quinta-feira, 28 de abril de 2011

ÁRVORE OH! ÁRVORE



Uma quarta feira próxima, passada, mas não tão próxima assim, em um dos jantares que faço com meus filhos, ela mostrou interesse em ir ao show de uma banda. Pensei:

“Já fui a três shows com meu filho, Erick Clepton, Deep Purple e Green Day e ainda não fui a nenhum com ela.”

Pensei no gosto duvidoso que essa juventude tem e minha filha, com 15 para 16 não seria diferente. Por mais que tentasse apresentar algo útil e descente para eles, ela nunca se interessou nem pelas bandas menos heavy tais como America, Fletwood Mac, Chicago, etc.

Com ele tive sucesso. Ele gosta de muitas bandas que eu gosto tanto do passado como do presente, mas não é perfeito e também gosta de umas boas porcarias. Fazer o quê?

SACANAGEM! ACABEI DE QUEIMAR APIZZA!

Sim, enquanto escrevo estava fazendo uma pizza de frigideira. Sempre começo com o fogo baixo para derreter a muzzarela e depois aumento para deixar a massa crocante. Fica uma delícia! Bem melhor do que as de massa tradicional. Fica até melhor que muitas pizzarias por aí.

Quem comeu que se manifeste e desminta se não for verdade.

Dessa vez acendi o fogo e não baixei como deveria.

Continuando ...

Pedi para ouvir uma música da banda para ver se gostava. Foram alguns segundos e vi que poderia ser legal. Ainda mais pela companhia de minha princesa.

Concordei em ir e não me arrependi nos minutos seguintes. Meu filho disse que eu não iria gostar. Aceitei o desafio.

Não gosto de fazer certas compras pela net sendo assim, passaram-se uns dias e quinta feira passada, início do feriadão, fui ao local do show comprar os ingressos. Seriam três, pois uma amiga dela, a quem eu gosto muito, também iria.

O show seria no domingo à noite (08:00 h) e o Circo Voador estava vazio. Descobri que se no dia do show levasse um quilo de alimento não perecível poderia comprar meia para mim também. Seriam R$ 100,00 a menos. O programa não estava saindo tão caro como imaginava que seria.

Ao chegar em casa caiu a ficha.

Domingo, às 4:00 h da tarde seria o jogo do Mais Querido pelas semifinais da Taça Rio (2º Turno do Campeonato Carioca) contra o FLORminense.

Cara, mesmo queimada a pizza ficou uma delícia. Na próxima vou fazer a mesma coisa. Hehehe!!!

Fiquei chateado, afinal procuro assistir a todos os jogos e esse prometia, pois os Flores estavam todos alegrinhos com uma vitória obtida na Argentina e estavam animadinhos contando com outra sobre o Mengão.

Ledo engano, mesmo eles fazendo um gol ilegal e o Flamengo com desfalques significativos as meninas alegres foram para casa cabisbaixas, mais uma vez.

Após o jogo, fui buscá-la. Sua amiga estava voltando de Búzios com os pais e iria nos encontrar lá.

Estava em dúvida se ia de carro ou de taxi. Não sabia se ia encontrar vaga com facilidade. Escolhi o carro.

Com a chuva, o fim do feriado e por ser domingo achei que não ia ter problema. E deu certo. Vaga fácil e bem perto do Circo.

Pequena fila já estava formada quando nos encontramos com sua amiga. Quase duas horas de espera sob chuva. As meninas, todas que estavam ali, não se continham de felicidade na expectativa pelo show.

Chovia uma chuva leve, mas incômoda, sob o protesto das aborrecentes, comprei um guarda chuva.

Na nossa frente duas meninas, ao serem informadas que não poderiam entrar sem um responsável (tinham 15 anos e o limite era 16), me pediram para fazer esse papel. Eu e mais um éramos os únicos pais na fila. Concordei e com isso evitei seus pais de terem que se deslocar de casa só para isso.

As quatro, que não se conheciam, têm amigos em comum e logo estavam no maior bate papo.

Da barraca ao lado comi um queijo qualho assado na chapa. O cara botou óleo, não estava bom, mas a fome era negra. O refrigerante ajudou a descer.

A fila começou a diminuir. Sim, diminuir mesmo. Quem diz que a fila anda está errado. Não estava muito cheio e apesar do lugar ser pequeno não houve tumulto.

Eram duas opções uma na platéia, tradicional gargarejo, ao pé do palco onde as pessoas costumam se espremer como laranjas para ficar mais perto de seus ídolos, ou no jirau onde se tem uma visão geral do palco. Nesse caso a situação melhora sensivelmente pela proximidade entre os dois.

Deixei as meninas onde queriam e subi. Lá do jirau eu pude ver o show sem confusão ao mesmo tempo que ficava de olho na meninas lá embaixo. Tudo estava indo muito bem. Eu estava tranqüilo.

De tempos em tempos a platéia iniciava um coro chamando os rapazes da banda.

A cada entrada de técnico para os ajustes finais dos instrumentos as meninas soltavam berros e mais berros. Era uma gritaria engraçada. Sei que sempre foi assim, mas nunca compreendi o fascínio que essas garotas tem por simples seres.

De repente, começa o show. São Dois vocalistas (um deles toca teclado e guitarra de vez em quando), um baterista, um tecladista (outro) e um guitarrista.

Dos cinco, três são esquisitos. Um dos vocalista é um magrão que as vezes cospe no palco, o tecladista parece um retardado e o guitarrista é um maluco muito doido e estranho.

O som é razoável. Aquela batidinha meio punk meio rap que, se você não conhece as músicas não entende exatamente porra nenhuma do que estão cantando. Se é que estão cantando.

Mas a galera estava adorando. A turba pulava, dançava e cantava aos berros em um delírio conjunto contagiante.

Estavam todos naturalmente felizes. Não foi necessário (pelo menos eu não vi) artifícios para tamanho êxtase.

Cartazes eram jogados no palco com convites de jantares, encontros entre outros. Dois sutiens também foram arremessados. Em troca os integrantes da banda jogavam as toalhas que usavam para limpar seu suor. A galera delirava. Uma coisa super higiênica.

Mas o som era interessante, não tem a qualidade das bandas de outrora, mas tem seu valor.

Entre as músicas eles falavam algumas pérolas do tipo:

“É nossa primeira vez no Rio e estamos adorando!”

“No Rio é o público mais louco que já vimos!”

E o tradicional:

“Amamos vocês!”

As meninas berravam como nunca a cada frase de defeito que eles proferiam.

Eles riam.

Estava me divertindo quando eles terminaram uma música, agradeceram e saíram do palco.

Os adolescentes não gritaram nem pediram bis.

Pensei:

“Estava legal, mas que bom que acabou, tenho que acordar cedo amanhã.”

Trouxa. Eles voltaram. Cantaram mais umas músicas e em um dado momento o magrão se jogou na platéia. Carregaram o cara por uns três metros depois o deixaram cair no chão. As meninas pularam em cima sem perdão. O cara simplesmente sumiu no meio da multidão.

O resto da banda continuou cantando e tocando.

Imaginei aquele filé de borboleta sendo massacrado pelas meninas eufóricas e descontroladas. Ele não ia sobreviver.

Espero que não tenha sido pela minha presença, mas minha filha e sua amiga se mantiveram distantes da confusão.

Fiquei preocupado quando um dos técnicos pulou no meio da bagunça para resgatar o magrão; ou o que restasse.

Rolaram mais algumas músicas e, com exceção dos excessos citados a garotada estava se comportando muito bem. Não houve confusão e também não tinham aqueles babacas, sem camisa, com muito músculo e pouco cérebro, que ficam pulando, se empurrando, se batendo, abrindo um clarão no meio da platéia e espremendo os que estão em volta na paz curtindo o show.

O show acabou em seguida. Saímos, fomos para o carro e, como sempre, o flanelinha não estava mais lá.

Fizemos uma parada em uma dessas lanchonetes fast-foods ridículas de gostosas antes de irmos para casa dormir.

Foi uma noite excelente pelo prazer proporcionado a minha filha e sua amiga.

A bandinha, “3 OH! 3” até que é boazinha.

Meus ouvidos zuniam e não esqueci o guarda chuva.

sábado, 23 de abril de 2011

O PALADAR DA COMIDA CASEIRA




Carnes – Peixes – Vinhos

Venha conhecer nosso Tropeiro na panelinha e degustar nossos deliciosos caldos

Tel.: (24)3365-0281

Servimos variedades de refeições

Horário de funcionamento de Seg. a Dom. a partir de 11:30

“Rua Pedro Eugênio de Oliveira, 72 – Bonfim – Angra”




É assim que está escrito no cartão.

Não, não se trata de propaganda, trata-se apenas de reconhecimento.

Há tempos meu filho vinha falando em acampar com os amigos. Estava animadíssimo e não era raro ouvi-lo dissertar sobre seus planos:

Perguntei: Onde?

“Cabo Frio, Búzios, talvez Ilha Grande.”

Com quem?

“Não sei ainda pai, mas será uma boa turma. Empresta o carro? Mas só se não for para Ilha Grande, não faz sentido eu ficar com o carro parado o feriado inteiro.”

(Muito inteligente esse meu garoto. Hehehe!!!)

Foram semanas, meses, até decidirem por Ilha Grande.

Não sou nenhum expert, mas já acampei algumas vezes e repassei algumas dicas que lembrava e outras que havia ouvido ao comentar sobre com um colega de trabalho:

- Verifique onde nasce o sol e procure não montar a barraca de cara para o nascente;

- Tente montá-la sob uma árvore de boa sombra, mas que seja resistente, a fim de evitar acidentes com galhos ou frutos caindo;

- Arme a barraca de preferência em um platô evitando, se chover, que você acorde nadando em um lago;

- Faça uma calha no solo em torno da barraca e a “estique” até o terreno mais baixo, para direcionar a água da chuva que cai sobre a barraca.

- Etc.

Antevéspera do feriado, ele se lembrou que não havia comprado a passagem. Na internet, não encontrou a empresa correspondente. Ligou para uns amigos, pegaram um ônibus e foram comprar as passagens na rodoviária. Não conseguiram comprar para a data e hora planejada e tiveram que antecipar em 24 horas para então dormir uma noite em Angra (que chato) onde pegariam a autorização para acampar do outro lado da ilha em uma área que exigia limite de pessoas.

- Aproveite para carregar a bateria do celular.

Quarta à tarde, como programado, tudo certo. “Partiu!” Como eles falam. De acordo com o combinado ele ligou ao chegar na rodoviária, ao pegar o ônibus e quando chegou a Angra. Estava feliz. Eu, apreensivo. Não por ele, mas pelo contexto da coisa toda. Seriam cinco dias.

Ele deveria ligar todo dia de manhã, essa era a única exigência, o resto já havíamos conversado durante os quase dezenove anos de sua vida e isso basta.

Na quinta feira não havia noticias. Fui jantar com minha filhota uma comidinha japonesa no shopping Leblon. Perguntei, tentando disfarçar minha preocupação, e ela respondeu que ele não havia ligado.

Saber da possível dificuldade de a nossa maravilhosa telefonia celular em funcionar naquela região era um alento, mas era um camping deve ter como se comunicar com a civilização.

Se não ligar até amanhã quando eu acordar, vou até lá.

Mal dormi.

Às nove já estava na estrada. Boris foi esvaziado às sete.

Fui pela Barra da Tijuca passando por Campo Grande (estrada péssima), até Santa Cruz onde, sem opção, dobrei a direita até a Avenida Brasil. O trânsito estava bom até então, com exceção do Centro de Santa Cruz que, como qualquer outro Centro estava insuportável, mesmo sendo feriado.

Já na estrada, o movimento era grande, porém sem retenções até chegarmos a Polícia Rodoviária onde nossos Nobres Homens da Lei resolveram interditar meia pista a título de ... Não consegui saber. Eles se faziam presente de forma tradicional, estavam invisíveis. Isso me fez presumir que haviam tomado chá de sumiço no café da manhã, mas não se esqueceram de deixar a sua marca. Resultado, uma bela cagada sob o sol tórrido de Primavera do Rio de Janeiro. Sorte que eu estava de moto e consegui me desvencilhar sem maiores problemas.

Aproximadamente meia hora depois parei para um gole de água e um café preto e forte como prevenção.

Uma passadinha rápida no banheiro e (Claro! Não podia ser em outra hora!) toca o telefone.

Era minha filhota, com voz de sono avisando que o irmão havia ligado, que estava tudo bem e que não ligou antes porque o celular não pega direito onde eles estão.

Aliviado, resolvi continuar. Iria curtir a viagem para almoçar em Angra ou Paraty.

Subi na moto, e iniciei a parte prazerosa da viagem. Foi preciso rodar meia dúzia de quilômetros para perceber que o dia estava lindíssimo, sem uma única nuvem no céu azul puxado para o anis. A temperatura se tornara agradável em função da velocidade dentro do limite.

A temperatura diminuía um pouco quando passava na sombra das raras arvores que compõem o pouco que resta da Magnífica Mata Atlântica. Como fomos capazes de tamanha ignorância?

@BorisStaford é que está certo, ele sempre pergunta:

“Quem é o animal?”

Ao subir na moto, sem querer apertei o “botão” dos fones de ouvido que atende a ligação e descobri que dessa forma também posso fazer tocar as músicas. Apesar de não ser correto, deixei rolar. Estava precisando.

As curvas se sucediam ao som de Pink Floyd (Shine on You Crazy Diamond) e depois outras.

O movimento aumentava de acordo com a proximidade das cidades e, com atenção eu conseguia passar pela maioria. Sempre tem um gaiato ou desligado que “fecha a porta” quando você está ultrapassando.

Quando é que essas bestas vão entender que respeitando os motociclistas, o veículo se torna seguro, mais pessoas se utilizarão dele e teremos mais espaço nas ruas e estradas? Consequentemente menos trânsito.

E assim fui. Admirando a mata, a vista e com atenção nas instigantes curvas e retas cheguei a Angra.

Cada viagem que faço mais prazerosas elas se tornam. Dá vontade de largar tudo e sair por aí tipo “Easy Rider”



Parei em um posto, bebi uma água e sentei em uma das cadeiras que os frentistas usam enquanto aguardam um cliente. Conversamos um pouco, esclarecimentos sobre a moto e informações sobre a distância. Fiz as contas e decidi não seguir para Paraty. Não queria retornar à noite.

Liguei para um amigo que mora em Angra. Não atendeu, provavelmente estava velejando. Nos falamos depois.

Decidi dar uma volta pela cidade e procurar um lugar para almoçar. Continuei na direção sul, pelo que deve ser a rua principal, até o Colégio Naval.

Perguntei o que havia mais a frente. Praias, pousadas e restaurantes.

Segui feliz por não ser um daqueles pracinhas de guarda em pleno feriado de sol intenso.

A estrada de mão dupla, estreita como artéria, corta a mata sinuosamente trazendo emoção e prazer.

Passei por o que deve ser um pequeno bairro e uma placa chamou minha atenção. Uma seta indicando à esquerda o restaurante Quintal da Zezé. Pensei em parar, mas segui movido pela curiosidade para ver o que havia no fim daquela simpática estradinha.

Diversos carros mal estacionados próximos a acessos de praias reduziam ainda mais o espaço. Segui até uma praia cuja areia era lamacenta. Não demorei mais que segundos, a fome castigava, e já estava no caminho inverso.

Em poucos minutos lá estava a placa. Dessa vez mandando dobrar a direita e assim o fiz.

Espaçoso e simples o restaurante era composto pelo quintal e varanda de uma modesta casa. As mesas estavam distribuídas de maneira organizada e peixes nadavam fixos em uma das paredes. O cheiro da comida sobre o fogão a lenha indicava o caminho como que um convite ao sabor. Feijão, frango ensopado, carne (talvez lombo) de porco na panela, farofa, entre outras iguarias.

Mas eu queria algo do mar. Pedi a bebida e o menu.

A cerveja chegou gelada e assim permaneceu durante toda a sua vida. Queria mais, mas a prudência me fez recuar. A simpática atendente me entregou um cardápio organizado.

Como faço algumas vezes, decidi pedir um aperitivo e um ou dois acompanhamentos. Fiquei entre as lulas ao alho e óleo e as à doré. Depois de muito pensar escolhi a segunda. Como acompanhamento resolvi sair das regras e pedi arroz com feijão. Ele, o feijão, estava muito cheiroso e convidativo.

Não me decepcionei. O feijão estava daquele jeito, caldo consistente com sabor de feito por avó e o arroz não ficava atrás do preto. As lulas, em grande quantidade, estavam saborosíssimas. Crocantes, macias e consistentes. Uma pitada de sal acertou o passo.

No som tocavam músicas diversas e em uma eletrônica me lembrei de uma grande amiga (@JosiLemos).

No meio do prazer conheci a simpática Dona Zezé. Carinhosa ficou desconfiada com o elogio, depois agradeceu e foi até uma mesa de conhecidos.

Só não comi mais por medo do sono, mas a vontade era repetir. Pedi a conta, preço honesto, mas não tinha café.

Sem problemas Dona Zezé, a simplicidade e amor que deve ter dentro daquela cozinha compensam essa falta.

A volta, foi tranqüila.

Não costumo ir a Angra, mas com certeza se voltar será lá que vou fazer minhas refeições.

Quem for não se esqueça de dizer para a Dona Zezé que foi aqui que soube da existência do restaurante, ela não vai te tratar melhor por isso, mas ficará feliz em saber.

Obrigado e bom apetite.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

APENAS UM POST TÉCNICO


Pois é meus poucos seguidores, depois que consegui achar uma maneira de saber quantos acessos tivemos, sem querer ser pretensioso, fiquei com uma dúvida:

“Será que desses quase 4.000 acessos somente meia dúzia deles quiseram deixar um comentário?”

A dúvida se confirmou quando lembrei que no começo (e ainda hoje) tive dificuldades em deixar meus comentários nos diversos blogs que acesso.



Na realidade, não é complicado, mas o sistema responsável por essa tarefa é bastante ruinzinho.

O processo é simples:

1 – Clicar no link “X Comentários” (“X” é o número de comentários já feitos) localizado logo abaixo do texto;

2 – Aparece um espaço branco onde você deverá redigir o seu comentário. Esse espaço fica abaixo dos comentários existentes sob o título “Postar um comentário”;

3 – Clicar na seta “Comentar como:” É aí que você decide se quer se identificar ou vai preferir ficar no anonimato;

4 – A próxima tarefa é a mais enjoada. Você deve clicar em “Postar comentário”. O sistema mostra o comentário, com o seu avatar (se você se identificou) e em baixo, uma palavra em letras diferentes que você deve reescrever no espaço destinado, como nos sites de compra na internet e depois clicar em “Postar”.

5 – Você finalizou a sua parte, o sistema deveria exibir seu comentário como os demais, mas não é raro ele voltar para o item dois.

6 – Os marinheiros de primeira viagem imaginam que está tudo certo e vão fazer outra coisa, mas na realidade não está. Ele (O SISTEMA!!) volta para o item 2 porque é burro e maluco e como todo maluco obriga você a começar tudo novamente. Um saco!

7 – É exatamente por isso que faço meus comentários no Word para depois copiá-lo no espaço de destino. Isso evita de eu perder e desistir de fazê-lo.

8 – Aqui no Papo de Cozinha eu “peço” para aprovar o comentário. Não para escolher só os melhores, mas sim para verificar se não escreveram alguma ofensa.

Críticas assim como elogios e sugestões são super bem vindas.

Esse cuidado que temos é com você, leitor que com certeza não vai querer ler qualquer baixaria; afinal respeito é bom e todos nós gostamos.

sábado, 9 de abril de 2011

EM FIM ÁGUA




ESTOU FELIZ! MUITO FELIZ!

Vocês com certeza não vão entender o que estou sentindo. Faz tempo em que água era um item de primeira necessidade. Vocês esbanjam, gastam lavando calçadas e carros. Passam horas sob o banho ou fazendo a barba. Se depilando meninas? Porque não?

Dando banho no cachorro, escovando os dentes, esperando a água aquecer ou esfriar, essas coisas.

Mas vou tentar deixá-los sentir, pelo menos um pouco desta sensação.

Estou a mais de 4 anos com problemas de falta d’água em minha casa. Não se espantem, tenho onde tomar banho e fazer a higiene diária sem problemas. Mas não é na minha casa, no meu canto, meu castelo, meu barraco ou sei lá como queiram chamar.

Começou com panes a cada seis meses. Diminuiu para três. E assim foi.

Para tentar fazê-los entender, é necessário explicar como funciona o sistema tradicional de abastecimento de água de uma residência.

Normalmente existe uma cisterna (reservatório de água abaixo do piso da casa) que armazena grande quantidade de água, servida pela CEDAE. Na parte mais alta da casa fica a caixa que armazena uma quantidade (inferior a da cisterna) de água. Dessa caixa, por gravidade e através da tubulação, é feita a distribuição da água aos cômodos (banheiros, cozinha, jardins (onde tiver uma torneira), espaço da churrasqueira e onde mais houver alguma coisa onde ou através de, saia água.

Conforme essa água vai sendo consumida uma bomba puxa água da cisterna e joga para a caixa lá em cima.

No meu caso, não há essa caixa lá em cima. Para resolver essa situação, vários sistemas foram criados e eu, orientado por um arquiteto, escolhi o que é composto por uma bomba comum e um equipamento eletrônico que faz essa bomba funcionar ao “sentir” que foi aberta uma torneira. A bomba “puxa” a água da cisterna e a “empurra” tubulação a dentro até sair no ponto que foi aberto.

É um sistema facilmente encontrado no mercado que como muitas outras coisas oferecidas a nós, incautos, NÃO FUNCIONA! Chama-se Smart Jet da Dancor.

As panes aconteciam em momentos inusitados. Claro, se não, não seriam panes. Lei de Murph (é assim que se escreve?). Ora eu estava escovando os dentes, ora estava lavando a louça e, nas piores, estava cozinhando ou tomando banho. Acho que não preciso contar como é estar tomando banho e a água acabar exatamente quando você está tentando tirar o shampoo dos olhos que queimam como brasa.

A cada pane eu ficava transtornado. Iniciava o processo xingando todas as gerações do FDP do arquiteto, depois passava pelas entidades que poderiam estar conspirando contra meu conforto e depois, como se tentando aceitar a situação e iniciando um processo de resignação, começava a sentir que não era justo um cara sério, ético, honesto, etc. passar por esse tipo de situação.

Eu não admitia que políticos, bandidos, traficantes e demais elementos desta estirpe poderiam ter água e eu não ter.

Enchia garrafas d’água e subia carregando-as como se fosse um favelado dos anos sessenta (sem querer discriminar, não quero entrar nessa história de minorias e etc. por favor, chega de problemas!) ou nordestinos que carregam latas d’água na cabeça caminhando quilômetros.

Eu pago meus impostos religiosamente, não tenho como sonegá-los. Eles são usurpados de meu salário a cada 30 dias sem dó nem piedade ou respeito. E no final do ano ainda tenho que prestar contas, pois o Leão pode ter errado em uma de suas bocadas mensais.

Esse meu suado dinheirinho é usado para bancar mensalões, obras faraônicas para as olimpíadas e/ou copa do mundo, bolsas diversas e outras cositas mais que aparecem nas páginas e vídeos dos vários meios de comunicação deste imenso e tão roubado país.

E EU NÃO TINHA (espero ter resolvido o problema) ÁGUA!!!

Queria dar banho no meu cachorro, lavar minhas meias e cuecas (sim, eu as lavo, sempre lavei minhas roupas íntimas). Queria cozinhar para ou com meus filhos. Filhos que diminuíram sua freqüência devido ao problema. Queria cozinhar ao menos a salsicha que dava todo o final de semana para meu cão a fim de variar seu paladar.

Mas eu não podia. As entidades não deixavam. Vocês não fazem idéia a quantidade de vezes que discuti isso com minha terapeuta!

As panes foram se sucedendo, em intervalos cada vez menores e a cada um deles eu aguardava aproximadamente 24 horas para a raiva baixar e subir no telhado para mais um conserto. Mais um período.

A sensação de impotência e incapacidade técnica consumiam contundentemente centímetro por centímetro de minha auto-estima.

Eu já não sabia se iria poder tomar banho (no meu banheiro) na manhã seguinte ou na volta do trabalho.

As providências técnicas eram discutidas com experts no trabalho (o departamento de engenharia de uma multinacional). Todos diziam que eu estava atuando de maneira correta com raciocínio idem.

Passei a ser conhecido como o homem bomba. Osama Bin Laden ia sentir inveja de mim.

Os amigos eram todos rechaçados, pois não sabia se haveria água para lavar suas mãos ou copos.

As panes haviam se tornado diárias. Sucumbi.

Decidi não mais consertar, não mais trocar idéias, não mais fazer qualquer coisa. Subir e descer a escada carregando garrafas (alem de levar Boris para esvaziar) era o meu exercício diário.

Essa atitude me deu paz. A certeza de que não teria água me fez re-planejar meus afazeres diários. Banho e demais necessidades de higiene eram feitos na casa de minha (Santa) mãe (Como ela ouviu! nossa Senhora!), sem problemas a não ser descer e subir escadas mais do que o normal.

Comprei garrafas de água mineral para beber e as coloquei na geladeira. Todos os ingredientes que haviam na casa autorizei a faxineira levar, pois não havia data para serem utilizados novamente.

Passei a jantar na rua ou, muitas vezes, não jantar. Biscoito ou pipoca eram ingeridos nessas situações.

Emagreci. Isso foi ótimo!

Á água transportada escada acima era utilizada para regar as plantas, lavar as mãos em uma emergência ou copos que eu utilizava.

Seria uma retirada estratégica. Nunca me dei por vencido e não seria agora.

O plano era aguardar certo tempo, recarregar as baterias, até que resolvesse retomar a “Via Crucis”.

Foram dois meses.

Semana retrasada, decidí trocar o sistema. Ia gastar uma grana, mas, segundo meus gurus do trabalho, tinha grandes possibilidades de resolver o problema.

E começou a chover todo o fim de tarde. As entidades estavam decididas a me prejudicar. Provavelmente já vislumbravam sua derrota.

Como vou de moto para o trabalho, a chuva me impedia de passar na loja de bombas para adquirir o equipamento novo.

Foram sete dias de desespero.

Consegui realizar compra. Agendei a instalação para sábado de manhã (hoje) o que aconteceu sem nenhum percalço.

As entidades sucumbiram.

ESTOU FELIZ! MUITO FELIZ!

Vocês, filhos de pais de classe média ou alta, ou aqueles contemplados pelos PACs ou Bolsas Escola da vida (parte providos por meus impostos) não fazem a menor idéia do que estou sentindo.

Fui ao supermercado, reabasteci a geladeira e demais compartimentos há muito vazios.

Depois de meses, tomei uma ducha no terraço, minhas meias e roupas íntimas estão no varal.

Amanhã meu filho vem ver o jogo do Mais Querido e vou querer cozinhar alguma coisa.

@BorisStaford tomou seu banho descentemente e suas salsichas estão devidamente cozidas e acondicionadas em “tap wares” no congelador aguardando o momento de serem degustadas.

Ele viu e está sorrindo como há muito eu não via.

E eu?

Se vou sair só, se vou sair com alguém, se vou dormir acompanhado, com Boris ou só, isso pouco importa. O que importa é que agora vou postar esse texto e depois tomar um maravilhoso banho no MEU BANHEIRO.

Economizem água.