segunda-feira, 9 de maio de 2011

MÃE SÓ TEM UMA?


Vocês estavam me rotulando como uma pessoa desnaturada, sem noção de reconhecimento, essas coisas? Vocês pensaram que eu não ia escrever nada em alusão a esse dia? Certo? Pois estavam enganados. É normal, as pessoas se enganam de vez em quando. Eu estava apenas decidindo o que escrever.

Para comemorar essa data tão importante não queria escrever nada comum, nada que vocês já tenham lido, visto ou ouvido por aí; mesmo que tivesse que escrever atrasado.

A mesmice me incomoda me cansa e como não devemos ser muito diferentes deve fazer o mesmo efeito em vocês.


Como pode? O departamento de marketing das empresas é muito ruinzinho. Todo ano é a mesma coisa. Raras são as novidades.


Moro só, faz uns dez anos e no meu canto à aproximadamente quatro, mas desde que meu pai me disse:

“Quando você casar, coitada da sua esposa.”

Resolvi tomar tenência e me educar no que concerne a “O&M” (Organização e Métodos) hoje pomposamente chamado de “SGI” (Sistema de Gestão Integrada), mas na realidade é quase a mesma coisa. Provavelmente mudaram o nome porque um iluminado qualquer achou mais bonito e os cordeirinhos assumiram. Coisas da reengenharia (outra palavrinha bonitinha para designar o óbvio) e suas diversas certificaçãoes. Que fique claro, não tenho nada contra, ao contrário. Apenas em muitos casos, se mal implementado, vira um elefante branco para a empresa.

Mas porque estou falando isso? Ora, porque eu tive muita sorte na vida (no livro, homônimo deste blog, a história está contada). Quando pequeno meus pais trabalhavam fora e eu e minha irmã ficávamos aos cuidados de uma enfermeira que, com o passar dos anos, virou nossa babá e esteve conosco até o fim do ano passado quando nos deixou para cuidar dos anjinhos que nascem no céu. Essa pessoa tinha um carinho enorme por nós, mas direcionava suas ações com mais ênfase a mim deixando minha irmã em segundo plano. Com isso me tornei, digamos assim, um garoto meio preguiçoso, mas só com as obrigações.

Arrumar o quarto, estudar, fazer o dever de casa, estar pronto na hora para os compromissos, usar o aparelho de dentes, etc. eram tarefas desenvolvidas com muito sacrifício para mim e para quem estivesse no entorno. Levei algumas surras de cinto (e hoje agradeço) as quais não deixaram marcas nem físicas nem psicológicas.

Descer para andar de bicicleta, jogar bola, bolinha de gude, peão, soltar pipa, brincar de piques diversos (esconde, bandeira, cola, etc), garrafão, carniça, entre outras eram desempenhadas com prazer insaciável. Não era raro chegar em casa com os joelhos, pernas e/ou braços sangrando.

“Você parece um ferido de guerra.”

Dizia meu pai enquanto fazia os curativos.

Cresci, entrei para a faculdade, namorei, me tornei Arquiteto e dentre elas nos escolhemos, eu e aquela que segundo meu pai iria sofrer.

Aquelas palavras ficaram grudadas como Super-Bonder em meu cérebro e isso me transformou como se mágica fosse. Tornei-me uma das pessoas mais organizadas da face da terra. Para surpresa de muitos ela não sofreu tanto, pelo menos nos quesitos referentes a esse tema e seus conseqüentes.

No meu caso, não chegou a ser uma doença, mesmo assim estou melhor. Já faço algumas pequenas bagunças tais como deixar as contas pagas descansando sobre a mesa alguns dias antes de guardá-las em pastas que já foram específicas, entre outras. Mas a vontade em querer ter as coisas em ordem ainda é muito forte em mim. Tanto que às vezes me perco com tanta organização.

E é sob esse estigma que vivo.

Como sabem, em texto anterior, passei uns anos com problemas de abastecimento de água. Após enumeras tentativas consegui resolver e, como faço em todo fim de semana (com água), levo meu cão, @BorisStaford, ao parque para interagir com outros quadrúpedes similares enquanto eu interajo com alguns de seus donos. Ao retornar, dou uma ducha nele para tirar a poeira, alimento-o e enquanto ele desmaia no chão do terraço para secar o pelo sob o sol sigo para completar outros afazeres.

Vou executando as tarefas caseiras quase que automaticamente. Pego as meias que uso diariamente na semana, a camisa e short com os quais vou ao parque, junto com os panos que cubro o assento do carro sob Boris e a toalha com a qual o enxugo e levo para o tanque para lavar. Deixo tudo de molho em baldes separados e saio para almoçar.

Almoçamos, eu e minha mãe, como fazemos quase todo fim de semana.

Dessa vez tudo seguia como sempre, mas nesse fim de semana (07/05/11), não ia ser como os outros.

Fui ao supermercado. Comprei o que necessitava e mais um pouco.

Ao chegar em casa @BorisStaford me recebeu como se não me visse há anos, é sempre assim (as vezes acho que ele é maluco), dessa vez rasgando algumas sacolas. Consegui me desvencilhar e coloquei as compras sobre a mesa. Separei-as sob uma classificação simples:

- Vai para a geladeira;
- Vai ser congelado
- Vai para o armário;
- Vai ser lavado;
- Vai ser manipulado hoje.

Meu pai ficaria com inveja. Eu me tornara um autêntico capricorniano.

Essa frase levanta uma dúvida. Muitos de vocês já conversaram com alguém com algum conhecimento em astrologia e muitos desses especialistas, ou não, dizem que cada signo tem suas características e algumas são específicas. A organização para o capricorniano é uma delas e não consta, pelo menos para mim, que seja de outro signo também.

Não sei se deu para notar, mas meu pai era extremamente organizado
, lembro-me dele, à noite, extraindo de uma agenda suas tarefas do dia seguinte e anotando em um papel de tamanho que coubesse no bolso da camisa. Anotações feitas ele deixava o papel sobre a mesa e ao lado dispunha seu relógio, sua caneta (tinteiro) e suas chaves. Tudo pronto e organizado para o dia seguinte. Todas as suas coisas eram tratadas dessa forma. Mas ele era pisciano. COMO PODE? Com a palavra os experts.


Guardei os gelados, na geladeira, os congelados no freezer não sem antes passar um pano úmido em suas embalagens. Fiz o mesmo com as coisas que foram para o armário. Lavei as latas de cerveja, garrafas de refrigerante e embalagens de sucos, sequei e os coloquei na geladeira e ou armário. Os sacos foram para o Puxa-Sacos e o lixo para a lixeira.

Voltei para o terraço, tirei as coisas que estavam de molho, lavei, torci o que podia ser torcido e pendurei no varal para secar.

Novamente na cozinha manipulei os itens que necessitavam disso acondicionando-os em “tap wares” ou sacos plásticos e os coloquei na geladeira.

Tarefas finalizadas, liguei a televisão em outro ato automático. Estava pensando nas tarefas realizadas. Estava cansado como em outros sábados anteriores, porém, como nunca fizera antes refazia os passos do dia. Cada ato, cada tarefa cumprida, cada passo dado era analisado criteriosamente. O cansaço se fazia cada vez mais presente e uma sensação interessante brotava.

Com o resultado da análise iniciei um processo de comparação com mulheres hipotéticas em seu dia a dia realizando tarefas semelhantes, em tempo nem tanto. Tempo prejudicado pelo fato de terem ainda outras tarefas além dessas. Tarefas específicas por serem mulheres que exatamente por serem mulheres têm tarefas específicas. E extremamente importantes além daquelas que nós homens podemos realizar. Registre-se que o fato de poder não quer dizer conseguir, há uma diferença.

Sim pessoal, essa especificidade toda se deve a um único fato, o fato de serem geradoras em sendo geradoras, mesmo hipoteticamente são mães e como tais são especiais.


Àquelas que são do lar e/ou que trabalham fora meus sinceros agradecimentos e respeito. Parabéns pelo dia de ontem! Parabéns pelo de hoje e sempre!

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