O céu estava azul, a temperatura, como sempre,
amena, o café da manhã, honesto, mas nada de especial. Eu estava triste.
Era o último dia, 25/04/15. Passou muito rápido e
eu queria mais. Muito mais! Uma semana para mim é pouco, nem deu para sentir o
gostinho. Me diverti, é verdade e muito, mas ainda havia espaço para muito mais.
Saí pontualmente como todos os dias, a hora marcada
para sair era a mesma sempre, quando estiver tudo pronto, ou seja, quando der.
Sabe-se que os GPSs, por mais inteligentes que
sejam vez ou outra nos deixam na roubada, por isso que, sempre que possível eu
pergunto para ver se estou no caminho certo. E não estava fazendo diferente
nesta viagem depois que fiquei só.
Esse negócio de que homem não gosta de perguntar
não funciona comigo. Não vejo nenhum problema nisso, acho até burrice não
fazê-lo, mas cada um com a sua.
Assim como mulher que não gosta de baixar a tampa
do vaso. É sabido que o homem tem preguiça e mira falha quando vai mijar, seria
mais higiênico, seguro, portanto mais inteligente para elas entrar no banheiro
e ver a tampa levantada, pois abaixada, mesmo que limpa, não quer dizer que não
tenham mijado nela. Mas elas preferem assim...
Minha primeira grande viagem foi feita sem GPS,
tinha um na mala, mas não fez falta. Não errei nada, perguntando conheci
pessoas ótimas, bati bons e longos papos e confirmei meus caminhos sem
estresse. Nas demais usei a tecnologia, mas sempre me informando se estava
certo. Não foram poucas às vezes em que o GPS me mandava para um lado e o
melhor foi ir por outro.
Mas agora o caminho era conhecido, entretanto sair
pela saída à oeste me colocou em uma estrada desconhecida. Depois de rodar
alguns quilômetros parei na Polícia Rodoviária, lógico, para me informar.
Estava tudo certo e até rolou um papo interessante
com o Policial.
Novamente na estrada, nada estava sendo muito
diferente do que se eu estivesse no caminho “normal”. Não demorou muito para
chegar à rotatória que me colocou na pista conhecida. Daí em diante foi só me
deleitar com o ziguezague.
Foi assim, degustando os prazeres do asfalto limpo,
liso e sinuoso que me esqueci de tudo. Mais uma vez estava inebriado com os
momentos que se sucediam. As belas imagens se multiplicavam a minha frente e
laterais. Não havia nada entre eu e o sol que apesar de brilhante não aquecia
mais que o necessário.
A única parada prevista seria em Lima Duarte para
abastecer e um lanche ou almoço. Não seria assim, cheguei a perguntar para os
Flecha de Prata se queriam me encontrar em Juiz de Fora para o almoço, mas
preferiram um encontro de motos em Leopoldina. Mesmo assim, são menos de 100
km de lá até Juiz de Fora, mas...
E parei no mesmo posto/lanchonete que paramos sempre
que passamos por Lima Duarte. Enchi o tanque, sentei a mesa e pedi um sanduba.
Nunca havia comido um sanduiche de linguiça assim.
A maioria foi em pão careca, só linguiça ou no máximo queijo. Esse tinha salada
e era em um pão de sal fresquinho e crocante.
MARAVILHOSO!
Um refrigerante, depois de tudo um café e
estrada. Segui até a BR 040 sem surpresas, mas curtindo cada metro rodado. As
curvas mais longas e abertas permitiam aumentar a velocidade sem aumentar
proporcionalmente o risco.
Não sei para os demais, mas a BR 040 é a melhor
rodovia para se andar de moto. Já rodei e curti bastante uma boa quantidade de
estradas: as serras gaúchas, as serras e estradas de Santa Catarina e Paraná, as
estradas de São Paulo, as de Minas e as do Rio e até agora não achei uma que reunisse
tantas qualidades quanto essa. Duas pra lá e duas pra cá, belas curvas, asfalto
de excelente qualidade e acostamento idem, transmitindo segurança ao piloto.
Mas é traiçoeira se você não tiver o mínimo de bom senso. Não foram poucos os
que perderam a vida nesta pista porque abusaram da sorte e da técnica. Muitos
se acham pilotos de competição e exageram e muito, o que só pode dar em merda.
É minha preferida e sempre que possível, se o itinerário
permitir, procuro ir ou voltar por ela, mesmo que para isso tenha que andar
mais.
Como se andar mais de moto fosse um sacrifício para
mim. Hehehe!!!
Sendo assim, não há melhor final do que uma estrada
como a 040 para terminar uma viagem como esta.
Confirmar o que muitos já sabiam de que é possível
sair do Rio de Janeiro e chegar a São Paulo, Curitiba, Florianópolis ou Porto
Alegre sem passar por estradas chatas como a Dutra, a Regis Bitencourt e outras, é sensacional.
Isso permite aos que realmente gostam de rodar de
moto curtir a viajem como um todo e faz dos lugares de paradas, pernoites ou destino
quase que coadjuvantes.
Então, cheguei em casa.
Para quem se interessa, alguns números:
- Quase 3.530 Km rodados, a maior parte só prazer;
- Foram R$ 725,64 ou, aproximadamente
250 litros de gasolina;
- 06 diárias de hotel ou R$ R$ 959,00, duas com
jantar;
- R$ 378,00 de lanches, almoços, etc.;
- Estacionamentos, R$ 56,00;
- Pedágios, Não mais do que R$ 40,00.
- Total das despesas, declaradas, algo em torno de =
R$ 2.200,00
Até a próxima e que seja breve.