quarta-feira, 31 de outubro de 2012

LEGALISE?

Prezados,

Inicialmente quero acordar com vocês que o texto a seguir não será feito com fins lucrativos, elucidativos, apelativos ou outro “...tivos” que passem pela cachola de vocês. Muito menos estarei fazendo apologia, reprimindo nada ou julgando alguém. Entendo que vocês são todos adultos, cientes de suas responsabilidades, defeitos, vontades, consciência e demais orientados por isso que têm dentro de suas cachimônias. E que exatamente por isso não vão se deixar levar por minhas palavras, como se deixam levar pelas dos políticos, sem antes perder ao menos segundos pensando no seu significado.

Há tempos que tenho vontade de escrever sobre o assunto, porém, o receio de ser mal interpretado sempre me fez pensar duas vezes antes de registrar as primeiras palavras.

Entretanto elas, com pouca frequência, costumam visitar meus pensamentos. Hora em forma de apoio hora em de desagrado.

E vinha vivendo sem me preocupar em concatenar tais pensamentos em um texto.

Mas ao receber a revista desta semana me deparei com a capa ilustrando o assunto.

“MACONHA AS NOVAS DESCOBERTAS DA MEDICINA CORTAM O BARATO DE QUEM ACHA QUE ELA NÃO FAZ MAL”

Primeiro me espantou a falta de pontos, vírgulas, ou outro sinal ortográfico. Não sou nenhum expert, meus textos são uma prova de que não é raro cometer assassinatos gramaticais e/ou ortográficos. Também não sei se é regra o título de capa ou reportagem ser um amontoado de palavras cujo sentido será dado pelo humor do leitor. Talvez seja uma forma de o signatário do texto tirar o dele da reta em caso de confusão. Próprio da imprensa nacional.

Moda no Brasil de hoje.

Eles se esquecem que podem ser considerados de presos políticos. Hehehe!

Mas também pode ser um erro técnico como vários que vemos quando lemos muitos destes “proficionais” cuspidos pelas universidades de esquina.

Pensei:

“Vou deixar sobre a mesa de meu filho para ver o que acontece.”

Tenho, com meu casal de filhos, conversas abertas, francas, sem rodeios e sempre sinceras.

“Quando não sei digo que não sei e pronto.”

“Certo meu incorruptibilíssimo e virtuosíssimo guru?”

E por isso aprendi muitas coisas com eles.

Esse relacionamento se dá desde que eles começaram a se sentir gente e sempre utilizei palavras claras sem duplo significado, da forma mais simples possível. Nunca houve distinção de palavras por estar falando com ele ou com ela.

Não sou o amiguinho, permaneço e preservo minha posição de pai apesar da descontração de nossas conversas.

Confesso no início, em certos momentos, era muito difícil, mas superei e tenho meus momentos de glória.

Orgulho-me disso. Eles também.

Quando preciso bati, não tanto como apanhei. Apanhei muito. De cinto, chinelo e mão mesmo. Das que me lembro, não há dúvidas que todas foram merecidas e não sou nenhum recalcado por causa delas. Não tenho dúvidas que as mãos de minha mãe, nuas e cruas ou não, aliadas as inúmeras broncas, foram importantes na formação de meu caráter.

Obrigado mãe. Você foi uma Heroína por não ter desistido de mim.

Claro que ela teve a ajuda da seriedade e sisudez de meu hoje falecido pai.

Ele não precisava bater, apenas olhar.

Obrigado a você também, pai.

À tarde recebi um torpedo:

“Você leu ou só colocou na minha mesa?”

“Não li, ainda.”

“Eu já li. Depois você me fala o que achou.”

Ele chegou logo depois de eu voltar do passeio vespertino de @Boris Stafford e foi para a faculdade.

A leitura da matéria foi a gota d’água a me fazer tecer essas linhas.

Em tempos de apologia ao homossexualismo, de representantes dos direitos humanos se pronunciando escancaradamente a favor de bandidos, de criação de cotas em favor de minorias, de validade de Bolsas Auxílio, e outras ações populistas; nossa nobre jornalista mostra em seus primeiros parágrafos toda sua tendenciosidade.

Os caras estão se esforçando para afundar o país. Vão acabar conseguindo.

Talvez uma jovem e inebriada profissional que se esquece de umas das principais e básicas regras de uma polêmica:

“Todas discussões têm três versões; uma de cada lado e a verdadeira.”

E continua seu texto afirmando que o uso da cannabis é extremamente prejudicial a saúde do usuário que usufrui do produto apenas uma vez por semana. Mais que o álcool ou cigarro. E cita “um dos mais respeitados psiquiatras, estudiosos do assunto” Palavras dela:

“(...) Ninguém sai em passeata defendendo o alcoolismo ou o tabagismo.”

“Mas é claro ô cara pálida, ambos são liberados, vai se fazer passeata por que?”

Essas coisas me preocupam. São essas pessoas as nossas (suas) referências?

Mas ele se recupera ao afirmar que a liberação da erva não acabaria com o tráfico e seus crimes, pois não se trafica apenas maconha.

FATO!

Mas ele tropeça novamente ao insistir em afirmar que a maconha faz mal a saúde.

Com isso a repórter inicia a parte técnica da reportagem.

Cita entre treze reputadas instituições de pesquisa duas: Uma dos EUA e outra da Nova Zelândia.

As pesquisas têm como base um rol de 1000 jovens que foram monitorados pro 25 anos iniciando aos 13. Foram divididos em dois grupos, os que apreciavam a Maldita e os que não e conclui:

“Ficou evidente o dano à saúde dos adolescentes usuários da maconha que mantiveram o hábito até a idade adulta.”

E relaciona os números de cada teste feito e ilustra com um lindo e aterrorizante gráfico de fundo preto.

Não consegui terminar, juro que tentei.

Talvez por ser de uma geração que aproximadamente 100% ao menos provou da coisa e destes alguns que mantiveram um contato mais longo, permanecem normais. São licitamente bem sucedidas e que ainda usufruem da maconha em determinados momentos da vida.

Entretanto, mesmo sem chegar ao fim da reportagem, não posso negar que a erva trás malefícios à saúde. Mas ficaram algumas questões:

1 – Ainda não é normal iniciar-se em certos vícios, sejam eles quais forem em tão tenra idade. Certo? A não ser que seja uma exceção ou jovens provenientes de classes socioeconomicamente inferiores, nem todos, que infelizmente são fruto do meio em que vivem.

Que sociedade seríamos se assim não fosse?

2 – Pelo que consta, é ilegal o consumo ou incentivo de drogas, sejam elas quais forem. Bebidas e cigarros só são permitidos após os 18 anos, remédios são fiscalizados e os mais prejudiciais são marcados com tarjas pretas e vendidos apenas com autorização especial. Certo?

3 – O consumo exagerado de qualquer coisa, seja açúcar, gordura, arroz, feijão, abacate, álcool, cigarros, churrasco, macarrão, drogas, etc. não trará efeitos indesejados ao organismo?

4 – Se a venda de bebidas alcoólicas é proibida à menores, o consumo indevido de remédios é ilegal e o uso de drogas é ilícito, onde essas instituições arrumaram 500 crianças de 13 anos para iniciar suas pesquisas?

5 – Como fizeram para mantê-las fumando maconha por ao menos 5 anos quando se tornaram aptos a decidir se queriam consumir ou não a droga? Como fizeram nos 20 anos seguintes?

6 – Será que alguns ou todos não se tornaram viciados justamente devido a essa pesquisa?


7 – Iniciando-se no consumo tão cedo, as consequências não são as mesmas, ou pelo menos drásticas, independente de se está consumindo droga, álcool ou remédios?

Resumindo, uma revista dita conceituada publica essa reportagem tendenciosa e mal embasada e ninguém vai ser preso?

Isso pode Arnaldo?

É verdade que somos apenas 6% da população, capaz de discernir, mas somos nós esses 6%, os quase 100% dos leitores desta joça.

Temos sim que respeitar os valores da família e com isso mantermos algum respeito no convívio social, mas não podemos nos deixar levar por essas pessoas que nos julgam sem capacidade e idoneidade para pensar.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

3º CAPÍTULO - O CASAMENTO





Dezessete anos, esse era o tempo que estavam juntos.

Conheceram-se no interior. Ele um medíocre estudante de direito. Notas médias eram constantes em seu currículo. Baixo, seu um metro e setenta de altura não permitia que ele jogasse basquete, seu esporte favorito, mas o corpo atlético e suas tiradas bem humoradas o fazia conhecido por todos.

Mas era tímido com as mulheres. As conhecia muito bem. Suas teorias eram comprovadas por seus amigos mais desinibidos e isso o tornava querido entre os rapazes.

Sorrateiramente namorou poucas, mas com elas chegou onde nenhum de seus amigos imaginaria chegar naquela época. Era discreto e elas gostavam disso.

Ela, moça prendada havia sido educada pela mãe para casar. Seu pai era um fazendeiro mal sucedido daqueles que não permitiam liberdades às mulheres.

Passara a infância tolhida pelos desejos do pai e carinhos da mãe superprotetora. Filha única, seu parto complicado foi o que impossibilitou a vinda de novos irmãos. Isso aumentou a pressão que recebia de seu pai que ignorante, culpava-a constantemente.

Era uma viagem de férias. Ele a avistou de relance quando pedia informação em uma mercearia e ela entrou iluminando o recinto com sua beleza.

Loura, Cabelos longos presos em coque cujos fios soltos bailavam ao sabor da brisa sobre seu pescoço. Olhos verdes, um metro e sessenta e seis aproximadamente. Pele clara e a roupa escura e discreta deixava transparecer o belo desenho de seu corpo.

Empinou o peito, ajeitou o topete e com a voz grave cumprimentou:

- Boa tarde.

Ela balançou a cabeça como se respondendo positivamente. Em seguida a baixou em definitivo. O sorriso que ele não viu teria sido suficiente para ele insistir na conversa.

Pegou suas compras e saiu da mesma forma como entrou. Calada.

Durante os dois dias em que esteve na cidade não mais a viu.

Tornou-se conhecido devido a sua bela BMW preta que o levava de cidade a cidade na viagem sem fim. Viveu as delícias da noite da cidade como ninguém. Divertiu-se com outras e partiu.


A solidão da viagem lhe era agradável. Tinha o espírito aventureiro, estar livre sem ter de dar satisfações a terceiros e poder decidir seu destino era como alimento para seu corpo doído pelas estradas esburacadas.

Estava nelas fazia quinze dias e as experiências vividas e sofridas seriam muitas vezes norte para as decisões de sua vida futura.

Mas já não conseguia tirá-la de seus pensamentos. O desejo de tê-la nos braços tornava-se cada vez mais preponderante. Seus pensamentos se confundiam com sonhos e vice versa.

Após se questionar diversas vezes, decidiu voltar. Foram três dias percorrendo caminhos dessa vez conhecidos.

Chegou à tardinha e dirigiu-se a mercearia onde a conhecera. Estava fechada. O prefeito havia decretado luto municipal de três dias devido a morte do juiz da cidade.

Não sabia como fazer para encontrá-la. Era uma cidade pequena, mas mesmo assim não conseguia acha-la em suas andanças.

A busca aumentava seu desejo e tê-la tornara-se questão de honra.

Na segunda noite, no balcão do bar mais movimentado da cidade, esbarrou com o jovem que havia lhe atendido na mercearia.

Se apresentou tomaram vários tragos e fumaram alguns cigarros. Pareciam amigos de longa data, mas eram apenas conhecidos. Porém, tinham interesses e esses interesses os aproximavam.

Lá pelas tantas, perguntou pela garota e seu novo amigo fechou a cara por segundos, antes de contar o motivo.

Falou da família da moça, principalmente do pai que era um senhor que a vida, desprovida de sorte, havia transformado em um mal educado cujo único tesouro era a filha que amaldiçoava pela ausência de um varão.

Calou um curto tempo enquanto confirmava que aquele forasteiro seria a sua salvação. Precisava falar com Adelaide.

E continuou a narrativa das mazelas em que a desejada vivia.

Conseguiu o endereço e após novos tragos e cigarros se despediram com um forte abraço.

Moisés, o balconista, seguiu até a Travessa dos Imigrantes e sorrateiramente, sob uma janela azul escura da casa branca assobiou como coruja.

A janela se abriu vagarosamente mostrando uma linda moça que o ajudou a subir.

A manhã se aproximava. O sol se mostrava tímido entre as espessas nuvens. Os galos anunciavam as cinco horas e os agricultores e pecuaristas iniciavam suas tarefas como todas as manhãs.

Os campos estavam mais verdes pela humidade da noite. O rio que corta a cidade estava reluzente, mesmo com a timidez do sol.

A cidadezinha começava seu dia entrando no seu tradicional ritmo lento, mas constante. Ao som das rodas das carroças, cascos dos cavalos e mulas.


O viajante despertou de mais um de seus sonhos, dessa vez, vivido sob lençóis de algodão macios e cheirosos da pensão onde estava hospedado. Vestiu uma roupa simples e desceu para o desjejum.

Sentou-se à mesa mais próxima da janela por onde poucos e fracos raios de sol tentavam aquecer o ambiente. Saboreou os pães, frios e suco feito de laranjas frescas. Após bebeu um café puro, sem açúcar.

Voltou para o quarto, apoiou-se no parapeito da janela, acendeu um cigarro e lá ficou apreciando a vista da parte baixa da cidade.

Foram aproximadamente vinte e cinco minutos em devaneios. Apagou o pouco que restava do cigarro e voltou-se para dentro.

Fez a barba, escovou os dentes e banhou-se tranquilamente com água morna. Secou-se e vestiu sua melhor roupa. Perfumou-se.

Cumprimentou o atendente ao passar pela pequena recepção. Este devolveu o sorriso com simpatia da boca com poucos dentes de onde pendia um toco de cigarro de palha.

Passou pela mercearia, comprou uma caixa de charutos e o que mais se parecia com um buquê de flores, montou em sua reluzente moto e partiu.

Descobriu o motivo da dificuldade em encontra-la ao sair dos limites da cidade, mas não muito. Demorou em encontrar a Travessa dos Imigrante.

Ficou na esquina, em uma posição que poderia ver a casa de número 37 sem ser visto. Era uma casa humilde, mas bastante sólida. Estava com a pintura gasta devido as intempéries, porém percebia-se o zelo em sua conservação.

Atrás das janelas azuis tremulavam ao sabor da brisa branquíssimas cortinas de renda. Um vaso de flores descansava sobre o peitoril de cada uma das quatro janelas.


A cerca de madeira crua dava limite ao terreno assim como às galinhas que incansáveis, ciscavam o chão de terra batida enquanto tomavam conta de seus curiosos pintinhos.

A sombra de uma frondosa mangueira impedia ver muito além. Um forte e bonito vira-latas preto descansava na soleira da porta entreaberta.

Ele se aproximou a pé, havia deixado a moto distante para não incomodar com o barulho e bateu palmas assim que chegou em frente a porta.

O cachorro ergueu-se, latiu três vezes e se manteve ereto em posição de alerta.

Uma senhora de cabelos grisalhos apareceu:

- Dia!

- Bom dia minha senhora! Tudo Bem!

- Tudo. Algum problema?

O cachorro voltou a descansar.

- Não, está tudo bem. Estou procurando uma senhorita de longos cabelos louros, olhos verdes. A senhora a conhece?

- Ora seu moço, com essa descrição parece ser minha filha. O que o senhor deseja com ela.

Nesse exato momento chega o pai da moça. Ainda suando, a roupa desarrumada e suja de terra mostrava que acabara de voltar da lida. Desconfiado passa a frente da senhora e acendendo um cigarro de palha pergunta:

- O que está acontecendo aqui? Quem é esse que você está dando trela?

A mulher baixou a cabeça e sem emitir som entrou.

O viajante já esperava por isso e mantendo-se tranquilo, apesar de estar sendo encarado pelo dono da casa, ofereceu a caixa de charutos e prosseguiu:

- Não se preocupe meu senhor! Meu nome é Eduard Mood, sou estudante de Direito. Estou de férias na faculdade em viagem pelo interior do país. Na semana passada estive na cidade e quando pedia informações na mercearia uma linda donzela apareceu. Assim que bati os olhos nela, vi que era uma dama muito bem criada, em uma família, que assim como eu, respeita as tradições transmitidas pelas gerações. Ao cumprimenta-la, como era esperado, ela baixou a cabeça e saiu sem emitir som. Encantei-me profundamente, mas não a vi mais. Depois de alguns dias viajando resolvi voltar em busca de tão encantadora senhorita, que não saia de meus pensamentos. Mas mesmo fazendo buscas insanas pela cidade só consegui saber onde encontra-la ontem e a noite tornou-se muito longa, na espera do momento de conhecê-la.

O velho abrira a caixa e cheirava um dos charutos após verificar ser o de sua marca favorita ausente há anos de sua convivência devido a escassez de dinheiro para compra-los. Ele sorriu:

- Francisco Neves.

Mood respondeu com um discreto sorriso agradecendo mentalmente à Moisés pela dica.

- O que o senhor pretende se permitir que conheça minha filha?

- Senhor Francisco, o que poderia ser? Desejo cortejá-la com as melhores das intenções e se tudo der certo e se o senhor permitir, me casar e constituir uma grande e feliz família.

Francisco pensou um pouco.

- Pois bem, o senhor me parece um bom rapaz. Eu vou pensar. Volte à tardinha para conversarmos e dependendo da prosa veremos se deixo conhece-la.

Mood estava feliz, porém havia reparado que, pela maneira como falava, o senhor Francisco não era nenhum bicho do mato. Mas isso não seria problema, ele gostava de ler e viajara por muitos lugares pelo mundo; conversar com Francisco não seria problema.

A tarde se esvaia com a chegada da noite, mas ainda era possível ver as aves se dirigindo para seus ninhos assim como os homens caminhavam para suas casas após mais um dia de labuta.

Estava tenso quando foi muito bem recebido por Francisco que de banho tomado e roupas limpas parecia bem mais afável.

Ele ofereceu um dos charutos rapidamente aceito. Acenderam quase ao mesmo tempo e cada um soltou sua baforada inundando a sala com odor forte de fumo cubano.

A velha e ainda cabisbaixa mulher trouxe uma bandeja de madeira carcomida coberta por um branco pano de bordas rendadas sobre o qual descansavam duas canecas de café fervendo e uma tigela de torradas amanteigadas feitas por ela.

Cada um pegou uma caneca e iniciaram a conversa.

Foram exatos noventa e cinco minutos de prosa após a qual os dois já se sentiam amigos. Contudo, com restrições.

Francisco então se sentiu satisfeito e apresentou sua filha.

Ela estava radiante e seus olhos assim como dentes brilhavam internamente. Seu pai não precisava saber o quanto estava feliz.

Em apenas três meses eles se conheceram, se entenderam, se apaixonaram e se entregaram ao amor pela primeira e única vez antes do casamento que se realizou de forma simples e rápida devido a discreta diferença que se notava na cintura da então donzela.

Moisés estava radiante como padrinho e grande amigo dos noivos, mas por dentro havia uma ponta de tristeza, sabia que nunca iria conviver com seu primeiro filho.

Foram dez anos de amor, respeito e carinho; mesmo com a perda de seu filho que, como o parto dela, não permitiu outros.

Mas fazia sete anos que ele não estava mais gostando daquela vida.

Sua esposa tornara-se ciumenta e autoritária. A convivência não era mais a mesma devido a desconfiança que ora norteava sua relação.

Diferente dos dez primeiros anos, quando a alegria era presente e a felicidade era hóspede constante em seu lar, agora ele tinha que dar satisfações desnecessárias, pois passava quase que todo o tempo trabalhando em prol do sustento do lar e caprichos da mulher.

Isso a incomodava porque começara a achar que ele tinha outra, quando na realidade ele sempre fora fiel.

Essa desconfiança foi o elemento principal a minar tão segura e bela relação.

As investigações do assassinato mal haviam começado, mas ele estava exausto caminhava tranquilamente. Não estava com pressa de chegar em casa.

A chave girou e o som de quatro patas já eram ouvidas. Com a porta aberta ele se agachou na expectativa do impacto. Boris vinha correndo com a boca aberta, a imensa língua pendurada, o rabo sacudindo como nunca e se jogou sobre Mood mostrando sua saudade e amor incondicional.

Um carinhoso Stafordshire Bull Terrier, preto com as quatro patas brancas. No peito uma mancha também branca padrão da raça. Forte, saudável e extremamente educado resultado da excelente criação. Muito brincalhão com os humanos, principalmente com as crianças. Um excelente cão querido por todos que o conheciam.

Foram longos segundos de afagos, lambidas, arranhões, mordiscadas até que ao se levantar e com Boris ainda em seus calcanhares ele viu o bilhete em cima da mesa de jantar.

Seu sorriso se mostrava a cada palavra lida:

“Querido, Vou até a casa de meus pais e estarei de volta em três dias. Adiantei suas refeições que estão no lugar de sempre; é só colocar no fogão  para aquecer. Saudades e com amor, Adelaide.”

Ainda sorrindo pensou:

- Quem lê pensa que está tudo bem.

Seriam três dias de tranquilidade.

A comida estava deliciosa, ele nunca questionaria a capacidade de Adelaide administrar uma casa, muito menos a qualidade e sabor de sua comida. Ela realmente seria uma mulher perfeita se não fossem seus devaneios.

Com Boris ao pé da cama, Mood adormeceu ao som do rádio que tocava baixinho.


sábado, 13 de outubro de 2012

CAU, CAOS, CAÔ, CREA ou CREU?


Prezados,

Apesar de estarmos em um país democrático, eu não acho, eles entram na sua vida sem serem chamados, permanecem nela sem contribuir com nada e você é obrigado a conviver com eles por muito tempo.

Não estou falando de parentes, cunhados, amigos, cônjuges ou filhos. Se bem que muitos deles também provêm de situação semelhante. Hehehe!

Se não é deles, então de quem estou falando?

Ora meus caríssimos e escassos leitores, você deve saber que por lei, algumas profissões têm seu órgão regulador.

Os médicos têm o CRM, os engenheiros o CREA, os economistas também têm o seu, que não faço a menor ideia do nome, bem como o dos administradores, e assim por diante.

É verdade!


Você frequentou escolas, cursos e faculdade ou curso técnico que seus pais pagaram com muito sacrifício. Fora aqueles que pagaram ou ainda pagam o Crédito Educativo.

Porém, não foram só as instituições de ensino, foram também os livros, o transporte a alimentação, etc. etc. etc.

Você passa quase 30 % de sua vida assistindo aulas, lendo, estudando, fazendo testes, provas e trabalhos e sei lá mais o que. Tudo valendo nota. Notas que mediram o SEU esforço, a SUA inteligência.

NADA mais foi medido!

Após todo esse esforço, você se forma e esses órgãos surgem do nada, como entidades de origem “duvidosa” e passam a acompanha-lo pelo resto de suas vidas profissionais.

A história se repete quando falamos dos famigerados sindicatos. Outros entes “queridos” que te acompanham pelo mesmo período.


São parasitas, sanguessugas a quem você sustenta com parte significativa de SEUS vencimentos provenientes de SEU trabalho de um emprego conquistado, outra vez, apenas COM O SEU esforço.

Mas para que servem essas anopluras servem?

Os sindicatos foram criados há décadas para, em simples palavras, proteger os empregados dos patrões.

Eram épocas difíceis, pós escravidão onde alguns patrões tratavam sua mão de obra como se escravos ainda fossem. Alguns mais corajosos se uniram e criaram os Sindicatos, instituições que a muito custo, luta e morte conquistaram significativas melhorias para a classe trabalhadora.

Passado o tempo, as conquistas consolidadas e transformadas em leis essas entidades, aparentemente sem ter o que fazer, tomaram o rumo da política.

Aí a coisa pegou! E vemos isso que se espalha pelos meios de comunicação.

Greves periódicas a fim de desestabilizar a economia, a política, mensalões e sabe-se lá mais qual outro interesse.

Especializaram-se e dividiram-se em categorias como se a lei trabalhista assim o fosse.

A indústria de fazer dinheiro se dividiu, provavelmente após verificar o grande negócio que tinham em mãos, mas isso é outra história, texto para outro post.

Sob a máscara de regulamentar ou regularizar a profissão, os Conselhos fiscalizam o profissional no exercer do conhecimento adquirido em anos de estudo e sacrifício.

Em momento algum eles tiveram acesso aos seus resultados durante seu aprendizado. Em momento algum dispenderam algum centavo em prol de seus estudos. Em momento algum se preocuparam com o seu desempenho, alimentação, segurança ou saúde para que tivesse condições mínimas de absorver conhecimento.

Mesmo assim, eles adquiriram o direito de te fiscalizar. Só Deus sabe como e por que.

Com exceção de um deles (a OAB), ninguém te avalia ou avalia as instituições de ensino que te levaram ao patamar profissional em que você se encontra.

Nem proíbem que outros que não são profissionais iguais a você, de exercerem aquilo que só você e seus iguais conquistaram com muita luta.

Se não estou enganado, o caso pior acontece com os arquitetos e engenheiros que além da anuidade são obrigados a pagar uma taxa por projeto, outra por obra e vai pagando taxas e mais taxas para a mesma instituição. Enquanto projetos e construções irregulares são erguidas a torto e a direito, sem direito e sem fiscalização, pelos cantos da cidade. Inclusive trazendo risco de vida; por profissionais desqualificados e sem escrúpulos.

Nas “comunidades” então, nem se fala.


E você, o incauto, sustenta esses órgãos e eles não te trazem PORRANENHUMA em troca.

Ops! Desculpem, trazem sim! Todo o início de ano, você encontra na sua correspondência, junto com as inúmeras contas mensais e impostos diversos a tal da Anuidade do Conselho e Sindicato de sua profissão.

Eles te acham onde quer que esteja e seus boletos se escondem como ratos nos cantos de sua caixa de correio e até caixa de entrada de seu e-mail.

E você paga.

No caso dos sindicatos, em meados de agosto, há uma segunda contribuição. A tal da Contribuição Confederativa que, se você não quiser pagar, não basta não querer, você tem de escrever uma carta de próprio punho em três vias, enfrentar uma fila gigantesca para ser mal atendido ao fazer a solicitação de não pagamento.

A lei, que deveria te proteger, te coloca cara a cara com aquele que você não quer pagar. Olha que situação legal e democrática.

Mas e se você exerce seu pseudo direito de escolha e não paga?

Você está fodido. Simples assim. Hehehe!

Tá me achando um mal educado? Pelo menos você está aqui de graça e se quiser ir embora, ninguém vai te segurar.

E se achar pouco, ainda pode descer o cacete em um comentário aí embaixo, no final do texto.

E pode ter duas certezas: uma que você vai precisar me xingar muito para me fazer não publicá-lo a outra é que vou retornar. Eu sempre respondo a todos os comentários.

Sim meu caro leitor você estará fodido de verde e amarelo.

No caso da anuidade do Conselho, você estará impedido de exercer sua profissão.

"Como assim?”

Porque para ser contratado por uma empresa esta é obrigada a te pedir o comprovante de pagamento e permanece cobrando o documento a cada ano de seu contrato.

No caso da Contribuição Sindical, se você não apresentar o comprovante de pagamento, acontece a mesma coisa. No caso da tal da Contribuição Confederativa você será descontado de seu salário o correspondente a um dia de seu árduo trabalho.

Ou seja, a lei, que deveria protegê-lo de ser ludibriado e afins, te obriga a sustentar essa indústria de vagabundos tornando-o cúmplice sem direito a questionar, pois se o fizer, como eu fiz, ha poucos anos, sofre assédio moral como sofri.

No meu caso, tive que pedir demissão.

Ou seja 2, aqueles que nada contribuíram ou nada contribuem com sua vida profissional, aqueles que só te trazem problemas, aqueles a quem você sustenta; têm o direito de te impedir de trabalhar na profissão que escolheu e tanto lutou para se qualificar.

Sim, eles adquiriram esse direito. Só Deus sabe como e por que.

Eles ficam lá, sentadinhos no ar condicionado esperando o início do ano e taxas intermediárias.

Se você não paga, as empresas fazem o trabalho de cobrador e entregam tudo de bandeja para a quadrilha.

Enquanto isso, você que correu atrás para se qualificar, rala que nem um FILHO DA PUTA, durante os 365 dias do ano para se sustentar e a essa corja sem vergonha.

Muito coerente essa merda.

Você não vai me perguntar o motivo dessa raiva toda?

Eu explico.

É engraçado como as coisas vão tomando espaço na sua vida e você vai se acostumando com suas presenças, sem reparar que muitas delas são danosas a você e as vezes a seus dependentes.

Muitos te obrigam a sustenta-los e a uma conivência danosa sem que perceba tal sacanagem.

É o caso do Conselho de Arquitetura e Urbanismo o CAU.


Teve origem em uma recente dissidência do CREA, não importa o motivo, até porque eu não faço a menor ideia de qual tenha sido. Alias, faço sim, mas como não tenho provas, deixa pra lá.

Por conta dessa nova entidade eu, arquiteto, que vinha pagando religiosamente a anuidade do CREA, não tive escolha novamente, já recebi e paguei o referente a primeira cobrança anual do novo órgão.

Passados alguns meses recebi uma correspondência que me obrigava a acessar o site do Conselho para fornecer minhas informações pessoais de contato sob pena de:

“SE NÃO O FIZER, NÃO RECEBERÁ A CARTEIRA QUE TE IDENTIFICA PROFISSIONALMENTE!”

Traduzindo:

“SEU BABACA, SE VOCÊ NÃO DER SEUS DADOS NÓS VAMOS TE SACANEAR E TE IMPEDIR DE SE IDENTIFICAR PROFISSIONALMENTE PERANTE A SOCIEDADE!”

E tem de ser TODOS os dados, pois se você negar um deles, unzinho que seja, o sistema não deixa você avançar, pois é um campo de preenchimento OBRIGATÓRIO.

E estamos em um país democrático.

Seu esforço foi para a PQP! Tudo que você fez na sua vida profissional, perdeu-se em um instante. Você está profissionalmente tolhido a não ser que passe a andar com seu diploma dentro do bolso. Como ele é muito grande, perdeu o valor.

Acessei o site após árduo exercício de adivinhação, pois endereço estava errado na correspondência, e descobri que não poderia fazê-lo via “Internet Explorer” da “Microsoft” só pelo “Mozilla Firefox”.

Os caras são muito abusados! Os caras BLOQUEARAM o Bill Gates!

Tá certo que não morro de amores pelo cara, mas daí a menosprezar tudo que ele fez?

Em segundos comecei a imaginá-los em uma de suas festas regadas a “whisky” escocês:

“Ora! Quem é Bill Gates?”

Um leve sorriso escapou de minha ira.

Preenchi cada campo e a cada informação corrigida eu imaginava as inúmeras correspondências que iria receber proveniente dessas atualizações.

Panfletos, revistas especializadas, cursos, santinhos em época de eleições internas ou não, anúncios de farmácias, produtos de beleza, carros, etc. Sim porque eles dizem que as informações não serão divulgadas, mas sabemos muito bem que isso não é verdade, há sempre um vazamento.

Ao final do preenchimento fui presenteado com um questionário com aproximadamente 30 itens dos quais alguns discursivos.

Respondi a cada uma delas pacientemente puto.

Ao terminar, cliquei em “ENVIAR”.

Adivinhem...

TRAVOU A PORRATODA!

No dia seguinte fui ao sindicato. Vejam quanto trabalho.

Confesso que já vivi um pouquinho e hoje consigo enxergar algumas coisas além entre as letras fonte 12 de um texto ou palavras de funcionários educadíssimos (mal instruídos) em te atender. Principalmente quando estas vêm no gerúndio.

No alto de meus bem mais que 25 anos, bem vividos, quando me deparo com esse tipo de situação faço todos os prejulgamentos possíveis e me apresento com todas as armas que tenho.

Inicio a conversa educadamente, contendo todos os instintos animais que carrego no meu coração de “adamantium” (ver “X-Men Origins: Wolverine”) com sacrifício extremo.


Não é raro perder a razão e nesse caso peço desculpas, viro as costas e vou embora, sem conseguir o que pretendia.

Não tenho mais paciência para lidar com esse tipo de situação e a lei não permite resolver de maneira simplificada.

Azar o meu.

Sentei em uma das cadeiras da recepção aguardando o atendimento aos dois que estavam na minha frente, jogando paciência em meu “smartphone”, gosto de cartas.

Sentei, após ser chamado e descrevi o ocorrido. A simpática mocinha consultou o sistema verificando, como eu desconfiava, que nada havia sido registrado. Levantou-se me apontando um dos três ou quatro computadores á sua esquerda onde já havia outro incauto com o mesmo problema.

Sentia o sangue subir cada centímetro de meu corpo desde as profundezas de meus ancestrais das cavernas e, engolindo toda a minha ira, ainda com o resquício de educação que meus pais se esforçaram em incutir em mim, perguntei ironicamente:

“Você está querendo que eu repita tudo, novamente?”

“Senhor (sempre o senhor), o sistema não registrou sua pesquisa.”

“E eu com isso?”

“O senhor precisa responder a pesquisa para receber a sua carteira.”

Foi exatamente aí que tudo o que escrevi acima veio à tona. A consciência de que aqueles que nada contribuíram estão com a faca e o queijo na mão, prontos para acionar a guilhotina que separará seu conhecimento adquirido em anos de esforço da boa vontade deles de permití-lo exercê-lo.

“Quem são esses caras?”

Foi a pergunta que me veio como o cintilar de uma breve chama junto ao estopim da bomba atômica prestes a explodir.

Mas o estopim dessa vez era longo o suficiente para reconhecer que aquela moreninha indefesa não era o alvo.

“Desculpe, você não tem culpa, chame alguém que decida por favor.”

Não demorou um minuto e apareceu outra menina, menor. A gerente. (?).

“Senhor...”

“QUEM SÃO VOCÊS? ...”

Todos os cachorros foram soltos, um a um sem sobrar nenhum dentro do canil. Não foi dito um único palavrão e todos foram soltos obedecendo a ordem de ideias e conceitos deste texto.

O tom é que não foi nada apropriado. A ira estava em meus olhos rubros e faiscantes assim como em minha voz.

Ela tentou argumentar sem sucesso.

“Minha filha, não há argumentos perante fatos tão cristalinos. Eu sustento vocês e vocês, baseados em um questionário não respondido de minha vida, ou seja, nem técnico avaliativo ele é, vão impedir de exercer minha profissão.”

Ela permaneceu muda e imóvel. Adoro isso.

O raciocínio é simples, os fracos quando acuados agem como ratos que quando não conseguem te enfrentar cara a cara, se esgueiram pelos cantos armando traiçoeiramente contra você.

Essa corja não se dá por vencida, não quer largar o filé e fará tudo para te calar; até...

“Ok, eu não vou responder novamente ao questionário, porque não tenho a vida mansa de vocês sendo assim eu pergunto: Qual a represália? Eu vou sofrer alguma punição ou apenas não vou receber a carteirinha do clube?”

“O senhor não vai receber a carteira.”

“Gostaria disso por escrito. Por favor, mande um e-mail.”

“O senhor informe o endereço.”

Criei um endereço eletrônico para essas situações e nunca acesso.


“Enviarei em seguida.”

“Obrigado”

Agora eu pergunto:

“Você aí, leitor, recebeu alguma coisa? Por que eu estou esperando até agora.”


terça-feira, 2 de outubro de 2012

NOSSO QUINTAL



Rio de janeiro, Cidade Maravilhosa, de janeiro à janeiro ...

As coisas estão voltando ao seu devido lugar. Estou em casa, junto com filhos e cachorro.

@Boris Stafford já mostra confiança que não vou abandoná-lo como estava fazendo.

Sim, eles sentem.

Está mais solto, menos desconfiado e consequentemente, mais alegre. Minha fechadas de porta não são mais problema. Ele sabe que vou voltar em pouco tempo.

No tempo dele.

Dizem que os cães não tem noção de dias, horas, minutos, etc. eles sentem falta, mas se você voltar em dias ou em horas para eles é o mesmo tempo e eles vão te receber da mesma forma.

Alias, é por isso que eles sempre te recebem bem.

De onde se conclui que, ao contrário dos humanos, o amor dos cães não se modifica com o tempo. Muito menos tem como referência sua condição socioeconômica.

Nossa relação há muito não estava tão bem. Os passeios voltaram a ser constantes e ele não estranha mais andar de moto.


Meus filhos com os problemas naturais da arborrescência são presença constante a cada dia. São conversas, jantares, lanches, discussões, cervejas, sucos para ela, pizzas, camarões, galetos e tudo o mais que o intervalo de suas agitadas vidas permitem espaço para os pais.

Normal para quem vive em uma cidade como o Rio.

Tudo isso bem fundamentado na educação dada e estrutura da família. Nisso sou um felizardo e a mãe tem muita importância nesse resultado.

O trabalho está bastante interessante, mesmo sendo uma atividade que venho desempenhando há muito tempo e na mesma empresa. As diferenças, sempre existem diferenças, são consideráveis o que torna mais atrativo mesmo tendo que por dois dias trabalhar em instalações precárias, distantes e calorentas.

Outro ponto bom é que mesmo estando em um bairro distante e mal tratado o rango é de boa qualidade. O tempero é muito bom e a variedade de pratos é aceitável. O ruim é que são apenas dois estabelecimentos, com o tempo deve enjoar.

Ambos são “self service” sendo um, um pouco mais sofisticado, com ambiente climatizado e decoração agradável. O outro é mais simples com mesas na calçada e sem o aparelho de ar condicionado, mas seu tempero é melhor.


As viagens de moto têm sido mais longas pelo fato de a semana não estar pesando tanto quanto antes. Isso tem me dado oportunidade de conhecer novos lugares, pessoas, tipos de comida e bebida.

Outro dia bebi uma cerveja bastante honesta em Minas Gerais. Nunca tinha ouvido falar. Vejam a foto. Estava geladíssima.


Como sempre, não faço distinção de com ou sem companhia. Só, tem a vantagem de não ter que dividir decisões ou abrir mão de alguma opinião ou desejo. Com amigos, é mais animado pelo papo solto, piadas e troca de experiências.


Não posso esquecer de escrever da oportunidade de fazer parte, nem que por minutos, de cenários deslumbrantes, como esse por do sol aí em baixo. Foi na baixada de Caxias, voltando de Teresópolis.


De ruim apenas a claudicante campanha do Mais Querido nessa temporada. Entretanto, o tempo mostrará a verdade dos fatos e o Mengão “Vice Maker” vai voltar ao normal.

Já está voltando.

Muitos nos acham soberbos por estarmos sempre dizendo aos quatro ventos que somos isso, aquilo ou aquilo outro, contudo não poderia ser diferente, pois além de Mais Querido por uma imensa Nação composta de quase 45 milhões espalhados pelo mundo, somos os mais odiados pela Arco-Íris Invejosa e Mal vestida.

Ou seja, não passamos despercebidos como outros times médios frequentadores das imundas divisões inferiores do futebol brasileiro.

Nossas notícias mais comuns não são meras notas de pé de segunda página. Nossas notícias são manchetes, mesmo sendo negativas. Essas então viram escândalo com uma facilidade de dar inveja a qualquer socialite dondoca por aí.

Com isso, sustentamos essa imprensa esportiva falida e facilmente manipulável.

Enquanto que os outros, ora, como bem disse a linda poetisa:

“(...) os outros são os outros e só.”

Outra coisa ruim é que estamos em vésperas de eleições municipais e a tendência é que o cenário político de nossa cidade e adjacências não mude.

Considerem adjacências o território limitado pela nascente do Rio Moa à Ponta do Seixas e Monte Caburai ao Arroio Chuí. Esse é nosso quintal.


Passadas as eleições, com raras exceções, os mesmos estarão fazendo o mesmo, ou seja, roubando muito e realizando pouco. E agora, tempos de propaganda eleitoral, voltaram a fazer promessas que dificilmente irão cumprir.

“Não Geraldo, você está enganado agora já temos o nosso Maluf. Não é careca, não usa óculos nem tem aquela voz peculiar devido a mistura de dialetos provavelmente proveniente de sua ascendência, mas ele existe.

Tal qual dizem que faz o Maluf original, dizem que o nosso também rouba, mas faz, nas cochas mas faz.

É fantástica a semelhança de atuar.

Ele está aí, todos os dias na televisão, não só no horário político “gratuito” pedindo voto para uma provável reeleição, como também em horários nobres. Possivelmente à custa dos cofres públicos ou de uma das empreiteiras que estão fazendo as obras para a Copa de 2014 ou Olimpíadas de 2016.

Sim, aqueles eventos que muitos de vocês aprovaram vestindo a camisa comemorativa ou colocando panos nas janelas na época das suas escolhas.

Tudo certo. Agora vocês terão mais eventos para torcer, os esportivos e não necessitar que alguém de sua família precise de um hospital ou escola pública.

Bobinhos!

Enquanto isso, nós, os 6% da população que, as vezes, conseguimos diferenciar o joio do trigo e deveríamos fazer alguma coisa ficamos de mãos atadas justamente porque somos apenas 6% e esse número de votos não decide PORRANENHUMA. Fato.

Não se esqueçam que entre nós, esses 6%, também tem muito safado. Ora se tem.

Somos apenas 6% porque ao poder não interessa ter a maioria consciente, a maioria com nível escolar digno, possuidor de um teto descente provido das infraestruturas básicas, transporte de qualidade, com a saúde em dia e demais necessidades garantidas. Tudo fruto de trabalho digno e descente.

Se a maioria assim fosse não iria se deixar levar pela lábia dessa corja de governantes sem vergonha. É assim nos países civilizados do primeiro mundo e lá os bandidos, quando descobertos são presos. Lá essa cambada não se cria.

Mas somos apenas 6%.

E os outros 94% sem discernimento para ver que estão sendo ludibriados em troca de pés de sapatos, dentaduras, Bolsas Isso, Bolsas Aquilo, urbanização de áreas de risco, asfalto de baixa qualidade, UPPs, PQPs, UPAs, farta distribuição de imóveis de baixa renda e demais “Projetos” (tudo bancado por poucos que pagam muitos impostos); que não conseguem entender que têm o poder de mudar, mudar realmente.

“Mas como assim? O país não está crescendo? A economia, ao contrário do resto do mundo, não vai de vento em popa?”

Sim cara pálida é verdade e só Deus sabe qual é o lastro.

Simplificando. Entendo que a economia é um ciclo de interdependências onde o indivíduo precisa estar empregado para consumir. Em consumindo provoca aumento da produção que gera mais emprego.

Tudo certo!

Entretanto, aqui no Brasil, diferentemente de países sérios, quanto maior o consumo maior os preços. Os safados não cansam de querer mais e mais pelo mesmo.

Isso quando não diminuem a quantidade como as atuais embalagens de refrigerantes, ou o fazem consumir mais alargando as bocas de suas embalagens como fizeram com as pastas de dentes.

Somos todos espertos!

Aqui o que reduz preço é a concorrência, mas ela é “fake” devido aos inúmeros cartéis formados sob os olhos hermeticamente vendados da justiça.

Alimentando essa ciranda elíptica o governo da moda engana o povo “pseudoaumentando” sua renda com medidas paliativas.

Oferece cotas para as minorias reduzindo ainda mais sua dignidade.

E o brasileiro o que faz?

Hem?

Esperto como sempre, faz filho como coelhos. Cada filho no colo equivale a uma ou mais Bolsa Auxílio nas mãos.

E com o dinheiro ratifica sua condição de esperto e inteligente como só ele o é, compra produto pirata ou vindo do Paraguay e adjacências.

Pronto, está quebrado o ciclo econômico.

O problema se agrava porque somos um povo onde a corrupção espalha-se por todos os seguimentos socioeconômicos. E é aí que nosso lastro se perde, fica quase tudo nos bolsos dos ladrões.

Nossa sorte é que o país é maravilhoso, como bem disse nosso John Walker, Pero Vaz de caminha:

“(...) essa é uma terra onde tudo que se planta dá.”


Nosso solo é mais fértil, nosso clima mais ameno. Temos petróleo a rodo assim como minério de ferro e pedras semipreciosas. Nossas matas são mais belas assim como nosso litoral cujo mar nos alimenta com fartura.

Não há na terra nada semelhante.

Não canso de dizer que se fossemos um povo mais sério, seríamos a maior potência do mundo.

Mas Deus nos pôs aqui, talvez para ter a certeza de que nunca seríamos.

Sim, caros escassos leitores, contrariando meus desejos, aqui na Cidade Maravilhosa, bem como em nosso quintal, as coisas continuam na mesma.

Para a sorte de poucos.