Desde que me entendo por gente lembro de meus pais me ensinando a obedecer e respeitar aos mais velhos, o espaço e as propriedades dos outros.
Quando moleque aprontava muitas e boas. Morava em uma rua sem saída em Botafogo e junto com meus amigos pulávamos o muro do vizinho para pegar mangas ou passarinhos, jogava cabeções-de-negro (uma espécie de bombinha de São João, um pouco mais potente e barulhenta) nas escadas dos prédios da rua, atirávamos feijões nas pessoas com nossos estilingues ou zarabatanas de papel com tubos de alumínio cortados de antenas velhas de televisão e outras coisas inerentes a idade.
Mas sempre que éramos “pegos” por um adulto ouvíamos um monte, sem reclamar, sem proferir qualquer tipo de reclamação ou afim; a não ser dentro de nossas cabeças. A menor possibilidade de que esse adulto fosse falar com nossos pais era como o fim do mundo. Bastava ser adulto para obter nosso pronto respeito. Mães e/ou pais de um de nós ou não, transeuntes, porteiros, etc. Não havia distinção, todos tinham o apoio de nossos pais.
Na escola, não era diferente. O respeito e obediência eram regra, a bronca, anotação na caderneta, retenção ou suspensão eram endossados por nossos pais sem muita conversa e hoje, quando nos encontramos em eventos de ex-alunos, lembramos agradecidos a forma como a escola os AJUDOU a nos educar.
Tivemos um berço, temos um “pedegree”. Claro que houve excessos e injustiças, mas não há entre nós ninguém traumatizado. Claro que nem todos permaneceram corretos, mas são exceções que se tornaram maus profissionais ou não; a maioria, talvez, políticos.
Estou elaborando esse “post” há um tempo e em algum momento recebi por e-mail o texto abaixo. Como é bastante claro e ilustrativo, resolvi reproduzir parte.
(...) Nunca o termo "chique" foi tão usado para qualificar pessoas como nos dias de hoje.
A verdade é que ninguém é chique por decreto. E algumas boas coisas da vida, infelizmente, não estão à venda. Elegância é uma delas.
Assim, para ser chique é preciso muito mais que um guarda-roupa ou closet recheado de grifes famosas e importadas. Muito mais que um belo carro Italiano.
O que faz uma pessoa chique, não é o que essa pessoa tem, mas a forma como ela se comporta perante a vida.
Chique mesmo é quem fala baixo. Quem não procura chamar atenção com suas risadas muito altas, nem por seus imensos decotes e nem precisa contar vantagens, mesmo quando estas são verdadeiras.
Chique mesmo é atrair, mesmo sem querer, todos os olhares, porque se tem brilho próprio.
Chique mesmo é ser discreto, não fazer perguntas ou insinuações inoportunas, nem procurar saber o que não é da sua conta.
Chique mesmo é parar na faixa de pedestre e evitar se deixar levar pela mania nacional de jogar lixo na rua.
Chique mesmo é dar bom dia ao porteiro do seu prédio e às pessoas que estão no elevador. É lembrar o aniversário dos amigos.
Chique mesmo é não se exceder jamais! Nem na bebida, nem na comida, nem na maneira de se vestir.
Chique mesmo é olhar nos olhos do seu interlocutor. É "desligar o radar" quando estiverem sentados à mesa do restaurante, e prestar verdadeira atenção a sua companhia.
Chique mesmo é honrar a sua palavra, ser grato a quem o ajuda ser correto com quem você se relaciona e honesto nos seus negócios.
Chique mesmo é não fazer a menor questão de aparecer, ainda que você seja o homenageado da noite! (...)
Tenho presenciado algumas cenas inusitadas e isso me deixa desconfortável, muitas vezes envergonhado; a tão falada vergonha alheia.
O cotidiano nos apresenta diversos personagens característicos dessa nossa falta de educação (sim, nossa porque não somos infalíveis, portanto, apesar do “pedigree”, cometemos nossos erros) e sem muita dificuldade consegui identificar alguns:
No trânsito temos vários:
EXÚ TRANCA RUA - Quantas vezes você se viu em um engarrafamento e quando consegue chegar na origem do problema verifica que alguns motoristas estão fechando o cruzamento. O pior é que eles não percebem que em outro momento estarão em situação contrária; o que mostra sua inteligência.
PERDIDOS(AS) NA SELVA DE RABO LONGO – São aqueles ou aquelas que resolvem trocar de pista quando bem entendem. O fazem como se fossem as únicas pessoas com direito a trafegar. Sem “dar” seta fazendo você parar de repente correndo o risco de levar uma pancada na traseira enquanto a “figuraça vai embora, toda saltitante achando-se um(a) "ÁS NO" volante, deixando um rastro de problemas.
BAD BOYS (GIRLS) SEM NOÇÃO – São os motoristas do ônibus, vans e caminhões Eles ocupam duas, as vezes três e até quatro pistas não dando oportunidade para os carros seguirem e assim atravancando o trânsito. Eles, por estarem em veículos grandes se acham os mais fortes e vão avançando, te espremendo, acelerando, freiando, reclamando de tudo e de todos, mas na realidade são uns fracotes. Nunca vi um desses idiotas sair de dentro do seu veículo para encarar alguém. Não que ache isso correto, mas que tem uns que merecem umas boas porradas isso tem.
A MINHOCA SERELEPE – São os motoqueiros, não são os motociclistas, há uma diferença. São os entregadores de pizza, moto-boys e seus iguais. Trafegam sinuosamente entre os carros muitas vezes trocam de pista sem avisar. Quando andam em bando, em vez de seguirem em uma única pista se espalham entre elas confundindo os motoristas aumentando o risco de sofrer um acidente. Estão sempre nervozinhos e quando sofrem um acidente se unem como ratos a fim de exercer pressão sobre o “atropelador”.
RIQUINHO TODO PODEROSO – Proprietários de carros importados, geralmente SUVs gigantes e beberronas. Quase sempre andam sós e isolados em seu mundinho medíocre de muitas posses e poucos prazeres. Ostentam aquela imagem de “bons vivans“, mas na realidade muitos estão endividados ou cheios de problemas que não permitem curtir a família, fins de semanas e/ou feriados. Andam em baixa velocidade utilizando a pista da esquerda. Param onde e quando querem, poucos respeitam as regras de trânsito e o resto “Ah! O resto que se dane!”
BARBIE DO VOLANTE - A fêmea do RIQUINHO TODO PODEROSO, quando não está nas portas das escolas aguardando sua prole, nos salões de beleza (afiando a língua) ou nos shoppings é encontrada em bando nos restaurantes, festas, etc. da “high society”. Como seus machos, pensam viver em outro mundo e que o sol gira em torno dele. Munidas de seus “Smartphones” dirigem seus carrões de maneira irresponsável causando inúmeros transtornos.
MOTOCICLE HUNTERS – Não é um espécime e sim um bando. O objetivo dessa turba é caçar motoqueiros e motociclistas. São motoristas de taxi, vans, ônibus, caminhões e até carros que fazem tudo para prejudicar a turma das duas rodas. O mais interessante é que suas atividades, profissionais ou não, os obriga a permanecer muito tempo nas ruas. Sob um calor ou frio intenso, faça chuva ou faça sol eles estão lá dioturnamente enfrentando o caótico trânsito das cidades. E não passa por seus cérebros (as vezes me pergunto se eles os têm) que se ajudassem a tornar as motocicletas menos perigosas (por exemplo, abrindo passagem, etc.) muitas outras pessoas se utilizariam desse meio de transporte fazendo com que o número de carros diminuísse melhorando o trânsito. Para quem?
Mas não é só no trânsito que identifiquei personagens. Não só nas calçadas e ruas, os pedestres são um caso especial de falta de educação.
MESTRE FURÃO - Quando você está aguardando a sua vez e vem um esperto furando a fila. A coisa piora quando são pessoas ditas importantes. Metidos a forte, adultos sonsos, políticos e artistas de televisão são mestres nessa safadeza. Entre as várias que presenciei uma aconteceu no aeroporto quando uma equipe de artistas e produtores furou a fila por conta de sei lá o que. Não lembro o nome, mas lembro que um deles me chamou atenção por ser conhecidíssimo “reclamador” de seus direitos em suas entrevistas.
DONO(A) DO PEDAÇO – Seu habitat natural é na estação do metrô ou de trem que possuem mais de uma linha. Mas há alguns desgarrados que atacam em outros lugares. Sabe-se que devido a boa educação dos usuários a empresa responsável instalou no chão faixas adesivas indicando que pelo centro você desembarca e pelas laterais você embarca. A intenção desses avisos é cristalina, ou seja, direcionar o tráfego dos passageiros melhorando o fluxo e com isso agilizar a saída do trem para que o transporte seja mais seguro e rápido. Entende-se como rápido a velocidade com que as pessoas vão chegar a seu destino e o intervalo entre os trens (duas queixas da população. Soa coerente?). Mas isso é muito complicado para o DONO DO PEDAÇO entender.
Mesmo quando ele faz parte do grupo que possui escolaridade, seu comportamento não muda. Ele ataca a qualquer hora, mas com mais freqüência nas horas de maior movimento. A tática é simples enquanto ele aguarda o seu transporte se posta exatamente sobre a indicação de saída e só sai quando chega o trem da sua linha. Se o trem for de outra linha ele permanece parado, atravancando o fluxo dos demais e ainda reclama quando leva um esbarrão. O mais engraçado é que quando ele vai sair ele também se coloca no centro da porta (agora o local certo) e quando depara com outro DONO DO PEDAÇO fica nervozinho e tenta se desvencilhar empurrando todo mundo. Como o outro faz a mesma coisa vocês imaginam a confusão. Esses animais também agem em outros momentos. Após conseguir entrar, se jogam nos assentos e se esparramam deixando o ocupante do lado constrangido e apertado, ou ocupam os lugares destinados as "exceções" (grávidas, idosos, etc.) e fingem dormir o sono dos “justos”.
FURA OLHOS – Esse pessoal é facilmente identificado. Surgem do nada, mas apenas em dias de chuva. Se não estiver chovendo não se preocupe, você não os encontrará. Sua maior característica é portar um guarda-chuva. Quando chove eles o carregam abertos em qualquer situação. Até aí, tudo bem. Você provavelmente faz o mesmo quando chove. A diferença é que mesmo sob marquises ou outro item que proteja as pessoas de se molharem eles permanecem com os guarda-chuvas abertos colocando em risco os olhos dos que estão sem guarda-chuva. A situação se agrava quando o idiota resolve sem mais nem menos parar em frente a uma vitrine, banca de jornal, etc.
COMUNICATIVO(A) – Esse personagem é muito interessante. Atua em quase todos os pontos da cidade e em diversas situações. São muito simpáticos, conhecem muitos iguais a ele(a) e procuram estar sempre se comunicando. Se reconhecem com freqüência e facilidade. Quando se encontram a conversa é longa. O problema é que sempre que isso ocorre o reconhecimento se dá como um estalo e eles estancam não importa onde estejam. Pode ser no meio da calçada repleta, na porta de lojas, bancos, farmácias e afins. Outra situação interessante é quando já estão juntos, saindo de algum prédio (por exemplo, na hora do almoço no trabalho) e estancam, menos de um segundo após transpor o vão de acesso, para decidir alguma coisa. O mesmo pode ocorrer ao sair de escadas rolantes, elevadores, ônibus, etc.
ROLHA DE POÇO – Não, não se trata daquela brincadeira que fazíamos quando crianças que hoje chamam de “bulling”, fiquem tranqüilos que não vou entrar nessa seara. Esse personagem é bastante peculiar estudos indicam que a capacidade de escolher suas vítimas e local de abordagem é minuciosamente estudada. Agem em lugares específicos tais como escadas rolantes, esteiras rolantes, circulações, corredores, passagens e escadas estreitas são os preferidos. Seu ataque também ocorre sempre da mesma forma. Eles se colocam exatamente do lado oposto onde a pessoa da frente está impedindo que pessoas atrasadas ou mais rápidas de seguir seu caminho com maior rapidez. Quando estão sós procuram empunhar suas “armas” (bolsa, pasta, mochila, pacotes, guarda-chuva, etc.) estrategicamente de forma a impedir a passagem. Quando acompanhados, postam-se lado a lado como se o espaço fosse de sua propriedade. E quando em bando, fazem a mesma coisa se não for possível andar todos na mesma linha o fazem em duas ou mais como em uma parada de 7 de setembro.
PORCOS(AS) – Se você é daqueles(as) que não gosta de ouvir ou ler certas coisas, não leia a definição desse personagem. Depois não diga que não avisei.
Esse personagem é o que podemos considerar o pior deles. Não estamos aqui falando de corruptos ou bandidos, mas podemos colocá-los no mesmo nível. Eles atacam nos banheiros públicos ou não. As conseqüências de seus atos não atingem diretamente a ninguém, até porque você não consegue identificá-los. Muito raramente e com muita sorte (?) você os vê em pleno ato. E fica horrorizado(a). Eles entram no ambiente, utilizam os equipamentos, e ao sai não lavam as mãos. Sim, é verdade! Mesmo muitos sendo de nível superior, alguns pós-graduados ou mais; isso acontece. E o pior, não é raro. Na empresa onde trabalho não foram poucas as vezes que os vi agindo. Consultei as mulheres e elas também tem suas PORQUINHAS. Portanto, daqui por diante, cuidado ao apertar a mão de alguém.
PORCOS(AS) URBANOS(AS) – Apesar de ser uma variação light dos aí de cima, são facilmente identificados. Eles estão espalhados em todos os níveis socioeconômicos e um deles pode estar ao seu lado nesse exato momento sem que você desconfie. Sua maior característica é possuir um(a) cachorro(a). Mas o fato de alguém possuir um cão não implica em que essa pessoa seja um(a) PORCO(a). Para ser um é necessário que essa pessoa, ao levar seu animal para passear, deixe seus dejetos espalhados pelas calçadas da cidade como se fosse a casa deles.
Com certeza existem diversos outros personagens, você deve conhecer alguns. Cada qual com suas características, forma de agir e habitat. Seria interessante receber essas informações a fim de complementar este post. Vocês podem apresentá-las através dos comentários.
Imagino que se você está lendo esse blog, não deve ser um desses, mas se for, ainda dá tempo de mudar, nunca é tarde para isso. Boa sorte.
Outro dia estava andando com @Boris Staford para esvaziá-lo. Era um fim de tarde simpático de início de outono, sol recém escondido, céu azul turquesa escurecendo, as primeiras estrelas iniciando seu despertar...
Passeávamos próximo à Lagoa Rodrigo de Freitas, porém, na calçada de dentro (oposto a calçada da margem).
Em frente ao Clube Naval (Piraquê) existe um prédio da Marinha que é utilizado para hospedágem dos Oficiais em deslocamento ao Rio de Janeiro. Para se locomoverem a marinha disponibiliza um veículo e o número de pessoas determina seu tamanho.
Aquela não foi a primeira vez e igualmente na segunda era uma grande van. Eles param na calçada e devido aos canteiros não sobra espaço nem para um pedestre, imaginem uma mãe ou babá com um carrinho de bebê.
Eu já estava chateado com a situação (para ser educado, mas na realidade eu estava era outra coisa). Na primeira vez havia reclamado com o motorista (ele riu) e tirado uma foto (que devido a raiva não salvei se não seria a imagem deste texto).
Eu estava imaginando o que fazer em represália quando @Boris Staford parou e resolveu se esvaziar junto ao portão de uma casa vizinha ao prédio. Enquanto catava o resultado de sua obra veio a idéia.
Reiniciei minha caminhada e ao passar junto a van larguei parte do produto bem na direção da porta onde as pessoas iriam subir. O resto fiz como de praxe, dei um nó no saco e coloquei no lixo mais próximo.
Por motivos óbvios não esperei o resultado, mas Imagine o oficial todo engomadinho ou sua esposa frufru dando ataque de pelanca por ter pisado na merda.
Acho que deu certo, pois tenho passado quase todo dia por lá e nada de vans ou carros.
Conclusão:
As vezes você deve ser mal educado para ensinar bons modos a alguém.
Até o próximo.
hehe Boa Geraldo ! embora não seja fã de fazer justiça com as próprias mãos, compreendo plenamente sua indignação ! já que não funciona na educação... Paola
ResponderExcluirPaola,
ResponderExcluirValeu pela presença e comentário.
Pois também não pretendo fazer justiça dessa forma, cada qual que cuide de seus problemas. Se bem que alguns bem que merecem um retorno bem dado.
Para você ver, hoje no trabalho entrou no elevador um rapaz da limpeza e depois de um tempo a 1ª coisa que ele fez foi cumprimentar com um sonoro:
"Bom Dia!"
E pediu desculpas por ter demorado a fazê-lo. Eu respondi:
"Não se preocupe, você é a exceção aqui."
Após sua saída eu comentei com os três que ficaram:
"Esse rapaz tem menos escolaridade do que nós. Viram o país não precisa de educação e sim de civilidade."
O que eles concordaram.
A propósito, esse não é o texto de que te falei.