É uma metamorfose na vida das cidades que faz com que as pessoas, mesmo as mais insensíveis, pensem ao menos uma vez de forma diferente esse momento mágico.
Os diversos canais de televisão multiplicam os anúncios temáticos com as simpáticas, mas cansativas músicas natalinas.
Papais Noéis de todos os tipos, tamanhos e cores vestem vermelho, preto com detalhes em branco para alegrar e “presentear” as crianças de todas as cores e idades.
São rituais religiosos ou não que mostram a importância desta época. Desde o simbolismo do (quase esquecido) nascimento do Menino Jesus até as festas fartas de comida e guloseimas, regadas a bebidas diversas e fogos de artifício. Não importa o nível socioeconômico, as festas estarão por todas as partes com raras exceções assim como as pessoas vestidas de branco no Réveillon.
Se a casa tem crianças os pais providenciam uma falsa visita do Papai Noel. São biscoitos comidos pela metade, copos de leite bebidos idem, o gorro vermelho com barra e pompom na cor branco “esquecido” próximo a janela ou varanda, etc. Assim as crianças vibram e renovam anualmente sua crença em tal entidade.
E essa crença faz sobreviver um dos ritos mais tradicionais. Dá se em tenra idade quando ainda acreditamos em Papai Noel. São as tradicionais cartas endereçadas ao Bom Velhinho pedindo presentes em troca de um bom comportamento durante todo ano (como se isso fosse possível).
Comigo não é diferente, mesmo sendo um capricorniano com tendências cartesianas bastante claras, também comungo com as emoções dessa época festiva; principalmente na hora em que recebo presentes, claro.
Mas também me emociono com as injustiças que se escondem por traz dessa aura de bondade e solidariedade que assola as cidades.
Injustiças tais como a distribuição de presentes e/ou cestas básicas as crianças menos favorecidas e seus inúmeros familiares. Mais uma medida paternalista atacando a consequência e não a causa.
E fica a pergunta:
“E nos outros 364 dias do ano? Como ficam essas pessoas?”
“Ah! Eles têm as ONGs e os “Bolsas” da vida.”
“É um tal de Bolsa Família pra cá, Bolsa Escola pra lá e assim eles vão levando a vida.”
Assim meus amigos é mole!
Esse ano, renovado na emoção que essa época faz brotar nos milhões de corações e consciências ávidas por ficar em paz e poder virar tranquilas o ano, resolvi fazer uma coisa que não faço há muitos anos. Não foram muitas as vezes em que fiz isso, mas ainda me lembro de alguns detalhes necessários a se obter um resultado satisfatório.
Provavelmente alguns de vocês vão achar graça, outros vão dar aquela tradicional sacaneada e a minoria entenderá o objetivo deste ato.
Para falar a verdade, eu ainda não sei qual é o objetivo e vocês sabem, não é a primeira vez que isso acontece, então, vou escrevendo aqui, você vai lendo aí e qualquer coisa comenta lá no final, ok? É só clicar em “n Comentários” embaixo de cada post.
Trata-se de escrever a minha carta para o Papai Noel. Ia escrever cartinha para manter o clima, mas achei coisa de boiola.
As coisas não são tão simples assim como eram quando ainda crianças. Nessa época, não havia dificuldade em enviar a missiva, era só escrever no envelope “Para Papai Noel, Polo Norte” e entregar para nossos pais que eles se encarregavam do resto. E funcionava, pois na manhã seguinte a noite de Natal os presentes sempre estavam todos lá embaixo da árvore me esperando.
Agora, um pouco menos novo, não faço a menor ideia de para onde enviar a minha carta.
Essa história de Polo Norte não me engana mais. Lá é muito grande e bastante frio, portanto, acho impossível alguém conseguir viver em ambiente tão inóspito, mesmo sendo o Papai Noel. Se fosse verdade, achá-lo a tempo de ele providenciar o que desejo seria praticamente impossível, até porque é praticamente desabitado. Onde o carteiro ia encontrar alguém para perguntar onde fica a casa de Papai Noel?
Pela internet seria o ideal, mas já tentei várias maneiras de encontrá-lo sem sucesso: No Twitter, não encontrei nenhum @PapaiNoel, @Papai.Noel ou @Papai_Noel. Enviei mensagens para papai-noel@gmail.com, papai.noel@yahoo.com, papainoel@polo.norte.com, papai-noel@hotmail.com, e demais variações ortográficas do nome Papai Noel e nada. No Facebook, obtive o mesmo resultado, nada.
Procurei até no Orkut.
Sem opção, resolvi utilizar o blog. Sei que se não o encontrei nas redes sociais, não é aqui, nesse humilde bloguinho sem vergonha que ele estará. Foi apenas na esperança de que um de meus 19 leitores o conheça ou saiba como encontra-lo e repasse minha carta.
Pronto, agora posso me dedicar ao objetivo principal deste post.
Querido Papai No...
Ops! Assim não né cara! Tu não é mais criança e começando assim vai manchar a sua reputação. Pô!
Caro Papai Noel,
Esse ano, apesar das dificuldades e tentações, até que me comportei direitinho. Tenho plena consciência de que não fui o exemplo a ser seguido, mas diante do comportamento de muitos dos meus semelhantes meus atos esse ano podem ser considerados próximos aos de um Santo. Hehehe!
Claro que estou exagerando, seria muita pretensão, afinal não fiz nada muito diferente do que muitos fizeram, mas nada igual ao que a maioria fez.
Por favor, Esqueça aquela avançada de sinal vermelho na segunda quinzena de março, ou o não pagamento do pedágio quando em férias me dirigia para Santos. Também não considere aquele caso no primeiro bimestre do ano, não sabia que ela era casada. Releve outras “coisitas” mais. São tão insignificantes que até já as esqueci. Hehehe!
Procure levar em conta as coisas boas que fiz:
Respeitei os mais velhos.
Não menti. Tá! Tá bom! Omiti algumas coisinhas sim, mas fique tranquilo que foram irrelevantes. Diante do que vemos todos os dias nos jornais e revistas então, nem se fala!
Não roubei. Isso seria impossível.
Sempre tratei bem aos animais. É claro que dei umas sacaneadas nos dois gatos de minha irmã, mas foi tudo brincadeira. Andei dando uns bons tapas em @Boris Staford, mas o cara cisma em ficar lambendo o chão quando sente que é xixi de fêmea. Mó porcaria!
Ah! Também andei matando umas baratas, moscas e pernilongos, mas aí, dado a asquerosidades de tais insetos, isso não deve ser muito grave.
Pisar na grama pode né?
Fui bem paciente com meus filhos, mas sem perder a autoridade. Olha que isso é muito difícil. Essa fase de aborrecente é irritante.
Profissionalmente, não tenho dúvidas que meu rendimento resultou em um ano bastante positivo.
Com meus poucos amigos fui correto, leal e sempre que pude estive junto nos momentos ruins. E reconheço a recíproca.
Assumo, sacaneei muito os que são membros da torcida Arco-Íris principalmente quando fomos Campeões Carioca. Eles mereceram, sempre merecem. Hehehe!
Não esqueci meu pai, apesar de falecido, nem da Marinha, idem.
Com minha mãe e irmã tive os atritos de praxe assim como bons momentos em família.
Revi meus conceitos com relação a mãe de meus filhos e confesso, foi um alívio.
Também revi meus hábitos alimentares e emagreci. Mas um churrasquinho ou feijoada de vez em quando eu não deixei de degustar.
Não joguei lixo no chão.
Catei todos os cocos do @Boris Staford, mesmo aqueles mais difíceis. Sabe aqueles bem molengas e cheirosos, pois é, aqueles mesmo.
Nos raros momentos em que estive de carro não tranquei os cruzamentos. Não fui muito paciente, é verdade, mas neguinho é muito abusado no trânsito. Você não passa por isso porque fica passeando no céu, de trenó puxado pelos viadinhos.
Não abusei de faxineiras, porteiros, ajudantes de porteiro, vigias, frentistas, copeiras (que servem café e água nas diversas reuniões que participei), atendentes, secretárias, recepcionistas, seguranças, vendedores, garçons e demais que me serviram durante esse ano. A todos eles eu agradeci educadamente sempre que atendido.
Aqueles cujos vencimentos são de minha responsabilidade, foram regiamente pagos com todos os benefícios a que têm direito; ao contrário de você não é Sr. Noel que mantem dezenas de duendes e anões trabalhando, sabe-se lá sob que condições, diuturnamente durante os 365 dias do ano.
Não fiz gastos exorbitantes, só comprei um presentinho nada barato, no início do ano. Mas cá entre nós, eu bem que mereci.
E você não me deu nada de Natal no ano passado! Lembra?
E não é que escrevendo esses meus atos reparei que se você considerar o comportamento de muitos por aí, verá que eu mereço um tremendo presente.
Bem mais do que as mansões que os corruptos têm adquirido, bem mais do que as viagens que os políticos têm feito, bem mais do que os carrões que os corruptores têm em suas garagens, bem mais do que os jatinhos ou helicópteros que os donos de empreiteiras têm nos diversos aeroportos do país, bem mais do que as contas em paraísos fiscais espalhados pelo mundo, bem mais do que as regalias que os empresários esportivos têm conquistado, etc.
Mas não se preocupe, o que vou pedir não é tão complicado assim, até porque, não vou pedir nada que não esteja ao alcance de você Papai Noel.
Será uma coisa muito simples que qualquer mortal é capaz de atender.
Não! Pelo amor que o senhor tem pela mamãe Noel! Eu não quero o CD dos sambas enredo desse ano.
O que desejo é que você como Papai Noel, que está presente no coração de todos nós sendo brasileiros e brasileiras, ou não; deposite um pouco de civilidade nesses corações.
O resto, é consequência.
PS.: Se der para dar uma ajudazinha para o Mengão ser Bi-Campeão Mundial seria ótimo.
Desde já agradeço,
Atenciosamente,
@Papo_de_Cozinha
E para vocês meus fiéis leitores,
FELIZ NATALl!!
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