sexta-feira, 9 de novembro de 2018

UMA HISTÓRIA DE AMOR?




Prezados,

Este será um texto diferente nem todos vocês, meus escassos leitores compreenderão, como nem eu sei se compreendo ainda as idéias que estão passando. Por isso, pode parecer papo de maluco, mas posso garantir que estou tranquilo e em excelente estado de todas as minhas faculdades físicas e mentais.

Está tudo aqui na minha cabeça fervilhando. Imagens, palavras, sons... Não sei se vou conseguir transformar em texto...

Tudo se mistura em uma metamorfose única para mim. Portanto, tenham paciência.

São quase 5 horas da manhã, na realidade faltam menos de 2 minutos. Não tem sido raro acordar a essa hora. Os últimos anos têm sido um pouco complicados, não só para mim, mas para muitos que estão a minha volta ou não.

As causas?

Enumeráveis. Tantas que a razão tem dificuldades de explicar. Entretanto, a origem que me parecia estar nessas causas, nelas não está.

Não foi fácil ver e tenho certeza que ainda não vi tudo afinal, estamos aqui de passagem a fim de aprender e evoluir.

Acredite ou não, isso é verdade não há como discutir. As evidências estão em todos os cantos do planeta cabe a você não apenas ver, mas saber enxergar. É fácil? Claro que não, eu levei mais de 45 anos para apenas iniciar meu processo de perceber tais sinais. Dificulta ainda mais o fato de sermos diferentes, termos razões, percepções e emoções diferentes e isso é fantástico. Entretanto há aqueles em um estágio um pouco mais avançado de conhecimento que mesmo assim, não conseguem perceber essas diferenças. São muitas as variáveis a se considerar e só agora me parece claro que o conjunto delas, devido a sua diversidade, nos faz perceber, o que seja, de maneira distinta uns dos outros.

Aqueles que não percebem tais diferenças, tornam-se contraditórios com seus próprios conhecimentos.

Quem buscou sabe que quase sempre precisamos nos apoiar no imensurável a fim de obter respostas aos nossos infindáveis questionamentos. E para tanto, necessitamos de apoio.

Alguns encontram esse apoio e até algumas respostas na razão da ciência, outros nas incógnitas do misticismo, outros nas escrituras das religiões, outros nos rituais das seitas e outros apenas vivem cada momento...

Eu mesmo já passei por algumas experiências e nelas obtive algumas respostas e muitas dúvidas. A mais importante dessas respostas até agora, é exatamente aquela que passamos grande parte da vida ouvindo. Uma simples frase de poucas palavras resume grande parte do sentido de nossa existência. Ouvimos a mesma coisa, diversas vezes, de muitas formas e demoramos a perceber que não fazer ao outro aquilo que não deseje para você é a base para tudo.

Lemos e ouvimos essas palavras sob diversas construções gramaticais. São muitas as opções que facilitam nossa compreensão, mesmo assim, foram muitos e longos anos para perceber. Porém, perceber não é o mais difícil, esse sim é o cerne da questão.

Pôr em prática.

Aqui sim é que a banda toca diferente. Não se trata mais de um samba de uma nota só, mas sim de uma longa e muito bem elaborada sinfonia.

Não há dúvidas que somos imediatistas, egocêntricos e egoístas. Há na história infindáveis exemplos disso. Vemos, somos impactados por eles, mas poucos aprendem o mínimo e passam por aqui incólumes de aprendizado. E saem desta no mesmo nível embrionário em que entrou.

Muitos acumulam riquezas e posses, se consideram exemplo e por isso se vestem de líderes devido ao poder material que detêm. Dividem com os seus e apenas com eles. Outros se veem na necessidade de dividir com outros, mas o fazem por obrigação ou para parecer o que não são. Poucos o fazem com desejo e mesmo alguns desses “exigem” resultados que você ainda não consegue dar justamente devido as infindáveis variáveis que nos fazem diferentes em tudo.

Depois de muitos anos de buscas, andando por quase todo tipo de caminho só agora comecei, muito timidamente, a enxergar alguma coisa de valor.

Foram e ainda estão sendo caminhos difíceis, mas imprescindíveis de serem percorridos para obter o pouco que conquistei. Há muito ainda a aprender, serão muitas idas e vindas...

E nessa extensa caminhada, cujo fim se mostra cada vez mais distante a cada conhecimento adquirido, encontrei com muitos na mesma busca, outros perdidos como estive em muitos momentos e outros que estavam ali apenas pelo prazer como eu também já estive em tenra idade. Por muitos passei, com poucos conversei e menos ainda convivi. Com esses adquiri, troquei ou ministrei conhecimentos. Fui educado, carinhoso, grosso, insuportável, ouvi, gritei, sussurrei palavras de todo tipo e sorte e agi de todas as formas e maneiras. E em todas essas experiências eu levei meu tempo para assimilar o pouco que sei, que me transformou no que sou.

Tive apoio. Familiares, amigos, inimigos, amores e desamores. Com todos eles aprendi um pouco. Desses muitos tentaram realmente, poucos tiveram a paciência que exigiam de mim porque meus resultados estavam sendo abaixo do esperado. Esqueceram-se das diferenças naturais devido os caminhos percorridos, oportunidades diversas e escolhas feitas até então, mesmo eu mostrando querer, ao tropeçar em alguns dos muitos buracos do caminho exigiam o que eu não podia oferecer ainda.

Os fracos foram se distanciando, eu não desisti. No meu tempo, com minhas dificuldades, esforços e apoio dos poucos corajosos que permaneceram ou surgiram, fui subindo cada degrau até chegar onde estou. Durante todo esse tempo procurei ser o melhor, não prejudicar ninguém, ser feliz e principalmente, fazer quem estava do meu lado, feliz também. Talvez aí tenha sido o meu grande erro. Fazer o que? É assim que penso é assim que me comporto.

Tive mais sucesso quando era garoto, sem grandes responsabilidades e menos ainda considerações. Literalmente eu fazia e andava para o próximo, com raras exceções com isso, conseguia ser divertido e bem aceito por todos. Era muito bom, mas um pouco vazio. Muitas das amizades daquele tempo, embora perdurem até hoje, são rasas e não se sustentam às minhas naturais mudanças.

Assumir responsabilidades como empresário, constituir família e suas consequências não me fizeram bem. Ser cartesiano me fez ser meu maior cobrador. Soube poupar os que estavam ao meu lado dos problemas profissionais assim como dar certa tranquilidade socioeconômica para a família.

Entretanto, mesmo discordando, pelos resultados sociais obtidos com o passar do tempo, no geral parece que fui um fracasso.

Na maioria das vezes meus defeitos, que não são poucos, são supervalorizados enquanto minhas qualidades, que também não são poucas, subjugadas. Eu tento fazer diferente...

Segui meus caminhos, nas bifurcações escolhi o que me pareceu melhor e acertei mais do que errei.

Outro dia me vi diante de mais uma oportunidade. Indicaram-me um espaço de reflexão e, se desejasse, oração. Uma pequena e modesta casa de dois andares, localizada em uma pequena vila na zona sul da cidade.

Entrei, fui recebido com um sincero sorriso. Apresentei-me meio sem graça, assinei livro de presença e sentei aguardando o início da palestra. As pessoas foram chegando, as que se conheciam se cumprimentavam com carinho, assinavam a presença e se sentavam. O som do burburinho era o do ambiente.

As paredes brancas e ambientes limpos, mesmo sendo tudo simples e correto ajudavam a formar a atmosfera tranqüila e agradável. Estava em casa.

Uma senhorinha que depois veio se mostrar bastante simpática iniciou a palestra. Mesmo com seu português defeituoso e palavras simples conseguiu ser clara e objetiva. Foram aproximadamente trinta minutos de conhecimentos transmitidos.

Falou de nós, nosso papel no mundo, nossas responsabilidades, direitos e deveres.

Terminada a palestra, iniciou-se um processo de troca de informações, dividido em vários grupos de quatro pessoas.  Ao final, me informei de mais detalhes sobre o funcionamento da casa e em poucos minutos estávamos todos na calçada da vila nos dirigindo cada qual à seu destino.

Em casa meditei sobre o que ouvi, como me senti ao sair e, com o horário de funcionamento nas mãos, decidi voltar no dia seguinte. E assim o fiz por mais dois dias e vi que aprendi ali muito mais do que em muitos lugares onde estive por mais tempo.

E tem sido assim já há algumas semanas.

Outro dia falaram de amor, como já estou ambientado, não achei nada piegas, ao contrario, me fez ver algumas coisas que passavam despercebidas até então.

A palestrante tinha um belo texto que leu em partes. A cada parada tecia comentários sobre o trecho lido e assim seguiu até o final. Interrompíamos quando necessários maiores esclarecimentos e ela os prestava com prazer.

O texto falava do amor em todos os sentidos, desde aquele infinito sentido por Deus, passando por aquele experimentado por nós humanos até o mais simples desse sentimento.

Amar é saber dizer sim e não; é saber ouvir o sim e o não. Aqueles que amamos jamais serão um peso, ao contrário, nos farão mais leves. Já nos ensinaram que o amor é ser leal e bom para fazer ao outro o que deseja que façam para si;

Em um dado momento ela leu que estamos passando por mudanças, que caminhamos para novos e melhores tempos. Que após longos séculos vivendo no mesmo modelo de sociedade e família, nos quais cada um de nós tem papéis claramente definidos, nossos costumes e opiniões estão mudando muito velozmente, o que comprova essa transição evolutiva. Como essa é uma experiência nova para nós, estamos testando várias possibilidades de comportamento, de sentimentos, de estruturas sociais e familiares; com isso, vários padrões vão sendo derrubados, surgindo novas possibilidades. O texto diz ainda que pela primeira vez está havendo liberdade de escolha entre parceiros o que evidencia que todos buscam por amor. Entretanto, essa busca ainda é imatura, pois para amar é preciso entrega, e não é isso que se vê. Ainda somos egoístas e queremos ser mais amados do que amar...

Afirma que apesar disso, nunca houve tanta solidão, mesmo naqueles que se relacionam, se observa que não há entrega pelo medo de se tornar dependente ou desacreditar no verdadeiro amor...

E que desta busca, as experiências e modelos que não derem certo, não serão repetidos e surgirá uma nova estrutura societária...

Informa que todo aprendizado se dá pelo amor ou pela dor e quem encontrar harmonia e conseguir amar e ser amado nessa confusão toda, terá aprendido.

É enfático: quem se perde nessa aventura de sexo livre na procura interminável pelo ideal, fere muitos sentimentos alheios. E quem fere será ferido...

Assim foi até ela chegar às nove virtudes do amor, proferidas pelo apóstolo Paulo, que davam sentido a tudo que havia sido dito antes e fim a palestra propriamente dita.

1 – Paciência, a virtude de quem suporta incômodos sem se queixar;

2 – Tolerância, a virtude de aceitar opiniões opostas, saber e respeitar que cada indivíduo possui sua própria maneira de pensar. Age com tato procurando estrair e evidenciar dos demais o que eles possuem de melhor;

3 – Benevolência, se afetuosidade e gentileza são salgumas de suas características, você deve se satisfazer ao satisfazer ao outro;

4 – Incondicionalidade, o amor não procura interesses;

5 – Maturidade, o amor confia, não arde em ciumes;

6 – Respeito, é preciso manter limites e liberdades de privacidade;

7 – Perdoar, o amor não se ressente do mal. Sentir rancor, raiva ou recentimento é normal, o erro está em mante-los alimentando-os. É preciso descobrir os motivos visando o entendimento incluindo a possibilidade de mudança do  comportamento a fim de evitar novos; sem deixar de respeitar o tempo necessário para essa mudança;

8 – Lealdade, se a pessoa é leal, ética, honesta e sincera em tudo que sente, pensa e faz, suas atitudes em relação ao amor estarão sempre embasadas nesses sentimentos

9 – Humildade, o amor não é orgulhoso, não tem vaidade; deve ser espontâneo. Ter gestos alicerçados nas virtudes acima sem a pessoa se vangloriar disso.

Fui para casa pensando em tudo que havia sido dito. Chegando em casa, saí com Boris para esvaziá-lo, voltamos, alimentei-o, um bom banho, uma saladinha e decidi reler o texto que havia pedido emprestado.

O fiz com atenção redobrada e não demorou muito para surgirem imagens de relacionamentos passados. Amizades, familiares, amores...

Acordei e vi que estava deitado no sofá. Eram duas da manhã e eu tinha um longo dia pela frente.

As palavras do texto e imagens do passado nada distante me acompanharam durante o dia todo. Foi difícil rever certos momentos, ver e aceitar onde consegui enxergar que errei não foi o mais difícil, o mais difícil foi ver o que perdi. Por isso, sinceramente peço perdão a todos com quem errei inclusive a você...

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