coletividade.
Quando podia fugia das
transmissões da Vênus Prateada, os medalhões de sempre há muito deixaram de
narrar os jogos e ficam conversando abobrinhas com os comentaristas. Não é raro
perderem lances importantes do jogo. A falta de profissionalismo passava do
limite no choro de cada rara medalha ganha. Parecia que eles é que tinham feito
todo o esforço da conquista.
Não sou expert em quase nada,
muito menos esportes, apesar de gostar muito, mas vou me arriscar e tecer
alguns comentários, sem entrar em detalhes.
Parabenizo de pé o esforço de
cada atleta que, conquistando ou não medalhas, mostraram que é possível. A
maioria deles chegou aonde chegou sem apoio, sem estrutura, com sacrifício
próprio, de familiares e/ou amigos. Os medalhados, a maioria desconhecidos de
origem humilde, que nunca haviam sido convidados para nada, nem para o
cafezinho com o Escobar, cansaram de dar entrevistas, assustados com tanto
assédio.
Esses sim, os verdadeiros
heróis...
A canoagem, digo, o rapaz da
canoagem, proporcionalmente conquistou mais medalhas que o país. E o rapaz do
salto com vara fez o inesperado assim como a “favelada” do judô.
As claudicantes seleções
masculinas de futebol e vôlei conquistaram cada uma sua esperada medalha de
ouro. No caso do futebol enfim a 1ª na história. Sem desmerecer Neymar e seus
meninos, mas a ausência de Messi ajudou bastante. Nem vou falar da
“dificuldade” de uma semifinal contra a “tradicional” Honduras...
As meninas das seleções de vôlei,
handebol e futebol começaram muito bem. Chegaram a ultrapassar os rapazes nos
corações do torcedor, mas a tradicional inconstância emocional do brasileiro as
fez sucumbir inesperadamente e nem perto de uma medalha chegaram.
As surpreendentes seleções masculinas
de handebol e polo aquático chegaram além do esperado. Parabéns!
A natação junto com o atletismo,
a vela, o judô e o vôlei de praia, mesmo com as medalhas brilhantemente
conquistadas, foram, a meu ver, a decepção. É público e notório que esperávamos
mais desses esportes.
A ginástica também trouxe
medalhas inéditas e boas perspectivas para o futuro, mas a prata do Zanetti...
Os demais esportes tiveram o
desempenho de sempre.
Resumindo, nosso desempenho,
enaltecido pelos figurões e papagaios de pirata de plantão, elevou-nos a 13ª
colocação (7 ouros, 6 pratas e 6 bronzes). Uma evolução em relação ao 22º lugar
na Olimpíada anterior (3 ouros, 5 pratas e 9 bronzes), mas não deixa de ser
pífio se considerarmos que o play era nosso, mas fomos os recordistas em
últimos lugares (isso ninguém fala). Sem falar que somos mais de 200 milhões o que,
com certeza, se bem nutridos, com saúde e estruturados teríamos bem mais
atletas de alto nível do que essa meia dúzia de esforçados sobreviventes.
Talvez a situação melhore com a
inclusão do surf em Tóquio 2020.
Rsrsrs!
Foram 16 dias de histórias. Belas
histórias! Vitórias esperadas, outras brilhantes, sofridas derrotas outras,
merecidas.
Dezesseis dias em que o mundo não
existiu. Os telejornais só falavam dos jogos que seguiam vibrantes aos pés de
Usain Bolt e braçadas de Michael Phelps (que juntos conquistaram mais medalhas
que nós em toda nossa história olímpica, não se esqueçam, somos 200 milhões); enquanto
a realidade caminhava mundo a fora. Pessoas morreram nas guerras, nos
atentados, ou de fome ou ainda nas filas dos hospitais abarrotados. As escolas
e universidades em greve, ou seja, normal...
As ruas quase que totalmente
seguras faziam nos pensar que estávamos em país de povo civilizado.
Enquanto passeava com meu cão ou
dirigia, me perguntava:
“Onde foram parar os flanelinhas?”
“Onde foram parar os pedintes e
malabaristas?”
“Onde foram parar os mendigos com
suas crianças abandonadas no colo?”
“Onde foram parar os pequenos
vendedores de amendoins e balas?”
“Onde foi parar toda a sujeira
que depositamos nas ruas e calçadas em vez da lata de lixo?”
Os pequenos punguistas quase que
sócios atletas do Largo da Carioca desapareceram como que num passe de
mágica...
Todos itens tão frequentes
membros, há muito naturais de nosso cenário urbano.
E nova pergunta se formava em
meus pensamentos:
“Por que não é sempre assim? O
que nos falta para que esse cenário seja uma constante e não apenas em
consequência de um mega evento?”
Os órgãos responsáveis pela
segurança mostraram uma eficiência nunca vista, no caso do nadador americano
Ryan Lochte. Eficiência de dar inveja aos pequenos ladrões de galinhas há
séculos enjaulados em penitenciárias de segurança máxima enquanto gatunos
profissionais de colarinhos brancos e cuecas elásticas desfilam por aí com suas
tornozeleiras eletrônicas.
Não tenho dúvidas que o que falta
a todos nós brasileiros, Povindemerda, é vergonha na cara.
Lembro que estão incluídos nesse
rol que chamo carinhosamente de Povindemerda, os políticos, empreiteiros,
empresários, profissionais liberais, brancos, pretos, amarelos, azuis, roxos,
etc. que tenham feito algo prejudicial ao bom andamento da moral, civilidade e
bons costumes... da ordem e do progresso desse imenso, belo e rico país.
As olímpiadas mostraram um
brasileiro civilizado o que indica que é possível, mas nossa índole não
permite. Nosso extinto de ter que levar vantagem em tudo, nossa esperteza muito
bem traduzida no mundialmente conhecido Jeitinho Brasileiro são soberanos.
Não meus escassos leitores, não
se trata de complexo de vira-latas, até porque essa “semi-raça” de cães é uma
das mais nobres e que os cães, independente de raça são extremamente superiores
em caráter, desapego e amor; a nós humanos.
Mas o circo ainda não foi embora.
Ainda temos a Paraolimpíadas onde nossos heróis, mais uma vez farão o possível e
o impossível para um resultado honroso.
O legado?
Confesso que estava reticente,
mas não posso negar que mesmo não sendo ideal, ganhamos arenas, parques,
bulevares, Veículos LENTOS Sobre Trilhos, ampliação do metrô e BRT (mesmo que
projetos atrasados ha mais de 20 anos), além de longas e “seguras” ciclovias
que serão usadas por poucos, apenas nos feriados e fins de semana, pois somos
um país tropical, quente o suficiente para que os engravatados ou não nem
pensem em deixar suas enormes, beberronas e inconvenientes SUVs na garagem para
pedalar até o trabalho ao ar livre sob o risco de serem atropelados pelos que
pouco respeitam as leis de trânsito.
Gostei muito do que vi e do que
senti, mas sinceramente, não sei mensurar se o saldo é positivo ou não. Preciso
saber o custo real disso tudo e ainda saber se esse custo não poderia
proporcionar a cidade mais para a saúde e educação também.
Que passe o tempo para que
as informações esclarecedoras venham à tona e que se arme o novo circo logo,
pois já estou com saudades de me sentir um cidadão cercado de iguais
civilizados.
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