sexta-feira, 12 de novembro de 2010

O FUTEBOL DE PIRATAS


Há muito tenho ouvido, lido, etc. a cerca da qualidade do futebol brasileiro. Ao mesmo tempo em que assisto a quase todas as partidas do Mais Querido, a tecnologia me permite ver jogos de outros times. Mas sinceramente nenhum deles tem sido atrativo ao ponto de me fazer despender algumas horas nessa tarefa.

O que tenho visto não me agrada nem um pouquinho. Parece que os jogadores do Flamengo fazem tudo durante a semana, menos treinar. A quantidade absurda de bolas perdidas, mal dominadas, gols levados bisonhamente, faltas cometidas desnecessariamente, gols perdidos entre outras sandices é absurda ao ponto de, com certa freqüência, me questionar se não tenho nada melhor para fazer.

Apenas uma coisa me faz assistir a essas verdadeiras batalhas; meu amor pelo Flamengo. Por causa desse sentimento inexplicavelmente inabalável ainda fico na frente da televisão vendo uma partida de “futebol”. Torço, vibro a cada raro gol feito e praguejo e grito palavrões a cada um levado. Não há nenhum outro motivo, racional ou não, que explique essa minha perda de tempo.

A insensatez aumenta quando me vejo em uma imensa fila para a compra de ingressos e, dias depois me deslocar desconfortavelmente em um ônibus a fim de, por volta das vinte horas estar mal sentado em uma cadeira imunda aguardando ansioso uma pelada que terá início duas horas depois. E, como se não bastasse, retornar ao lar por um trajeto desprovido de segurança e chegar em casa faltando apenas umas quatro horas para acordar e ir para o trabalho.

Meus sentimentos me habilitam como um dos mais fervorosos membros da Nação e como tal, não posso deixar de estar presente, física ou mentalmente.

Mas confesso, vem sendo cada vez mais árdua essa tarefa e a cada jogo tento desvendar qual seria a verdadeira causa da decadência de nosso futebol.

Nas resenhas ao fim de cada rodada procuro, vislumbrar, nos melhores momentos de cada jogo, alguma jogada brilhante, algum gol exuberante ou algo que faça despertar em mim um simples sorriso.

E nada. O que vejo são chutões, botinadas, gols perdidos, passes errados, faltas violentas, treinadores mal educados, árbitros e bandeirinhas sem competência, torcidas violentas, etc.

Uma ou outra “jogadinha” medíocre (no real sentido da palavra) acontece. Mais como “forçação” de barra dos novos jornalistas esportivos, tentando vender um produto há muito ultrapassado, do que pela técnica daqueles que deveriam ser os primeiros interessados em manter o mínimo de qualidade do há muito violento esporte bretão.

O nível de exigência dos que “admiram” o esporte está caindo vertiginosamente transformando peladeiros como Klebers, Mirandas, Carlos Albertos, Dentinhos, etc. em craques quando na visão de quem teve a oportunidade de conhecer o Verdadeiro Futebol Brasileiro, não passam de jogadores medianos.

A busca quase que solitária pela resposta me faz divagar pelos tempos de outrora quando assistia desfilar no agradecido gramado dos estádios o belo melhor time de todos os tempos do Flamengo nos anos oitenta. Mas não era só ele. Anos antes não era difícil me pegar em frente à televisão ou nos estádios para assistir aos jogos do botafogo dos anos sessenta, o fluminense dos anos setenta, o internacional e o cruzeiro da mesma década, etc.

Não me envergonho em afirmar que, mesmo sendo considerado nostálgico, essas oportunidades permitiam ver desenhar com a bola nos pés jogadores do quilate de Rivelino, Paulo Cesar Caju, Tostão, Gerson, Pelé, Domingos da Guia, Falcão, Paulo Cesar Carpegianni, Geraldo, Junior, Leandro, Mozer, Aldair, Julio Cezar (Urigueler) Andrade, Adílio, Lico, Sócrates e o mais importante deles todos, o estupendo Zico. Não podemos esquecer os poucos, mas excelentes jogadores estrangeiros de qualidade semelhante.

A história é testemunha de outras centenas de craques que infelizmente não tive oportunidade de ver, mas que a mídia inteligente tenta nos fazer conhecer. Obrigado!

No penúltimo Campeonato Brasileiro tivemos um jogador estrangeiro eleito o melhor do certame: Carlito Teves pelo corinthians e hoje temos como virtual craque, o também argentino Conca pelo fluminense seguido de perto pelo cruzeirense Montillo. E aceitamos isso como normal quando na realidade é um tremendo absurdo.

Aparecem e somem promessas de craques pelos quatro cantos do país, nas mãos criminosas de “agentes”, “empresários” e afins. Outros nem isso, pois são relevados em prol de meninos de menor técnica, mas que conseguem sobreviver exatamente por terem inescrupulosos “agentes”, “empresários” e afins. E são exatamente esses gananciosos “agentes”, “empresários” e afins que os vendem em tenra idade para o exterior onde, a fim de se adaptar, perdem o pouco da técnica que possuem.

Sim meus poucos leitores, o futebol está acabando. O Futebol Brasileiro está acabando. Isso está acontecendo ali, na nossa cara, no que resta dos campos de várzea e ninguém está fazendo nada para evitar.

Ninguém não! Há poucos meses ressurgiu uma pessoa sem interesses que com uma proposta simples e conhecida de todos tentou relembrar a tão conhecida e esquecida frase “Craque o Flamengo Faz em Casa”.

Mas não foi feliz. As forças “pensantes” incrustadas como parasitas nas dependências da Gávea venceram mais uma vez. Foram covardes, cruéis a extremo e em uma jogada insana, irresponsável e BURRA e, contra os desejos de quase totalidade da Nação, conseguiram chutar para fora O MAIS IMPORTANTE E QUERIDO PERSONAGEM DE NOSSA HISTÓRIA.

Mas a recém empossada diretoria do clube PRETENDE, APARENTEMENTE, por em prática o desejo da Nação. E, repetindo administrações anteriores, com mais uma Campanha do Tijolinho PARECE que vai, finalmente, construir o tão sonhado CT.

Pretende, Aparentemente e parece, são palavras que tem acompanhado bem de perto as últimas sei lá quantas administrações passadas que falam, prometem e na hora do “vamo vê”, nada.

E assim caminha o Futebol Brasileiro, passos curtos de pernas de pau.

Um comentário:

  1. Gostei bastante do texto.

    Também tenho saudades de um meio-campo com Zico, Adílio e Andrade e de vários outros craques citados por você (e que vi jogar - mas nem todos).
    Os motivos de baixa qualidade em vários jogos passam pela evolução da preparação física (diminuindo os espaços); preponderância dos resultados (argh! - os fins passaram a justificar os meios); maior ênfase à marcação e não à criação; transferências constantes de jogadores entre os times(diminuindo a identificação com clube e torcida e prejudicando o entrosamento); e prematuras transferências para o exterior (tirando nossos craques de perto de nossos olhos ainda sem estarem formados).
    Mas, por outro lado, ainda existem bons jogos. Especialmente no exterior.
    Outra questão é que temos tendêcnia a valorizar remotas lembranças que eram esporádicas acreditando que fosse frequentes. Em outras palavras, nem todos os jogos eram também tão bons assim. A média era, pelos fatores acima tratados.
    Quanto ao Flamengo, concordo completamente.
    FLAmém!
    @IgrejaFlamengo

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