segunda-feira, 11 de maio de 2015

3ª VIAGEM – 25/04/15 – 8º DIA – SÃO LOURENÇO – RIO


O céu estava azul, a temperatura, como sempre, amena, o café da manhã, honesto, mas nada de especial. Eu estava triste.

Era o último dia, 25/04/15. Passou muito rápido e eu queria mais. Muito mais! Uma semana para mim é pouco, nem deu para sentir o gostinho. Me diverti, é verdade e muito, mas ainda havia espaço para muito mais.

Saí pontualmente como todos os dias, a hora marcada para sair era a mesma sempre, quando estiver tudo pronto, ou seja, quando der.

Sabe-se que os GPSs, por mais inteligentes que sejam vez ou outra nos deixam na roubada, por isso que, sempre que possível eu pergunto para ver se estou no caminho certo. E não estava fazendo diferente nesta viagem depois que fiquei só.

Esse negócio de que homem não gosta de perguntar não funciona comigo. Não vejo nenhum problema nisso, acho até burrice não fazê-lo, mas cada um com a sua.

Assim como mulher que não gosta de baixar a tampa do vaso. É sabido que o homem tem preguiça e mira falha quando vai mijar, seria mais higiênico, seguro, portanto mais inteligente para elas entrar no banheiro e ver a tampa levantada, pois abaixada, mesmo que limpa, não quer dizer que não tenham mijado nela. Mas elas preferem assim...

Minha primeira grande viagem foi feita sem GPS, tinha um na mala, mas não fez falta. Não errei nada, perguntando conheci pessoas ótimas, bati bons e longos papos e confirmei meus caminhos sem estresse. Nas demais usei a tecnologia, mas sempre me informando se estava certo. Não foram poucas às vezes em que o GPS me mandava para um lado e o melhor foi ir por outro.

Mas agora o caminho era conhecido, entretanto sair pela saída à oeste me colocou em uma estrada desconhecida. Depois de rodar alguns quilômetros parei na Polícia Rodoviária, lógico, para me informar.

Estava tudo certo e até rolou um papo interessante com o Policial.

Novamente na estrada, nada estava sendo muito diferente do que se eu estivesse no caminho “normal”. Não demorou muito para chegar à rotatória que me colocou na pista conhecida. Daí em diante foi só me deleitar com o ziguezague.

Foi assim, degustando os prazeres do asfalto limpo, liso e sinuoso que me esqueci de tudo. Mais uma vez estava inebriado com os momentos que se sucediam. As belas imagens se multiplicavam a minha frente e laterais. Não havia nada entre eu e o sol que apesar de brilhante não aquecia mais que o necessário.


A única parada prevista seria em Lima Duarte para abastecer e um lanche ou almoço. Não seria assim, cheguei a perguntar para os Flecha de Prata se queriam me encontrar em Juiz de Fora para o almoço, mas preferiram um encontro de motos em Leopoldina. Mesmo assim, são menos de 100 km de lá até Juiz de Fora, mas...

E parei no mesmo posto/lanchonete que paramos sempre que passamos por Lima Duarte. Enchi o tanque, sentei a mesa e pedi um sanduba.


Nunca havia comido um sanduiche de linguiça assim. A maioria foi em pão careca, só linguiça ou no máximo queijo. Esse tinha salada e era em um pão de sal fresquinho e crocante.

MARAVILHOSO!

Um refrigerante, depois de tudo um café e estrada. Segui até a BR 040 sem surpresas, mas curtindo cada metro rodado. As curvas mais longas e abertas permitiam aumentar a velocidade sem aumentar proporcionalmente o risco.

Não sei para os demais, mas a BR 040 é a melhor rodovia para se andar de moto. Já rodei e curti bastante uma boa quantidade de estradas: as serras gaúchas, as serras e estradas de Santa Catarina e Paraná, as estradas de São Paulo, as de Minas e as do Rio e até agora não achei uma que reunisse tantas qualidades quanto essa. Duas pra lá e duas pra cá, belas curvas, asfalto de excelente qualidade e acostamento idem, transmitindo segurança ao piloto. Mas é traiçoeira se você não tiver o mínimo de bom senso. Não foram poucos os que perderam a vida nesta pista porque abusaram da sorte e da técnica. Muitos se acham pilotos de competição e exageram e muito, o que só pode dar em merda.

É minha preferida e sempre que possível, se o itinerário permitir, procuro ir ou voltar por ela, mesmo que para isso tenha que andar mais.

Como se andar mais de moto fosse um sacrifício para mim. Hehehe!!!

Sendo assim, não há melhor final do que uma estrada como a 040 para terminar uma viagem como esta.

Confirmar o que muitos já sabiam de que é possível sair do Rio de Janeiro e chegar a São Paulo, Curitiba, Florianópolis ou Porto Alegre sem passar por estradas chatas como a Dutra, a Regis Bitencourt e outras, é sensacional.

Isso permite aos que realmente gostam de rodar de moto curtir a viajem como um todo e faz dos lugares de paradas, pernoites ou destino quase que coadjuvantes.

Então, cheguei em casa.

Para quem se interessa, alguns números:

- Quase 3.530 Km rodados, a maior parte só prazer;
- Foram R$ 725,64 ou, aproximadamente 250 litros de gasolina;
- 06 diárias de hotel ou R$ R$ 959,00, duas com jantar;
- R$ 378,00 de lanches, almoços, etc.;
- Estacionamentos, R$ 56,00;
- Pedágios, Não mais do que R$ 40,00.
- Total das despesas, declaradas, algo em torno de = R$ 2.200,00

Até a próxima e que seja breve.


quarta-feira, 6 de maio de 2015

3ª VIAGEM – 24/04/15 – 7º DIA – CAMPINAS – SÃO LOURENÇO


Acordei cedo, antes do de costume. Café da manhã em excelente companhia, bagagem sobre a moto, tanque cheio e rodas na estrada.

Estava só pela primeira vez nessa viagem, o que me trouxe recordações das duas anteriores. A responsabilidade na escolha de onde ir e o trajeto a percorrer era exclusiva e, mesmo considerando a excelente companhia de Cláudio, eu estava gostando disso.

Os critérios a respeitar seriam, novidade e passar longe de rodovias principais como a Dutra e demais tediosas de nossa malha rodoviária nacional.

Ainda no posto peguei o mapa e iniciei os estudos. Sabia de onde saia, onde ia e qual seria o último trecho, mas o primeiro era a dúvida o  que possibilitava coisas novas.

Estava decidido, Jaguariúna, Amparo, Águas de Lindóia, Ouro Fino, Pouso Alegre, Lambari e São Lourenço, onde seria a pernoite. Daí em diante seria por rodovias já conhecidas e de bons momentos rodados.

O clima estava sensacional, sol, raras nuvens, temperatura amena; isso aliado ao novo trajeto; tudo conspirava para um dia fantástico.


A saída de Campinas foi meio confusa, mas chegar a Jaguariúna, o real início, foi rápido. Daí em diante apenas prazer, asfalto de primeira em todos os trechos, mesmo os mais antigos com exceção, claro, nos limites urbanos onde o piso sempre deixa a desejar.


Curvas entremeadas por pequenas e médias retas fazendo do “circuito” planejado uma bela escolha. Eu estava em casa. Acelerando perto do limite sem comprometer a segurança, em um novo estilo de pilotagem, adquirido nos últimos anos devido o avançar da idade e consequente responsabilidade. Mas isso em momento algum fez diminuir a adrenalina e satisfação.


A borracha quase lateral dos pneus e o tempo estavam sendo gastos como previsto e tudo estava valendo a pena ser vivido.

Passei por Amparo e em Serra Negra resolvi parar para me orientar e um simpático senhor indicou a estrada para Socorro como belíssima e quase que obrigatória. Segui as instruções e não me arrependi. Era a Rota Turistica Rural do Bairro da Serra.


Estreita, sem acostamento, mas um visual incrível e as curvas permaneciam convidativos.




Voltei de Socorro para Serra Negra por onde não fui, o que foi outra boa decisão, mesmo “perdendo” tempo. Tudo o que menos tinha era pressa.


De Serra Negra retornei para Lindóia e daí para Águas de Lindóia, onde almocei em um bufê à quilo sem nada a comentar a não ser a simpatia do atendimento e o tradicionalmente fraco café mineiro.

Queria voltar o quanto antes para as estradas, tudo estava correndo muito bem, as novidades estavam sendo incríveis e ainda faltava a maior parte do caminho o que prometia emoções.

E a diversão continuou, as estradas continuavam com o asfalto em muito bom estado e com grau de sinuosidade alto. O clima permanecia como antes e os quilômetros já rodados formavam o energético que deu asas a confiança e a velocidade.

Até Pouso Alegre tudo era novo e foi aproveitado da melhor maneira possível. Daí em diante o caminho já era conhecido e por isso mesmo escolhido. Fazia tempo que queria voltar, havia passado bons momentos em minha segunda viagem.


As memórias voltaram e estiveram me acompanhando por todo esse trecho. Algumas curvas foram reconhecidas com saudades.

São Lourenço estava cheia e o hotel escolhido mais ainda. Os trâmites de sempre, jantar, um pequeno rolê a pé pela cidade e cama. Dormi ao sabor das curvas e paisagens do dia.


sexta-feira, 1 de maio de 2015

3ª VIAGEM – 23/04/15 – 6º DIA – CURITIBA - CAMPINAS


Acordamos cedo como sempre e as ações do amanhecer se repetiram. A chuva continuava fina e persistente.

Pegamos a BR 116. Asfalto bom, pista com duas pra lá e duas pra cá. Boas e longas curvas passavam sem muita graça, a chuva não permitia travessuras. Estava entediado, pior, molhado e entediado. Mas não queria voltar, mesmo com o mau tempo e suas consequências, estava feliz por ainda faltar muito para chegar em casa.

Cláudio já havia decidido ir mais rápido para casa, íamos até Campinas juntos, onde eu iria pernoitar e ele seguiria até São José e de lá para Niterói.

A rodovia, velha conhecida ia sendo consumida como possível, as boas curvas passavam deixando gostinho de “poderia ser melhor”, os rios mostravam altas faixas de suas margens despidas de vegetação, confirmando a carência que os jornais mostram faz tempo. Fiquei impressionado. Pensei em parar para tirar uma foto, mas a preguiça venceu. E assim foi, sem muita graça até chegarmos em Juquiá.

E de Juquiá à Sorocaba a estrada, desconhecida, mostrou-se promissora. A chuva havia dado uma trégua permitindo tirar a única foto do dia e vislumbrar emoções. Que nada, a humidade deixada pela chuva ainda cobria grande parte da estrada devido a mata fechada da região e as emoções ficaram apenas no desejo.



Mas a paisagem era interessante e fez o tempo passar mais rápido. Os mais de 450 quilômetros foram percorridos rapidamente, mesmo com os percalços. E nos despedimos em uma das muitas bifurcações que dão acesso a Campinas.

A viagem desde seu início até então passou rapidamente a minha frente, as curvas, estradas conhecidas ou não e a excelente companhia de Cláudio, na minha primeira viajem não solo.

Não sei dele, mas por mim, vamos repetir.

O GPS alimentado com o endereço de pernoite não se enrolou e em poucos minutos estava em frente a casa de um  grande amigo. Não nos víamos desde a última viagem, mais de dois anos; havia muito que conversar.

Receberam-me muito bem, como nas outras vezes em que me hospedei com eles. Conversamos bastante eu, ele e suas três meninas (esposa e filhas) em volta de duas deliciosas pizzas. Fomos até onde o cansaço de todos permitiu, não foi até muito tarde e fomos dormir; o dia seguinte começaria cedo para todos.