Manhã de sábado como outra
qualquer, seria mais um bate-volta dos muitos que fazemos quase todos os
sábados. Mas dessa vez os Flecha de Prata que haviam decidido dar um pulo em
Penedo para degustar e comprar algumas trutas, mudaram o itinerário por conta de
um deles que iria passar o fim de semana com os irmãos e famílias.
Dei a ideia de irmos junto por um
caminho maior e mais agradável, ele iria para a casa do irmão e nós
almoçaríamos em um bom restaurante já conhecido.
Às 22 horas da sexta anterior
soube que havíamos sido convidados para o almoço na casa. Como sempre, eu não
sou o do contra, quando não gosto de algo falo, mas aceito numa boa o que a
maioria decide.
Nos encontramos na manhã de
sábado, como sempre às 8 horas, no posto próximo a entrada do Túnel Rebouças,
nosso tradicional ponto de encontro. Éramos três, os de sempre, o quarto maior
frequentador de nossas viagens respondeu a mensagem do celular com um:
“Tenham uma boa viagem!”
Partimos então após um rápido
papo acompanhado de um saboroso cappuccino.
Tanques cheios, pneus calibrados
e rodas na estrada. Destino? Angra dos Reis.
Adentramos o Túnel Rebouças
depois a Linha Vermelha a fim de pegar a Via Dutra que leva à Sampa que fica no
lado feio da rodovia.
Todos sabem que não sou afeito às
retas, acho-as monótonas mesmo sendo mais seguras. Esse é o motivo por não ter
nenhum desejo em fazer as tradicionais viagens ao Deserto do Atacama e/ou Terra
do Fogo, etc. É muita reta para pouco prazer.
E seriam alguns bons quilômetros
nesta situação até a subida da curta, mas deliciosa Serra das Araras. E lá
chegamos rápido e em segurança. Dessa vez eu estava calmo. Geralmente tomo a
dianteira e sigo na frente um pouco mais veloz do que os demais, curtindo o
liso asfalto com suas curvas dóceis. A adrenalina fica por conta dos caminhões
e demais motoristas que insistem em andar lentos pela esquerda. Ultrapassá-los
é tarefa árdua e as vezes perigosa.
Dessa vez acompanhei o ritmo dos
demais e dessa forma consegui admirar a paisagem, que desde os tempos em que
viajávamos toda família para Sampa de fusquinha, não via.
Foi ótimo, algumas lembranças
passaram mesmo a estrada não sendo a mesma daquela época.
Como sempre faço, de vez em
quando paro para tirar uma foto para ilustrar os textos e gravar as viagens e
procurei uma “imagem” que sempre vejo algum tempo depois da serra. Sempre quis,
mas nunca parei para a foto, pois curtir as curvas subsequentes era mais
atrativo. Desta vez seria diferente.
E foi mesmo!
Estava mais lento e mesmo assim a
imagem não apareceu. Trata-se do lago formado no Rio Paraíba do Sul. Uma visão
que sempre se mostrava deslumbrante e surgia de repente após uma curva
degustada velozmente.
O lago estava lá, mas não como eu
sempre vi em outras viagens.
Parei onde deu e a foto que tirei
foi essa aí em baixo. Não é a “imagem” que sempre vejo, mas foi o que rolou.
Segui em frente, puxando um pouco
mais da velocidade a fim de alcançar meus amigos.
Em alguns poucos quilômetros
chegamos à entrada de Barra Mansa e à esquerda entramos, sem parar.
Fomos fazê-lo após alguns
quilômetros onde comi uma empada de frango maravilhosa. Comi duas. Hehehe!!!
A estrada, já conhecida, apresentou-se
sinuosa, agradável e inserida em um cenário impar. Curti, mais uma vez, na
mesma velocidade que os demais, o asfalto estreito e liso das duas mãos.
Ao lado direito nos acompanhava,
como se estivesse tomando conta de nós, um estreito e belo rio. Pedras
apareciam de vez em quando assim como pequenos lagos e cachoeiras.
Essa foi a foto que consegui.
Pouco depois a mata fechou
semiescondendo o sol e aumentando a humidade. A temperatura baixou tornando a
viajem mais agradável ainda. Passamos pelos dois túneis ainda com calçamento em
paralelepípedos da época do Brasil Colônia, molhados pela água que escorre pelas
paredes, um enorme perigo.
No entroncamento com a BR-101
dobramos à direita em direção a um dos condomínios “PORTO...”.
Chegamos!
As tradicionais apresentações
quando fomos muito bem recebidos pela cunhada e seus filhos.
Um bom e rápido papo nos colocou
à vontade. Roupas mais leves e seguimos para o gramado entre a casa e o
ancoradouro de barcos. Belos barcos são a tônica. Normal.
Chegam o dono da casa e o
cunhado. Quem é frequente aqui no blog sabe que não gosto de usar o nome das
pessoas. Então, na terceira dose de whisky, vamos tentar botar ordem nessa bagunça,
são:
3 irmãos sendo uma irmã;
1 cunhado, marido da irmã;
2 cunhadas, uma não foi, a do meu
amigo motociclista.
Os irmãos? Gaúchos do interiorsão
do Rio Grande.
Tudo certo? Então vamos nessa que
tem muita história aqui.
Tá cansado, paciência vale a pena
ler. Vai aprender algo neste texto. Melhor que ficar no Face Book escrevendo
besteira. Hehehe!!!
Para encurtar, não vou escrever
que fomos à emergência de um posto médico, suas causas e consequências.
Voltamos para casa e o cunhado iniciou
os preparativos do churrasco.
Claro, queria o quê?
Feijoada?
Tá de sacanagem né?
Costelinha bovina, filé suíno e
linguiça também suína; esse era o menu.
Gente finíssima, como todos, o
cunhado tem um dom e a carne saiu maravilhosa, as fotos falam por si.
Estava tudo ótimo. Carne macia,
de excelente qualidade, tempero único e cerveja.
Sim, cerveja. Estava programado
dos três que foram dois voltarem no mesmo dia, mas um convite para pernoite e
algo fora do comum nos fez ficar.
Estava tudo ótimo. Excelente
papo, acolhida maravilhosa e comida idem qualquer coisa a mais seria sonho.
.
Enquanto isso...
Nos bastidores era temperada,
curtida e assada em forno à lenha um enorme pernil de javali.
Não era qualquer javali.
Antes, uma breve historinha é
aqui que você começa a aprender:
É sabido que a carne do javali é
deliciosa e nos pampas andaram criando essas feras. Importadas da França,
algumas matrizes foram colocadas em uma enorme fazenda para criação e comércio.
Acontece que os órgãos “competentes” resolveram dar trabalho e os responsáveis
encheram o saco de tanta burrocracia e resolveram soltar os animais. Se
multiplicaram e alguns andaram comendo umas porcas, fazendo nascer os famosos
porcos selvagens e hoje são como pestes cuja caça é permitida.
Esse, especificamente, foi caçado
de forma diferente. À noite o caçador fica em cima de uma torre a espreita do
feroz charfudador. Ao avistá-lo, um tiro certeiro lhe tira a vida. A diferença
dessa para a caça tradicional é que o animal não sabe que está sendo caçado,
não há estresse pela perseguição por cães, etc. e assim não há adrenalina e nem
líquidos danosos percorrendo veias e vasos tornando a carne tenra.
Foi temperado com esmero e descansou
por horas sob um molho que não ousei perguntar como fora feito. Regado em limão
antes de...
Ser coberto por cravos, antes
de..
colocado no forno à lenha. A
causa incomum de nossa permanência em Angra, sem desmerecer a ótima acolhida, assou
por aproximadamente cinco horas.
Estava fantástico e a tradicional
polenta fez a companhia ideal. Tenro, o resultado do molho no ponto. Nada à
acrescentar só saborear.
O excelente papo seguiu e teve como
combustível a mais a visita de um amigo da família, com suas histórias engraçadas.
Alguns bons minutos o sono bateu forte
e ao saber o local de dormir só me restou seguir para este destino.
Sono pesado.
Café da manhã saboroso, todos
dormiam quando voltamos à estrada.
Não pude agradecer a acolhida.
Agradeço agora.
A estrada tinha suas curvas cheias
como em todo domingo de sol. A direita a vista do litoral recortado pela bela e
rara mata e lindas ilhas. Uma parada para abastecer, outra para um café e
chegamos ao Rio sem problemas ou novidades.
Nas lembranças o carinho da
família e o javali cuja repetição vai ser difícil.
Obrigado e até aproxima. Que seja
breve.
Nenhum comentário:
Postar um comentário