Antes de qualquer coisa é preciso
dizer aos idiotas de plantão que não sou a favor nem contra qualquer religião,
raça, etc. Tenho a minha e respeito as demais sem restrições.
Entendo que a terra é grande e
rica o suficiente para caber todos em harmonia e que qualquer atitude violenta
nada mais é do que a incapacidade dos fracos em se comunicar e ceder para um
bem maior.
Sei que isso beira a utopia,
porém mais pela incapacidade acima do que pelo conceito em si.
É preciso entender um velho ditado
que diz:
“A liberdade de um termina quando
começa a do outro.”
Ou seja, respeito é bom e todo
mundo gosta. Até você! Certo?
Mas e você? Respeita os outros?
Tem certeza? Pense bem...
No trânsito, no trabalho, no
futebol, nas filas, nas cartas, na vida pessoal...
Com certeza não!
Desde pequeno aprendi a duras
penas que não devo mexer com quem de alguma maneira pode me prejudicar. Ainda
mais se essa pessoa é mais forte e possui conceitos e um passado de ações não
muito coerentes em relação as minhas ideias. Esse princípio foi um dos que
nortearam minhas escolhas pelos caminhos que segui. Não que tenha baixado a
cabeça aos valentões, chefes e autoridades em geral, mas nunca os enfrentei
atiçando o que era mais forte neles, a ignorância ou violência. Minhas armas
sempre foram a conversa na tentativa de mostrar caminhos menos belicosos e mais
producentes.
Claro que não tive sucesso em
todas as empreitadas, mas ainda estou aqui.
Esse é um assunto bastante
polêmico sendo assim é oportuno deixar claro que neste texto, que parece vai
ser longo, não pretendo achar culpados ou defender causas. Não desejo ofender nem
defender ninguém, muito menos aqueles que se julgam donos da verdade e imunes as
regras nos atos em sua defesa.
Se entre Cristãos, Judeus,
Mulçumanos, Espiritas, ou outra religião há os que se julgam prejudicados
lembro que a história tem no mínimo três versões, uma de cada lado e a
verdadeira, e a que prevalece é a escrita pelo vencedor da contenda.
Isso posto e estando bem claro,
passo a tecer mal traçadas linhas sobre o tema principal.
Só um idiota não vê que o mundo
está em crise, ecológica, social, de caráter, econômica, energética e religiosa.
A humanidade se multiplica como ratos e faltam cada vez mais recursos para a
sua subsistência. Para piorar cresce a belicosidade entre povos que exigem
respeito a seus conceitos, mas não respeitam os dos demais. A necessidade em
manter reservas e território faz dos que os obtém a força, inimigos poderosos a
serem combatidos a qualquer custo. Aos belicamente fracos resta lutar como podem
utilizando artimanhas consideradas nada nobres; o terror.
Diante deles os poderosos sofrem
perdas enormes e tentam retalhar em ações de grande estardalhaço, mas pouca eficácia.
Criou-se um Moto Contínuo
alimentado única e exclusivamente por vidas, onde a busca pelo poder alimenta e
enriquece a indústria de armas, o comércio legal ou não que as vendem sem
distinção e os agentes funerários.
Esse Moto Contínuo roda faz
séculos e mesmo o constante surgimento de seres elevados, os chamados profetas
e seus iguais, não consegue fazer com que se enxergue o óbvio e ululante.
A cegueira nos faz esquecer que a
Terra é redonda e que por isso, independente de credo, cor ou time de futebol,
somos interdependentes de ações cujos resultados determinarão nosso futuro. E ela
reclama como pode de nossas atitudes através de tragédias que se multiplicam ao
seu redor. Mas continuamos cegos pelo poder e para obtê-lo nos tornamos cada
vez mais imbecis ao esgotarmos nossos recursos diminuindo em muito a
possibilidade de sobrevivência das gerações futuras; a humanidade!
Periodicamente esse Moto Contínuo
produz atos considerados absurdos e desproporcionais. O último ocorreu na
França e ainda está vivo em nossas lembranças, mesmo nós brasileiros tradicionalmente
de pouca memória.
Grande parte do mundo se
solidarizou com a dor da perda de alguns cartunistas que sob a bandeira da
liberdade de expressão resolveram brincar com a imagem do maior símbolo dos
Mulçumanos. Ultrapassaram os limites do bom senso naquilo que se tornou uma das
maiores ofensas àquela religião, e quando o fizeram, muitos riram junto.
Passeatas se espalharam pelo
mundo e muitos aqui em terras tupiniquins aderiram as homenagens exibindo
orgulhosos um cartaz preto com letras brancas:
“Je Suis Charlie!”
Até inocentes recém chegados, sem
a menor noção de como o mundo, fora do Face book, em que acabam de aportar é
injusto e cruel, foram envolvidos.
Os ditos civilizados esqueceram-se
de que mesmo protegidos pela liberdade de expressão há que se ter respeito pelo
próximo, mesmo que este não esteja tão próximo em seus conceitos. Esqueceram-se
que mesmo protegidos pela distância e pelo poderio bélico dos aliados há entre
os Mulçumanos os capazes de tudo para defender seus dogmas, portanto, não
estariam a salvo de uma retaliação.
A história está repleta de
exemplos de que ultrapassar limites tênues sem motivo não é coragem e sim
burrice.
Aqui, comprovando nossa curta
memória, esqueceram-se do pastor evangélico que chutou uma imagem de Nossa
Senhora em um de seus cultos. Na época a comunidade católica e membros de outras
religiões se mostraram horrorizados.
A falta de noção que impera e
cada vez mais se torna inerente a nós “brasileiros” a berrar o Hino nas arenas, faz achar graça em sacanear Maomé, mas chutar a Santa não pode.
Mas os franceses do jornal e seus
pares não estavam satisfeitos. Tinham que aumentar a cagada e na edição
seguinte do Jornal o que apresentaram na primeira página?
Nova charge ao Profeta.
Não poderiam apenas fazer
circular o jornal? Não bastou perderem vidas diretamente? Têm que colocar todo
o resto da França e seus aliados em risco por conta de algo nada edificante ou
efetivo?
E como o mundo é redondo, o outro
lado que já estava irritado com a primeira saiu às ruas em defesa de seu
Profeta. Também têm direito certo? Ou o direito a liberdade de expressão é só
nosso?
Sabemos que muitos são passionais
capazes de atos extremos e queimar bandeiras das nações ditas civilizadas foi
pouco.
Aí o mundo dito civilizado
reclamou! Hehehe! Só rindo.
Quer dizer que sacanear o Profeta
pode, mas queimar a bandeira da França, da Inglaterra ou dos Estados Unidos é
desrespeito.
Sabemos o que pode vir por aí. Só
idiotas não veem que este não é o caminho.
Quantas charges incitando o ódio
de extremistas ainda serão necessárias para enfim começarmos a agir de maneira
inteligente?
Estamos no terceiro milênio de
contendas onde nenhum lado saiu realmente vitorioso. As incontáveis perdas
humanas são a certeza de que só há derrotados.
Não é possível que sejamos tão
ignorantes que não vemos o que está claríssimo a nossa frente;
“Como estamos fazendo não está
dando certo PORRA!”
Será que somos tão ignorantes que
não conseguimos achar outra maneira mais eficaz e menos contundente para resolver nossos problemas?
Hoje temos mais uma oportunidade,
os Cristãos têm um novo Papa, um líder de união que junto com outros tão
inteligentes quanto, podem nos guiar para tempos melhores.
É preciso respeitar os conceitos
e ceder não importa a origem dos problemas, muitos vêm de mais de dois mil
anos. Não podemos esquecer que vivemos no mesmo planeta de espaço e recursos
finitos e que os estamos gastando com idiotices.
JE SUIS LE MOUNDE EM PAIX!