Senhores,
Há tempos não passo por aqui. As
desilusões criadas com as ações frustradas dos poucos que iam às ruas me
fizeram calar. Esmurrar ponta de faca ou enxugar gelo estava se tornando árdua tarefa.
Minha visão é simples e por isso
difícil de ver concretizada. Talvez utópica concordo, mas é muito simples.
Com o passar desse tempo, em
conversas variadas, vi que não estava só e que apesar de sermos poucos há entre
nós, que chamo carinhosamente de povimdemerda dividindo as mesmas ideias, a
dividir as mesmas ações.
Sim meus caros, ações são mais
importantes que palavras. Palavras se perdem ao vento com o tempo, ainda mais
se considerarmos nossa tradicional curta memória.
Ações se perpetuam através da
história ou ao menos através dos filhos, por gerações.
Nosso maravilhoso país vem
sofrendo séculos de extrativismo desenfreado botando em risco nossas maiores
riquezas. As mãos vis e gananciosas nos roubaram o Pau Brasil, a Mata
Atlântica, a Ararinha Azul e sabe-se lá mais o que.
Hoje continuam roubando nossa
dignidade ao expor ao mundo nossas mazelas.
Como somos burros!
Desde 1500 que estamos
construindo um país sobre fracos alicerces, quando direcionamos nossas ações a
deteriorar nossa infraestrutura que seria básica para nossa própria
subsistência.
Educação, saúde, segurança e demais
condições mínimas socioeconômicas que permitam vida digna ao povo vinham sendo
usurpadas de 92% da população sob as espessas vendas da justiça.
Muitos ainda morrem nas filas da
falta de Saúde ou de condições de prover mesmo que única refeição descente por
dia, em assassinatos de dar inveja aos “serials kilers” espalhados pelo mundo.
Podemos até ser um povo
aguerrido, alegre, solidário (só no câncer), mas somos fracos de cultura,
frágeis na saúde, memória e, pelo nosso histórico, pouco inteligentes.
Somos sim espertos, muito
espertos para burlar as regras mínimas de civilidade. As encostas jorram a cada
chuva maior levando consigo as “casas” mal construídas, muito devido a sujeira
que nós mesmos jogamos pela janela. Ruas viram rios pelo mesmo motivo.
Profissionais de diversas áreas
ou não, sob a lei de levar vantagem sempre, independente de consequências, agem
de maneira escusa para furar uma fila, ultrapassar pelo acostamento entre
outras ações menos nobres.
Essa é a lei número um de uma
Constituição criada por poucos que muitos seguem a risca.
Como construir um país forte e
respeitado mundialmente se o Jeitinho Brasileiro espalha-se em metástase como
um câncer terminal a corroer as entranhas do Gigante que Adormece em berço esplendido?
Assumo que para mim, com certeza
a contragosto, não havia solução. Essa certeza aumentava a cada denuncia que
surgia no início das investigações do Mensalão. Pois mesmo com o povo (1%) nas
ruas por 20 centavos e com a Bravura daquele que veio a se tornar a Pedra
Fundamental da decência desta nação, Joaquim Barbosa, a maioria dos envolvidos,
mesmo que julgados e condenados, hoje gozam de regalias em suas casas.
Os panos e fornos das pizzarias iniciaram
o processo de aquecimento quando começaram a aparecer as primeiras denuncias do
hoje vergonhoso e mundialmente famoso caso Lava A Jato.
Um escândalo atrás do outro
batendo sem dó nem piedade no lombo deste pobre rico país que mesmo que gigante
pela própria natureza não vai aguentar por muito tempo.
As provas do extrativismo
tresloucado de nossas riquezas foram divulgadas estarrecendo um povo, mesmo anos
acostumado com as falcatruas oriundas do Jeitinho.
As redes sociais fervilhavam
enquanto as ruas permaneciam vazias.
A esperança flertava de soslaio
no colo, coragem e perseverança de um Juiz de 1ª Instância; Sérgio Moro.
Não importou o grau de influência
ou nível sociopolítico, os envolvidos foram e ainda estão sendo descobertos e
tendo suas caras de pau expostas mundo a fora, doa a quem doer, numa ação NUNCA
vista neste país.
Grandes empresários, outrora
endeusados por muitos devido ao tamanho de suas empresas e representatividade
no cenário econômico do país encontram-se hoje enjaulados, não como deveriam,
ou seja, misturados com os demais bandidos (ladrões, traficantes, assassinos,
etc) que suas ações ajudaram a nascer, mas ao menos cerceados de muito da sua
liberdade e bens.
Milhões retornam aos cofres
públicos em ações conjuntas com polícia, bancos e entidades estrangeiras em uma
cooperação nunca vista aqui.
Mas os políticos, os mentores de
todos os esquemas conhecidos continuam soltos. Ainda gozam de prerrogativas
únicas além de utilizar artimanhas jurídicas e/ou políticas tornando-se quase
intangíveis as mãos da justiça.
Agem como donos da porratoda
corrompendo e/ou superfaturando a tudo e a todos, corroendo a dignidade dos
poucos que ainda conseguem agir dentro das regras descentes de nossa
Constituição. Usurpam nossas riquezas mantendo vivo o processo de extrativismo
iniciado com Cabral, o descobridor, não o ex-governador.
Mas, parece que sua hora vai
chegar. Com as delações vêm à tona histórias estapafúrdias de roubo, sem-vergonhice
e mau-caratismo desses pulhas safados que mesmo com tudo esclarecido de forma inconteste
e contundente ainda encontram madeira para enxertar em suas caras de pau
tentando ludibriar o povo com suas retóricas malucas.
E novamente o povo foi as ruas, 3,6
milhões, pouco, muito pouco para uma pais com mais de 200 milhões dos quais 50%
votam.
A imprensa intensifica suas ações
ao divulgar cada um dos escândalos, cada uma das escutas telefônicas, cada uma
das ações da população que já começa a se mexer de verdade em vez de só ficar
dedilhando seus celulares no conforto de suas vidinhas medíocres criadas devido
ao extrativismo que nos é inerente.
Cabeças institucionais do
Executivo, Legislativo e Judiciário começam a pender e com isso ações
desesperadas que estão sendo tomadas em derradeira tentativa de subsistência
geram diálogos cada vez mais comprometedores fazendo-os afundar mais na lama da
maldade, safadeza, incompetência e mau-caratismo.
A união de todas essas ações faz
crescer em mim a esperança de que mesmo ainda sendo um povimdemerda há espaço
para evoluirmos e um dia quem sabe nos tornarmos a maior potência do mundo.
Será?!
Nenhum comentário:
Postar um comentário