Você sabe o motivo de estar em casa agora, neste 23 de junho?
Não, não se preocupe, você não é o único e esse não será um texto religioso.
Até por que sou adepto da frase religião não se discute, ou você tem ou não tem. Se tem, abre-se um leque de opções que com certeza não o deixará em maus lençóis. Se você não tem, é uma opção e por ser opção deve ser respeitada.
Mas você está curioso? Nesse caso, não se acanhe, vá ao Google, nossa ágil ferramenta de consulta e veja o motivo de você ainda estar de pijamas, refestelado em algum lugar de sua casa lendo esse texto.
Hoje acordei com um estalo. Não me perguntem o motivo de estar pensando em tomadas, tanto as “macho” (os pinos) quanto as “fêmeas” (que ficam nas paredes). Mais precisamente na última regra criada com o intuito de proteger os usuários de energia elétrica.
Todos já ouviram falar ou até mesmo já se depararam com mais uma das “facilidades” criadas pelos nossos técnicos.
Estou falando das novas tomadas criadas a partir de uma nova regra que visa a proteção das pessoas dos possíveis choques provenientes da utilização dos antigos e centenários plugues e tomadas elétricas.
Enquanto decidia se levantava ou permanecia “jiboiando “ debaixo do edredom, procurava em minha memória alguma história em que a pessoa ou criança tivesse morrido por ter enfiado o dedo na tomada.
Foi aí que decidi escrever esse texto. Havia prometido que, como os últimos haviam sido meio “downs” esse trataria de um assunto “up”, mas a tristeza de não ter sido no segundo vôo que o helicóptero do ilibado e conceituado dono da Delta caiu me tirou a inspiração.
Sei daquelas em que crianças fizeram isso, mas não que tenham morrido por terem metido seu lindo e babado dedinho na tomada. Também tenho certeza que as que curiosamente testaram aqueles dois buraquinhos o fizeram apenas uma vez. Perderam a curiosidade para eles e outros buraquinhos igualmente atraentes.
Sei também de milhares de crianças e adultos que morreram por outros motivos.
Eu, que tenho alguma noção de como a coisa funciona e por isso sei trocar uma lâmpada, interruptor ou tomada; já levei alguns choques e pelo meu último check-up realizado recentemente, parece que ainda não morri.
Baseado nesses fatos, posso afirmar que o motivo, apesar de justo, não justifica o absurdo.
Você vai perguntar indignado:
“Como assim? Você não se preocupa com as criancinhas ou com as pessoas que levam choques inadvertidamente?”
Claro que me preocupo e outros também, tanto é que criaram dispositivos bastante eficientes e compatíveis com a necessidade que resolveram muito bem o problema sem te fazerem de otário.
“Otário?”
Sim meu caro leitor(a) são aquelas tampinhas de plástico transparente com pinos que se encaixam nas tomadas não permitindo acesso as mesmas. Elas custam centavos e não necessitam de um especialista para sua utilização.
Essa nova descoberta dos iluminados, mais cedo ou mais tarde, vai te obrigar a um pequeno e gratificante “trabalhindo”. Pode até ser considerado um exercício terapêutico. Escolha aquele feriado ou fim de semana, reúna a família e proponha as seguintes tarefas:
= Levantar o número de tomadas de sua casa;
= Classificá-las entre as diversas possibilidades:
- Dupla,
- Simples,
- 110 V,
- 220 V,
- Com interruptor,
- Sem interruptor,
- 4” x 4”,
- 4” x 2”,
- Etc.
= Ir a uma loja de ferragens para:
- Verificar que o modelo que você tem em casa não existe mais,
- Escolher o novo modelo,
- Verificar que não tem todas as possibilidades que você precisa,
- Comprar as possibilidades que encontrou,
- Ir a outra loja para comprar as outras possibilidades que necessita,
- Etc.
= Voltar para casa após a terceira ou quarta loja e levantar os demais itens (interruptores, campainhas, etc.) para ficarem todos bonitinhos no mesmo modelo. Voltar as lojas ...
Cada item, dependendo do modelo, custa em média R$ 15,00. Faça as contas.
Não se esqueça de contratar o especialista. Aquele simpático eletricista indicado pela vizinha e que com certeza vai te deixar esperando as duas primeiras semanas. Você vai esperar até perder a paciência e contratar outro. Ele, ao fazer o serviço, vai deixar suas paredes com uma decoração nada agradável o que obrigará você ou sua faxineira limpar tudo. Ao fazê-lo vai verificar que a situação está piorando porque a tinta de sua parede não é lavável.
“Existe isso?”
Sim existe.
Acho que está explicado um dos motivos de Arquitetos e Engenheiros cobrarem caro.
Claro que existem os venais, como os tem os médicos, advogados, jogadores de futebol, mecânicos, quitandeiros, açougueiros, etc. E esses, infelizmente, são a maioria pensante e ativa.
Ora, não fique nervozinho(a). Não me venha com essa ladainha de que o brasileiro é alegre, trabalhador, etc. Estamos carecas de saber que o Brasileiro é ruim por natureza. Salvo poucas exceções. Brasileiro gosta mesmo é de conversa fiada, cerveja, samba e futebol.
Não restará opção a não ser contratar o pintor indicado pela vizinha e reiniciar o calvário.
Mas você pode fugir disso tudo.
“Posso?” Beleza! Me dei bem!”
Ta vendo, de otário já ta virando esperto, isso é natural no brasileiro, fique tranqüilo faz parte do DNA. Hehehe!!!
Vou dizer o que vai acontecer, salvo exceções, não se esqueçam:
Nesse caso, não serei uma delas. Tenho direito, to com crédito.
Você vai a loja para comprar os famosos e baratos adaptadores. Mas não se esqueça de comprar os benjamins, aquela peça em forma de “T” que permite colocar vários pinos ao mesmo tempo em uma mesma tomada. Ok?
E volta para casa todo serelepe. Não perdeu tempo levantando nada, indo em várias lojas, etc.
No caminho pisou numa poça d’água oriunda de um vazamento de esgoto? Ora, não se preocupe, faz parte. O governo não tem dinheiro para consertar por que os políticos roubam e o camelô não paga imposto.
Você também pode fazer como o cara do vídeo abaixo ensina, sai mais barato ainda. E não pisa na poça. Hehehe!!!
Dessas duas formas você diminui seu custo e estresse, mas destrói a intenção da nova regra que é a segurança.
“Ah! Isso é besteira! A nova regra não adianta para nada!”
Você, mais uma vez, está enganado. A nova regra serve sim e muito. Ela ajudou a criar um novo ciclo. Uma nova indústria foi criada. Os fabricantes irão alavancar suas vendas, os camelôs vão vender mais benjamins e adaptadores, você vai pagar por isso e não vai receber benefício nenhum, só transtornos.
Com essa nova regra, as crianças continuarão não morrendo de choque, mas continuarão com fome, fumando crack, cheirando cola, assaltando, no tráfico, ou escorrendo pelas encostas em dias de chuva forte.
Formas de morte para as quais há séculos não existem novas regras.
E permanecem as questões:
“Posso?
Vigiar teu carro?
Te pedir trocados?
Engraxar seus sapatos?”
Até quando vamos ficar “Esperando a ajuda do divino Deus”?
Quantos Corpus Christis terão de passar?
Curta o som aí embaixo e...
Bom feriado!