Caros e escassos leitores, mais uma e dessa
vez foi um pouco diferente. A busca por estradas sinuosas em clima ameno e seco
foi como sempre, mas mesmo estando bem fisicamente dessa vez o cansaço esteve
presente com maior intensidade. Sinais dos anos vividos, fazer o que? Mesmo
estando em plena atividade física não só na academia como também no tatame
dando e levando os primeiros golpes de Muay Thay. É divertido e compensador
(física e mentalmente). Mestre Flávio Almendra e seus discípulos têm técnica
apurada, paciência e camaradagem além do esperado. Recomendo e muito a Gold
Fighters no Jardim Botânico – contato no Instagram.
O parceiro de viagem foi o mesmo da anterior,
Reinaldo (Rei), amigo de 30 anos nas trilhas, na última viagem e eventos sociais
diversos. Grande garoto, irmão de fé.
O roteiro elaborado e com previsão de desfrute
para setembro de 2022, há muito teve origem em sugestões de outros parceiros
motociclistas que me convenceram experimentar as estradas mineiras e capixabas,
que, segundo eles, seriam de boa qualidade tanto no que se refere ao piso como
sinuosidade; sem falar na hospitalidade do povo e sabor da comida dessa região.
Afinal, cachaça, torresmo pururuca, porquinho, linguicinha e seus
acompanhamentos mineiros somados aos frutos do mar capixabas e uma cervejinha
gelada, se bem feitos, merecem idolatria. Mas foi adiado devido a fr4ud3mi4 na
época em franca atividade. Como Reinaldo tem amigos e eu parentes em Brasília,
inseri no roteiro sugerido passar por lá e por Goiânia. E cá estamos, apenas em
2023.
Então, com um ano de atraso, em 04/09/23, iniciamos
no posto BR do Humaitá. Tanques cheios, marcadores de Trip 1 e Trip 2 zerados,
motores ligados, primeira marcha e ao soltar a embreagem pela primeira vez, novamente
teve início o processo de esquecimento de contas a pagar, dívidas, problemas e
afins...
Eram 06:30 da manhã de uma segunda feira de
céu nublado e temperatura agradável. Um belo início que prometia bons momentos.
A primeira perna seria parecida com as demais.
Rio, Resende e Itatiaia pela Via Dutra (Rio -São Paulo – BR-116) e depois São
Lourenço pela BR-354). Só aí temos duas serras. A das Araras, apenas com vegetação
lateral, mais tranquila em termos de sinuosidade e segurança não só pela
visibilidade como por ser pista única de duas faixas o que permite melhor
início de interação com o equipamento. E a de acesso a São Lourenço, pista
dupla, mais sinuosa, inserida em vasta vegetação (menos visibilidade), mão
dupla e bem movimentada; exigindo maior atenção.
No caminho, entre as duas serras, paramos para
abastecer e um bom lanche no Graal de Resende. Ali o calor já se fazia presente
e nos acompanhou por todo o dia.
No meio da segunda serra o GPS deu o mesmo
problema da viagem anterior, “solicitando” desvio do roteiro programado.
Conhecendo o problema e a pista, desliguei e seguimos até São Lourenço onde
religuei o equipamento e o problema ficou para trás.
É impressionante como o passar dos anos traz
diferenças no que senti nas primeiras viagens e no que senti nesta, incluindo a
readaptação a moto. Talvez porque antes fazia muitos bate e voltas entre as
grandes viagens e dessa vez isso não foi possível.
Em assim sendo, mesmo após percorridas as duas
serras não me sentia confortável como antes. Isso me deixou tenso o que
prejudicou um pouco a pilotagem. Perdi em técnica, mas não em vontade. A
solução, reduzir a velocidade e seguir em frente tentando aprimorar os sentidos
a fim de atingir a simbiose ideal para então tentar retomar as velocidades de
outrora.
Após 281 km, na periferia de São Lourenço,
água, rápido descanso, reforço nas informações do roteiro e seguimos
contornando a cidade iniciando a parte desconhecida da viagem. Destino?
Varginha, onde estava previsto o primeiro pernoite (parece que é no masculino
mesmo, qualquer coisa, culpem o corretor do Word e o dicionário do Google),
passando por Três Corações, cidade onde nasceu Edson Arantes do Nascimento –
Pelé, paramos para uma foto.
Seriam mais 127 km totalizando os 408
previstos para a perna. Nos surpreendemos ao cumpri-los com bastante
antecedência e após as tradicionais fotos, às 13 horas aproximadamente,
estávamos almoçando. Nada de mais, um quilo normal e honesto, com bom atendimento
e baixo custo. Saímos satisfeitos sem ver o ET a não ser um disco voador e uma
escultura em uma pequena praça.
Ainda era cedo e como não encontramos motivos
para permanecermos na cidade, resolvemos antecipar ao menos parte da próxima
perna.
A estrada possuía um zig zag satisfatório,
porém com alguns buracos que conseguíamos ver com certa antecedência que
possibilitou desviar sem muitos problemas. Apesar do calor, a viagem permanecia
agradável e seguimos tranquilos até Conceição do Rio Claro.
Uma cidade bastante agradável, limpa e
organizada. Muitas casas de arquitetura moderna e muito bem construídas. Como
era segunda-feira, semana de feriado e final do dia, poucas pessoas circulavam
pelas calçadas. Achamos um hotel no GPS e resolvemos pernoitar nele. Diária de R$
50,00 vocês imaginam...
Estávamos cansados, com calor e eu estava muito
a fim de beber uma cerveja gelada. Como disse, era segunda-feira, semana de
feriado, talvez esses sejam os motivos para quase tudo estar fechado. Mesmo
assim encontramos um bar aberto. Entramos e começamos a conversar com os
presentes. A minerada bastante solicita, como de praxe. As opções Skol, Brahma
ou Antarctica. Lógico que escolher a última era a única possibilidade e estava
geladíssima.
E o menos sóbrio dos mineiros se animou a
tagarelar…
Papo vai papo vem o dono do bar sugeriu que
déssemos um pulo até um mirante próximo; Serra da Tormenta. E assim fizemos. Cansados da
viagem, após uma subida um pouco difícil, grande parte do caminho em terra,
conseguimos chegar ilesos. À vista maravilhosa e pôr do Sol indescritível.
Ficamos por alguns momentos tiramos algumas fotos e voltamos para o hotel para
um banho e descansar antes do jantar.
Saímos às 20 horas para um restaurante a quilo.
A comida era simples, porém honesta. Um prato de salada, depois um prato de
arroz com feijão e uma carne que estavam muito gostosos, uma garrafa d'água e um
chocolate para dar um gosto doce à noite.
Já no hotel dormimos com a programação de
acordar 5:30 a fim de tomarmos o café da manhã às 6:30 e assim partir para o
segundo dia da viagem. Apesar das instalações pouco confortáveis a noite foi
agradável. Com certeza o cansaço ajudou nisso.
05/09/23 - iniciamos o dia com um café da
manhã furreca oferecido pela simpática dona do hotel. A passagem rápida na
farmácia para comprar acetona a fim de tirar a cola da sobre viseira antiembaçante
do capacete. E seguimos em direção a Delfinópolis com a preocupação da parte do
roteiro prevista de terra ser cumprida sem problemas.
Em uma estrada razoavelmente sinuosa onde
pudemos desenvolver uma velocidade satisfatória, chegamos a um posto de
gasolina onde havia um motociclista com uma BMW GS 1200 / 2008 igual a que eu já
tive, boas lembranças vieram a mente. Paramos para um papo e beber uma água. Verificamos
que era de São Paulo, Campinas e gente boa, como a maioria dos motociclistas. Ele
era habitué da região e nos surpreendeu ao dizer que até Delfinópolis seria
asfalto e não terra como eu havia previsto a dois anos. Resolvemos seguir com
ele e ao sair do posto sua moto apagou e ele tombou. Nada de mais acontece com
muitos. Ajudamos a se levantar e em poucos quilômetros, pegamos a balsa para
atravessar o grande lago. Nos aproximadamente 15 minutos de trajeto náutico, conhecemos
Beto que, por ser morador da região, nos deu várias dicas da cidade. Onde ficar,
onde jantar etc.
A cidade estava vazia e conseguimos no “JP
Hotel” perto do restaurante “Varanda” indicado por Beto. Trocamos de roupa e
seguimos para a Cachoeira do Ouro onde havia o “Bar e Restaurante do Baiano”
que além da cachoeira, servia, segundo Beto, um delicioso porco conservado na
banha.
A estrada, mais de 30 km de terra, se mostrou
um desafio complicado, tanto na Ida quanto na volta, devido ao cansaço, aos
vários anos sem percorrer esse tipo de terreno e ao peso da moto, mas chegamos
bem, porém mais cansados ainda.
Após as devidas apresentações e uma cerveja
bem gelada, demos um pulo na cachoeira, que faz parte das terras de Baiano. Uma
caminhada de poucos minutos e chegamos. São três pequenos lagos em três níveis com
aproximadamente 4 metros de altura cada, possui água transparente e temperatura
amena. Se mostrou um banho revigorante o que nos fez recobrar as energias. E
ali ficamos acompanhados do manso cachorro (N3gã0) que nos seguia, com sua
laranja de estimação na boca.
Beto estava certo quanto ao ambiente a receptividade
e o sabor da comida. O porco fica por dias em um panelão de banha sendo cozido
em fogo baixo. É dos deuses e o almoço servido pela excelente e simpática
cozinheira, tinha a carne do porco, arroz, feijão, ovos fritos, couve, aipim
frito, torresminho pururuca etc. Uma delícia!!! Tudo regado com cerveja
geladíssima. Claro que repeti, duas vezes.
De volta ao hotel um banho de piscina outra cerveja
gelada um papo com Henrique e banho para uma volta na cidade a fim de achar um
lugar para jantar.
Encontramos Beto e um amigo na porta do “Bar
do Megeta” que estava assando um churrasco em espetos de bambu, em uma pequena
churrasqueira de ferro.
Não recusamos o convite e sentamos à mesa para
saborear os espetos. Lombo de porco, pedaços de frango ou carne. Tudo muito
gostoso banhado em um molho especial feito por Megueta. Os petiscos, umas
cervejinhas bem geladas, um “cigarrimdipaia” legítimo e poucas horas de excelente
papo foram o suficiente como jantar. Depois, cama pois o dia fora bastante
cansativo e tínhamos a segunda perna a conquistar.
06/09/23 – acordamos, um bom café da manhã e
estrada em direção a Araguari, próximo pernoite. Decidimos não ir pelo caminho
programado por ainda ser de terra. Seriam 70 km e com a experiência do dia
anterior não fazia sentido cumprir esse planejamento. Ao mudar o roteiro
tivemos alguns problemas para definir o novo. Por sugestão de Beto, na noite
anterior, fomos para Ibiraci com desejo de não passar por Franca para não ter
que atravessar essa cidade.
O GPS nos levou por uma estrada deserta e estranha,
porém, sinuosa e agradável o que nos trouxe certo prazer. Paramos em Ibiraci
onde fizemos um lanche e tentamos, sem sucesso, obter informações sobre o
trajeto a frente. Resolvemos confiar no GPS que no final, pasmem, nos fez passar exatamente
por Franca. Já que lá estávamos, decidimos atravessar a cidade. Essa confusão toda foi agravada pelo fato de
que, em certos momentos, o GPS de Reinaldo indicava uma direção diferente do meu.
Tivemos de parar algumas vezes para decidir em qual confiar. Conseguimos chegar
à rodovia Anhanguera e após alguns bons quilômetros, paramos para abastecer,
beber água e novamente, nos informar sobre o trajeto.
Um motorista de vã nos orientou para não irmos
pela rodovia que nosso “novo” roteiro previa pois estava com muitos e grandes
buracos, mas avisou que indo pelo caminho sugerido, o trajeto seria um pouco maior.
Conversamos e decidimos aceitar a sugestão e seguimos em direção a Uberlândia,
onde tenho um primo, para pernoitar.
Ao chegar em Uberlândia fizemos uma reserva em
um hotel no Centro pelo celular. Ao fazer a reserva perguntei se havia garagem
e a resposta foi positiva. O calor era forte e o cansaço já nos consumia mais
do que o esperado. Ao chegar no hotel, a recepcionista informou que a garagem
estaria bloqueada devido ao palanque destinado ao prefeito para o desfile de 7
de setembro no dia seguinte. Surtei.
“Eu perguntei e a mocinha havia confirmado o
que significa que estaria tudo ok!”
“Senhor, ela errou, é funcionária nova, peço
desculpas por isso.”
Diferente de outros tempos vi que discutir não
ia resolver nada. Mas saí possesso, Reinaldo veio atras e rapidamente decidimos
seguir para Araguari (Beraba, Berlândia e a Bosta de Araguari; é assim que
falam, só estou repetindo).
Seriam mais uns 40 km, valia o esforço porque
isso nos faria iniciar o dia "dentro" do roteiro original, inserido no GPS
na época do planejamento, o que reduziria em muito futuros problemas de
trajeto.
Faço meu roteiro dividido por pernas diárias.
Uso coordenadas e não o nome dos lugares, incluindo hotéis e demais onde desejo
parar. Quando estou montando as pernas, eventualmente acrescento coordenadas de
pontos intermediários antes e depois de algo que posso errar na hora, entradas
e saídas de cidades, cruzamentos, bifurcações, pontes, viadutos, etc. Isso dá
muito trabalho, mas na hora não tem erro, da tudo certo. O problema é você ter
que mudar ou acrescentar pontos novos ou desvios (como o acima). Quando tenho
tempo e acesso as coordenadas eu faço uma perna paralela que inicio onde estou,
passo pelo desvio e termino em um ponto do roteiro original. Se não tenho
acesso as coordenadas, vou por cidade mesmo.
É preciso outra pausa aqui. Geralmente em meus
textos dou certa ênfase as estradas, sua qualidade, beleza e quantidade de
curvas, mas até agora elas, apesar de estarem com o piso em boa qualidade, não
continham curvas em quantidade e qualidade que merecessem algum comentário
extra. Ao contrário do esperado, estavam sendo normais, agradáveis e apenas
isso. O lado bom é que, até aqui, não houve grandes e enjoativas retas.
Em Araguari, nos informamos e conseguimos um
excelente e barato hotel “Big Executive”. E com garagem! Exaustos, fomos para
os quartos deixar as coisas e fui dar um mergulho na piscina. A água limpa, com
temperatura agradável, um “cigarrimdipaia” e uma cervejinha foram o remédio ideal
para esquecer os problemas recentes. Depois tomei um banho, e partimos em busca
do jantar.
Por indicação do recepcionista fomos a pé até
uma hamburgueria gourmet a “Home Burger”. Ao menos por onde andamos, a cidade
não se mostrou nada de mais, tanto na limpeza como na arquitetura e demais
inerentes. O sanduiche foi de excelente qualidade, não deixando nada a dever
aos bons que temos aqui no Rio. A limpeza do lugar, o bom atendimento e o Rock dos
anos 70 de fundo, foram um tempero a mais e saímos bastante satisfeitos. Eu
comeria outro se houvesse espaço.
07/09/23 - acordamos cedo e partimos para
estrada, de mão dupla, rumo a Goiânia. Por ser feriado a estrada, erroneamente prevista
ser com longas retas, estava lotada no sentido oposto, principalmente entre Goiânia
e Caldas Novas, onde encontram-se as águas termais, maior atração da região, é
lá que os mineiros e goianos se refestelam nas águas quentes do "Parque Estadual
das Serras de Caldas Novas".
Devido ao intenso movimento e por ser uma
pista de mão dupla e sem acostamento, passamos alguns perrengues. Há sempre uns
idiotas fazendo ultrapassagens arriscadas e em dois momentos quase que não
estaria aqui escrevendo esse texto; tive que reduzir com certa rapidez e me
espremer entre o limite da minha pista e esses idiotas, não havia acostamento,
um absurdo! Agradeci por ser uma estrada com poucas curvas.
Em Goiânia, entramos na cidade que claro,
estava vazia, e procuramos nos informar sobre um restaurante, de boa qualidade,
que estivesse aberto. Nos indicaram o “Junior Restaurante” e para lá seguimos.
Estava lotado, mas sem fila. Um ambiente amplo e bem decorado, com farta
quantidade de opções, não só para os pratos principais como para as sobremesas.
Reinaldo foi no self service e chegou à mesa com um belo prato onde se
destacavam grandes camarões. Eu fui de massa, na bancada estilo Spoleto. Estava
muito bom. Consultamos uma senhora e depois um garoto de mesas próximas, sobre
onde nos hospedar. Enquanto comíamos, verificamos que haviam funcionárias
circulando pelos salões empurrando um tipo de carrinho, alto com um computador
sobre cada um deles. É como são feitos os pagamentos. Você chama a garota, ela
para do seu lado, entrega o card de plástico onde são registradas as despesas
feitas, ela escaneia e informa o valor que você paga nas várias maneiras
existentes. Não há filas, a não ser as dos bufes de comidas e você sai da mesa
direto para a saída já de posse de seu comprovante de pagamento.
Com as informações de opções de hotéis,
arriscamos um que não recomendo e fomos parar em uma região não muito segura. A
fachada e a recepção, recém reformadas, escondiam o real estado dos
apartamentos, mas o calor não permitiu que procurássemos outro melhor. Em nossos
quartos, um banho e poucos momentos para recarregar as energias.
À noite, sem muitas opções, fomos ao Shopping Famboyant
jantar. De arquitetura tradicional, com alguns detalhes peculiares, nada a
acrescentar ao que já é conhecido em termos de shoppings. Beto, lá de Delfinópolis,
havia nos indicado o restaurante “Piquiras Famboyant “. Fica do lado de fora
com acesso direto do estacionamento e da rua.
Se não houver mesa livre você recebe um link
pelo celular que avisa que sua vez está chegando para quando estiver perto você
já se encaminha ao restaurante. Enquanto espera o cliente fica livre para
passear pelo shopping. Quando chega sua vez, sua mesa já está pronta. O cardápio com muitas opções fez demorar a
escolha. Bom atendimento, uns chopes, a ótima comida, o ambiente muito bem
frequentado, de excelente qualidade e conforto. Uber de volta para o hotel...
08/09/23 - acordamos cedo e saímos em direção
a Brasília. A estrada é muito parecida com a de Goiânia e estava cheia, mas nem tanto. Porém, um
pouco mais sinuosa o que fez a viagem mais prazerosa. Como na perna anterior o
serrado se apresentava árido e quente, época de seca.
Chegamos em Brasília por
volta de meio-dia e Reinaldo quis tirar uma foto na praça dos três poderes com
as motos. Não nos veio a cabeça que essa parte da cidade poderia estar ainda
confusa devido aos itens de segurança inerentes aos eventos de 07 de setembro.
E estava. O estresse gerado por conta disso, aliado a dificuldade de acesso e a
lida com os seguranças foi enorme. Não é novidade que Brasília tem um sistema
completamente diferente do usual. Diferente da quase totalidade do planeta, lá não
se chega em um lugar por bairro, rua e número e sim por eixos, sub eixos, quadras etc.
Para o residente é molezinha, mas para os de fora uma verdadeira bosta. Me
aborreci, tiramos as fotos e fomos em busca do hotel reservado anteriormente
por um primo (eu não estava conseguindo fazer isso).
Para chegar ao hotel foi outro suplício. Em
dado momento, fomos parar na Asa Sul quando o hotel fica na Norte. E quando
lá chegamos, não conseguíamos encontrar. Sabíamos que estávamos perto, mas não
conseguíamos chegar, mesmo com orientações de residentes consultados. O Wase
mostrava que era logo alí e o logo ali não chegava. Após muita luta conseguimos
e vimos que realmente estávamos logo ali. Foram três horas para conseguir tirar
as fotos e chegar ao hotel. Eu estava possesso.
No hotel me aborreci novamente. Cheguei no
quarto, liguei o ar-condicionado e para minha surpresa o condensador da máquina
estava literalmente dentro do quarto, bem ao lado da janela e da cama fazendo um barulho alto. Não iria
conseguir dormir e pedi a troca. No novo quarto arrumei as coisas, tomei um
banho e saímos a pé para almoçar no shopping Brasília ali perto; nada de
especial. À noite jantamos no “Manuelzinho Restaurante” que fica na Asa Sul. O
casal Manuel e Natividade são os donos do restaurante e amigos de Reinaldo. No
Rio de Janeiro, Manuel foi, por vários anos, o maitre do "Antiquarius" no Leblon,
aqui no Rio. Algum motivo o fez mudar-se para Brasília com a família e abriu
três restaurantes em sequência. "Manuelzinho" é o terceiro deles. A foto abaixo dispensa comentários...
Fomos amavelmente recebidos por Natividade que
nos levou a mesa onde o garçom serviu alguns petiscos tradicionais da casa. Uma
delícia! Manoel chegou logo depois e nos acompanhou enquanto estivemos por lá.
Casal simpaticíssimo, com muitas histórias e fotos. A comida estava ótima um Filé
a Manoelzinho para mim com algumas excelentes cervejas geladas. Reinaldo
degustou o mesmo. Foi oferecido, mas estava muito quente para vinho. Voltamos
para o hotel.
09/10/23 - De manhã Bruno (meu primo), seu
sócio e esposa, passaram para nos levar e conhecer as casas que eles constroem
em Luisiana. Um belo Projeto de média renda com grande sucesso na região.
De volta a capital, encontramos com outros da
família para almoçar em um grande restaurante nordestino, “Mangai do Lago”.
Ambiente amplo, arejado, com enumeras opções de excelente comida. Após revermos
várias histórias de família, fomos fazer o tradicional tour por Brasília, mas
antes passamos na casa de outro primo onde conversamos mais um pouco, bebemos um
café e partimos para o tour.
Fomos a Praça dos Três Poderes, passamos na Esplanada
dos Ministérios e seguimos até o QG do Exército. Lá encontramos uma pessoa (que
por motivos óbvios, para facilitar vou chamar de SeverinE) remanescente do
acampamento dos Patriotas. Fizemos amizade e aos poucos SeverinE foi se
sentindo segurE entre nós e contou o que aconteceu durante os 70 dias que lá
esteve. Como tudo funcionou, a limpeza, a organização dos espaços, os eventos
criados para manter as pessoas em atividade, as barracas de alimentação e sua
logística de abastecimento, preparação, cocção e distribuição dos pratos, os
sanitários químicos, o descarte de resíduos, a postura dos militares, os
infiltrados que lá estavam, os caminhoneiros etc. Só não falou do dia 08 de
janeiro porque não participou desse evento. A cadeira de rodas foi o
impeditivo. Em certos momentos seus olhos marejavam, mesmo assim SeverinE foi
excepcional e paciente nos relatos, nas respostas a nossa curiosidade e, mesmo
estando em sua cadeira de rodas, ao nos acompanhar por toda a enorme área onde
era o acampamento. Ele estava e tenho certeza que permanece, orgulhoso com o
que fez e por ter ajudado a construir essa belíssima página de nossa História
Senti muita tristeza com tudo o que ouvi,
principalmente por saber que tipo de pessoas estavam lá e o final injusto
daquele poderoso, democrático, justo, patriótico e gigantesco movimento. Ainda
mais por hoje saber o que fizeram com essas pessoas. Trabalhadores, humildes ou
não, de várias classes sociais, vindos dos quatro cantos do país, DESARMADOS, com
apenas um desejo, “Democracia, Liberdade e Respeito a Nossa Carta Magna.”
E ainda há os que os chamam de terroristas...
Uma vergonha..
Agradecemos a emocionadE SeverinE e saímos
cabisbaixos e calados. E assim permanecemos até chegarmos ao Shopping Brasília para
jantar. Depois, minha prima foi embora e nós fomos para o hotel.
10/09/23 – Depois do café da manhã, não
incluído na diária, saímos cedo e passamos na Catedral, uma das poucas
recordações que tinha desde a infância. Sua arquitetura ímpar, seu espaço
interior e seus coloridos vitrais fazem do ambiente convidativo para contemplar
e meditar. Fizemos uma oração agradecendo a viagem, pedindo proteção para o que
viria pela frente e partimos em direção a Minas Gerais.
Estávamos voltando.
Pegamos a BR-040 e a pista começou a
apresentar uma maior e melhor sinuosidade a união desta com a temperatura
agradável nos fez aumentar a velocidade o que nos ajudou a rodar os 484 km de
maneira bastante prazerosa.
Não sei Reinaldo, mas os sentidos e lembranças
de antigas viagens começaram a brotar em minha mente e as boas se faziam reais
a cada curva conquistada. Tardiamente iniciava-se um processo crescente de
êxtase que há muito não sentia. Estava quase em casa, me deliciando com o bom
asfalto, as boas curvas, o entorno rasteiro da vegetação do serrado e a
velocidade que aumentava quilômetro a quilômetro até atingir o limite
estabelecido pela minha razão. Os pneus em meia vida, comprados para a viagem
anterior, junto com a eletrônica embarcada compunham o conjunto de segurança e
força que permitiam tudo isso.
Eu variava dos 140 aos 160 km/h (não raro
mais) atento e sentido crescer a tão desejada simbiose homem/máquina.
E que máquina! Dizem e confirmo que esse tipo
de moto quanto mais rodada melhor fica. É que nem panela velha...
Exatamente em setembro nosso casamento faz dez
anos de boas viagens e passeios. Durante esses mais de 70.000 km não houve uma
única DR entre nós. Zero problema que me faz ter a certeza da eternidade dessa
relação e que o fim só se dará no dia em que eu não conseguir mais aguentar
seus mais de 200 quilos, os 125 cavalos e 12,75 kgf de qualidade, segurança, volúpia
e consequente prazer.
No meio da estrada, logo após Paracatú, MG, por
indicação de um frentista do posto onde abastecemos, paramos para almoçar no
que parecia ser um agradável restaurante. Entramos na “Casa de Concesa”, lá
fora o calor já era forte e nos deparamos com uma boa fila de residentes da
cidade vizinha em torno do fogão a lenha repleto de gostosuras mineiras. O cenário mostrava o que vinha pela frente. E
tudo se iluminou ao ouvir uma voz estridente encher o grande e repleto salão.
Era Dona Concessa, bem humorada, com a voz aguda, se mostrando presente de
maneira mineiramente inconfundível.
Então, tudo o que aprendi a cerca de
alimentação ao pilotar motos em estrada (leiam o texto da minha primeira
viagem) foi por água abaixo. Eu esperava por isso desde o planejamento da
viagem há mais de dois anos, comer a típica comida mineira no “interiorr de Minss”.
Ciente de que meu colesterol e pressão arterial estão sendo muito bem
controlados por Santa Rosuvastaina e Santo Aradois, fui colocando as coisas no
prato sem medo de ser feliz. E eu estava, não só pelo que iria degustar, mas pelo
como estava sendo a viagem nesse dia. Arroz, batata frita, couve, farofa,
feijão, aipim frito, torresminho pururuca, linguiça e um belo naco de carne de
porco. Meu Deus!!! E ainda repeti. Faltou a cachacinha e a cerveja gelada, tinha
lá, mas fazer o quê?
Depois, um tradicional e aguado café mineiro e
um “cigarrimdipaia” no alpendre... Morram de inveja!!! KKKKK!
Voltamos a estrada com gosto de quero mais...
Chegamos, como previsto, em Três Marias, no
final da tarde e logo encontramos o “Três Marias Hotel”, um ótimo hotel de bom
custo benefício. Deixamos as coisas e fomos até o grande e belo lago da represa
homônima a cidade. Demos uma volta por ali, tiramos algumas fotos e paramos no “Grande
Lago Restaurante” para beber uma cerveja que estava gelada. A temperatura
agradável ao som das Araras que passavam em coloridos rasantes era o cenário do
belo por de sol... E que cenário!
À noite uma inesperada saborosa pizza no “Pop
Pizzas” e voltamos para dormir. Estávamos muito cansados e era o segundo dia
seguido que rodamos quase 500 km. Fazia tempo que não rodávamos tanto.
11/09/23 – O café da manhã estava muito bom e então
partimos cedo em direção a Inhotim um desejo antigo. Seriam aproximadamente 300 km, ainda na
BR-040, tranquilo para quem estava bem descansado. A estrada permanecia igual o
que nos fez manter o ritmo do dia anterior. No meio do caminho cruzamos com
alguns comboios de caminhões do exército para os quais mostrei o polegar para
baixo sinalizando minha reprovação a covarde perfídia exercida aos patriotas do
QG de Brasília no fatídico dia 09 de janeiro.
Já nos arredores de Belo Horizonte paramos em no
“Pic Nic Posto de Combustível” para abastecer, fazer um lanche e nos informar
sobre o trajeto e onde nos hospedar. A loja de conveniências é ampla e percebi
que vários objetos antigos faziam parte da decoração. Pequenos rádios de mão, discos
de vinil, disquetes de computador, latas de produtos da época, imagens de
propagandas conhecidas, fotos etc. Fato que trouxe várias e boas recordações. O
lanche? Um Cheese-Salada honesto sob um excelente atendimento tanto das
atendentes quanto dos frentistas.
Era 2ª feira e ao consultar o Google, descobri
que o parque só tem suas atividades iniciadas às 4ªs feiras e funciona até
domingo. O que fazer? Liguei para minha madrinha de casamento, mineira, que
poderia me dar umas dicas de algum lugar onde ir e ficar esses dias. Ela me
indicou Casa Branca que por coincidência fica próximo a Inhotim. Verificamos o
trajeto no Maps, acabamos de lanchar e seguimos para lá. Após poucos
quilômetros de boas curvas, subidas e decidas chegamos à cidade. Estava vazia,
mesmo assim não foi fácil achar uma pousada. Encontramos a “Estalagem da
Villa”. Fomos recebidos por Rodrigo e Caramelo q logo se sentou em seu posto. Acertamos
o preço e fomos para nossos quartos deixar as coisas. Depois seguimos até o centro para
almoçar. O restaurante “Madeira Velha”, indicado por Rodrigo, estava fechado e
não iria abrir nem à noite. Procuramos outro, sem sucesso. Não restou opção a
não ser comprar pão e queijo para o almoço e janta. Seria um dia difícil, mas,
fazer o quê?
No quarto, após comer um dos sanduiches desci
para um reestabelecedor banho de piscina; Reinaldo fez o mesmo.
Passamos a tarde giboiando e conversando com
um simpático casal de hospedes que em uma pequena churrasqueira de alumínio
assava uns bons pedaços de carne e bebiam cervejas long-neck. Após muita
insistência bebi duas e eles insistiram mais então, resolvi ir para o quarto
descansar para não ter que ficar recusando toda hora. Estava saindo quando eles
convidaram para o churrasco que fariam à noite.
“Ok, vamos sim, obrigado, até mais.”.
Fui acordado pelo perfume da carne assando que
entrava pelas frestas da janela. Cheguei na varanda e lá estava o casal em
plena atividade bem ali embaixo... irresistível.
“Assim não dá, vocês não me deixam dormir, vou
ter que descer para ajudar a acabar com o churrasco mais cedo e eu poder dormir
novamente.”
“Kkkkk! Desce aí!”
Avisei a Reinaldo, que estava no quarto ao
lado e desci. Ele desceu minutos depois e ficamos conversando, comendo e
bebendo um pouco. Nada de exageros afinal, não havíamos contribuído com nada.
Ali ficamos papeando por bons momentos, ela se recolheu quando o assunto
enveredou para o futebol. Ficamos mais alguns minutos, a temperatura caia
rápido, ele começou a desmontar a bagunça, ajudamos e subimos para dormir.
12/09/23 - Acordamos sem pressa. Um bom café
da manhã preciosamente preparado pela simpaticíssima Dona Creusa, única
funcionária da pousada esses dias de pouco movimento. No salão outros três
simpáticos hospedes com quem conversamos um pouco e fomos até Brumadinho para
ver se conseguimos ver alguma coisa da tragédia ocorrida em 25 de janeiro de
2019. Os pouco mais de 30km da estrada são de razoável qualidade e têm um
traçado interessante, porém, o bom movimento, aliado a terra derramada pelos
caminhões da mineradora impediram ousadias. Não conseguimos ver nada de
consequência do evento a não ser uma ponte que teve seu vão central arrancado
pela força da lama. Reparem na altura dela e imaginem o horror que com certeza
foi a tragédia.
Resolvemos passar no Instituto para ver se
conseguíamos adiantar algo. E conseguimos. Não podíamos entrar, mas estava
aberto para atender a movimentação logística do local, paramos as motos na
porta e entramos a pé para nos informarmos com o guarda a postos. Bastante
atencioso, informou que às 4ªs feiras a entrada é gratuita, mas o acesso aos
carrinhos elétricos para se movimentar no local não, custa R$35,00. Ele nos
ajudou a reservar os ingressos e comprar o transporte, via site informando que
o Instituto abria às 9:30 h. A intenção era ver o que fosse possível em um dia
e voltar para Casa Branca, pernoitar e partir no dia seguinte para Ouro Preto
como programado. Pernoitar em Brumadinho não se mostrou uma boa opção. A cidade
é feia, sem atrativos e as pousadas, segundo Rodrigo, de baixa qualidade. Tudo
resolvido voltamos para Casa Branca almoçar.
Pegamos, sem querer um caminho diferente, mais
longo, limpo, pouquíssimo movimento, asfalto liso e boas curvas, muitas delas.
Conjunto que nos fez aumentar o peso da mão direita aumentando a velocidade e a
adrenalina.
Essa estrada nos deixou bem em frente ao
“Madeira Velha”, que desta vez estava aberto e cheio. Ambiente amplo e
agradável, comida típica mineira de excelente qualidade e barata, mas aquém em
relação a “Casa de Concessa”. Sem problemas. Mais porquinho, mais torresminho
pururuca, mais couve, arroz, feijão, aipim e, agora sim, por estarmos muito perto
da pousada, uma muito bem vinda cervejinha gelada...
Na saída, decidi ir sem capacete por ser muito
perto da pousada e não havia visto polícia até então. Rodei uns 300 metros e
logo eles aparecem, Lei de Murphy. Pedem para eu parar e lógico, questionam
sobre o capacete. Dei uma de João sem braço:
“Acabei de sair do restaurante distraído. Tá
aqui atrás no baú. Vou pegar.”
Eles foram embora antes de eu colocar o
capacete. Foi aí que vi que estava no caminho errado. Fiz o retorno e em
minutos os avistei no estacionamento do “Madeira Velha”. Mostrei que estava com
o capacete, eles fizeram sinal de positivo e segui para pousada.
Havia combinado com Reinaldo passar no mercado
e comprar carne para repor o pouco que comemos e o muito que planejávamos comer
mais tarde, com o casal de mineiros. A picanha bovina estava com preço
impeditivo (faz o “L”) então, comprei uma peça de picanha suína e um pacote de
linguiça toscana.
Chegamos e o casal de mineiros estava lá, mais
uma vez comendo um churrasquinho e bebendo cerveja à beira da piscina.
Entreguei as carnes, ficamos um pouco, bebi uma cerveja, batemos um papo, um
mergulho na piscina e subimos para descansar a fim de estarmos inteiros para o churrasco à
noite.
E o convite não veio...
13/09/23 – Acordamos cedo, café da manhã da
Dona Creusa e partimos para estar no máximo as 9:30 h na porta do Instituto,
como planejado.
O estacionamento já estava cheio. Paramos as
motos, pegamos as pulseiras na cor azul, que “autorizam” aos carrinhos
elétricos, pegamos o mapa do parque e seguimos para a enorme fila de pessoas
que aguardavam a liberação de acesso. Havia todo tipo de gente, desde uma turba
de estudantes de vários colégios, hipongas, famílias diversas e viajantes como
nós. Dada a largada com exceção dos estudantes o resto iniciou, cada grupo, o
seu destino.
Segundo o folder, são 147 hectares, com 7
jardins temáticos, 4.500 espécies botânicas, 2 restaurantes, uma hamburgueria e
uma loja de suvenires. O Instituto já recebeu mais de 3.000.000 de visitantes e
500.000 estudantes. Possui 4 lagos, diversas alamedas bem definidas de piso em
concreto ou terra batida. Por algumas delas circulam os carrinhos elétricos que
ligam os pontos definidos provendo conforto e rapidez aos que deles se
utilizam. Muitos preferem ir a pé demandando mais de um dia para conseguir ver
tudo. Dessa forma, para quem gosta e tem tempo, deve ser bastante prazeroso. As
alamedas que vemos em amarelo no mapa, não podem ser percorridas pelos carrinhos,
portanto, devem ser percorridas a pé.
O imenso parque é extremamente bem cuidado,
portanto, limpo e muito bonito. A vegetação é quase sempre semi ou totalmente
fechada o que traz ao complexo muita tranquilidade e uma grande quantidade de
sentimentos. Em torno dos lagos se revelam espaços generosos de liberdade.
Estranhei a inexistência de sons que seriam
típicos tais como, bater de asas, cânticos alados ou não e demais inerentes a
esse tipo de espaço.
Em torno de cada ponto de destino dos
carrinhos ou no percorrer das alamedas, encontram-se as atrações. Peças ao
relento ou em ambientes fechados de arquitetura impar ou ainda elementos
naturais agrupados de forma a criar peças de arte, estão espalhados por todo o
parque e com ele formam um conjunto, provavelmente, jamais visto no planeta.
Velhos e grandes troncos foram tratados e
trabalhados a fim de proporcionar descanso e momentos de contemplação ou
reflexão aos visitantes, estão espalhados por todo o parque e completam o maravilhoso
contexto.
Arte de todo gosto para todos os gostos, confesso
que eu e Reinaldo ficamos reticentes em alguns momentos. Mas com certeza não há
humano são que não saia de lá surpreso e com seus sentidos renovados de alguma
forma. É programa obrigatório. Quem foi sabe, quem não foi, sugiro se virar e
ir.
Voltamos para Casa Branca degustando as curvas
de um terceiro trajeto.
À noite, saímos para jantar e no caminho do
“Madeira Velha”, no centrinho da cidade passamos por um pequeno grupo de
restaurantes e bares e resolvemos testar um deles. Sentamos à mesa do mais
cheio, o “Curral Carnes e Empório”. Trata-se de um restaurante onde, além dos
pratos do menu, o cliente pode escolher o corte de carne para ser feito na hora
ou, pode comprar os temperos e o chope engarrafado ou, outra bebida que desejar
e levar para fazer e degustar em casa. O ambiente é aconchegante e tem mesas na
“varanda”. Fomos muito bem atendidos por Rosa a proprietária. Ela nos apresentou
a casa, seus vários quitutes e de todos os aparentemente deliciosos escolhemos
como entrada um item composto de um naco de torresmo pururuca aderido a carne
de barrica e outro da mesma forma só que mais profundo pois vinha acompanhado
da costela em que estava naturalmente aderido. Dos deuses!!!
Enquanto esperávamos Rodrigo chegou e o
convidamos a se juntar a nós. E a simpática proprietária do agradável
restaurante permitiu a foto do processo de cocção dos torresmos...
Para o prato principal, por sugestão de
Rodrigo, resolvemos pedir e dividir o que se mostrou uma suculenta peça de Chorizo
argentino. Estava deliciosa. Tudo regado com uma deliciosa e geladíssima
cerveja. Esqueci da cachaça... mais uma vez.
14/09/23 – Saímos com a péssima notícia de que
Carmelo havia se envenenado em uma de suas escapulidas. Já estava medicado e
convalescia em sua caminha. Iríamos direto para Ouro Preto e depois Mariana.
Foi quando Reinaldo se lembrou e disse que gostaria de ir ao Lago da Pampulha
em Belo Horizonte para conhecer o "Santuário Arquidiocesano São Francisco de
Assis", igreja projeto de Oscar Niemeyer, um sonho antigo para ele e uma
oportunidade não planejada para mim. Esse novo trajeto aumentou em
aproximadamente 35 km aos 462 previstos para essa perna. Seria mais um dia, com
aproximadamente 500 km a percorrer até Pedra Azul - ES, o destino final da
Perna. Ouro Preto e Mariana seriam apenas passagens para recordar momentos
passados. Ok, vamos nessa!
Nas proximidades da cidade o trânsito de uma
grande capital se mostrou irritante. Após momentos desagradáveis errando e
acertando caminhos, o Wase estava nos dando diversos olés, chegamos à Igreja.
Um calor insuportável e um evento de corrida da Polícia local nos fez parar as
motos sob o sol escaldante. Nos dirigimos a igreja, fizemos uma oração,
novamente agradecendo a viagem e pedindo proteção, e seguimos em frente.
A BR-35 foi o início da redenção em termos de
prazer em pilotagem. Uma pequena serra, de pista limpa, lisa e repleta de
curvas de todos os tipos. O que seriam as melhores pernas da viajem se
iniciavam. O nublar do céu e a queda gradual da temperatura foram os
ingredientes do molho que arrematava o maravilhoso “prato” que iríamos
degustar.
E em êxtase chegamos à Ouro Preto. O prazer
era tanto que, ao menos para mim, parar na cidade tornou-se secundário e
descartável.
E paramos. Enquanto abastecíamos o indesejado
sol ressurgia com certa força. Nos dirigimos em direção ao centro histórico e
pelas redondezas almoçamos em um restaurante universitário, à quilo, mais ou
menos. Seguimos para o centro histórico tiramos algumas fotos e entramos no
“Museu da Independência”, outrora sede do movimento.
A arquitetura das construções de época é
maravilhosa, lembra em muito a das construções da mesma época da Europa e está
muito bem preservada. O bem cuidado e maravilhoso acervo está muito bem
organizado em sua exposição. É composto de lindas e marcantes peças da história
da Inconfidência Mineira. Peças da forca onde morreu Tiradentes, as páginas da
sentença de sua triste e abjeta forma de condenação, vestimentas, brasões,
oratórios diversos, mobiliário e muito mais. Incontáveis peças que ilustram
nosso passado e esclarecem fatos que poucos desejam esconder. As fotos falam
por si. Outro passeio obrigatório.
Seguimos para Mariana e ao me informar sobre
onde estariam as obras de Aleijadinho, verificamos que estávamos na cidade errada, nós deveríamos estar em Congonhas, 70km dali e fora do roteiro planejado. Voltar
seria complicado, pois estávamos em cima do laço. Fica objetivo obrigatório e
incentivador para uma das próximas viagens.
Com o tempo fechando agradavelmente outra vez,
partimos com destino à Pedra Azul. A estrada se apresentou cada vez mais
sinuosa, prazerosa e emocionante. Curvas atras de curvas em asfalto liso sobre
o qual desenvolvíamos velocidades desejadas. A agradável tensão que corria nos
nervos aliada as sensações experimentadas a cada curva, aumentava em progressão
geométrica a simbiose homem/máquina. Puro prazer para quem gosta. Não devia
estar sendo diferente para Reinaldo. Foram mais de 110 km em estado de arte em
pilotagem, estava em casa e feliz.
Na altura de Rio Casca, ainda em Minas,
paramos para abastecer e como o céu iniciava seu natural processo de escurecimento,
decidimos pernoitar por ali. Nos informamos sobre onde fazê-lo e ao chegar no
hotel de beira de estrada indicado, nos surpreendemos com o tamanho e qualidade
dos espaços comuns e dos quartos. O “Hotel Morada do Sol”, teve a terceira mais
cara das diárias da viajem e coincidentemente igual a média delas, R$ 190,00.
Estávamos cansados devido as atividades do
trecho percorrido e a tensão nele acumulada. No quarto, um demorado banho em um
chuveiro de ducha forte. Olhei pela janela do box a fim de vislumbrar o que de
lá podia se ver do terreno do hotel e vi uma paisagem arborizada e muito bem
cuidada. Havia também uma extensa área de lazer com churrasqueira, bar e uma
generosa e atraente piscina. A curiosidade me fez esquecer os momentos de
descanso desejados para antes do jantar a fim de apreciar esse oásis de perto.
Passei pelo quarto de Reinaldo avisando que iria descansar em uma das
convidativas espreguiçadeiras em torno da piscina. Passei por outros amplos,
confortáveis e muito bem decorados ambientes do complexo, sim era um complexo.
Na piscina havia uma cachoeira artificial que não enxerguei da janela, o que aumentou
a vontade de um mergulho. Fiquei na vontade, estava meio frio e a preguiça
venceu. Sentei em uma das espreguiçadeiras, acendi um cigarrimdipaia e ficamos
papeando por alguns momentos.
O complexo, servia jantar, excluído da diária,
o que achamos ótimo, não queríamos sair para jantar em outro lugar. Desde o
início o atendimento estava sendo ótimo e não foi diferente no jantar. Pedimos
nossos pratos, nada de diferente e em poucos minutos a luz do complexo se foi.
Fiquei preocupado com o cozinheiro e nossa comida. Qual seria o resultado após
esse blackout? Em poucos minutos voltou e no mesmo tempo foi-se novamente.
Devia ter gerador. Parece que tinha, pois a luz voltou para ficar. Comemos muito
bem e lógico, não faltou a cervejinha gelada.
15/09/23 – Acordamos animados com o que
poderia vir pela frente apoiados que estávamos nas experiências vividas no dia
anterior. O café da manhã foi de qualidade igual as instalações do hotel. As
atendentes da vez mantiveram o excelente nível e a variedade de opções nada deixa
a desejar ao servido em muitos hotéis caros conhecidos por aí.
Montamos nas motos e partimos com destino à
Pedra Azul. Seriam pouco mais de 220 km. No início não nos decepcionamos. Foram
85 km de puro prazer. Não demorou muito para rever o degustado no dia anterior.
Mais curvas, poucas retas, subidas e descidas em
meio a exuberante vegetação verde oliva das montanhas do entorno, percorridas com
verdadeiro fascínio. O reduzido movimento nos deixava quase que sozinhos em
meio a isso tudo e quando surgia um comboio lento acontecia em ótimos pontos de
excelente visibilidade que permitiam ultrapassagens seguras e quase sempre
imediatas. Era como estar meditando em zigue-zague sobre duas rodas. O alto
nível da simbiose atingida no dia anterior estava presente. O vento que zunia
ao fundo do capacete era a sinfonia que emoldurava o cenário. A baixa
temperatura gerada devido ao escondido do sol pelas lindas e providenciais
nuvens cinza, compunham o contexto desse perfeito cenário. Tudo isso sustentado
pelos poucos milímetros dos excelentes pneus Michelin que ligavam a simbiose à
lisa pele do asfalto frio.
Para mim, o verdadeiro estado de pura arte em
pilotagem de moto. Não sei Reinaldo, mas eu havia atingido o real objetivo
principal da viagem. E tinha mais por vir...
Ouso em afirmar que viajar de moto nessas
condições deveria ser incluído no trio obrigatório de vida: “plantar uma
árvore, escrever um livro e ter filhos”.
Com certeza quem nunca andou em uma moto não
entende esse sentimento e encontra exagero inocente em minhas palavras, só
posso dizer o seguinte:
Experimente e surpreenda-se, vale o risco e
muito!
E assim foi, mesmo com as minúsculas gotas que
começaram a cair e nos fizeram reduzir, um pouco, todo esse enorme leque de
sensações.
Quando próximo ao octogésimo quinto quilômetro
percorrido, um pouco antes de Manhuaçú, ainda em Minas, começaram a aparecer as
primeiras cicatrizes abertas pelo uso, na pele da, até então, perfeita pista. Íamos
reduzindo mais a cada buraco ultrapassado e o verificar do aumento no volume de
veículos que ultrapassávamos.
Vendo o que estava por vir resolvemos parar, abastecer,
beber um café, comer um pão de queijo, mais um, baixar a adrenalina que estava
em nível alto e nos preparar para o sofrimento que vinha pela frente. A dúvida era
saber quantos quilômetros seriam nesse perrengue...
Não foi raro o “acostamento” virar pista. Foram
pouco mais de horrorosos 20 km onde o descaso da administração pública se
mostra com toda a sua incompetência. Buracos, quebra-molas e radares em
profusão aliados ao intenso movimentos de carros, ônibus e caminhões...
Quando o cenário voltou a permitir devaneios e
ousadias fizemos mais uma parada para descarregar as energias negativas
acumuladas nesse, ainda bem, pequeno, mas desgastante trecho. Só assim
poderíamos aproveitar com excelência o retorno ao estado da arte anterior. E
assim foi.
Mais do adorado mesmo em 115 km de prazeres
múltiplos até chegarmos em uma nublada Pedra Azul. Estávamos no Espírito Santo
onde inesperadamente as estradas se mostraram em alto nível de conservação e
qualidade. E dá-lhe curvas `a tangenciar em um frenético descer e subir de marchas,
acelerando na conclusão de cada uma delas. Reiniciava-se um quase eterno processo
de aquecimento das bordas dos seguros e competentes pneus.
A cidade, conhecidamente um polo gastronômico,
além de boa comida oferece os tradicionais itens de turismo natureba. Um parque
com belos lagos, cachoeiras e trilhas em número considerável que não pudemos conhecer
devido ao tempo nublado com expectativa de chuva. A previsão era o mesmo para o
dia seguinte. Isso nos fez desistir do pernoite e parar apenas para o almoço e
breve descanso.
O “Empório Del Nonni” restaurante não é um
dos vários românticos bistrôs da cidade. Procurar e escolher um deles
demandaria tempo que o clima chuvoso não permitiria perder. Entramos em um
amplo e agradável exemplar de beira de estrada cuja comida e atendimento se
mostraram plenos em qualidade. Reinaldo foi de filé e eu escolhi uma saborosa
massa ao molho de gorgonzola acompanhada de tenros filés ao ponto. Refrigerante
por obviedade.
Conversamos, descansamos um pouco e voltamos a
reiniciar o processo de reconquista do estado da arte. Lentamente as montanhas
foram saindo de cena sendo muito bem substituídas pela vegetação plana e densa
da geobotânica local. O cenário mudava por isso, mas os demais itens da plenitude
do dia permaneciam em todo seu esplendor.
E em estado de graça chegamos a uma cinzenta
Guarapari. Abastecemos e nos informamos sobre um bom hotel na cidade. Nos
indicaram um que estava fechado, escolher outro no GPS, chegar no local e perceber
se atenderia o mínimo de nossas expectativas seria muito cansativo. Paramos um
carro e seus ocupantes nos levaram até dois próximos afirmando serem de boa
qualidade. Apesar do primeiro aparentar ser melhor, escolhemos o segundo
afinal, por que voltar? Estávamos na Praia das Castanheiras e cansados.
O “Hotel Corona” teve a segunda diária mais cara
da viagem, R$ 253,00. Desconsiderando o preço, não é dos melhores, mas serviu
bem ao propósito. Banho e saímos para uma volta pela orla húmida devido à chuva que caia fina.
Ventava muito e o casaco foi utilizado pela primeira vez. Um giro rápido,
algumas fotos e informações sobre onde jantar. Voltamos ao hotel para um rápido
descanso.
Pedimos um motorista por aplicativo e seguimos
para a Praia do Morro. Lá chegando vimos que era ali que deveríamos ter ficado.
Por curiosidade entramos no “Hotel Quatro Estações” e Eduâmia informou que o
quarto completo com frigobar, ar-condicionado, wi-fi, televisão e demais mínimo
necessário, incluindo café da manhã, seria em torno (não lembro o exato) de R$
200,00 a diária. Saí prometendo: se voltar seria lá minha estada.
Por indicação fomos ao “Canecão, Restaurante e
Pizzaria”. Ambiente amplo bem decorado e limpo que pelo movimento pareceu ser
um dos points da cidade. Reinaldo pediu um Risoto de Camarão e eu me empolguei
com a imagem do “Camarão com Fritas” no cardápio. Estava em Guarapari. Não era
um prato e sim um petisco. Apesar de parecer estranho, comer camarão empanado
com batatas fritas, arrisquei e não me decepcionei. São 400g do primeiro item e
300g do segundo, com molho tártaro, limão e claro, um bom chope gelado. Eu
gostei muito.
16/09/23 – Café honesto no terraço do hotel
com uma vista deslumbrante.
Procedimentos de saída cumpridos e
seguimos para Tiradentes tendo como início da perna a passagem pela popular
Rota do Sol, no lindo litoral capixaba. O tímido sol nos acompanhou por boa
parte da perna. Em Itaipava, pegamos à direita em direção à BR-101 e por ela
seguimos até a entrada para Itaperuna, RJ. Nosso nível de exigência estava alto
devido aos últimos dias, seria preciso muito prazer para satisfazê-lo e a
BR-101, que eu imaginava deficiente sob os exigentes critérios recém
alimentados, me surpreendeu bastante. E mesmo em pista dupla o trajeto
continuou nos oferecendo prazeres similares aos dos dias anteriores, asfalto
limpo, liso, muitas e variadas curvas e demais inerentes ao estado de arte.
Foram aproximadamente 131 km de excelentes
momentos até entramos à direita no acesso à Itaperuna. O que para minha
previsão seria um trecho preocupante, devido ao possível estado ruim da estrada,
surpreendentemente se revelou bastante similar ao percorrido nos últimos
dias. Estávamos novamente em pista dupla.
Com exceção do calor, pois agora o sol estava se exibindo em sua quase
totalidade tudo o mais estava como desejado. Em todos os sentidos a ES-297,
depois a BR-484, a BR-356, BR-116, a BR-120, e a BR-265 atenderam a todas as
expectativas no que se refere a velocidade, segurança e demais desejados para
esse tipo de pista. Não foi raro eu me pegar, na solidão do capacete
agradecendo aos momentos e pedindo que durassem até a BR-040 que conheço muito
bem e procuro inserir no planejamento do final das minhas viagens para
encerra-las com chave de ouro.
Em Itaperuna paramos para um lanche que
consumimos com prazer. O simplório queijo quente no pão francês se derretia a
cada mordida e o refrigerante dava o toque de saudades da infância longínqua.
Alguns minutos de descanso, motos abastecidas seguimos mais ainda para o
interior. Muriaé, Santana do Cataguases, Cataguases, Astolfo Dutra, Rio Pomba,
Barbacena e Tiradentes, o final desta penúltima perna, mantiveram o nível de
emoções que não esperava. Mas entre, se não me engano, Cataguases e Rio Pomba
sofremos um pouco devido a queda brusca da qualidade da estrada. Muitos buracos
em aproximadamente 30 km foi a tônica desgastante, o que nos fez parar outra
vez para beber água gelada, abastecer e descansar. Ali um grupo de jovens nos
deu a informação preocupante de que o trecho se estenderia por muitos
quilômetros, entretanto, felizmente não foi assim e logo em seguida voltamos ao
normal dos últimos dias. O calor nos castigava nesse fatídico trecho e a pista
única da BR-265 fechou a perna até Tiradentes, MG.
Em Tiradentes paramos no “Museu da Moto” para
informações e após muitas consultas, incluindo ligação para um grande amigo
motociclista do Rio frequentador assíduo da cidade, Reinaldo descobriu a
excelente pousada “Bárbara Bella” de muito bom gosto e custo baixo em
comparação as demais da cidade. A diária de R$318,00 contemplava tudo o que há
de bom em termos de conforto. A água da piscina estava ótima, a sauna quente, a cerveja gelada,
o banho quente e forte, o ar-condicionado funcionando a contento, a cama
aconchegante e o café da manhã de extrema qualidade.
Para quem não conhece, Tiradentes é uma cidade
típica do interior com bela arquitetura no estilo colonial. Mais um polo
gastronômico com vasto comércio de artesanato e afins. Cercada de natureza
impar é tranquila e constantemente cheia de turistas; especialmente
motociclistas que tem como destino o famoso evento anual específico da cidade que
fica repleta de motos, seus pilotos ou outros que se deliciam com as atividades
correlatas.
Jantamos no “Pandoro Restaurante e Pizzaria”,
uma pizza maravilhosa, estava com saudades. Estávamos no fim da viagem e
naturalmente cansados. Eu voltei para o hotel e Reinaldo foi tirar umas fotos
da cidade.
17/09/23 – O café da manhã estava repleto de guloseimas
e exagerei no consumo. Um bom papo com alguns hospedes e voltamos para o “Museu
da Moto”, agora sim, para conhece-lo.
Máquinas de todo tipo, idade e valor
histórico. Uma Explanação dos detalhes dessa história, algumas fotos, boa conversa
e partimos em direção a Itaipava onde, no bastante conhecido “Casa do Alemão”, encontraríamos
Maurício um antigo amigo que há muito não via e agora motociclista como nós.
A BR-040 já foi muito bem descrita nos textos
de outras viagens, mas agora tem um vergonhoso agravante: o último pedágio, no
sentido BH – Rio, teve seu preço absurdamente dobrado, com certeza por ser o
trecho de maior movimento. Se fossemos um país sério isso não aconteceria,
mas...
Os 55 km da BR-265 foram o aperitivo para a
querida e desejada BR-040. Como esta proporcionou bons minutos de tudo o que um
bom motociclista deseja e já foi citado neste e em outros de meus textos.
Enjoativo repetir para vocês, mas extremamente prazeroso para os amantes das
duas rodas. Foram mais de 270 km até chegar em casa, onde a BR-040, o prato
principal de término de minhas viagens, torna-se o ápice de todas elas. Some
tudo o que escrevi nas partes boas em que me refiro a estradas e repita nesse
trecho, mas faça-o sem parcimônia e assim poderá ter um mínimo da ideia do que
é percorre-la.
Chegamos ao fim desta que com certeza não será
a última. Ainda tenho alguns bons anos de energia e vontade para novas
aventuras. Estou começando a pensar na próxima, a aposentadoria permite isso, quem
sabe para o Nordeste. Tenho família lá, conheço bem algumas de suas praias e preciso conhecer novas...
Quem sabe?
Até lá.
PS.: Em 21/09/23, Rodrigo, de Casa Branca,
informou por WhatsApp que Caramelo já está bem, fazendo das suas.
INFORMAÇÕES BÁSICAS
- Dias de viagem (04/09 à 17/09/2023) - 14
dias
- Quilômetros percorridos - 4.143 Km
- Combustível (gasolina comum) - R$ 1.477,43
- Pedágio - R$ 78,75
- Hospedagem - R$
2.275,30
- Alimentação (comida e bebidas) - R$ 1.795,32
- Turismo (Passeios, estacionamentos etc.) - R$ 470,99
- TOTAL - R$
6.097,19
-
TOTAL PREVISTO - R$
7.222,00
REFERÊNCIAS – AS BOAS
- Delfinópolis - “JP Hotel” - Henrique - 035-9-9994-7706
- Delfinópolis - “Bar e Restaurante do Baiano”
– Cachoeira do Ouro - -20.31045 / -46.76437
- Delfinópolis - “Bar do Magueta - -20.34326 /
-46.85010
- Araguaí - “Home Burger” - Av. Minas Gerais,
1495 - Loja 2 - Centro, Araguari - MG)
- Araguarí – “Big Executive” – big-executive.minas-gerais-hotels.com
- Goiânia – “Junior Restaurante” - 5ª Av., 804
- St. Leste Vila Nova, Goiânia – GO.
- Goiânia - “Piquiras Famboyant“ - Shopping
Famboyant
- Brasília - “Manuelzinho Restaurante” - SHCS
CLS 404 Bloco A loja 33 - Asa Sul, Brasília – DF.
- Brasília - “Mangai do Lago” – SCE Sul, s/n -
Lote 2, Asa Sul, Brasília - DF
- Paracatú - “Casa de Concesa”
-@alojacasadeconcessa
- Três Marias – “Três Marias Hotel” - Praça
Castelo Branco, 01 - Centro, Três Marias - MG
- Três Marias – “Grande Lago Restaurante” - Avenida
Beira Lago, s/n - Cemig, Três Marias - MG
- Três Marias – “Pop Pizzas” - R. Pres. John
Kennedy, 164, 2º andar - Centro, Três Marias – MG
- Belo Hoprizonte - “Pic Nic Posto de
Combustível” - -19.99126 / -43.96382
- Casa Branca - “Estalagem da Villa” - 31-9-9594-3419
– Rodrigo - -20.09019 / -44.04595
- Casa Branca - “Restaurante e Pizzaria Madeira
Velha” - -20.10179 / -44.05145
- Casa Branca - “Curral Carnes e Empório” -
-20.09438 / -44.04628
- Rio Casca - “Hotel Morada do Sol - -20.22628
/ -42.64150
- Pedra Azul – “Empório Del Nonni”- -20.37996
/ -41.02684
- Guarapari - “Hotel Corona” - só no sufoco - Av. Des.
Lourival de Almeida, 312 - Centro
- Guarapari - “Hotel Quatro Estações” - Av.
Beira Mar, 1234, Praia do Morro
- Guarapari - “Canecão, Restaurante e
Pizzaria” - Av. Praiana - Praia do Morro
- Tiradentes - “Museu da Moto” – -21.11792 /
-44.16880
- Tiradentes - “Bárbara Bella” – -21.11798 /
-44.16809
- Tiradentes - “Pandoro Restaurante e
Pizzaria” - R. dos Inconfidentes, 488